Usuário(a):Cignenoire/Testes/Charles Baudelaire: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m
m
Linha 55:
 
Começou a frequentar os círculos literários e artísticos e escandalizou toda a Paris da época em decorrência de sua relação com a jovem [[Jeanne Duval]], a charmosa mulher que iria inspirá-lo a escrever algumas de suas mais brilhantes e controversas poesias. Rapidamente desponta como crítico de arte no cenário parisiense: ''O Salão'' de 1845, sua primeira obra, chamou a atenção de seus contemporâneos, enquanto que a segunda edição de ''O Salão'', publicado um ano depois, fez despertar a fama de [[Eugène Delacroix|Delacroix]] e impulsionar a moderna concepção estética de seu autor.<ref> {{cita web|autor=Biografias e Vidas|título=Charles Baudelaire|url=http://www.biografiasyvidas.com/biografia/b/baudelaire.htm|acessodata=22 de junho de 2004}}</ref>
 
=== Jeanne Duval ===
[[Imagem:Edouard Manet 014.jpg|thumb|Jeanne Duval, amante de Baudelarie, aos 21 anos. Retratada por [[Édouard Manet]].]]
 
[[Jeanne Duval]] foi a principal musa de Baudelaire, antes mesmo de Apollonie Sabatier e Marie Daubrun. Ele manteve uma relação tumultuada e resolutamente carnal com esta misteriosa mulher.<ref>d'après le témoignage de Théodore Duret, recueilli dans le ''Baudelaire'' d'Ernest Raynaud, cité dans ''Lecture de Baudelaire'' de Louis Aguettant (''Les cahiers bleus du Club National du Disque, 1957, {{p.|13}}), </ref> Duval era ligada a pessoas do teatro e também foi uma atriz secundária no teatro Porte-Sainte-Antoine. Para fugir dos credores, ela costumava mudar de identidades (em 1864, ela se chamava "Mademoiselle Prosper"). Na realidade, ela teria sido chamada de "Jeanne Lemer"<ref>Pascal Pia, ''Baudelaire'', Seuil, Collection ''Écrivains de toujours'', 1952 et 1995, {{p.|50}}.</ref>. Jeanne Duval representava para ele a ignorância intacta, uma pura animalidade.<ref>« Il vivait alors en concubinage avec Jeanne Duval, et depuis cinq ans qu'il la connaissait avait sondé jusque dans leur profondeur l'animalité de cette sang mêlé. […] Seuls restaient, malgré l'envoûtement qu'exerçait encore sur lui son "vampire", avec un curieux besoin d'expiation, la honte de cette liaison, le remords de la dégradation où le maintenait sa passion avilissante. » Albert Feuillerat, ''Baudelaire et la belle aux cheveux d'or'', José Corti, 1941, {{p.|21}}</ref>
 
==== Poemas dedicados à Jeanne Duval ====
* ''Le Balcon'';
* ''Parfum exotique''
* ''La Chevelure]'';
* ''Le Serpent qui danse'' ;
* ''Une charogne'' ;
* ''Sed non satiata'';
* ''Le Léthé'' ;
* ''Remords posthume''.
 
Este último poema, detalhando o destino reservado para Jeanne após sua morte, não é muito elogioso. Ele desenha o registro amargo e cruel de um relacionamento que não poderia satisfazer Baudelaire e provou ser uma fonte de sofrimento.<ref>pour un point de vue moins misogyne, voir : [[Angela Carter]], ''Vénus noire'', C. Bourgois, 2000. L'auteur y présente la liaison vue par Jeanne Duval.</ref>.
 
===Théophile Gautier===
[[Théophile Gautier|Gautier]], escritor e poeta, conquistou a admiração de Baudelaire por sua perfeição de forma e seu domínio de linguagem, embora Baudelaire julgasse que Gautier não tinha emoção e espiritualidade profundas. Ambos se esforçaram para expressar a visão interior do artista, que [[Heinrich Heine]] havia afirmado anteriormente: "Em questões artísticas, eu sou um sobrenaturalista. Acredito que o artista não pode encontrar todas as suas formas na natureza, mas que as mais notáveis lhes são reveladas em sua alma."<ref> Hyslop (1980), p. 131. </ref> As frequentes reflexões de Gautier sobre a morte e o horror da vida influenciaram os escritos de Baudelaire. Em gratidão por sua amizade e coincidência de visão, Baudelaire dedicou "As flores do mal" a Gautier.
 
===Édouard Manet===
[[Édouard Manet|Manet]] e Baudelaire tornaram-se companheiros frequentes por volta de 1855. No início da década de 1860, Baudelaire acompanhou Manet em viagens diárias e muitas vezes o encontrou socialmente. Manet também emprestou dinheiro a Baudelaire e cuidou de seus negócios, particularmente quando Baudelaire foi à Bélgica. Baudelaire encorajou Manet a trilhar seu próprio caminho e não sucumbir às críticas. "Manet tem grande talento, um talento que resistirá à corrosão do tempo. Mas ele possui um caráter fraco."<ref>Hyslop (1980), p. 55.</ref> Em sua pintura ''[[Música nas Tulherias (Manet)|Música nas Tulherias]]'', Manet incluiu retratos dos seus amigos: [[Théophile Gautier]], [[Jacques Offenbach]], e Baudelaire.<ref>{{cite web | title = Music in the Tuileries Gardens | publisher=[[National Gallery (London)|The National Gallery]] | url = http://www.nationalgallery.org.uk/cgi-bin/WebObjects.dll/CollectionPublisher.woa/wa/work?workNumber=ng3260 |acessodata =13 de julho de 2008}}</ref> Embora seja difícil diferenciar quem influenciou quem, tanto Manet quanto Baudelaire discutiram e expressaram alguns temas comuns através de suas respectivas maneiras de fazer arte. Baudelaire elogiou a modernidade de Manet: "quase toda a nossa originalidade vem do selo que o 'tempo' imprime em nossos sentimentos".<ref>Hyslop (1980), p. 53.</ref> Quando a famosa ''[[Olympia (Manet)|Olympia]]'' (1863), uma obra que retrata uma prostituta nua, provocou um escândalo por seu realismo flagrante misturado à imitação de detalhes renascentistas, Baudelaire apoiou em particular seu amigo, embora não tivesse oferecido nenhuma defesa pública (ele estava, no entanto, doente na época). Quando Baudelaire retornou da Bélgica após seu derrame, Manet e sua esposa o visitavam assiduamente na casa de repouso e ela tocava trechos de Wagner para Baudelaire ao piano.<ref>Hyslop (1980), p. 51.</ref>
 
===Nadar===
[[Gaspard-Félix Tournachon|Nadar]] (Félix Tournachon) foi um notável caricaturista, cientista e importante fotógrafo. Baudelaire admirou Nadar, um de seus amigos mais íntimos, e declarou: "Nadar é a mais incrível manifestação de vitalidade".<ref>Hyslop (1980), p. 65.</ref> Os dois se moviam em círculos semelhantes e Baudelaire fez muitas conexões sociais por intermédio dele. A ex-amante de Nadar, Jeanne Duval, tornou-se amante de Baudelaire por volta de 1842. Baudelaire interessou-se por fotografia na década de 1850 e, afirmando-a como uma forma de arte, defendeu seu retorno ao "seu verdadeiro propósito: o de ser servente das ciências e das artes." A fotografia não deve, segundo Baudelaire, invadir "o domínio do impalpável e do imaginário".<ref>Hyslop (1980), p. 63.</ref> Nadar permaneceu ao lado do poeta parisiense mesmo nos últimos dias e publicou a notícia de seu obituário no ''[[Le Figaro]]''.
 
===Edgar Allan Poe===
Em 1847, Baudelaire familiarizou-se com as obras de [[Edgar Allan Poe|Poe]]. Ele encontrou contos e poemas que, de acordo com ele, existiam há muito tempo em seu próprio cérebro, mas nunca tomavam uma forma definitiva. Baudelaire viu em Poe um precursor e tentou ser sua contraparte francesa contemporânea.<ref>Richardson 1994, p. 140.</ref> Daquele tempo até 1865, o poeta ocupou-se amplamente em traduzir as obras de Poe; Suas traduções foram elogiadas. Baudelaire não foi o primeiro a protagonizar traduções de Poe para o francês, mas suas "traduções cuidadosas" foram reconhecidas entre as melhores. As obras foram publicados como ''Histoires extraordinaires'' (''Histórias extraordinárias'') (1852), ''Nouvelles histoires extraordinaires'' (''Novas histórias extraordinárias'') (1857), ''[[The Narrative of Arthur Gordon Pym|Aventures d'Arthur Gordon Pym]]'', ''Eureka'', e ''Histoires grotesques et sérieuses'' (''Histórias grotescas e sérias'') (1865). Dois ensaios sobre Poe podem ser encontrados em ''Oeuvres complètes'' de Baudelaire (''Obras completas'').
 
===Eugène Delacroix===
Baudelaire foi um forte defensor do pintor romântico [[Eugène Delacroix| Delacroix]], e o chamou de "poeta da pintura". Baudelaire também absorveu grande parte das ideias estéticas de Delacroix, expressas em seus diários. Tal como Baudelaire elaborou em seu "Salão de 1846": "Quando contemplamos sua série de quadros, parece que estamos experienciando a celebração de algum mistério... Essa melancolia grave e elevada brilha com uma luz opaca... queixosa e profunda como uma melodia de Weber". Delacroix, embora apreciativo, manteve distância de Baudelaire, particularmente depois do escândalo que recaiu sobre as ''As flores do mal''. Na correspondência privada, Delacroix afirmou que Baudelaire "realmente me dá nos nervos" e expressou sua insatisfação em relação aos persistentes comentários de Baudelaire sobre "melancolia" e "febrilidade".<ref>{{cite book |first=Lois Boe |last=Hyslop |title=Baudelaire, Man of His Time |publisher=Yale University Press |year=1980 |page=14 |isbn=0-300-02513-0 }}</ref>
 
===Richard Wagner===
Baudelaire conhecia pouco acerca de compositores além de [[Beethoven]] e [[Carl Maria von Weber|Weber]]. Weber foi, de certa forma, o precursor de [[Richard Wagner|Wagner]], usando o ''leitmotif'' e concebendo a ideia do "trabalho de arte total" ("Gesamtkunstwerk"). Ambos ganharam a admiração de Baudelaire.
 
Antes mesmo de ouvir as composições de Wagner, Baudelaire estudou resenhas e ensaios sobre ele e pontuou suas impressões. Mais tarde, Baudelaire os colocou em sua análise não-técnica sobre Wagner: "Richard Wagner et Tannhäuser à Paris".<ref name = "yhkyza">Hyslop (1980), p. 68.</ref> A reação baudelairiana à música era apaixonada e psicológica. Ele afirmava: "A música me engolfa (possui) tal com o mar."<ref name = "yhkyza"/> Depois de prestigiar a três concertos de Wagner em Paris em 1860, Baudelaire escreveu ao compositor: "Eu tive um sentimento de orgulho e alegria em compreender, em ser possuído, em ser arrebatado, um prazer verdadeiramente sensual similar àquele de flutuar no ar."<ref>Hyslop (1980), p. 69</ref> Os escritos de Baudelaire deram estrutura à elevação de Wagner e ao culto [[Wagnerismo]] que percorreria toda a Europa nas próximos décadas.
 
== ''As flores do mal'' ==
Linha 61 ⟶ 98:
[[Imagem:Fleurs du mal.jpg|thumb|A primeira edição de ''[[Les Fleurs du mal]]'' com notas do autor.]]
 
Baudelaire era um escritor lento e exigente, muitas vezes encontrava-se entre a distração e [[preguiça|indolência]], aflição emocional e doença, e foi só em 1857 que publicou seu primeiro e mais famoso volume de poemas, ''[[Les fleurs du mal]]''.<ref>{{cite book|last1=Clark|first1=Carol|title=Selected Poems|section=Notes on the Text|dateacessodata=1995|publisher=Penguin Books Ltd.|location=By Charles Baudelaire. London|isbn=978-0-14-044624-1|page=xxiii}}</ref>
 
Os poemas obtiveram um pequeno público apreciativo, no entanto, a maior atenção pública foi dada ao assunto. O efeito sobre os colegas artistas era, como afirmou [[Théodore de Banville]], "imenso, prodigioso, inesperado, uma mistura de admiração e medo ansioso e indefinível".<ref>Richardson 1994, p. 236.</ref> [[Gustave Flaubert]], que havia sido recentemente atacado de forma semelhante por causa de sua ''[[Madame Bovary]]'', ficou estupefato e escreveu para Baudelaire: "Você encontrou uma maneira de rejuvenescer o [[Romantismo]]... Você é tão inflexível quanto o mármore e tão penetrante quanto uma névoa inglesa."<ref>Richardson 1994, p. 241.</ref>
Linha 102 ⟶ 139:
 
===Amor===
"Há um gosto invencível pela prostituição no coração do homem, do qual vem o seu horror à solidão. Ele quer ser "dois". O homem de gênio quer ser "um"... É esse o horror à solidão, a necessidade de se perder na carne externa, que o homem chama nobremente de "necessidade de amar"."<ref name = "sncxdz">Richardson 1994, p. 50</ref><ref>{{cite book|last1=Baudelaire|first1=Charles|title=His Prose and Poetry|dateacessodata=1919|publisher=Boni and Liveright, inc.|location=New York|page=239}}</ref>
 
===O artista===
Linha 128 ⟶ 165:
Depois de seu falecimento, Charles Baudelaire seria então considerado o patrono e grande profeta da poesia moderna. Foi uma figura bastante popular entre os círculos artísticos de Paris. [[Manet]] incluiu a sua efígie no seu famoso quadro
''[[Música nas Tulherias (Manet)|Música nas Tulherias]]'', e em [[1865]] produziu dois retratos dele, um deles baseado numa fotografia tirada por [[Gaspard-Félix Tournachon|Nadar]].
 
=== Jeanne Duval ===
[[Imagem:Edouard Manet 014.jpg|thumb|Jeanne Duval, amante de Baudelarie, aos 21 anos. Retratada por [[Édouard Manet]].]]
 
[[Jeanne Duval]] foi a principal musa de Baudelaire, antes mesmo de Apollonie Sabatier e Marie Daubrun. Ele manteve uma relação tumultuada e resolutamente carnal com esta misteriosa mulher.<ref>d'après le témoignage de Théodore Duret, recueilli dans le ''Baudelaire'' d'Ernest Raynaud, cité dans ''Lecture de Baudelaire'' de Louis Aguettant (''Les cahiers bleus du Club National du Disque, 1957, {{p.|13}}), </ref> Duval era ligada a pessoas do teatro e também foi uma atriz secundária no teatro Porte-Sainte-Antoine. Para fugir dos credores, ela costumava mudar de identidades (em 1864, ela se chamava "Mademoiselle Prosper"). Na realidade, ela teria sido chamada de "Jeanne Lemer"<ref>Pascal Pia, ''Baudelaire'', Seuil, Collection ''Écrivains de toujours'', 1952 et 1995, {{p.|50}}.</ref>. Jeanne Duval representava para ele a ignorância intacta, uma pura animalidade.<ref>« Il vivait alors en concubinage avec Jeanne Duval, et depuis cinq ans qu'il la connaissait avait sondé jusque dans leur profondeur l'animalité de cette sang mêlé. […] Seuls restaient, malgré l'envoûtement qu'exerçait encore sur lui son "vampire", avec un curieux besoin d'expiation, la honte de cette liaison, le remords de la dégradation où le maintenait sa passion avilissante. » Albert Feuillerat, ''Baudelaire et la belle aux cheveux d'or'', José Corti, 1941, {{p.|21}}</ref>
 
==== Poemas dedicados à Jeanne Duval ====
* ''Le Balcon'';
* ''Parfum exotique''
* ''La Chevelure]'';
* ''Le Serpent qui danse'' ;
* ''Une charogne'' ;
* ''Sed non satiata'';
* ''Le Léthé'' ;
* ''Remords posthume''.
 
Este último poema, detalhando o destino reservado para Jeanne após sua morte, não é muito elogioso. Ele desenha o registro amargo e cruel de um relacionamento que não poderia satisfazer Baudelaire e provou ser uma fonte de sofrimento.<ref>pour un point de vue moins misogyne, voir : [[Angela Carter]], ''Vénus noire'', C. Bourgois, 2000. L'auteur y présente la liaison vue par Jeanne Duval.</ref>.
 
===Théophile Gautier===
[[Théophile Gautier|Gautier]], escritor e poeta, conquistou a admiração de Baudelaire por sua perfeição de forma e seu domínio de linguagem, embora Baudelaire julgasse que Gautier não tinha emoção e espiritualidade profundas. Ambos se esforçaram para expressar a visão interior do artista, que [[Heinrich Heine]] havia afirmado anteriormente: "Em questões artísticas, eu sou um sobrenaturalista. Acredito que o artista não pode encontrar todas as suas formas na natureza, mas que as mais notáveis lhes são reveladas em sua alma."<ref> Hyslop (1980), p. 131. </ref> As frequentes reflexões de Gautier sobre a morte e o horror da vida influenciaram os escritos de Baudelaire. Em gratidão por sua amizade e coincidência de visão, Baudelaire dedicou "As flores do mal" a Gautier.
 
===Édouard Manet===
[[Édouard Manet|Manet]] e Baudelaire tornaram-se companheiros frequentes por volta de 1855. No início da década de 1860, Baudelaire acompanhou Manet em viagens diárias e muitas vezes o encontrou socialmente. Manet também emprestou dinheiro a Baudelaire e cuidou de seus negócios, particularmente quando Baudelaire foi à Bélgica. Baudelaire encorajou Manet a trilhar seu próprio caminho e não sucumbir às críticas. "Manet tem grande talento, um talento que resistirá à corrosão do tempo. Mas ele possui um caráter fraco."<ref>Hyslop (1980), p. 55.</ref> Em sua pintura ''[[Música nas Tulherias (Manet)|Música nas Tulherias]]'', Manet incluiu retratos dos seus amigos: [[Théophile Gautier]], [[Jacques Offenbach]], e Baudelaire.<ref>{{cite web | title = Music in the Tuileries Gardens | publisher=[[National Gallery (London)|The National Gallery]] | url = http://www.nationalgallery.org.uk/cgi-bin/WebObjects.dll/CollectionPublisher.woa/wa/work?workNumber=ng3260 |acessodata =13 de julho de 2008}}</ref> Embora seja difícil diferenciar quem influenciou quem, tanto Manet quanto Baudelaire discutiram e expressaram alguns temas comuns através de suas respectivas maneiras de fazer arte. Baudelaire elogiou a modernidade de Manet: "quase toda a nossa originalidade vem do selo que o 'tempo' imprime em nossos sentimentos".<ref>Hyslop (1980), p. 53.</ref> Quando a famosa ''[[Olympia (Manet)|Olympia]]'' (1863), uma obra que retrata uma prostituta nua, provocou um escândalo por seu realismo flagrante misturado à imitação de detalhes renascentistas, Baudelaire apoiou em particular seu amigo, embora não tivesse oferecido nenhuma defesa pública (ele estava, no entanto, doente na época). Quando Baudelaire retornou da Bélgica após seu derrame, Manet e sua esposa o visitavam assiduamente na casa de repouso e ela tocava trechos de Wagner para Baudelaire ao piano.<ref>Hyslop (1980), p. 51.</ref>
 
===Nadar===
[[Gaspard-Félix Tournachon|Nadar]] (Félix Tournachon) foi um notável caricaturista, cientista e importante fotógrafo. Baudelaire admirou Nadar, um de seus amigos mais íntimos, e declarou: "Nadar é a mais incrível manifestação de vitalidade".<ref>Hyslop (1980), p. 65.</ref> Os dois se moviam em círculos semelhantes e Baudelaire fez muitas conexões sociais por intermédio dele. A ex-amante de Nadar, Jeanne Duval, tornou-se amante de Baudelaire por volta de 1842. Baudelaire interessou-se por fotografia na década de 1850 e, afirmando-a como uma forma de arte, defendeu seu retorno ao "seu verdadeiro propósito: o de ser servente das ciências e das artes." A fotografia não deve, segundo Baudelaire, invadir "o domínio do impalpável e do imaginário".<ref>Hyslop (1980), p. 63.</ref> Nadar permaneceu ao lado do poeta parisiense mesmo nos últimos dias e publicou a notícia de seu obituário no ''[[Le Figaro]]''.
 
===Edgar Allan Poe===
Em 1847, Baudelaire familiarizou-se com as obras de [[Edgar Allan Poe|Poe]]. Ele encontrou contos e poemas que, de acordo com ele, existiam há muito tempo em seu próprio cérebro, mas nunca tomavam uma forma definitiva. Baudelaire viu em Poe um precursor e tentou ser sua contraparte francesa contemporânea.<ref>Richardson 1994, p. 140.</ref> Daquele tempo até 1865, o poeta ocupou-se amplamente em traduzir as obras de Poe; Suas traduções foram elogiadas. Baudelaire não foi o primeiro a protagonizar traduções de Poe para o francês, mas suas "traduções cuidadosas" foram reconhecidas entre as melhores. As obras foram publicados como ''Histoires extraordinaires'' (''Histórias extraordinárias'') (1852), ''Nouvelles histoires extraordinaires'' (''Novas histórias extraordinárias'') (1857), ''[[The Narrative of Arthur Gordon Pym|Aventures d'Arthur Gordon Pym]]'', ''Eureka'', e ''Histoires grotesques et sérieuses'' (''Histórias grotescas e sérias'') (1865). Dois ensaios sobre Poe podem ser encontrados em ''Oeuvres complètes'' de Baudelaire (''Obras completas'').
 
===Eugène Delacroix===
Baudelaire foi um forte defensor do pintor romântico [[Eugène Delacroix| Delacroix]], e o chamou de "poeta da pintura". Baudelaire também absorveu grande parte das ideias estéticas de Delacroix, expressas em seus diários. Tal como Baudelaire elaborou em seu "Salão de 1846": "Quando contemplamos sua série de quadros, parece que estamos experienciando a celebração de algum mistério... Essa melancolia grave e elevada brilha com uma luz opaca... queixosa e profunda como uma melodia de Weber". Delacroix, embora apreciativo, manteve distância de Baudelaire, particularmente depois do escândalo que recaiu sobre as ''As flores do mal''. Na correspondência privada, Delacroix afirmou que Baudelaire "realmente me dá nos nervos" e expressou sua insatisfação em relação aos persistentes comentários de Baudelaire sobre "melancolia" e "febrilidade".<ref>{{cite book |first=Lois Boe |last=Hyslop |title=Baudelaire, Man of His Time |publisher=Yale University Press |year=1980 |page=14 |isbn=0-300-02513-0 }}</ref>
 
===Richard Wagner===
Baudelaire conhecia pouco acerca de compositores além de [[Beethoven]] e [[Carl Maria von Weber|Weber]]. Weber foi, de certa forma, o precursor de [[Richard Wagner|Wagner]], usando o ''leitmotif'' e concebendo a ideia do "trabalho de arte total" ("Gesamtkunstwerk"). Ambos ganharam a admiração de Baudelaire.
 
Antes mesmo de ouvir as composições de Wagner, Baudelaire estudou resenhas e ensaios sobre ele e pontuou suas impressões. Mais tarde, Baudelaire os colocou em sua análise não-técnica sobre Wagner: "Richard Wagner et Tannhäuser à Paris".<ref name = "yhkyza">Hyslop (1980), p. 68.</ref> A reação baudelairiana à música era apaixonada e psicológica. Ele afirmava: "A música me engolfa (possui) tal com o mar."<ref name = "yhkyza"/> Depois de prestigiar a três concertos de Wagner em Paris em 1860, Baudelaire escreveu ao compositor: "Eu tive um sentimento de orgulho e alegria em compreender, em ser possuído, em ser arrebatado, um prazer verdadeiramente sensual similar àquele de flutuar no ar."<ref>Hyslop (1980), p. 69</ref> Os escritos de Baudelaire deram estrutura à elevação de Wagner e ao culto [[Wagnerismo]] que percorreria toda a Europa nas próximos décadas.
 
== Influência ==
Linha 172:
chamou-o em uma carta de 'rei dos poetas, um verdadeiro Deus'.<ref>Rimbaud, Arthur: ''Oeuvres complètes'', p. 253, NRF/Gallimard, 1972.</ref> Em 1895, [[Stéphane Mallarmé]] publicou um soneto em homenagem à memória de Baudelaire, 'Le Tombeau de Charles Baudelaire'. [[Marcel Proust]], em um ensaio publicado no ano de 1922, afirmou que o poeta, juntamento com [[Alfred de Vigny]], foi um dos mais 'importantes poetas do século dezenove'.<ref>''Concerning Baudelaire'' in Proust, Marcel: ''Against Sainte-Beuve and Other Essays'', p. 286, trans. John Sturrock, Penguin, 1994.</ref>
 
No universo literário anglófono, [[Edmund Wilson]] creditou Baudelaire como sendo provedor de um ímpeto inicial para o desenvolvimento do movimento [[Simbolismo|simbolista]].<ref>Wilson, Edmund: ''Axel's Castle'', p. 20, Fontana, 1962 (originally published 1931).</ref> Em 1930, [[T. S. Eliot]], while asserting that Baudelaire had not yet received a "just appreciation" even in France, claimed that the poet had "great genius" and asserted that his "technical mastery which can hardly be overpraised ... has made his verse an inexhaustible study for later poets, not only in his own language".<ref>'Baudelaire', in Eliot, T. S.: ''Selected Essays'', pp. 422 and 425, Faber & Faber, 1961.</ref> In a lecture delivered in French on "Edgar Allan Poe and France" (Edgar Poe et la France) in Aix-en-Provence in April 1948, Eliot stated that "I am an English poet of American origin who learnt his art under the aegis of Baudelaire and the Baudelairian lineage of poets."<ref>Eliot, T.S.: Typescript, Hayward Bequest [held at King's College Archives, University of Cambridge]; subsequently adapted for the lecture later published as ''From Poe to Valéry'', The Hudson Review Vol. 2, No. 3 (Autumn, 1949), pp. 327-342 </ref> Eliot also alluded to Baudelaire's poetry directly in his own poetry. For example, he quoted the last line of Baudelaire's 'Au Lecteur' in the last line of Section I of 'The Waste Land.'{{citation needed|dateacessodata=Julho de 2017}}
 
At the same time that Eliot was affirming Baudelaire's importance from a broadly conservative and explicitly Christian viewpoint,<ref>cf. Eliot, 'Religion in Literature', in Eliot, op. cit., p. 388.</ref> [[Left-wing politics|left-wing]] critics such as Wilson and [[Walter Benjamin]] were able to do so from a dramatically different perspective. Benjamin translated Baudelaire's ''Tableaux Parisiens'' into German and published a major essay on translation<ref>'The Task of the Translator', in Benjamin, Walter: ''Selected Writings Vol. 1: 1913–1926'', pp. 253–263, Belknap/Harvard, 1996.</ref> as the foreword.
 
In the late 1930s, Benjamin used Baudelaire as a starting point and focus for his monumental attempt at a [[Historical materialism|materialist]] assessment of 19th-century culture, ''[[Arcades Project|Das Passagenwerk]].''<ref>Benjamin, Walter: ''The Arcades Project'', trans. Howard Eiland and Kevin McLaughlin, Belknap/Harvard, 1999.</ref> For Benjamin, Baudelaire's importance lay in his anatomies of the [[crowd]], of the city and of [[modernity]].<ref>{{citation | last = Benjamin | first = Walter | author-link = Walter Benjamin | contribution = The Paris of the Second Empire in Baudelaire | editor-last = Benjamin | editor-first = Walter | editor-link = Walter Benjamin | title = Selected writings: Vol. 4 1938–1940 | pages = 3–92 | publisher = Belknap Press | location = Cambridge, Massachusetts | year = 1996 | isbn = 9780674010765 | ref = harv | postscript = .}}</ref> He says that, in ''[[Les Fleurs du mal]]'', "the specific devaluation of the world of things, as manifested in the commodity, is the foundation of Baudelaire's allegorical intention."<ref>{{citation | last = Benjamin | first = Walter | author-link = Walter Benjamin | contribution = The study begins with some reflections on the influence of ''Les Fleurs du mal'' | editor-last = Benjamin | editor-first = Walter | editor-link = Walter Benjamin | title = Selected writings: Vol. 4 1938–1940 | pages = 94–98 | publisher = Belknap Press | location = Cambridge, Massachusetts | year = 1996 | isbn = 9780674010765 | ref = harv | postscript = .}}
:''See also'': {{Cite journal | last = Marder | first = Elissa | title = Inhuman beauty: Baudelaire’s bad sex | journal = [[Differences (journal)|differences: A Journal of Feminist Cultural Studies]] | volume = 27 | issue = 1 | pages = 1&ndash;24 | publisher = [[Duke University Press]] | doi = 10.1215/10407391-3522733 | date = May 2016 | url = https://doi.org/10.1215/10407391-3522733 | ref = harv | postscript = .}}</ref> [[François Porche]] published a poetry collection called ''Charles Baudelaire: Poetry Collection'' in memory of Baudelaire.{{citation needed|dateacessodata=July 2017}}
 
The song "How Beautiful You Are" by [[The Cure]] from their 1987 album ''[[Kiss Me, Kiss Me, Kiss Me]]'' was inspired by and based on Baudelaire's poem "The Eyes of the Poor".<ref>{{cite web|title=Robert Smith and his Books|url=http://www.chainofflowers.com/rockfolk0703.html|work=chainofflowers.com|publisher=Rock and Folk Magazine|accessdateacessodata=10 March 2014}}</ref>
 
The 1998 Spanglish classic novel ''[[Yo-Yo Boing!]]'' by [[Giannina Braschi]] features a debate between artists and writers on the greatness of Baudelaire versus [[Arthur Rimbaud]] and [[Antonin Artaud]].<ref>{{cite book|title=Yo-Yo Boing!, Introduction by Doris Sommer, Harvard University|publisher=Latin American Literary Review Press|dateacessodata=1998|isbn=0-935480-97-8}}</ref>
 
The 2011 Latin American postcolonial novel ''[[United States of Banana]]'' by [[Giannina Braschi]] features cameo appearances by Baudelaire, along with fellow poets [[Antonin Artaud]], [[Arthur Rimbaud]], [[César Vallejo]] and [[Rubén Darío]].<ref>{{cite book|title=United States of Banana|publisher=Amazon Crossing|dateacessodata=November 2011|isbn=9781611090673}}</ref>
 
The [[Baudelaire family|Baudelaires]], protagonists of Lemony Snicket's ''[[A Series of Unfortunate Events]]'', were named after him.<ref>{{cite web|last=Kramer|first=Melody|title=A Series Of Unfortunate Literary Allusions|url=https://www.npr.org/2011/07/15/6253438/a-series-of-unfortunate-literary-allusions|work=npr.org|publisher=NPR|accessdateacessodata=22 October 2013}}</ref>
 
[[Vanderbilt University]] has "assembled one of the world's most comprehensive research collections on ... Baudelaire".<ref>[http://www.library.vanderbilt.edu/bandy/pdf/Baudelaire.pdf Library.vanderbilt.edu]</ref>
 
The Japanese [[comic]] or ''[[manga]]'' ''[[The Flowers of Evil (manga)|Aku no Hana]]'', by Shūzō Oshimi, is inspired by Baudelaire's ''[[Les Fleurs du mal]]''. The anime was aired in 2013 and drew attention due to its heavy use of [[rotoscope]] animation. The [[protagonist]] in both manga and the anime, Takao Kasuga, is a bookworm whose favorite book is ''Les fleurs du mal,'' translated in Japanese as ''Aku no Hana''.{{citation needed|dateacessodata=July 2017}}
 
''Les Fleurs du mal'' has a number of scholarly references.<ref>[https://scholar.google.com/scholar?cites=6832748742697412329&as_sdt=2005&sciodt=0,5&hl=en Google Scholar citations]</ref>
Linha 219:
 
== Obra ==
* ''Salon de ([[1845]])''
* ''Salon de ([[1846]])''
* '''''La Fanfarlo''''' ([[1847]])
* ''Du vin et du haschisch'' ([[1851]])