Pierre-Joseph Proudhon: diferenças entre revisões
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'''Pierre-Joseph Proudhon''' ([[Besançon]], [[15 de janeiro]] de [[1809]] — [[Passy (Seine)|Passy]], [[19 de janeiro]] de [[1865]]) foi um filósofo político e econômico [[França|francês]], foi membro do [[Parlamento da França|Parlamento Francês]]. É considerado um dos mais influentes teóricos e escritores do [[anarquismo]], sendo também o primeiro a se autoproclamar anarquista, até então um termo considerado pejorativo entre os revolucionários e foi o líder intelectual dos anarquistas norte-americanos naquele século,<ref>William O. Reichert, “Toward a New Understanding of Anarchism,” The Western Political Quarterly (Vol. 20, No. 4, Dezembro de 1967), pag 858.</ref> além de ser o primeiro assumidamente anarquista da história.<ref>Nathan Jun, “Anarchist Philosophy and Working Class Struggle: A Brief History and Commentary,” Working USA: The Journal of Labor and Society (Vol. 12, Setembro de 2009), página 509</ref> Foi ainda em vida chamado de [[socialismo utópico|socialista utópico]] por [[Marx]] e seus seguidores, rótulo sobre o qual jamais se reconheceu. Após a [[Revoluções de 1848|revolução de 1848]] passou a se denominar [[federalismo|federalista]].<ref>Binkley, Robert C. Realism and Nationalism 1852-1871. Read Books. p. 118</ref>
Proudhon foi também [[tipógrafo]] aprendendo por conta própria o idioma [[Latim|latino]] para imprimir melhor livros nesta língua. Sua afirmação mais conhecida ''Propriedade é
A disputa tornou-se uma das origens da divisão entre as alas marxistas e anarquistas nos encontros da [[Associação Internacional dos Trabalhadores]]. Alguns, como [[Edmund Wilson]], argumentam que o ataque de Marx a Proudhon tem sua origem na defesa prévia do segundo de [[Karl Grün]], o qual Marx abertamente detestava e que havia sido o autor de traduções do trabalho de Proudhon para diversos idiomas. Favoreceu as [[associações dos trabalhadores]] ou [[cooperativas]], bem como o propriedade coletiva dos trabalhadores da cidade e do campo em relação aos meios de produção, em contraposição à nacionalização da terra e dos espaços de trabalho. Ele considerava que a [[revolução social]] poderia ser alcançada através de formas pacíficas.
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Em [[1846]] escreveu ''Système des contradictions économiques, ou philosophie de la misère'' ([[Sistema de contradições econômicas|Sistemas de contradições econômicas ou Filosofia da miséria]]), onde criticou o [[autoritarismo]] [[Comunismo|comunista]] e defendeu um estado descentralizado. Marx, que admirava Proudhon, leu a obra, não gostou, e respondeu a Proudhon em [[1847]] com ''Misère de la philosophie'' [[Miséria da filosofia]], decretando o rompimento de relações entre ambos.
Proudhon participou da [[Revolução de 1848]] em Paris. Entre [[1849]] e [[1852]] ficou preso por causa de suas críticas direcionadas a [[Napoleão III]]. Em [[1851]] escreveu ''Idée générale de la révolution au XIX siècle'' ("Ideia geral de revolução no século XIX"), que colocava a visão de uma sociedade federalista de âmbito mundial, sem um governo central, mas baseada em
Depois de publicar, em 1858, ''De la justice dans la révolution et dans l'église''("A justiça na revolução e na igreja"), obra totalmente [[anticlerical]], passou a viver sob vigilância da polícia, o que o levou a se exilar em [[Bruxelas]]. Em [[1864]] voltou a Paris e publicou ''Du Principe fédératif'' ("Do princípio federativo"), uma síntese de suas concepções da política.
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==Filosofia política==
{{quote|"''Aquele que puser as mãos sobre mim, para me governar, é um usurpador, um tirano. Eu o declaro meu inimigo!''"|Proudhon, [[1849]]}}
Proudhon foi o primeiro a referir-se a si próprio como um ''anarquista''. Em ''O que é a propriedade'', publicado em [[1840]], ele definiu anarquia como sendo "a ausência de um mestre, de um soberano", e em ''[[A Ideia Geral de Revolução no Século XIX|A Ideia Geral de Revolução]]'' ([[1851]]) ele argumentou em favor de uma "sociedade sem autoridade." Proudhon ampliou sua análise para além das instituições políticas, argumentando em ''O que Propriedade?'' que "proprietário" é "sinônimo" de "soberano". Para Proudhon:{{quote|"Capital"... no campo político é análogo a "governo"... A ideia econômica de capitalismo, as políticas de governo ou de autoridade, e a ideia teológica de igreja são três ideais idênticos, de várias formas, vinculados. Atacar uma delas é o equivalente a atacar todas elas... o que o capital faz ao trabalho, e o Estado à Liberdade, a Igreja faz com o espírito. Esta trindade do absolutismo é tão perniciosa na prática quanto o é na filosofia. O meio mais efetivo de oprimir os povos seria simultaneamente escravizar seu corpo, sua vontade e sua razão<ref>P.-J. Proudhon, ''Confissões de um revolucionário'', (Paris: Garnier, 1851), p. 271., citado por [[Max Nettlau]], ''A Short History of Anarchism'', pp. 43-44.</ref>}}Proudhon em seus primeiros trabalhos analisou a natureza e os problemas da economia capitalista. Enquanto fora profundamente crítico do [[capitalismo]], ele também criticou os socialistas de seu tempo que idolatravam a ideia de associação. Em uma sequência de argumentos, do ''[[O Que É a Propriedade?]]'' (1840) até ''[[Teorias da Propriedade]]'' (''Théorie de la propriété'' - publicado postumamente entre 1963-64), ele declarou contraditoriamente que "propriedade é roubo", "propriedade é impossível", "propriedade é despotismo" e "propriedade é liberdade". Quando afirmava que "propriedade é roubo" e que "propriedade é despotismo" ele se referia ao
[[Ficheiro:Portrait Pierre-Joseph Proudhon.jpg|thumb|right|Pierre-Joseph Proudhon fotografado por [[Gaspard-Félix Tournachon|Tournachon]] em [[1862]].]]Ao afirmar que "propriedade é liberdade", ele se referia não só ao produto individual do trabalho, mas também daquilo produzido em coletividades - a propriedade coletiva de camponeses e artesãos, capaz de possibilitar pertences pessoais, habitação, ferramentas de trabalho, e o valor justo pela venda de seus produtos. Para Proudhon, a única fonte legítima de propriedade é o trabalho. Aquilo que alguém produz é propriedade desse alguém e tudo para além disso não é. Este pensador defendia a auto-organização dos trabalhadores e que estas organizações teriam legitimidade para possuir elas próprias os meios de produção. Ele se contrapos veementemente a apropriação dos produtos do trabalho pela sociedade, argumentando em ''O que é Propriedade?'' que enquanto "propriedade do produto [...] não deve estar vinculada à propriedade dos meios de produção"<ref>P.-J Proudhon, ''What Is Property?'' (Dover, 1970), p. 109.</ref> [...] O direito sobre o produto é exclusivo de quem produz [...] o direito aos meios é comum e aplicando isso a terra ("a terra é [...] algo comum"<ref>P.-J Proudhon, ''What Is Property?'' (Dover, 1970), p. 92.</ref>) e locais de trabalho ("todo o capital acumulado tornar-se propriedade social, ninguém poderá ser seu proprietário exclusivo".<ref>P.-J Proudhon, ''What Is Property?'' (Dover, 1970), p. 120.</ref>) Proudhon portanto, não aprovava a ideia de uma "sociedade" possuindo os meios de produção ou a terra, mas ao invés disso que o "usuário" tivesse possuísse (sob a supervisão da sociedade), com a organização e regulamentação social" de forma a "regular o mercado".<ref>Proudhon, ''Selected Writings'', p. 70.</ref> Proudhon chamou a si mesmo de
A este uso-propriedade ele chamou de "posse", e este sistema econômico foi chamado por ele de [[Mutualismo (política)|Mutualismo]]. Proudhon foi autor de inúmeros argumentos contra a titulação da terra e do capital, incluindo razões baseadas na moralidade, economia, política, e liberdade individual. Um destes argumentos afirma que este tipo de titulação, por um lado, permitiu o lucro. Por outro, levou a instabilidade social e guerra criando círculos de débito e eventualmente a superação da capacidade de ser pago. Outro é que esta titulação produziu "despotismo" e tornou os trabalhadores em assalariados submetendo-os à autoridade de um chefe.
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{{quote|Propriedade, atuando pela exclusão e transgressão, frente a uma população em crescimento, tem sido o princípio vital e a causa definitiva de todas as revoluções. Guerras religiosas, e guerras de conquista, se comparados aos extermínios raciais, estes têm sido apenas distúrbios acidentais, logo reparados pela progressão matemática da progressão da vida das nações. A queda e a morte de sociedades se dão devido ao poder de acumulação implicado na propriedade.}}[[Joseph Déjacque]] atacou o apoio de Proudhon à noções de [[Patriarcado]], que os anarquistas do [[século XX]] classificaram como uma forma de [[sexismo]], uma pré-noção reconhecida por estes, como estando em oposição aos princípios anarquistas.
Próximo ao fim de sua vida, Proudhon repensou alguns elementos de sua perspectiva política. Em ''Do Princípio Federativo'' ([[1863]]) ele reviu sua perspectiva anti-estatal anterior, ponderando "o equilíbrio entre autoridade e liberdade", levando adiante uma "teoria de governo federal" descentralizado. Ele também definiu anarquia de uma forma distinta como "o governo de cada um por si próprio", o que significava "que funções políticas deveriam ser reduzidas a funções industriais, e que a ordem social deveria surgir de nada além de transações e trocas". Neste trabalho Proudhon definiu seu sistema econômico como uma "federação agro-industrial", considerando que esta ordem poderia prover "arranjos federais específicos para proteger aos cidadãos dos estados federados do feudalismo
Na publicação póstuma ''Teoria da Propriedade'', este autor argumentou que a "propriedade é a única força capaz de agir como um contrapeso ao Estado". Portanto, "Proudhon poderia manter a ideia de propriedade
{{Quote box |width=30em |quoted=true |bgcolor=#FFFFF0 |salign=center|"Como, de que forma você responde tal pergunta? Você é um republicano?"<br />
"Um republicano! Sim; mas essa palavra não é nada específica. ''Res publica''; isto é, a coisa pública. Agora, quem quer que seja interessado em assuntos públicos {{ndash}} não importando sob qual forma de governo {{ndash}} pode chamar a si próprio de republicano. Até mesmo reis são republicanos." <br />
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"Ah! Estou te entendendo; você diz satiricamente. Isto é um ataque ao governo."<br />
"De forma alguma. Eu apenas lhe apresentei minha mais séria e bem ponderada declaração de fé. Ainda assim sou um firme amigo da ordem, sou (no sentido forte do termo) um anarquista. Entenda-me."
|"Diálogo com um Filisteu" de ''[[O que é a Propriedade?]]''}}Como consequência de sua oposição ao [[lucro]], ao
Ele continuou, portanto, fazendo oposição tanto à propriedade capitalista quanto a propriedade estatal. Em ''Teoria da Propriedade'' ele reforça: "Agora em [[1840]], eu categoricamente rejeitei a noção de propriedade... de ambas a grupal e a individual", mas até então ainda não havia formulado sua nova teoria da propriedade: "propriedade é a maior força revolucionária que existe, com uma capacidade inigualável de lançar ela própria contra a autoridade..." então a principal função da [[propriedade privada]] dentro de um sistema político deve ser atuar como um contrapeso ao poder do Estado, para desta forma assegurar a [[liberdade]] do indivíduo". No entanto, ele continuou se opondo a concentrações de riqueza e propriedade, em favor da propriedade de pequena escala associada a [[Camponês|camponeses]] e [[artesão]]s. Seguiu fazendo oposição a ideia de propriedade privada da terra: "O que não posso aceitar, em relação à terra, é que o trabalho permita a posse daquilo sobre o qual se trabalha". Somando-se a isso, Proudhon ainda acreditava que a "propriedade" deveria ser mais igualitariamente distribuída e limitada em tamanho para aquilo que poderia ser utilizado e trabalhado individualmente, ou em associações familiares e operárias.<ref>Proudhon, ''Theory of Property'' in ''Selected Writings of Pierre-Joseph Proudhon'' p. 136, p. 129, p. 133, p. 135, p. 129.</ref> Ele apoiou o direito de herança, e defendeu "como uma das fundações da família e sociedade."<ref>Steward Edwards, Introduction to ''Selected Writings of P.J. Proudhon''.</ref> No entanto, ele refutou a estender este direito para além das posses pessoais argumentando que "sob a lei da associação, transmissão da riqueza não se aplica aos instrumentos do trabalho".<ref>In [[Daniel Guérin]] (ed.), ''No Gods, No Masters'', vol. 1, p. 62.</ref>
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=== Crítica a Karl Marx ===
Proudhon foi um revolucionário
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It was monetary reform, combined with organising a credit bank and workers associations, that Proudhon proposed to use as a lever to bring about the organization of society along new lines. He did not suggest how the monetary institutions would cope with the problem of inflation and with the need for the efficient allocation of scarce resources. -->
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In one of his first works, ''The Holy Family'', Marx said, "Not only does Proudhon write in the interest of the [[proletarian]]s, he is himself a proletarian, an ouvrier. His work is a scientific manifesto of the French proletariat." Marx, however, disagreed with Proudhon's anarchism and later published vicious criticisms of Proudhon. Marx wrote ''The Poverty of Philosophy'' as a refutation of Proudhon's ''The Philosophy of Poverty''. In his socialism, Proudhon was followed by [[Mikhail Bakunin]].-->
==Legado==
As ideias de Proudhon rapidamente se espalharam por toda a [[Europa]], influenciando organizações de trabalhadores e os mais fortes movimentos sindicais
Em ''Confissões de um Revolucionário'' Proudhon afirmou que ''[[Anarquia é Ordem]]'', uma frase que muito mais tarde, durante a [[Guerra Civil Espanhola]] inspiraria, o símbolo anarquista conhecido como ''A no círculo'', hoje, muito comum em pichações e grafites presentes na paisagem urbana. Neste símbolo o círculo simboliza a letra "O" da palavra "Ordem", levando em seu interior a letra "A" da palavra "Anarquia".<ref>Marshall, Peter. Demanding the Impossible. Fontana, London. 1993. p. 558</ref>
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