Elevado Presidente João Goulart: diferenças entre revisões

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O '''Elevado [[João Goulart|Presidente João Goulart]]''', nomeado anteriormente '''Elevado [[Arthur da Costa e Silva|Presidente Costa e Silva,]]''' e popularmente conhecido como '''Minhocão''', é uma [[via expressa]] elevada da cidade de [[São Paulo (cidade)|São Paulo]], [[Brasil]], que liga a região da [[Praça Roosevelt]], no [[Zona Central de São Paulo|centro da cidade]], ao [[Largo Padre Péricles]], na [[Barra Funda (bairro)|Barra Funda]]. Foi construído com o intuito de desafogar o trânsito de vias que, por cortarem regiões centrais da cidade, não poderiam ser alargadas para ter sua capacidade ampliada. Assim, a solução seria a construção de uma via paralela sobre os logradouros para que a capacidade de tráfego fosse duplicada.
 
Desde que começou a ser construído, o Minhocão gerou desconforto e reclamações da população lindeira. A poluição do ar, sonora e visual causadas pelo Elevado são evidentes, principalmente para os edifícios vizinhos, que sofrem mais com a situação. Juntamente com o abandono do centro ao longo das décadas de 801980, 901990 e 2000, a região se degradou-se, virando local de abrigo para pessoas em situação de rua, prostituição e usuários de droga.
 
Há décadas, existem pressões pela sua desativação e as negociações que temtêm sido desenvolvidas apontam para sua transformação em área de lazer, [[parque linear]] e local para eventos, como forma de valorizar a região. Apesar disso, seu inegável papel no escoamento do tráfego região justifica inclusive a defesa de sua permanência como via expressa. A complexidade do debate inclui também a vulnerabilidade da população local, que, devido à desvalorização que o elevadoElevado carrega, criou uma região de aluguéis mais acessíveis tanto residenciais como comerciais — mais acessíveis em uma área cercada de infra-estruturainfraestrutura na franja de dois bairros historicamente destinados às classes mais abastadas;: [[Higienópolis (bairro de São Paulo)|Higienópolis]] e [[Campos Elíseos (bairro de São Paulo)|Campos Elíseos]]. Portanto, há também o temor de que a desativação induza um processo de [[gentrificação]] decorrente da reurbanização e revalorização da área, expulsando a população mais pobre e vulnerável.
 
Como estratégia depara diminuir o impacto negativo do elevadoElevado desde 1976,<ref>{{citar web|url=https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/minhocao-sera-fechado-por-todo-o-fim-de-semana-a-partir-da-noite-desta-sexta-feira.ghtml|titulo=Minhocão será fechado por todo o fim de semana a partir da noite desta sexta-feira|data=|acessodata=22 de fevereiro de 2019|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref> o elevadoele é interditado de segunda a sábado, das 21h30 atéàs as6 6hhoras, com fechamento total aos domingos. Atualmente, a via fica aberta para carros de segunda a sexta, das 7 às 20 horas, permanecendo fechadofechada para veículos nos demais dias e horários, inclusive em feriados nacionais, quando é abertoaberta apenas a pedestres e ciclistas.
 
Desde o [[Plano Diretor Municipal|Plano Diretor Estratégico]] de 2016, aprovado em 2014 na gestão de [[Fernando Haddad]], já existe previsão para a transformação do elevado em parque, deixando o planejamento para o porvir. Em fevereiro de 2018, a Leilei que cria o Parque Municipal do Minhocão foi promulgada pelo então prefeito João Doria e publicada no ''Diário Oficial''.<ref>{{citar web|url=http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-02/doria-sanciona-lei-que-institui-o-parque-muncipal-do-minhocao|titulo=Doria autoriza criação do Parque Municipal do Minhocão|data=|acessodata=|publicado=EBC - Empresa Brasileira de Comunicação|ultimo=|primeiro=}}</ref>. Um ano depois, no diaem 21 de fevereiro de 2019, [[Bruno Covas]],o prefeito da cidade de [[SãoBruno PauloCovas]], anunciou o início do planejamento, prevendo a desativação do elevado e a criação de um parque suspenso num primeiro trecho de 900novecentos metros que liga a [[Praça Roosevelt]] ao [[Largo do Arouche]].<ref>{{citar web|url=https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2019/02/21/prefeitura-de-sp-anuncia-criacao-de-primeiro-trecho-do-parque-minhocao.ghtml|titulo=|data=21 de fevereiro de 2019|acessodata=22 de fevereiro de 2019|publicado=Globo|ultimo=|primeiro=}}</ref>
 
Desde o [[Plano Diretor Municipal|Plano Diretor Estratégico]] de 2016 aprovado em 2014 na gestão de [[Fernando Haddad]] já existe previsão para a transformação do elevado em parque, deixando o planejamento para o porvir. Em fevereiro de 2018, a Lei que cria o Parque Municipal do Minhocão foi promulgada pelo então prefeito João Doria e publicada no Diário Oficial<ref>{{citar web|url=http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-02/doria-sanciona-lei-que-institui-o-parque-muncipal-do-minhocao|titulo=Doria autoriza criação do Parque Municipal do Minhocão|data=|acessodata=|publicado=EBC - Empresa Brasileira de Comunicação|ultimo=|primeiro=}}</ref>. Já, no dia 21 de fevereiro de 2019, [[Bruno Covas]], prefeito da cidade de [[São Paulo]], anunciou o início do planejamento prevendo a desativação do elevado e criação de um parque suspenso num primeiro trecho de 900 metros que liga a [[Praça Roosevelt]] ao [[Largo do Arouche]].<ref>{{citar web|url=https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2019/02/21/prefeitura-de-sp-anuncia-criacao-de-primeiro-trecho-do-parque-minhocao.ghtml|titulo=|data=21 de fevereiro de 2019|acessodata=22 de fevereiro de 2019|publicado=Globo|ultimo=|primeiro=}}</ref>
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|1971
|Inauguração do elevadoElevado, que liga o Centrocentro de São Paulo ao Largo Padre Péricles, em Perdizes, na Zona Oeste, com uma extensão total de 3.400,4 mil metros. O Minhocão ganha o nome oficial de Elevado Costa e Silva.
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|1976
|O elevadoElevado, que funcionava 24 horas para o tráfego de veículos, passa a ser fechado diariamente, da meia-noite às 5h5 horas, a fim de diminuir o barulho causado pelo tráfego e também o número de acidentes.
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|1989
|A Prefeitura determina a interdição, de segunda a sábado, das 21h30 atéàs as6 6hhoras, e fechamento total aos domingos.
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|2014
|O artigo 375, da lei número 16.050,{{formatnum:16050}} (o Plano Diretor Estratégico (PDE), diz que “uma"uma lei específica deverá ser elaborada determinando a gradual restrição ao transporte individual motorizado no Elevado Costa e Silva, definindo prazos até sua completa desativação como via de tráfego, sua demolição ou transformação, parcial ou integral, em parque”parque".
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|2015
|ViaA via passa a ser fechada àsdas 15 15hhoras denos sábadosábados até a manhã dedas segundasegundas-feira.
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|2016
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|2018
|PromulgadaÉ promulgada a lei 16.833{{formatnum:16833}}, instituindo o Parque Municipal do Minhocão, estabelecendo que será gerido democraticamente com a participação de um conselho gestor com controle social popular. O fechamento passa a ser da noite de sexta-feira até a manhã de segunda-feira.<ref>{{citar web|url=http://www.capital.sp.gov.br/noticia/prefeito-sanciona-lei-que-cria-parque-municipal-do-minhocao|titulo=Prefeito sanciona lei que cria Parque Municipal do Minhocão|data=|acessodata=|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref>
Fechamento passa a ser da noite de sexta-feira até a manhã de segunda-feira.<ref>{{citar web|url=http://www.capital.sp.gov.br/noticia/prefeito-sanciona-lei-que-cria-parque-municipal-do-minhocao|titulo=Prefeito sanciona lei que cria Parque Municipal do Minhocão|data=|acessodata=|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref>
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|2019
|A Prefeitura anuncia o início do planejamento para a desativação e a transformação em parque.
|}
 
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Desde a [[redemocratização]], a estrutura foi renomeada duas vezes. As duas alcunhas oficiais, Parque Minhocão e Elevado Presidente João Goulart, coexistem desde 2016. A primeira é usada quando as pistas estão abertas para pedestres, enquanto que a segunda é utilizada quando estão abertas para veículos. Ao contrário da primeira nomeação, feita por decreto, as mais recentes seguiram as vias democráticas.
 
== Trajeto ==
O Minhocão é uma via expressa com duas pistas de tráfego separadas por barreiras de concreto e com duas faixas de tráfego por sentido. Os acessos ao Elevado ocorrem a leste pela [[Praça Franklin Roosevelt]] e a oeste pela [[Avenida Francisco Matarazzo]]. A estrutura possui, também, cinco acessos intermediários, sendo três entradas e duas saídas. Os 3,4 quilômetros que o compõem, sendo 2.500 metros de via principal e 900 de acessos, são sustentados por 514 vigas, que pesam entre 80 e 120 toneladas cada<ref>{{citar periódico|ultimo=|primeiro=|data=|titulo=Portaria 21/10|url=http://www3.prefeitura.sp.gov.br/cadlem/secretarias/negocios_juridicos/cadlem/integra.asp?alt=26032010P%20000212010SMT%20%20%20%20%20%20%20%20%20&secr=31&depto=0&descr_tipo=PORTARIA|jornal=Diário Oficial da Cidade de São Paulo|acessodata=04/05/2017}}</ref>.
 
As ruas e avenidas que se localizam sob o Elevado Pres.Presidente João Goulart são:
 
* [[Largo Padre Péricles]]
* [[Avenida Francisco Matarazzo]]
* Avenida General Olímpio da Silveira
* [[Praça Marechal Deodoro (São Paulo)|Praça Marechal Deodoro]]
Linha 72:
* [[Praça Roosevelt]]
 
== Contexto ==
{{Crescimento populacional do Censo do Brasil
| 1872 = 31385
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| ref_est = <includeonly><ref name="IBGE_Pop_2017"/></includeonly>
| rodape = Censos demográficos do IBGE<ref name="HistDemo">{{citar web |url=https://sidra.ibge.gov.br/tabela/1287#/n6/3550308/v/591/p/all/l/v,p,t/resultado |publicado=IBGE |titulo=Tabela 1287 - População dos municípios das capitais e Percentual da população dos municípios das capitais em relação aos das unidades da federação nos Censos Demográficos |acessodata=24/11/2008}}</ref>
}}
}}<noinclude>
Durante o [[século XX]], a população de [[São Paulo]] cresceu de forma exponencial, passando de pouco mais de 239 mil em 1900, para quase 2.200.000,2 milhões em 1950 e 10.405.000,4 nomilhões anoem 2000. São Paulo passou de centro regional a metrópole nacional, se industrializando rapidamente. O afã modernizador do século, representado pela [[Semana de Arte Moderna|Semana de Arte Moderna de 1922]], também se estendia a áreas como a arquitetura e influenciava os planejadores urbanos, que desejavam redesenhar a cidade de acordo com os [[Carta de Atenas|princípios urbanísticos modernistas]], que a entendiam como um organismo a ser concebido de modo funcional, no qual as necessidades do homem devem estar claramente colocadas e resolvidas.
 
As cidades brasileiras assumiam novos padrões em suas formas e funcionamentos, como resposta às necessidades criadas pela evolução econômica e tecnológica. As cidades industriais lidavam com sua urbanização caótica, consequência da luta de classes, não como resultado de uma contradição sistemática, mas como uma série de problemas conjunturais, a serem resolvidos com obras e reformas. São Paulo, em especial, se renova como forma de afirmar seu novo papel enquanto centro urbano de projeção nacional e internacional, buscando fazer jus ao seu lema, "''Non dvcor dvco”dvco''" ("Não sou conduzido, conduzo").
 
A transformação da cidade é um reflexo das mudanças estruturais na produção econômica e na sociedade que ocorriam no país, além de concretizar as novas configurações da sociedade capitalista por meio dos mecanismos de controle e legitimação dos novos poderes financeiros. O planejamento urbano assume um papel ativo e interventor, pois o entendimento dos espaços da cidade muda de algo como um simples cenário, para um elemento complementar do caminho modernizante. Como resultado, esforços bastante contundentes foram feitos para melhorar a cidade, com ênfase na questão da locomoção.
 
O transporte sobre pneus, especialmente o automóvel, parecia a solução para os problemas que a cidade enfrentava e, portanto, precisava ser incentivado. Diante desse cenário, [[Prestes Maia|Francisco Prestes Maia,]] então Secretário de Obras e Viação da prefeitura, elaborou um grande estudo nomeado “[[Plano de Avenidas de São Paulo|Plano de Avenidas para a Cidade de São Paulo]]”, publicado em 1930. O Plano de Avenidas é um estudo pensado para acompanhar o crescimento da cidade, colocando como principal meio de transporte o [[automóvel]] particular, ainda que contando em menor grau com a presença do transporte sobre trilhos — o que acabou atrasando os para o [[Metrô de São Paulo|metrô]]. É proposta a construção de diversos anéis viários, concêntricos à [[Zona Central de São Paulo|colina histórica]], ligados por grandes avenidas radiais, entre elas a [[Avenida São João|São João]].
 
O plano começou a ser concretizado na gestão de [[Fábio Prates]] (1934 – 1938) e continuou quando Prestes Maia tornou-se prefeito (1938 – 1945). Uma das maiores obras feitas foi o chamado “Sistema Y”: uma grande avenida vinda da zona norte ([[Avenida Tiradentes|Tiradentes]]), que passa pelo centro ([[Vale do Anhangabaú|Anhangabaú]]) e se bifurca nas duas pernas do Y ([[Avenida 9 de Julho|9 de julho]] e [[Avenida 23 de Maio|23 de maio]]) em direção à [[Zona Sul de São Paulo|zona sul]].