Escola da Ponte: diferenças entre revisões
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A '''Escola Básica da Ponte''' ou '''Escola da Ponte - Escola Básica Integrada de Aves/São Tomé de Negrelos''', popularmente referida apenas como '''Escola da Ponte''', é uma instituição pública de ensino, localizada em [[Vila das Aves]]<ref>[http://portalnacional.com.pt/empresa/escola-da-ponte-escola-basica-integrada-de-aves-sao-tome-de-negrelos-94125/ Escola da Ponte - Escola Básica Integrada de Aves/São Tomé de Negrelos, PortalNacional]</ref> e [[São Tomé de Negrelos]]<ref>[http://www.escoladaponte.pt/site/index.php?option=com_content&view=article&id=80&Itemid=468 Escola da Ponte, Contactos]</ref>, em [[Santo Tirso]], no [[distrito do Porto]], em [[Portugal]], que proporciona aprendizagens a alunos do 1.º e 2.º Ciclo, dos 5 aos 13 anos, entre o 1º e o 9º ano<ref>[http://letraseconteudos.blogspot.pt/2012/06/comissao-de-educacao-na-escola-da-ponte.html Comissão de Educação na Escola da Ponte e no Colégio dos Carvalhos, Letras e Conteúdos, 5 de Junho de 1012]</ref>, cujo método de ensino se baseia nas chamadas [[Escola democrática|Escolas democráticas]] e numa [[educação inclusiva]]. Assim como será igualmente a primeira escola, no contexto histórico mundial, a exercer a chamada [[educação integral]]<ref>[http://observador.pt/especiais/jose-pacheco-aulas-no-seculo-xxi-sao-um-escandalo-aulas-ninguem-aprende/ Interagindo com o aluno não só "no nível cognitivo, mas também no domínio atitudinal, sócio moral, ético, estético, emocional e espiritual" - José Pacheco: “Aulas no século XXI são um escândalo. Com aulas ninguém aprende”, por Marlene Carriço, Observador, 10 Abril 2016]</ref>.
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É a instituição de ensino que [[Rubem Alves]] se refere, em [[2001]], descrevendo-a no seu livro "''A Escola com que Sempre Sonhei sem Imaginar que Pudesse Existir''"<ref>[http://www.alkindar.com.br/treinamento/negociacao-e-vendas/tecnicas-de-negociacao/1232-a-escola-da-ponte.pdf A Escola da Ponte, ]</ref>.
Faz parte integrante do chamado [[Movimento da Escola Moderna]] ([[MEM]]) alicerçado nas ideias pedagógicas do francês [[Célestin Freinet]]<ref>
Está assente em valores como a [[solidariedade]], [[autonomia]] e [[responsabilidade]].
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Hoje é um marco [[pedagogia|pedagógico]] de diferenciação do [[modelo]] de [[escola]] corrente, dito “tradicional” ou "convencional", e esta diferença é estudada, admirada e está a ser parcialmente adoptada um pouco por todo o Mundo, com especial destaque no [[Brasil]]<ref>[http://revistacrescer.globo.com/Crescer/0,19125,EFC1047381-2216,00.html Uma escola diferente, por Cristiane Rogerio, Crescer]</ref><ref>[http://revistaforum.com.br/blog/2013/07/entrevista-com-jose-pacheco-da-escola-da-ponte-o-professor-deve-ser-um-mediador-de-conhecimentos/ Entrevista com José Pacheco, da Escola da Ponte: “O professor deve ser um mediador de conhecimentos”, por Adriana Delorenzo e Renato Rovai, Revista Forum]</ref><ref>[http://www.educare.pt/noticias/noticia/ver/?id=21483&langid=1 Projeto Âncora quer refazer a escola brasileira, por Andreia Lobo, educare.pt, 04-11-2013]</ref>.
Inserida no sistema público de ensino português, apesar da excelência comprovada por todas as inspecções e estudos, mesmo a nível mundial, o seu método de ensino tardou em ser aprovado e reconhecido pelo [[Ministério da Educação]]. Durante muito tempo, a escola da Ponte foi "ignorada" pelas autoridades, depois passou ser considerada por todas instituições publicas nacionais como uma "referência" para um novo sistema de ensino que privilegie a [[Cidadania]]<ref>
Este projecto surge em [[1976]] e foi liderados pelo [[pedagogo]] [[José Pacheco]] que entretanto, por sentir que estava num processo de conclusão e por o Ministério da Educação não ter permitido prosseguir a escola até ao 12º ano, deixou-o entregue à gestão da própria comunidade local, conta com uma assembleia de estudantes, associação de pais<ref>
No ano letivo 2015/16 tem apenas 230 alunos do pré-escolar ao 9.º ano.
O número de exames realizados não é muito expressivo, mas a posição da escola nos rankings das escola portuguesas oscila entre o lugar 214 no 4.º ano e o 1147 no 9.º ano. Os alunos são preparados para os exames tendo aulas mais tradicionais.<ref>{{citar web|
== Uma Escola Alternativa ==
É uma escola reconhecida mundialmente pelo seu projecto inovador, pois desde [[1977]] que o lema desta escola é "''tentar fazer crianças felizes''" e baseia-se na autonomia dos alunos e professores, assim como, rompe o sistema padrão de seriação/ciclos adoptado pelas restantes instituições de ensino em Portugal e grande parte do mundo.
É uma escola com práticas educativas alternativas, desde [[1976]], que se afastam do modelo tradicional<ref>
Tem como máxima o ensinar a [[liberdade]] [[responsabilidade|responsável]] e a [[solidariedade]].
Assim como os alunos são educados para serem cidadãos, exercitando a [[cidadania]]. São chamados a praticar a [[democracia]] dentro da própria escola, como cidadãos autónomos. Na prática, tal como numa [[democracia directa]], organizam assembleias gerais e debates para resolverem problemas de disciplina e outros entre eles. O aluno e mesmo o professor que desrespeitar as regras, predeterminadas por eles mesmos, é convidado, perante todos, a reflectir e pronunciar-se sobre seu comportamento dentro da escola<ref>
O espaço é estruturado de modo que todos possam trabalhar com todos. Nenhum aluno é aluno de um professor só, nem um professor é professor só de alguns alunos.
A escola não tem paredes internas para separar os alunos de acordo com a idade ou série. Esses, por sua vez, se agrupam de acordo com a área de interesse a ser pesquisada, independente da faixa etária<ref>
É uma escola sem turmas<ref>
Não há filas de carteiras, há mesas redondas. Não há aulas, há tempos. Não há disciplinas, há valências. Não há professores, há orientadores educativos. Não há diretor, há gestor<ref>
Cada aluno programa o seu trabalho. Às quartas-feiras, os alunos reúnem-se em redor do seu [[tutor]] e preenchem um plano de quinzena. O tutor é quem acompanha de forma individual e permanente o percurso curricular de cada aluno<ref>
A aprendizagem desenvolve-se em pequenos grupos de alunos com interesse comum por um assunto que se reúne com um professor ou orientador e, todos juntos, estabelecem um programa de trabalho de 15 dias. O professor dá orientação sobre o que as crianças devem pesquisar e onde e, ao fim de 15 dias, elas fazem uma avaliação do que aprenderam. Se os resultados forem positivos e conclusivos, o grupo dissolve-se e é formado outro para estudar uma nova matéria<ref>
Trabalha segundo uma lógica de projecto e de equipa, estruturando-se a partir das interacções entre os seus membros<ref>
== Histórico ==
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Em [[1976]], as respostas a algumas interrogações deram origem a profundas mudanças na organização da escola, na relação entre ela, na instituição, e os encarregados de educação dos alunos<ref>Em Portugal, a expressão "encarregado de educação" refere-se aos responsáveis pelo aluno, geralmente, mas não exclusivamente, os pais.</ref> e nas relações estabelecidas com diferentes parceiros locais.
Em [[2000]], esta escola adquiriu a classificação de [[Eco-escola]] - exibindo na fachada uma [[bandeira azul]] da [[Europa]] -, um galardão a premiar o exemplo que representam ao nível da sensibilização para a [[preservação ambiental]]<ref>
A Secretária de Estado da Educação, Prof.ª [[Mariana Torres Cascais]], por Despacho Interno de 26 de Março de [[2003]], deliberou a celebração de um protocolo a contratualizar com a [[Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação]] da [[Universidade de Coimbra]] “''tendo em vista a elaboração de um estudo de avaliação do projecto educativo da Escola Básica Integrada das Aves/S. Tomé de Negrelos''”. Esse trabalho foi concluído em Junho do mesmo ano e cujos resultados foram não só positivos como provaram a excelência de ensino apresentando os valores atingidos pelos alunos superiores comparativamente às médias à escala regional e à escala nacional<ref>
Apesar disso, da Comissão de Avaliação Externa ter elogiado a Escola da Ponte e recomendar obras de alargamento para dar continuidade ao projeto, o referido ministério ignorou o parecer, rejeitando a continuação do 3.º ciclo, através de um novo despacho em Julho. Tal foi confirmado pelo ministro da Educação, [[David Justino]], em reunião em conjunto com uma descontente associação de pais<ref>
Em 14 de Fevereiro de [[2005]] assinou o contrato de autonomia com o [[Ministério da Educação]] e foi o primeiro do País para uma escola pública de ensino não-superior<ref>
Integrou um dos dez estabelecimentos de ensino europeus seleccionados para o "Guia de Experiências Inovadoras", que foi lançado a 18 de Junho de [[2006]], em [[Barcelona]], pelos seus bons exemplos de combate ao insucesso e abandono escolares<ref>
Em 30 de Setembro de [[2008]] foi aí apresentado o livro ''Escola da Ponte - Formação e Transformação em Educação'', da autoria do [[José Pacheco]], que já estava a morar no Brasil mas conhecia-o bem pois tinha sido reformador deste sistema de ensino e aqui referido por isso<ref>
Em 4 de Junho de [[2012]] recebe um grupo de trabalho dos currículos, integrado na Comissão de Educação Ciência e Cultura da [[Assembleia da República]]<ref>A delegação da AR foi composta pelos deputados: [[Acácio Pinto]] ([[PS]]); [[Ester Vargas]] (PSD); [[Maria José Castelo Branco]], coordenadora do grupo ([[PSD]]); [[Michael Seufert]] ([[CDS]]); [[Rita Rato]] ([[PCP]]). -
Na avaliação externa de 2013, feita pela [[Inspeção Geral da Educação e Ciência]], a Escola da Ponte tirou [[muito bom]] em todos os itens. Destacou "''o excelente clima e ambiente educativos''", "''o trabalho colaborativo entre os alunos''" e "''a participação ímpar dos pais e encarregados de educação e dos alunos na vida do projeto''"<ref>
== Cronologia ==
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A sua estrutura organizativa, desde o espaço, ao tempo e ao modo de aprender exige uma maior participação dos alunos tendo como intencionalidade a participação efetiva destes em conjunto com os orientadores educativos, no planeamento das atividades, na sua aprendizagem e na avaliação.
As crianças e os adolescentes compartilham o mesmo espaço físico, um grande [[galpão]], muito bem estruturado para pesquisa e de fácil acesso aos alunos<ref>
A escola encontra-se numa área aberta. Os alunos formam grupos heterogêneos, não estando classificados, agrupados ou distribuídos por turmas nem por anos de escolaridade que, na prática, não existem. Não há salas de aula mas sim espaços de trabalho, onde não existem lugares fixos. Essa subdivisão foi substituída, com vantagens, pelo trabalho em grupo heterogéneo de alunos. Do mesmo modo, não há um professor encarregue de uma turma ou orientador de um grupo.
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* Aprofundamento
Dentro desses núcleos, os alunos estão subdivididos por grupos, organizados, no início do ano lectivo, de acordo com as suas preferências. Depois de organizados, os grupos escolhem um professor tutor, o que dá origem a uma tutoria, um grupo constituído pelos alunos e pelo professor<ref>
Os orientadores estão organizados por dimensões:
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== Instrumentos pedagógicos ==
* '''Definição dos Direitos e Deveres''' - Os alunos decidem democraticamente, na Assembleia de Alunos, os direitos e deveres que consideram fundamentais para o funcionamento da escola<ref>Há um Regimento que são um conjunto de regras que regem a assembleia. Estas regras podem ser alteradas ou acrescentadas no início do ano lectivo. -
* '''Assembleia de Alunos''' - atividade que reúne todos os alunos, na qual são discutidas, analisadas e votadas medidas para o dia a dia na escola, de forma democrática, solidária, respeitando as regras e visando o bem comum<ref>Esta é eleita anualmente, no início do ano escolar, depois de apresentadas as listas e debatidas as ideias e as propostas. Esta reunião é um momento de trabalho coletivo onde se introduzem temas de estudo, se apresentam comunicações, se analisam dificuldades e se debatem as questões relacionadas com o funcionamento da escola - limpeza, jardim, decoração das salas. -
* '''Comissão de Ajuda''' - é formada por seis alunos nomeados para resolver os problemas mais graves colocados na Assembleia. Três desses alunos são escolhidos pelos membros da mesa da Assembleia Geral e outros três pelos professores. As decisões dessa Comissão guiam-se pelos direitos e deveres definidos pelos alunos, que se comprometeram a respeitar o estabelecido.
* '''Debate''' - tem caráter mais informal que as Assembleias e acontece sempre que necessário.
* '''Biblioteca''' - ocupa o espaço comum, da área aberta da Escola, e serve como espaço de encontro e de pesquisa.
* '''Acho bem / Acho mal''' - Nas salas, existe um dispositivo pedagógico que consiste numa folha afixada na parede onde os alunos podem escrever aquilo que acharam bem e aquilo que acharam mal<ref>
* '''Caixinha dos Segredos''' - Local onde os alunos podem colocar, por escrito por carta, tudo aquilo que querem transmitir de forma privada, tais como sugestões e propostas. Depois será a "Comissão de Ajuda" entrega as cartas aos destinatários, e faz um levantamento das sugestões e propostas<ref>
* '''Comissão de ajuda''' - Os alunos da comissão de ajuda recolhem as folhas com os “Acho bem / Acho mal” e o que está na "Caixinha dos Segredos" e fazem uma reunião, uma vez por semana, à hora do almoço, para pensarem na forma de resolver os problemas. Depois, vão ter com os colegas envolvidos nos problemas, durante os intervalos, e conversam com eles até chegaram a uma solução. Se não conseguirem chegar a uma solução, colocam o assunto à assembleia para que seja discutido pela escola toda. Mas, como afirmam com orgulho, essa situação quase nunca se verifica. Regra geral, a comissão de ajuda consegue resolver os assuntos com os colegas envolvidos<ref>
* '''Eu Já Sei''' - faz parte do objetivo de desenvolver a autonomia dos alunos, partindo do processo de auto-avaliação. Sempre que um aluno se sente preparado para ser avaliado, solicita a avaliação escrevendo o seu nome numa lista. Só então esta avaliação se processa, no dia seguinte. Caso o professor considere que o aluno não estava preparado, orienta-o no sentido de procurar mais informação e corrigir os seus erros. Quando termina este trabalho, o aluno solicita nova avaliação.
* '''Eu Preciso de Ajuda''' - a criança é estimulada a buscar todas as fontes possíveis de informação que estão a seu alcance antes de pedir ajuda (pares, grupos, livros, internet). Esgotadas todas as possibilidades, o aluno pode escrever seu nome numa das listas dispostas em diversos locais da escola. Posteriormente, um professor organiza pequenos grupos de estudo para esclarecer o assunto com quem tem dúvidas.
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