Arquitetura neoclássica: diferenças entre revisões

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[[Imagem:Place Louis XV - Projet de Gabriel.JPG|thumb|upright=1|esquerda|[[Ange-Jacques Gabriel]], projeto do [[Palácio da Concórdia]], Paris]]
[[Imagem:Petit Trianon, façades sud et ouest - DSC 0283.jpg|thumb|esquerda|upright=1|Ange-Jacques Gabriel, [[Petit Trianon]], Versalhes]]
A arquitetura civil francesa volta-se para o Neoclassicismo a partir de meados do {{séc|XVIII}}, com a construção de projetos sóbrios e resplandecentes como a [[Praça da Concórdia]] em [[Paris]] e o [[Petit Trianon]] em [[Versalhes]], ambos de [[Ange-Jacques Gabriel]], que são ainda premissas do [[Arquitetura barroca|classicismo barroco francês]].{{sfn|name=Fu454|Fusco|1999|p=454}} Os projetos para a Praça da Concórdia, à época Praça Louis XV, remontam a 1753: os projetos originais definiam um espaço muito diferente do atual, resultado de elaboradas plantas na era napoleónica, com dois palácios que delimitavam um espaço fechado por uma série de [[balaustrada]]s. Os edifícios eram claramente inspirados no traçado de [[Claude Perrault]], da fachada do [[Louvre]]. Na [[arquitetura francesa]] o trabalho de Perrault {{nwrap||1613|1688}} na conclusão do famoso palácio real de Paris foi de facto um exemplo de absoluta mestria: o seu desenho claro e ordenado, composto por um [[frontão]] central e um sistema de [[coluna]]s germinadas erguidas sobre um maciço embasamento, teve uma notável influência na definição do novo cânone estético da arquitetura.{{sfn|Middleton|2001|p=5}} Pouco depois da construção da praça parisiense, foi justamente Petit Trianon, construído entre 1761 e 1768, onde os espaços interiores foram distribuídos de acordo com a sua função e não tanto segundo as exigências estéticas da simetria. O exterior é muito simplificado e livre de excessivas decorações,{{sfn|Desjardins|1885|p=108}} sendo definido por um rígido sistema de grandes aberturas envidraçadas.{{carece de fontessfn|Desjardins|1885|p=108}}
 
A geração seguinte é direccionada a uma concepção da arquitetura mais clássica e severa. Trinta anos mais novo do que Gabriel, Marie-Joseph Peyre {{nwrap||1730|1785}} foi para Itália, onde venceu um concurso lançado pela [[Academia de São Lucas]] para uma catedral e dois edifícios anexos. Retornando a França, projetou uma casa para Mme Leprêtre de Neuburgo perto de Paris, sendo talvez o primeiro edifício francês verdadeiramente clássico.{{sfn|Middleton|2001|p=114}} A casa assenta sobre um [[estilóbato]] e é constituída por volumes compactos, sem adornos, com uma planta desprovida de qualquer ostentação: a disposição dos espaços é simples, não existem corredores e as escadas não estão em evidência, sendo fechadas no interior de um compartimento. Em 1763, Peyre dedicou-se à [[Hôtel de Condé|sede]] do [[príncipe de Condé]], uma planta menos austera, com uma colunata que circunda a entrada do pátio. Juntamente com o seu amigo [[Charles De Wailly]], projetou o [[Théâtre de l'Odéon]] em Paris, edificado entre 1779 e 1782, tendo sido entretanto reconstruído por várias vezes depois de ter sido destruído em dois incêndios que o assolaram. A aparência do teatro transmite sobriedade e simplicidade, cujo revestimento dos paramentos externos foi tratado à {{Linktext|bossagem}} e a fachada principal blindada por um pórtico de colunas [[Ordem dórica|dórica]]s.{{sfn|Middleton|2001|p=123}}
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[[Imagem:Arc-et-Senans - Pavillon du directeur (projet).jpg|thumb|upright=1|[[Claude-Nicolas Ledoux]]: projeto para a casa do diretor da [[Salina Real de Arc-et-Senans]]]]
 
Neste clima de renovação, muitos teatros foram construídos em toda a França, inclusive em cidades pequenas, como [[Amiens]] e [[Besançon]]. Em [[Bordéus]], nos anos setenta do {{séc|XVIII}}, foi construído o [[Grand Théâtre de Bordéus|Grand Théâtre]], o mais belo teatro francês da época.{{sfn|Middleton|2001|p=126}} Projetado por [[Victor Louis]], é constituído por um bloco rectangular, com uma fachada precedida por doze grandes colunas [[Ordem coríntia|coríntias]].{{carece de fontessfn|Middleton|2001|p=126}}
 
Se Peyre, De Wailly, Louis e, como veremos mais à frente, [[Jean Chalgrin]], estão entre os principais expoentes do estilo clássico do final do {{séc|XVIII}}, tão importantes foram também artistas como [[Jacques Gondouin]], [[Étienne-Louis Boullée]] e [[Claude-Nicolas Ledoux]]. O primeiro é hoje recordado pela ''[[École de Chirurgie]]'' em Paris, construída entre 1769 e 1775. Esta representa uma obra paradigmática da época, de tal forma assim o é que [[Quatremère de Quincy]] escrevera: "Esta é a obra clássica do {{séc|XVIII}}".<ref>Quatremère de Quincy, ''Recueil de notices historiques'', 1834, p. 201.</ref> O seu salão semicircular, destinado a abrigar o [[anfiteatro de anatomia]], apresenta arquibancadas, paredes curvas contínuas e uma [[semicúpula]] no [[caixotão]] inspirada no [[Panteão de Roma]]. O sucesso desta assembleia viria a influenciar até mesmo o norte-americano [[Benjamin Latrobe]],{{sfn|Pevsner|1981|loc=Gondouin, Jacques}} autor de várias obras que prevaleceram até à eclosão da Revolução e cuja obra serviria de modelo para diversas salas de reuniões. Étienne e Claude, os arquitetos mais ousados deste período, desenvolveram projetos utópicos e visionários de edifícios gigantescos constituídos por sólidos perfeitos e de grande pureza linguística. Embora pouco tenham construído, a sua influência teórica e pedagógica tornou-os precursores da arquitetura moderna.<ref name="Info"/>