Marxismo: diferenças entre revisões
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A análise marxista começa com uma análise das condições materiais e das atividades econômicas necessárias para satisfazer as necessidades materiais da sociedade. Assume-se que a forma de organização econômica, ou [[modo de produção]], origina, ou pelo menos influencia diretamente, a maioria dos outros fenômenos sociais - incluindo relações sociais, sistemas políticos e legais, códigos morais e ideologia. O sistema econômico e essas relações sociais formam [[Infraestrutura e superestrutura|base e superestrutura]]. As [[Forças produtivas|forças de produção]], principalmente a [[tecnologia]], melhoram, as formas existentes de organização social tornam-se ineficientes e sufocam novos progressos. Como [[Karl Marx]] observou: "Em um determinado estágio de desenvolvimento, as forças produtivas materiais da sociedade entram em conflito com as relações de produção existentes ou - isso simplesmente expressa o mesmo em termos legais - com as relações de propriedade no âmbito das quais operaram até então a partir das formas de desenvolvimento das forças produtivas, essas relações se transformam em grilhões. Então começa uma era de revolução social "<ref>{{citar livro|título=Contribuição para a crítica a economia política, Introdução|ultimo=Marx|primeiro=karl|editora=|ano=1859|local=|páginas=|acessodata=}}</ref>. Essas ineficiências se manifestam como contradições sociais na sociedade sob a forma de luta de classes.<ref>{{citar livro|título=Comparing Economic Systems in the Twenty-First Century,|ultimo=Gregory|primeiro=and Stuart|editora=|ano=2003|local=|páginas=62 Marx's Theory of Change|acessodata=}}</ref> Sob o modo de produção capitalista, essa luta se materializa entre os a minoria (a burguesia) que possui os [[meios de produção]] e a grande maioria da população (o proletariado) que produz bens e serviços. Começando com o pressuposto de que a mudança social ocorre por causa da luta entre diferentes classes da sociedade que estão em contradição uma contra a outra, o analista marxista resumiria dizendo que o capitalismo explora e oprime o proletariado, que leva a uma revolução proletária.
O capitalismo (de acordo com a teoria marxista) não pode mais sustentar os padrões de vida da população, devido à necessidade de compensar a queda das taxas de lucro ao diminuir os salários, reduzindo os benefícios sociais e perseguindo através da agressão militar. O sistema socialista sucederia o capitalismo como forma de produção da humanidade através da revolução dos trabalhadores. De acordo com o marxismo, especialmente decorrentes da teoria da crise, o socialismo é uma necessidade histórica (mas não uma inevitabilidade).
Em uma sociedade socialista, a propriedade privada, na forma dos meios de produção, seria substituída pela propriedade cooperativa. Uma economia socialista não basearia a produção na criação de lucros privados, mas nos critérios de satisfação das necessidades humanas - ou seja, a [[produção seria realizada diretamente para uso]]. Como Engels disse: "Então o modo de apropriação capitalista em que o produto escraviza primeiro o produtor e, em seguida, o apropriador, é substituído pelo modo de apropriação do produto que se baseia na natureza dos meios de produção modernos; Por um lado, apropriação social direta, como meio para a manutenção e extensão da produção, por outro, apropriação individual direta, como meio de subsistência e de prazer ".
== Características ==
[[Lênin]] em "As Três Fontes e as Três partes Constitutivas do Marxismo"<ref>[https://www.marxists.org/portugues/lenin/1913/03/tresfont.htm#topp]</ref> defende que os pontos de partida do marxismo são: (i) a filosofia alemã, a partir da defesa do materialismo filosófico (valendo-se criticamente dos avanços da concepção de [[
Marx criticou ferozmente o sistema filosófico [[idealismo|idealista]] de Hegel.<ref>[https://www.marxists.org/archive/marx/works/1843/critique-hpr/intro.htm A Contribution to the Critique of Hegel’s Philosophy of Right]</ref>. Enquanto que, para Hegel, ''da realidade se faz filosofia'', para Marx a filosofia precisa incidir sobre a [[realidade]]. O núcleo do pensamento de Marx é sua interpretação do homem, que começa com a necessidade de sobrevivência humana. A história se inicia com o próprio homem que, na busca da satisfação de necessidades, trabalha sobre a natureza. À medida que realiza este trabalho, o homem se descobre como ser produtivo e passa a ter [[consciência]] de si e do mundo através do desenvolvimento e aprimoramento da produtividade do trabalho, da ciência sobre a realidade. Percebe-se então que "a história é o processo de criação do homem pelo trabalho humano".
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A histórica teoria materialista da história <ref>Evans, p. 53; Marx's account of the theory is the Preface to ''A Contribution to the Critique of Political Economy'' (1859). [http://www.marxists.org/archive/marx/works/1859/critique-pol-economy/index.htm <nowiki>[1]</nowiki>]. Another exposition of the theory is in ''The German Ideology''. It, too, is available online from [http://www.marxists.org/archive/marx/works/1845/german-ideology marxists.org]</ref> analisa as causas subjacentes do desenvolvimento social e muda a partir da perspectiva das formas coletivas que os seres humanos ganham a vida. Todas as características constitutivas de uma sociedade (classes sociais, pirâmide política, ideologias) são assumidas como decorrentes da atividade econômica, uma ideia muitas vezes retratada com a metáfora da [[Infraestrutura e superestrutura|base e da superestrutura.]]
A metáfora da base e da superestrutura retrata a totalidade das relações sociais pelas quais os seres humanos produzem e re-produzem sua existência social. Segundo Marx, "a soma total das forças de produção acessíveis aos homens determina a condição da sociedade" e forma a base econômica de uma sociedade. A base inclui as forças materiais de produção, isto é, os meios de produção e mão-de-obra e as relações de produção, ou seja, os arranjos sociais e políticos que regulam a produção e a distribuição. A partir desta base surge uma superestrutura das "formas de consciência social" legais e políticas das instituições políticas e jurídicas que derivam da base econômica que condiciona a superestrutura e a ideologia dominante de uma sociedade. Os conflitos entre o desenvolvimento das forças produtivas materiais e as relações de produção provocam revoluções sociais e, portanto, as mudanças resultantes na base econômica levarão à transformação da superestrutura.<ref> See ''A Contribution to the Critique of Political Economy'' (1859), [http://www.marxists.org/archive/marx/works/1859/critique-pol-economy/preface.htm Preface], Progress Publishers, Moscow, 1977, with some notes by R. Rojas, and Engels: ''Anti-Dühring'' (1877), Introduction [http://www.marxists.org/archive/marx/works/1877/anti-duhring/introduction.htm General]</ref> Essa relação é reflexiva; Em primeiro lugar, a base dá origem à superestrutura e continua a ser a base de uma forma de organização social. Portanto, essa organização social formada pode atuar em ambas as partes da base e da superestrutura, de modo que essa relação não é unidirecional, mas um diálogo (uma [[dialética]]), expressada e impulsionada por conflitos e contradições. Como [[Friedrich Engels]] clarificou: "A história de toda a sociedade até então existente é a história das lutas de classe. Homens livres e escravos, patriciano e plebeu, senhor e servo, mestre de assosiações e jornalista, em uma palavra, opressor e oprimido, ficaram em constante oposição uns aos outros, levaram a luta ininterrupta, agora escondida, agora aberta, uma luta que cada vez Terminou, quer em uma reconstituição revolucionária da sociedade em geral, quer na ruína comum das classes concorrentes."<ref> Communist manifesto, chapter one 1847</ref>
Marx considerou esses conflitos socioeconômicos como a força motriz da história humana, uma vez que esses conflitos recorrentes se manifestaram como estágios de desenvolvimento distintos na Europa Ocidental. Assim, Marx designou a história humana como abrangendo quatro estágios de desenvolvimento nas relações de produção.
# ''[[Comunismo primitivo]]: Como nas sociedades tribais cooperativas.''
# Sociedade escravista: Um desenvolvimento do tribal para a cidade-estado; A nascença da aristocracia
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== Influências ==
A partir dos pensamentos de Marx, várias vertentes do socialismo científico surgiram, como o comunismo, a social-democracia, o [[stalinismo]], o [[trotskismo]], o [[maoísmo]], etc. Os ideais de Marx influenciaram também muitos movimentos sociais dos séculos XIX e XX, e ainda influenciam até os dias de hoje. O marxismo teve uma boa recepção em grupos revolucionários e também grupos [[Feminismo|feministas]]<ref>{{citar web|URL = http://www.marxists.org/portugues/harman/1979/marxismo/cap12.htm|título = Marxismo e Feminismo|data = |acessadoem = |autor = |publicado = marxists.org}}</ref>, [[sindicato]]s <ref>{{citar livro|título = Sindicatos, cooperativas e socialismo|sobrenome = Haddad|nome = Fernando|edição = |local = |editora = |ano = 2003|página = |isbn = }}</ref>, [[Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra|MST]], e diversos grupos e movimentos sociais que buscam especificamente a justiça social, seja ligado ao combate das desigualdades do capitalismo ou ao combate do [[preconceito]]<ref>{{citar web|URL = http://www.vermelho.org.br/noticia/159449-2|título = Socialismo e inclusão|data = |acessadoem = |autor = |publicado = Portal Vermelho}}</ref>, questão esta que está cada vez mais sendo acolhido pelas organizações de esquerda. No âmbito religioso o marxismo foi bem recebido pelos adeptos da teologia da libertação. Os ideais de Marx e Engels ainda influenciaram muitos partidos políticos em diversos países e organizações partidárias internacionais.
=== Marxianismo ===
{{Artigo principal|[[Economia marxiana]]}}
O próprio [[Karl Marx]] alertou contra as possíveis distorções dos que se diziam marxistas com a seguinte frase à Lafargue: "''Se algo é certo, é que eu próprio não sou um marxista''". Isso teria sido dito como crítica à peculiaridade do "marxismo" francês à época, como pode se ver o contexto inserido em uma carta de Engels à Eduard Bernstein.<ref>[https://web.archive.org/web/20100105204518/http://www.marxists.org/archive/marx/works/1882/letters/82_11_02.htm] Carta de Engels a Bernstein</ref> Esta frase é usada pelos anti-comunistas como se fosse uma autocrítica de arrependimento.
== Ver também ==
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* [http://www.marxists.org/portugues/index.htm Arquivo Marxista]
* [http://www.pcdob.org.br/documentos_indice.php?id_documento_pasta=54 Biblioteca Marxista]
* [http://www.pensamentoeconomico.ecn.br/economistas/karl_marx.html Karl Marx] em História do Pensamento Econômico
* [http://www.marxists.org/portugues/marx/1850/03/mensagem-liga.htm marxist.org]
* [http://pendientedemigracion.ucm.es/info/bas/es/marx-eng/index.htm Karl Marx y Friedrich Engels - Biblioteca de Autores Socialistas]
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