Protestantismo histórico: diferenças entre revisões

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m Reverti erro. Usuário anterior trocou o direcionamento das denominações: Igreja Evangélica Luterana do Brasil e Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil. São denominações distintas e não se confundem. A primeira é evangélica, confessional, contra ordenação feminina, comunhão fechada. A segunda é mainline, progressista, a favor da ordenação feminina e comunhão aberta.
Etiqueta: Possível mudança indevida de nacionalidade
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A distinção entre protestantes principais e evangélicos surgiu nos [[Estados Unidos]] por conta da divisão entre igrejas de todas as tradições protestantes. De um lado estão os ''mainlines'', com uma postura ecumênica, progressista, mais voltada para o trabalho social da igreja, bem como maior tolerância: ao [[Teologia liberal|Liberalismo Teológico]], ordenação feminina e casamento gay. Em oposição a estes estão as igrejas ''evangelicals'' (em português ''evangélicas''), com postura mais conservadora, contra o ecumenismo amplo, com maior enfase no evangelismo e posturas tradicionais contra o Liberalismo Teológico, ordenação feminina e casamento gay.
 
O termo ''linha principal'' (''mainline''), todavia, pode enganar, já que em algumas famílias denominacionais os evangélicos são maiores que os ''mainlines''. São consideradas de linha principal nos EUA: [[Igreja Presbiteriana (EUA)]], [[Igreja Metodista Unida (EUA)]], Igreja Evangélica Luterana na América, [[Igreja Episcopal dos Estados Unidos|Igreja Episcopal (EUA)]], Convenção Batista Americana, [[Igreja Unida de Cristo]] e [[Discípulos de Cristo]]. Essas são chamadas de "sete irmãs". Todavia, também são conhecidas como ''mainline'' a Igreja Reformada na América, Igreja Episcopal Metodista Africana, Igreja Menonita EUA, Igreja da Morávia na América do Norte, entre outras.<ref>{{citar web|url=https://www.huffingtonpost.com/william-b-bradshaw/mainline-churches-past-pr_b_4087407.html|título=Igrejas de Linha Principal|acessodata=26 de fevereiro de 2019}}</ref><ref>{{citar web|url=https://www.christiancentury.org/article/2014-06/glory-days|título=Igrejas Negras de Linha Principal|acessodata=26 de fevereiro de 2019}}</ref> <ref>http://books.google.com.br/books?id=swvCVm-0OWcC&pg=PA621&lpg=PA621&dq=protestantismo+classico&source=bl&ots=EPSz_20zb0&sig=EBjucsAjsax2E8rdtB2Fjv1K1cg&hl=pt-BR&sa=X&ei=m3qZUe-pKojm9ATm4YC4Cg&ved=0CC0Q6AEwAA#v=onepage&q=protestantismo%20classico&f=false</ref>
 
Já as igrejas evangélicas nos EUA incluem: [[Convenção Batista do Sul]], [[Igreja Luterana - Sínodo de Missouri]], [[Igreja Presbiteriana na América]], [[Igreja Anglicana na América do Norte]], Igreja Cristã Reformada na América do Norte, [[Igreja Presbiteriana Evangélica]], Assembleia de Deus EUA, [[Igreja Adventista do Sétimo Dia]], entre outras.
 
Embora constituam um grupo influente em vários países, os protestantes principaisde linha principal (''mainline'') têm perdido influencia desde meados do século XX, em especial nos [[Estados Unidos]], onde eram 30% da população do pais em 1970, mas apenas 14% da população em 2014. Por outro lado, os protestantes evangélicos apresentam crescimento no mesmo período. O [[Pew Research Center]] estimou que em 2014, 25,4% dos americanos se identificava como protestante evangélico, constituindo o maior grupo religioso do país.<ref>{{citar web|url=http://www.pewforum.org/2015/05/12/americas-changing-religious-landscape/|título=Religião nos EUA em 2014|data=12 de maio de 2015|acessodata=26 de fevereiro de 2019}}</ref>
 
As igrejas do protestantismo principaisde linha principal (''mainlines'') compartilham uma posição social semelhante, o que faz com se organizem em grupos como o [[Conselho Nacional de Igrejas Cristãs]] (junto com a [[Igreja Católica]]) no [[Brasil]], o [[Conselho Nacional de Igrejas]] nos Estados Unidos ou o [[Conselho Mundial de Igrejas]] a nível mundial. Devido ao seu compromisso com o [[ecumenismo|movimento ecumênico]], o protestantismo principal por vezes é referido como "protestantismo ecumênico". Estas igrejas tiveram papel no movimento de [[teologia liberal|libertação teológica]] dos anos 1960 e participam do movimento negro e [[feminismo|das mulheres]]. Como um grupo, as igrejas protestantes principais de linha principal (''mainline'') defendem uma doutrina religiosa que enfatiza a [[salvação|salvação pessoal]] através da [[justiça social]]. Seus membros têm desempenhado papéis de liderança na política, nos negócios, na ciência, nas artes e na educação. Falando sobre o contexto americano, o historiador George Marsden escreveu que nos anos 1950 "os líderes protestantes históricos eram parte do ''[[Corrente dominante|mainstream]]'' cultural [[Liberalismo nos Estados Unidos|liberal]]-moderado e seus porta-vozes eram uma parte respeitada do debate nacional".
 
No Brasil podem se encaixar na descrição de protestantes principaisde linha principal (''mainline''): [[Igreja Episcopal Anglicana do Brasil]], [[Igreja Metodista do Brasil]], [[Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil|Igreja Evangélica Luterana no Brasil]], [[Igreja Presbiteriana Unida do Brasil]], entre outras.
 
Por outro lado, representam igrejas evangélicas: [[Igreja Presbiteriana do Brasil]], [[Igreja Evangélica Luterana do Brasil|Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil]], [[Igreja Anglicana Reformada do Brasil]], [[Igreja Adventista do Sétimo Dia]], [[Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil]], entre outras.
 
== História ==
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Em 1904, ocorreu um movimento conhecido como [[O Avivamento do País de Gales]] com grande impacto na população local. Dois anos mais tarde, na [[Reavivamento da Rua Azusa|rua Azusa]], em [[Los Angeles]], surgiu o [[pentecostalismo]]. Inspirado pelos eventos ocorridos em Gales e com raízes no movimento metodista de [[John Wesley]], o pregador afro-americano [[William J. Seymour]] liderou cultos de avivamentos acompanhados de testemunhos de curas miraculosas e [[Glossolalia religiosa|glossolalia]] (o ato de falar em línguas). A missão, que continuou até 1915, foi criticada pela mídia secular e por teólogos cristãos, que consideravam o movimento ultrajante e pouco ortodoxo. A partir daí, sua experiência se espalhou por todo o mundo e levou à fundação da [[Assembleia de Deus]] em 1914 em [[Hot Springs (Arkansas)|Hot Springs]], [[Arkansas]]. Essas manifestações alusivas a [[Pentecostes]] ocorreram nos dois primeiros avivamentos e deram luz aos movimentos pentecostais e [[Movimento Carismático|carismático]], sendo uma das maiores forças do cristianismo ocidental ainda hoje. Há quem propõe que a ascensão do pentecostalismo a partir da década de 1950, junto com o advento da [[teologia da prosperidade]] e a crise do protestantismo histórico, constitua um Quarto Despertamento, mas isto não é geralmente aceito pelos historiadores.
 
Na década seguinte, aprofundou-se a divisão entre os protestantes evangélicos e não-evangélicos dentro das sete maiores denominações protestantes. Os grupos lutavam para tomar o controle das denominações tradicionais. A chamada controvérsia fundamentalista–modernista terminou com a derrota dos evangélicos, que deixaram as igrejas para fundar seus próprios grupos. Sendo assim, surgiram denominações evangélicas como a [[Igreja Presbiteriana na América]], [[Igreja Presbiteriana Evangélica]], [[Convenção Batista do Sul]], [[Igreja Anglicana na América do Norte]], entre outras, a partir de separações das igrejas principaisde linha principal (''mainline'').
 
Em países como os Estados Unidos e o Brasil, verifica-se um aumento no número dos protestantes evangélicos, em especial os pentecostais, e um declínio das igrejas principaisde linha principal (''mainline''). Até a [[Segunda Guerra Mundial]], o protestantismo liberal estava em ascensão nos Estados Unidos e um número considerável de seminários teológicos ensinavam a partir desta perspectiva. Após a Guerra, no entanto, a tendência começou a mudar a favor do campo conservador nos seminários e na vida religiosa. Durante as décadas de 1940 e 1950, as igrejas principaisde linha principal (''mainline'') abraçaram a [[teologia dialética]] de [[Karl Barth]] que, por sua vez, foi substituída pela teologia social &ndash; em especial a [[teologia da libertação]] de [[Gustavo Gutiérrez Merino]] &ndash; nos anos 1970.
 
Os evangélicos substituíram os protestantes principaisde linha principal (''mainline'') como maior grupo religioso nos Estados Unidos. Na América Latina, tradicionalmente católica, os evangélicos também vem experimentando um crescimento expressivo no número de membros, tanto evangélicos pentecostais quanto outros. Todavia, o cenário na Europa Ocidental é bastante diverso. Lá tem ocorrido uma queda brusca no número de pessoas que se identificam como cristãs e as sociedades tornam-se cada vez mais seculares. Vários autores têm defendido que existe uma ligação entre o aumento do secularismo e a emergência do protestantismo, atribuindo-o ao amplo respeito às liberdades individuais presente nos países de maioria protestante. Este não parece, no entanto, ser o caso dos Estados Unidos, onde o secularismo cresce num ritmo menor do que o protestantismo tardio.
 
==Teologia==
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As doutrinas das sete denominações do protestantismo principal variam, mas todas incluem a [[Justificação (teologia)|justificação]] pela graça (''[[Sola gratia]]''), a salvação mediante a fé somente (''[[Sola fide]]''), o [[sacerdócio de todos os crentes]], e a [[Bíblia]] como única regra em matéria de fé e ordem (''[[Sola scriptura]]''). Ao contrário de algumas denominações do protestantismo tardio, as igrejas de linha pricipal são [[Trindade (cristianismo)|trinitárias]] e defendem que Jesus Cristo é o Senhor e o [[filho de Deus]].
 
A partir do trabalho do teólogo luterano [[Ferdinand Christian Baur]], as denominações protestantes principaisde linha principal (''mainline'') defendem a [[Alta crítica|leitura crítica]] ao invés da leitura literal da Bíblia. Elas usam uma abordagem que visa separar os escritos originais da Bíblia de adições e distorções posteriores. Essas igrejas ensinam que, embora a Bíblia seja a palavra de Deus, ela deve ser interpretada sob a ótica da cultura em que foi escrita através da graça divina da razão. Um estudo conduzido em 2008 pelo Pew Research Center nos Estados Unidos descobriu que apenas 22% dos protestantes principaisde linha principal (''mainline'') entrevistados achavam que a Bíblia era a palavra de Deus e que ela deveria ser interpretada de maneira literal, palavra por palavra. Para 38%, a Bíblia é a palavra de Deus, mas não deve ser interpretada de maneira literal e outros 28% diziam que ela não era a palavra de Deus, mas sim uma obra de origem humana.
 
Nas igrejas de linha principal, o texto bíblico não costuma ser interpretado no sentido de excluir as pessoas da experiência cristã. Segundo Richard Hutcheson, Jr., chefe do escritório de revisão e avaliação da [[Igreja Presbiteriana (EUA)|Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos]], candidatos ao clérigo são mais rejeitados por fazerem uma interpretação literal da Bíblia do que por violar regras litúrgicas.<ref>Hutcheson, Richard G, Jr. (1981). Mainline Churches and the Evangelicals: A Challenging Crisis?. Atlanta, Georgia: John Knox Press. ISBN 978-0-8042-1502-2.</ref> Os grupos ligados ao protestantismo ''mainlines'' geralmente aceitam membros de outras fés e crenças, assim como ordenam mulheres e até mesmo homossexuais e transsexuais. Isto tem gerado a insatisfação de alguns fiéis, o que tem levado à criação de grupos dissidentes de tom mais conservador, como é o caso da [[Igreja Anglicana na América do Norte]] (uma dissidência da Igreja Episcopal).
 
===Teologia social===
As igrejas principaisde linha principal (''mainline'') são ativas nas questões sociais. Elas enfatizam o conceito bíblico da justiça, enfatizando a necessidade dos cristãos de lutar pelo bem comum, o que geralmente significa uma abordagem de [[esquerda (política)|esquerda]] para os problemas socioeconômicos. Quase todas essas igrejas ordenam mulheres. Elas têm tido posições diferentes em relação à sexualidade humana, mas todas tendem a ser mais liberais do que a Igreja Católica ou as igrejas neo-protestantes. Politicamente, as igrejas principaisde linha principal (''mainline'') também são ativas. Embora não apoiem oficialmente um partido político, elas deixam claro sua posição política. Nos Estados Unidos, elas têm manifestado sua posição contrária às propostas do [[Presidência de Donald Trump|governo Trump]],<ref>[http://www.getupdates.review/politics-in-the-pews-anti-trump-activism-is-reviving-protestant-churches-at-a-cost/]</ref> enquanto no Brasil o [[Conselho Nacional de Igrejas Cristãs]] manifestou-se contrário ao [[impeachment de Dilma Rousseff]]<ref>[https://www.conic.org.br/portal/noticias/1695-em-nota-conic-defende-respeito-as-regras-da-democracia]</ref> e às reformas do [[governo Michel Temer|governo Temer]].<ref>[https://www.conic.org.br/portal/noticias/2236-declaracao-do-conic-sobre-o-atual-momento-politico-do-brasil]</ref> As igrejas históricas também são [[pacifismo|pacifistas]], embora, inspiradas por teólogos antifascistas como [[Reinhold Niebuhr]], elas tenham apoiado a luta contra o [[nazifascismo]] durante a [[Segunda Guerra Mundial]] tendo, inclusive, produzido alguns mártires como o pastor luterano [[Dietrich Bonhoeffer]].
 
==Demografia==
=== Brasil ===
[[File:Percentual de Protestante Históricos por Estado em 2010.png|thumb|Percentual de Protestante Históricos (não pentecostais) por Estado em 2010 (incluem principaismainline e evangélicos)]]
No Brasil, segundo o [[Censo demográfico do Brasil de 2010|Censo de 2010]], realizado pelo [[Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística]], cerca de 4,02% da população brasileira identifica-se como "evangélico de missão",<ref name=CEN>{{citar web|url=http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/94/cd_2010_religiao_deficiencia.pdf|título=Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística: Religião no Brasil em 2010|acessodata=6 de dezembro de 2016}}</ref> termo utilizado por este órgão para se referir a todos os protestantes não pentecostais, tanto evangélicos como principaismainlines. O grupo aumentou seu percentual na população entre 2000 e 2010 nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, mas declinou no Sudeste, Sul e Centro-Oeste, onde eram historicamente mais numerosos. No geral, sua participação na população geral do país apresentou um pequeno declínio de 0,1% no período.<ref name=CEN></ref> A idade média dos protestantes de missão foi de 29 anos, a mesma média nacional. Embora 51% da população brasileira seja feminina e 49% seja masculina, há desproporcionalmente mais evangélicos de missão mulheres do que homens; segundo o censo, 55,65% são mulheres e 44,35% homens. Também há desproporcionalmente mais brancos entre o grupo do que na população em geral (que corresponde a 47% do total). Cerca de 52% dos protestantes históricos são bancos, 40% pardos, 7% negros, 1% asiáticos e 1% indígenas. Assim sendo, o protestantismo histórico é o segundo grupo religioso mais branco do país, atrás apenas dos [[Espiritismo|espíritas]]. Isto é explicado, em parte, pelo fato de que seus primeiros praticantes no país foram imigrantes de origem europeia, sobretudo alemã.
 
Assim como ocorre nos Estados Unidos, os protestantes históricos têm renda média e formação escolar superior à média nacional. Cerca de 12% do protestantes não pentecostais com mais de 15 anos tem nível superior completo, acima da média nacional de 9,3%, e da média dos [[Catolicismo Romano|católicos romanos]], [[Pentecostalismo|pentecostais]], [[Cristianismo não denominacional|evangélicos sem denominação]] e [[Irreligião|pessoas sem religião]].<ref name=CEN></ref> Também é o terceiro grupo com o maior percentual de pessoas [[alfabetização|alfabetizadas]], atrás apenas dos espíritas e umbandistas/candomblecistas. Além disso, 3,12% dos protestantes históricos tem renda superior a 10 salários mínimos, número superior à média nacional de 3% e à média de católicos romanos, pentecostais e evangélicos sem denominação.
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Nos Estados Unidos, os protestantes ''mainline'' correspondem a cerca de 15% da população geral segundo uma pesquisa de 2015 do [[Pew Research Center]].<ref name=Pew>[http://www.pewforum.org/2015/05/12/americas-changing-religious-landscape/ "America's Changing Religious Landscape"]. Pew Research Center: Religion & Public Life. 12 de maio de 2015.</ref> Isso corresponderia a cerca de 36 milhões de pessoas.<ref>[http://www.pewresearch.org/fact-tank/2015/05/18/mainline-protestants-make-up-shrinking-number-of-u-s-adults/]</ref> Um outro estudo, porém, conduzido pela ARDA, indica um número bem menor de fiéis: 22.568.258 ou 7,3 da população.<ref>[http://www.thearda.com/rcms2010/r/u/rcms2010_99_us_name_2010.asp "The Association of Religion Data Archives (ARDA), Year 2010 Report"]. ARDA. 2010.</ref> Essa diferença nos números ocorre devido à metodologia aplicada por cada pesquisa: diferentes igrejas de uma mesma denominação podem ser consideradas tanto principal (''mainline'') quanto neo-protestantes (''evangelical''). Por exemplo, enquanto a Associação Nacional de Igrejas Cristãs Congregadas é considerada neo-protestante pelo Pew,<ref>(2015). [http://www.pewforum.org/files/2015/05/RLS-08-26-full-report.pdf America's Changing Religious Landscape: Christians Decline Sharply as Share of Population; Unaffiliated and Other Faiths Continue to Grow (PDF)]. Washington, DC: Pew Research Center.</ref> a ARDA a considera como uma igreja protestante tradicional. Existe também uma controvérsia relacionada a qual grupo pertencem as igrejas historicamente negras.
 
Outro empecilho que impede-se de chegar ao número exato de protestantes principaismainlines é que, ao contrário do que ocorre no Brasil, o [[Censo dos Estados Unidos|recenseamento demográfico]] não pergunta sobre religião naquele país. Apesar disto, é bastante perceptível que desde meados do século passado tem ocorrido um decréscimo no número de protestantes principaismainlines nos Estados Unidos, com estudos corroborando que muitos fiéis dessas congregações estão migrando para denominações evangélicas e pentecostais.<ref>"The U.S. Church Finance Market: 2005-2010" Non-denominational membership doubled between 1990 and 2001. (April 1, 2006, report)</ref> Estima-se que o número de protestantes principaismainlines caiu mais de um quarto desde 1958, quando correspondia a mais de 50 milhões de fiéis.<ref>[https://web.archive.org/web/20111106134955/http://www.barna.org/barna-update/article/17-leadership/323-report-examines-the-state-of-mainline-protestant-churches Report Examines the State of Mainline Protestant Churches]. Arquivado do [https://www.barna.com/barna-update/article/17-leadership/323-report-examines-the-state-of-mainline-protestant-churches Report Examines the State of Mainline Protestant Churches original] em 6 de novembro de 2011. The Barna Group. 7 de dezembro de 2009.</ref> Este número caiu para 31 milhões em 1965 e depois para 25 milhões em 1988,<ref>Linder, Ellen W., ed. (2009). Yearbook of American & Canadian Churches 2009. Nashville, Tennessee: Abingdon Press. ISBN 978-0-687-65880-0. ISSN 0195-9034.</ref><ref>Noll, Mark A. (1992). A History of Christianity in the United States and Canada. Grand Rapids, Michigan: Wm. B. Eerdmans Publishing Company. ISBN 978-0-8028-0651-2.</ref> antes de chegar às estimativas atuais, que variam de 20 a 36 milhões de fiéis.
 
Os protestantes principaismainlines têm o maior percentual de pessoas com ensino superior entre os grupos religiosos dos Estados Unidos. Enquanto 50% da população possui um diploma de faculdade, esse número chega a 76% entre os episcopais, a 64% entre os presbiterianos, a 56% entre os metodistas e a 53% entre os luteranos.<ref>Leonhardt, David. [https://economix.blogs.nytimes.com/2011/05/13/faith-education-and-income/ "Faith, Education and Income"]. Economix. ''[[The New York Times]]''. 13 de maio de 2011.</ref> Episcopais, presbiterianos, metodistas e luteranos também tendem a ser mais ricos do que a média da população estadunidense. A maioria deles também é branca, embora o número de não-brancos entre os protestantes principaismainlines tenha subido de 9% para 14% entre 2007 e 2014 segundo o Pew.<ref name=Pew></ref> Assim como ocorre no Brasil, isso deve-se ao fato de que essas religiões foram trazidas ao país por imigrantes europeus, sobretudo das [[Ilhas Britânicas]], da [[Alemanha]] e da [[Escandinávia]], e praticadas por seus descentes.
 
Os protestantes históricos eram desproporcionalmente representados nos quadros mais altos dos negócios, do sistema judiciário e da política estadunidense até pelo menos o começo da década de 1960.<ref>Hacker, Andrew (1957). "Liberal Democracy and Social Control". American Political Science Review. 51 (4): 1009–1026. doi:10.2307/1952449. JSTOR 1952449.</ref> Eles sempre tiveram pelo menos uma cadeira na [[Suprema Corte dos Estados Unidos]] até agosto de 2010, quando o juiz [[John Paul Stevens]] se aposentou. Até 8 de abril de 2017, quando o episcopaliano [[Neil Gorsuch]] assumiu uma cadeira, não havia nenhum juiz protestante naquela corte. O surgimento da elite no país esteve intimamente ligada ao protestantismo de linha principal Universidades como [[Harvard]],<ref>[https://web.archive.org/web/20100722203532/http://www.news.harvard.edu/guide/intro/index.html "The Harvard Guide: The Early History of Harvard University"]. News.harvard.edu. Arquivado do [https://news.harvard.edu/guide/intro/index.html original] em 22 de julho de 2010. Retrieved 2010-08-29.</ref> [[Universidade de Princeton|Princeton]]<ref>Princeton University Office of Communications. [https://www.princeton.edu/meet-princeton/facts-figures "Princeton in the American Revolution"].</ref> e [[Universidade Duke|Duke]]<ref>[http://library.duke.edu/uarchives/history/duke-umchh-basic.html "Duke University's Relation to the Methodist Church: the basics"]. Duke University. 2002</ref> foram fundadas por protestantes e famílias afluentes como os Vanderbilts, os [[Família Astor|Astors]], os [[Família Rockefeller|Rockefellers]], os [[Família Du Pont|Du Pont]], os [[Família Roosevelt|Roosevelts]], os Forbes, os Whitneys e os Morgans são protestantes históricos.<ref>B.DRUMMOND AYRES Jr. [https://www.nytimes.com/1981/04/28/us/the-episcopalians-an-american-elite-with-roots-going-back-to-jamestown.html "THE EPISCOPALIANS: AN AMERICAN ELITE WITH ROOTS GOING BACK TO JAMESTOWN"]. ''New York Times''. 19 de dezembro de 2011. Retrieved 2012-08-17.</ref> Politicamente, os protestantes de linha principal identificam-se um pouco mais com o [[Partido Republicano (Estados Unidos)|Partido Republicano]] (30%) do que com o [[Partido Democrata (Estados Unidos)|Partido Democrata]] (26%).<ref>[http://www.people-press.org/files/2015/04/4-7-2015-Party-ID-release.pdf]</ref>
 
==Críticas==
A distinção entre os protestantes de linha principal e os neo-protestantesevangélicos é tanto teológica quanto sociopolítica. Críticos teologicamente conservadores acusam as denominações ''mainline'' do protestantismo de "substituir o evangelho de Cristo por ação social esquerdista" e de favorecer o "desaparecimento da teologia bíblica" na sociedade. Para o comentarista [[neoconservadorismo|neoconservador]] Joseph Bottum, "todas as igrejas históricas se tornaram basicamente a mesma igreja: suas histórias, suas teologias e até mesmo suas práticas foram perdidas para uma visão uniforme do progresso social".<ref>[https://www.firstthings.com/article/2008/08/001-the-death-of-protestant-america-a-political-theory-of-the-protestant-mainline The Death of Protestant America: A Political Theory of the Protestant Mainline by Joseph Bottum, First Things]</ref> As igrejas ''mainline'' ensinam que a Bíblia é a palavra incarnada de Deus e que está aberta a novas ideias e mudanças sociais. Muitas dessas igrejas estão abertas à ordenação de mulheres e pessoas transgênero, à aceitação da homossexualidade e ao matrimônio entre pessoas do mesmo sexo, o que tem atraído a oposição de grupos religiososprotestantes fundamentalistasevangélicos ortodoxos.
 
Várias igrejas evangélicas já não consideram as igrejas mainlines como igrejas cristãs verdadeiras.
 
== Ver também ==