Joaquim Marques Lisboa: diferenças entre revisões

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Francisco Marques Lisboa possuía propriedades na cidade de [[Rio Grande (Rio Grande do Sul)|Rio Grande]] e na antiga vila e atual município de [[São José do Norte]], separada de Rio Grande pelo canal que liga a [[Lagoa dos Patos]] ao [[Oceano Atlântico]]. Muito se tem discutido se o futuro almirante teria nascido não em Rio Grande, mas em São José do Norte. À medida que sua projeção crescia no cenário nacional, exacerbava-se a polêmica, com cada uma das localidades almejando ser a terra natal do almirante. Sem a existência cabal de uma certidão de nascimento, acredita-se que ele tenha nascido em Rio Grande, pois, em dezembro de 1883, Lisboa dirigiu-se à Câmara de Vereadores do Rio Grande, declarando ser essa a cidade onde nasceu.<ref>{{citar web |url=http://www.revistanavigator.com.br/navig6/art/N6_art5.pdf |título=O Despertar|publicado=Revista Navigator |acessodata=24 de abril de 2019}}</ref>
 
Aos 5 anos e em companhia dos pais, viajou para o Rio de Janeiro, onde ficou aos cuidados de sua irmã, Maria Eufrásia, e de seu marido, José Antônio Lisboa, até a conclusão do curso primário, no colégio do Professor Carvalho.<ref name=":2">{{citar livro|título=Marquês de Tamandaré, Patrono da Marinha (Seu Perfil Histórico)|ultimo=Lima|primeiro=José Francisco de|editora=Serviço de Documentação da Marinha|ano=1982|local=Rio de Janeiro|páginas=45|acessodata=04/2019}}</ref> Aos 13 anos, com seus pais, Joaquim regressa a terra natal, no mesmo barco em que viera para a Corte. Em 1821, num dos veleiros do pai e agora sozinho, retorna à Corte, para dar prosseguimento a seus estudos. Em 1822, após muita insistência junto a seu pai, a 22 de novembro, Francisco requer para seu filho a honra de servir, como voluntário na Esquadra que se preparava para lutar contra as forças portuguesas estacionadas na [[Bahia]]. Deferido seu requerimento em 04/03/1823, o jovem Joaquim, iniciou sua carreira na incipiente Marinha, como Voluntário da Armada Imperial, ainda em formação, a bordo da Fragata ''Niterói'', sob o comando de [[João Taylor|John Taylor]]<ref name="achy" /> , em cujo mastro tremulava o pavilhão do [[Thomas Cochrane, 10º Conde de Dundonald|Almirante Cochrane]].
 
José Marques Lisboa, funcionário do Ministério dos Estrangeiros, e procurador de Joaquim Marques Lisboa, enviou à Cochrane, uma petição em que solicitava se dignasse atestar o tempo em que o voluntário Marques Lisboa servira sob suas ordens e em setembro seguinte, encaminhou ao Diretor da Academia Imperial da Marinha, um requerimento solicitando certidão do tempo em que o mesmo frequentou os estudos acadêmicos desta Corte, sua conduta e seu aproveitamento. De posse dessas duas certidões José Marques Lisboa, dirigiu ao Imperador um requerimento, encaminhando-o também ao Comandante Taylor, no qual ao historiar a fé de ofício do voluntário Marques Lisboa, solicita sua promoção ao posto de Segundo Tenente de Comissão. Assim, a 02/12/1825, Joaquim Marques Lisboa era promovido a Segundo Tenente de Comissão. A necessidade de oficiais brasileiros habilitados para guarnecer os navios da Esquadra que se achavam em águas de [[Montevidéu]], iria dar-lhe a chance de, a 26/01/1826, ser efetivado no posto de Segundo Tenente do quadro efetivo dos oficiais da Armada.
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Em 1852, foi promovido ao posto de Chefe de Divisão, correspondente a Comodoro em outra marinhas e, em 1854, a Chefe de Esquadra, correspondente atualmente a Contra Almirante.
 
Em 1857, durante uma permanência na Europa para acompanhar o tratamento de saúde de sua esposa, foi incumbido pelo Governo Imperial de fiscalizar a construção de duas [[Canhoneira|canhoneiras]] na [[França]] e de oito outras na [[Grã-Bretanha]]. Eram navios de propulsão mista vela-vapor, que significavam uma atualização necessária para que a Marinha brasileira continuasse a defender cabalmente os interesses do país. Esses navios atuaram na [[Guerra do Uruguai]] e na [[Guerra do Paraguai]]. Nesta questão, que evoluiu para uma intervenção militar brasileira, antes da rendição de [[Montevidéu]], o Almirante liderou os combates em Salto e [[Paysandú|Paissandu]], ocupando-as com tropas brasileiras. Comandou a intervenção brasileira na [[República Oriental do Uruguai]] em 1864 e 1865. A disputa de poder entre os partidos Blanco e Colorado levou a uma desestabilização e a guerra civil no jovem país às margens do Prata. Haviam, contudo, 40 mil brasileiros vivendo no país o que tornou o problema interno uma questão de interesse do Império do Brasil. Além dos partidos políticos internos, estavam envolvidos na disputa de poder, o Paraguai e a Argentina ambos apoiando lados opostos e apoiados nos próprios interesses. O local havia se tornado um barril de pólvora que explodiu no dia 10 de agosto de 1864. O Barão de Tamandaré foi designado em 1864, para um esforço diplomático junto ao Conselheiro José Antonio Saraiva a fim de proteger os interesses do Império e da integridade de seus súditos. Em 11 de agosto o Conselheiro Saraiva deixou Montevidéu com o fracasso das negociações, permanecendo Tamandaré e sua Força Naval do Rio do Prata para assegurar todo o pacote exigido pelo Imperador. O objetivo de Tamandaré no início do conflito, como foi escrito por ele numa carta dedicada ao Ministro dos Negócios Estrangeiros do Brasil, era exclusivamente obter satisfações do Governo uruguaio pelos agravos sofridos por brasileiros, bem como obter garantias para eles e seus bens. Não havendo intenção de humilhar a soberania daquela República ou ferir seus cidadãos. De qualquer forma, temeroso de uma ação impensada poderia desencadear uma guerra em que as duas bandas do Prata uniriam-se contra o Brasil, pois sabia que não estavam prontos para tamanho enfrentamento. Em 30 de agosto, as relações foram formalmente rompidas entre Uruguai e Brasil. <ref name=":0">{{citar periódico|ultimo=|primeiro=|data=dez/2007|titulo=Almirante Tamandaré, Patrono da Marinha|url=http://www.revistanavigator.net|jornal=Revista Navigator|acessodata=maio/2019}}</ref>No dia 7 de setembro o Governo Imperial enviou ordens ao Barão de Tamandaré para que três localidades uruguais fossem ocupadas, Paissandu, Salto e Cerro Largo, e que o [[Venancio Flores|General Venancio Flores]] fosse reconhecido como um dos beligerantes. No dia 11 de outubro, tornou de domínio das autoridades diplomáticas estrangeiras residentes em Montevidéu que o Governo Imperial brasileiro havia determinado a ocupação do território uruguaio ao norte do Rio Negro, na forma de represália, até que obtivessem garantias e satisfações por parte do governo do Uruguai. A todo momento suas decisões iam de acordo com as diretrizes expostas ao Ministro das Relações Exteriores em sua carta datada de meses atrás, mesmo que o conflito já estivesse em andamento e as medidas diplomáticas além de terem falhado, causaram descontentamento na Corte. A situação da República Oriental do Uruguai geraria por agravos geopolíticos o que conhecemos como a Guerra do Paraguai, a ação de Tamandaré no comando da intervenção brasileira foi eficaz, agindo com a violência necessária, em momento oportuno e cumpriu sua missão, empregando os meios militares que estavam à sua disposição.<ref name=":0" />[[Imagem:Marquez de Tamandaré.jpg|miniatura|esquerda|upright=0.7|Almirante Joaquim Marques Lisboa, o Marquês de Tamandaré.]]Sua participação inicial no conflito foi de extrema importância para o aprovisionamento das forças brasileiras, ainda mais numa relação em que o Brasil e o Paraguai possuíam grande desconhecimento entre suas ações políticas e forças militares, e ele fará isso por meio da Legação Imperial em Assumpção. Contudo a resposta do Ministro que estava lá destacado concorreu para que fosse feita uma falsa apreciação das forças e reservas do inimigo, e por conseguinte, a formulação de um plano extremamente otimista. O Paraguai havia acabado de reformar suas fortificações sob supervisão de oficiais estrangeiros de mais alto gabarito, reformas estas que permitiram comparações com as mais notavéis fortificações do mundo conhecido como, por exemplo, Sebastopol, Gibraltar e Richmond. O Almirante Tamandaré tomou medidas para precaver os principais e primeiros afetados, enviou cartas ao presidente de Província do Mato Grosso para alertá-lo das intenções paraguaias para deflagrar o conflito e fez o mesmo com o Comandante da Flotilha que estava alocada na região afim de minimizar os danos, no entanto as respostas que recebeu foram um tanto melancólicas. O comandante da Flotilha afirmou que sua Força era diminuta e possuidora de pouco poder de fogo para conter uma invasão. Responsável pelas nossas força no Rio da Prata, foi uma das suas preocupações notificar o Ministro da Marinha sobre a necessidade de formar-se uma verdadeira flotilha de transportes para assegurar a mobilidade do Exército Imperial pela região, é possível perceber que para Tamandaré a guerra já era uma realidade e que o tempo até que o primeiro tiro fosse dado, a primeira carga de cavalaria fosse deflagrada e o primeiro canhão rugisse deveria ser dedicado ao preparo. O Governo Imperial, mesmo frente aos pedidos e avisos do almirante, nada decidiu de imediato, provavelmente devido o completo desconhecimento sobre o território inimigo e o seu real estado de mobilização. Após a invasão da Província de Corrintes, por Solano López, Tamandaré envia um pedido ao Ministro da Marinha suas instruções como deveria proceder no plano de campanha geral, sendo sua resposta a autorização para colocar em prática suas ideias anteriormente expostas à Corte. Ordenou o bloqueio dos portos paraguaios no Rio Paraná, afim de sufocar aquela república e permitir o apoio às forças do exército, pensando ainda na mobilidade e no abastecimento comprou toneladas de carvão na Província de Corrientes e em outro ponto ao longo do Rio Paraná. Prevendo os agraves dos acontecimentos durante o conflito, solicitava em todas suas comunicações por reforços; "Cada dia perdido importará para nós em aumento de despesas e sacrifícios, para alcançarmos o mesmo resultado que se poderia obter com energia e decisão"<ref name=":2" /> Em 1866, por razões de saúde e políticas, pediu seu afastamento do cargo, sendo substituído pelo Almirante [[Joaquim José Inácio]], mais tarde Visconde de Inhaúma.[[Imagem:Le viscomte de Tamandaré, vice-amiral, commandant l'escadre brésilienne.jpg|thumb|upright=0.7|O Visconde de Tamandaré, vice-almirante da esquadra brasileira.]]
 
Quando da [[Proclamação da República do Brasil]], em 15 de novembro de 1889, o Marquês de Tamandaré permaneceu fiel a [[Pedro II do Brasil]], quedando-se cerca de uma hora a sós com o Imperador, pedindo-lhe permissão para a Armada Imperial debelar o golpe de Estado, o que lhe foi negado.<ref>[[Pedro Calmon|CALMON, Pedro]]. ''A Vida de D. Pedro II, o Rei Filósofo''. Rio de Janeiro: Bibliex, 1975. p. 278.</ref> Aos 82 anos de idade, e o último dos grandes militares monarquistas do passado ainda vivo ([[Luís Alves de Lima e Silva|Duque de Caxias]], [[Marquês do Herval]], [[Almirante Barroso]], [[Polidoro Jordão|Marechal Polidoro]] e todos os demais já haviam falecido), recusou-se a aceitar o fim da Monarquia e permaneceu esperançoso da possibilidade de um contragolpe.<ref>[[Pedro Calmon|CALMON, Pedro]]. ''História de D. Pedro II''. José Olympio, 1975. p. 1603.</ref> Permaneceu ao lado da família imperial até seu embarque definitivo no navio ''Alagoas'' para o exílio.