Juliano de Médici: diferenças entre revisões

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{{Ver desambig|o sobrinho homónimo|Juliano II de Médici}}
{{Info/Biografia/Wikidata|data_nascimento=[[25 de março]] de [[1453]]}}
'''Juliano de Médici''' ({{langx|it|Giuliano di Piero de' Medici}}; [[Florença]], {{dni|25|3|1453|si}} – Florença, {{morte|26|4|1478}}) foi um [[mecenato|mecenas]] e [[político]] [[Itália|italiano]]. Tornou-se co-regente de Florença com seu irmão [[Lourenço de Médici]], e como ele se destacou como mecenas das artes. Foi assassinado na [[Conspiração dos Pazzi]], no dia de [[Páscoa]] de 1478. Tendo gozado de grande popularidade durante a sua vida, graças à sua imagem de "menino dourado" bonito e atlético, a sua morte provocou ondas de choque em Florença e ajudou a cimentar a posição da família Medici na cidade.<ref name=":0">{{Citar web|url=http://ultimatehistoryproject.com/the-pazzi-conspiracy.html|titulo=The Pazzi conspiracy: The Scholar, the Prince and the Priest|acessodata=2018-08-28|obra=The Ultimate History Project|lingua=en}}</ref>
 
== Biografia ==
Juliano foi o segundo filho de [[Pedro de Cosme de Médici]] e [[Lucrécia Tornabuoni]] e foi educado com o seu irmão, Lourenço. Após a morte de Pedro em 1469, quando Juliano tinha apenas quinze anos, este e o seu irmão foram designados "príncipes do Estado". Apesar da paixão de Juliano por arte e cultura, Lourenço queria o seu irmão ao seu lado na administração de Florença e confiava cegamente nele, ainda que os dois tivessem desentendimentos ocasionais em virtude das suas personalidades distintas.<ref>''Lorenzo de’ Medici, Lettere'', VIII, a cura di H. Butters, Firenze. 2001, p. 71</ref>
 
A imagem de Juliano, o "menino dourado", alto, bonito e atlético, contrastava com a do seu irmão, Lourenço que, segundo relatos, tinha um aspeto vulgar.<ref>Hugh Ross Williamson, ''Lorenzo the Magnificent'', Michael Joseph, (1974), ISBN 07181 12040</ref> Juliano ganhou fama de boémio em consequência das suas várias participações em [[Justa (desporto)|justas]] e amizades com artistas da época e foi bastante popular durante a sua vida. A certa altura, foi proposto que Juliano seguisse uma carreira eclesiástica, mas a ideia foi rapidamente esquecida uma vez que este preferia uma vida boémia.<ref>{{Citar periódico|data=1985-01-01|titulo=Il Catalogodi libri diGiambattistaMorgagni. Edizione deltesto eidentificazionedegliesemplari possedutidalla Biblioteca Universitaria di Padova,a cura di Elisabetta Barile e Rosalba Suriano. Saggio introduttivo di Giuseppe Ongaro, Padova, Edizioni Lint, 1983 (Centro per la Storia dell'Universit di Padova. Biblioteca Universitaria di Padova).|url=http://dx.doi.org/10.1163/221058785x02163|jornal=Annali dell'Istituto e Museo di storia della scienza di Firenze|volume=10|numero=1|paginas=180–200|doi=10.1163/221058785x02163|issn=0391-3341}}</ref> O poeta Angelo Poliziano descreveu Juliano como alto, de constituição forte, com olhos negros, pele e cabelo morenos. Amante de passeios, arremesso de dados, desporto e luta e, em especial, de dança, pintura, música e poesia.<ref>A. Poliziano, ''Pactianae coniurationis commentarium'', p. 62-65, cura di A. Perosa, Padova 1958</ref>
 
No campo amoroso, houve rumores de casamento com um membro da família Correr para cimentar uma aliança com [[Veneza]], mas tal não chegou a acontecer. Mais tarde surgiram rumores de que Juliano procurava uma união com a filha do [[Francisco II Gonzaga|Marquês de Mântua]] depois de este ter visitado a cidade. Em 1475, o seu irmão Lourenço queria que ele se casasse com a filha da família Borromeo, mas Juliano opôs-se por considerar inapropriado casar-se com a filha de um comerciante, ainda que este fosse rico e tivesse raízes em Florença. Em 1476, foi-lhe proposto um casamento com uma sobrinha de Girolamo Riario, um sobrinho poderoso do [[Papa Sisto IV]], mas esta união também não se concretizou. Em 1477, foi finalmente finalizado um acordo de casamento quando Juliano decidiu casar-se com Semiramide, irmã de Jacopo IV Appiano, senhor de Piombino. No entanto, o casamento não chegou a realizar-se uma vez que Juliano foi morto no ano seguinte.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Milana|primeiro=Giuliano|titulo=TECNICHE GEOFISICHE NON INVASIVE PER LA MAPPATURA DI CAVITÀ SOTTERRANEE.|url=http://dx.doi.org/10.2307/j.ctt1w1vnhp.11|publicado=Quodlibet|paginas=72–77|isbn=9788822909190}}</ref>
 
O verdadeiro amor de Juliano foi Fioretta de Gorini, filha do professor universitário Antonio Gorini, com quem teve um filho ilegítimo, Giulio de Medici, que nasceu um mês depois da morte do pai. Giulio foi criado pelo padrinho, o arquiteto Antonio da Sangallo e pelo tio, Lourenço de Médici e tornou-se cardinal e, mais tarde, Papa, com o nome de [[Papa Clemente VII|Clemente VII]].<ref>{{Citar web|url=http://www.newadvent.org/cathen/04024a.htm|titulo=CATHOLIC ENCYCLOPEDIA: Pope Clement VII|acessodata=2018-08-28|obra=www.newadvent.org}}</ref>
 
== Assassinato ==
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Juliano foi assassinado dentro da [[Catedral de Florença]] na [[Conspiração dos Pazzi]], que tentou afastar os [[Casa de Médici|Médici]] do governo, no domingo de Páscoa de 1478. Esta era já a segunda tentativa de assassinato de Juliano e do seu irmão por parte da família Pazzi. O plano original consistia em envenenar os irmãos num almoço em 19 de abril, mas Juliano, que estava doente, não pôde comparecer. Assim, o assassinato foi adiado para a semana seguinte. Os assassinos foram convidados para o banquete que os Medici iriam oferecer depois da missa da Páscoa e deveriam prosseguir com o assassinato depois da refeição. Porém, pouco antes da missa, os assassinos descobriram que Juliano ainda estava doente e não estaria presente no banquete, pelo que foi tomada a decisão apressada de assassinar os irmãos durante a cerimónia religiosa. O local sagrado fez com que um dos assassinos originais desistisse, pelo que foram contratados dois padres para o substituir.<ref name=":0" />
 
Em virtude da sua doença e de uma infeção numa perna, Juliano precisou de ajuda para chegar à catedral. Essa ajuda foi providenciada por Bernardo Bandini e Francesco de Pazzi, os seus assassinos, que o foram buscar pessoalmente. No caminho, um dos conspiradores abraçou Juliano para verificar se ele vestia a sua cota de malha. Não era o caso, devido à sua infeção e também não tinha a sua faca.<ref>{{Citar periódico|data=2015-11-06|titulo=Conspiração dos Pazzi|url=https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Conspira%C3%A7%C3%A3o_dos_Pazzi&oldid=43852512|jornal=Wikipédia, a enciclopédia livre|lingua=pt}}</ref>
 
Os assassinos escolheram o momento da elevação da hóstia para dar início ao seu ataque. Quando os devotos baixaram as suas cabeças, Bernardo Baroncelli apunhalou Juliano nas costas. Francisco de Pazzi seguiu Bernardo e apunhalou Juliano várias vezes no peito.<ref>{{Citar web|url=https://www.nga.gov/collection/art-object-page.41671.html|titulo=Giuliano de' Medici|acessodata=2018-08-28|obra=www.nga.gov}}</ref> No total, Juliano foi apunhalado entre doze a dezanove vezes.<ref name=":0" />
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[[Ficheiro:Venus and Mars National Gallery.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|348x348px|''Vénus e Marte'' de [[Sandro Botticelli]]. Juliano de Médici terá servido de modelo para a pintura.|alt=]]
[[Ficheiro:Primavera (Botticelli).jpg|miniaturadaimagem|297x297px|''[[A Primavera (Botticelli)|A Primavera]]'' de [[Sandro Botticelli]]. Segundo algumas interpretações, Juliano de Médici serviu de modelo para Mercúrio, que surge à esquerda do quadro.]]
Por ser popular e jovem, a morte de Juliano chocou Florença. Nos anos que se seguiram, foram encomendados vários retratos de Juliano para exposição pública que serviram para o homenagear e para dissuadir outros conspiradores. O mais famoso, ''Retrato de Giuliano Medici'', pertence a [[Sandro Botticelli|Botticelli]]. O facto de Juliano surgir de olhos fechados neste retrato parece sugerir que o retrato foi pintado a partir de uma máscara de morte.
 
Juliano terá servido de modelo para [[Marte (mitologia)|Marte]] no famoso ''Vénus e Marte'' de Botticelli, e, segundo algumas interpretações, terá sido o modelo de [[Mercúrio (mitologia)|Mercúrio]] na obra ''[[A Primavera (Botticelli)|A Primavera]]''.<ref>{{Citar livro|url=https://www.worldcat.org/oclc/2734372|título=Botticelli|ultimo=1913-|primeiro=Ettlinger, Leopold D. (Leopold David),|ultimo2=1445-1510.|primeiro2=Botticelli, Sandro, 1444 or|data=1976|editora=Thames and Hudson|local=London|isbn=050018156X|oclc=2734372}}</ref><ref>{{Citar livro|url=https://books.google.pt/books?id=0iIUAAAAYAAJ&pg=PA88&redir_esc=y|título=The Art of the Uffizi Palace and the Florence Academy|ultimo=Heyl|primeiro=Charles Christian|data=1912|editora=L.C. Page|lingua=en}}</ref> Em ambas as obras, surge também a figura feminina que muitos consideram ser baseada em [[Simonetta Vespúcio|Simonetta Vespucci]], uma nobre de Florença considerada a mulher mais bonita do Renascimento e que, segundo alguns rumores, terá sido amante de Juliano.<ref name=":1">{{Citar livro|url=https://books.google.co.uk/books?id=ogFYAQAAQBAJ&pg=PA547#v=onepage&q&f=false|título=Dictionary of Artists' Models|ultimo=Jiminez|primeiro=Jill Berk|data=2013-10-15|editora=Routledge|lingua=en|isbn=9781135959142}}</ref>
 
Uma das interpretações de ''A Primavera'' diz que a obra é uma homenagem a Juliano de Médici e Simonetta Vespucci que morreram jovens, de forma trágica e com uma diferença de exatamente dois anos entre eles. Segundo esta interpretação, as duas figuras na esquerda do quadro, de Mercúrio e de uma das [[Graças|Três Graças]], baseiam-se em Juliano e Simonetta e [[Cupido]], no topo do quadro, está a disparar uma seta de amor na sua direção.<ref name=":2">"Ettlingers": Leopold Ettlinger with Helen S. Ettlinger, ''Botticelli'', 1976, Thames and Hudson (World of Art), ISBN 0500201536</ref>
 
No entanto, esta interpretação é bastante contestada por vários motivos. Não existem provas e é até bastante improvável que Juliano e Simonetta fossem amantes: o marido de Simonetta, Marco Vespucci era um aliado da família Médici e uma relação entre eles seria um grande risco político. Além disso, não existem provas de que Simonetta ou Juliano fossem modelos de Botticelli e a ideia é mesmo considerada um "mito romântico" pelo historiador [[Ernst Gombrich]].<ref name=":1" /> O historiador Leopold Errlinger descreveu esta interpretação como "ridícula".<ref name=":2" />
 
=={{Referências==}}
{{Controle de autoridade}}
 
{{DEFAULTSORT:Medici, Giuliano Piero}}
[[Categoria:Políticos da Itália]]