Centro de Informações do Exterior: diferenças entre revisões

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O '''Centro de Informações do Exterior (CIEX ou Ciex)''' foi um [[serviço de informações]] introduzido na estrutura do [[Ministério das Relações Exteriores do Brasil|Ministério das Relações Exteriores do Brasil (Itamaraty)]] e ligado ao [[Serviço Nacional de Informações|Serviço Nacional de Informações (SNI)]].
 
O CIEX foi criado em [[1966]], por iniciativa do diplomata brasileiro [[Manoel Pio Corrêa]],<ref>[http://www.fazenda.gov.br/resenhaeletronica/MostraMateria.asp?page=&cod=391014 O pai do serviço secreto do Itamaraty]. ''[[Correio Braziliense]]'', [[23 de setembro]], [[2007]] ]</ref> que idealizou órgão enquanto servia no Uruguai. Posteriormente nomeado Secretário-Geral do Itamaraty (quando o chanceler era [[Juracy Magalhães]]), Correa redigiu a portaria secreta que criou o CIEx, em 1966, durante o [[governo Castelo Branco]].<ref> [[Lilia Moritz Schwarcz| Schwarcz, Lilia Moritz]]; Starling, Heloisa Murgel. [https://books.google.com.br/books?id=wHr5CAAAQBAJ&pg=PR298&dq=Brasil:+uma+biografia:+Com+novo+p%C3%B3s-escrito+Portaria+secreta+CIEX&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwjb26mojPniAhUeH7kGHQ-kCb8Q6AEIKDAA#v=onepage&q=Brasil%3A%20uma%20biografia%3A%20Com%20novo%20p%C3%B3s-escrito%20Portaria%20secreta%20CIEX&f=false ''Brasil: uma biografia''.] [[Companhia das Letras]], 2015.</ref> De fato, o CIEX era tão secreto que nem constava da estrutura formal do [[Itamaraty]]. A sua existência do só seria confirmada em 2007, na gestão do chanceler [[Celso Amorim]], no segundo governo [[Luís Inácio Lula da Silva|Lula]]. A constrangedora revelação coube à monumental série de reportagens produzida pelo repórter [[Cláudio Dantas Sequeira]], do ''[[Correio Braziliense]]'', que revelou a ação repressiva da primeira agência criada sob o amparo do [[Serviço Nacional de Informações|SNI]] e do seu criador, o general [[Golbery do Couto e Silva]].<ref>{{citar web|url=http://observatoriodaimprensa.com.br/caderno-da-cidadania/_ed812_a_reporter_pergunta_o_ministro_gagueja/|título=Agente da Borrasca |publicado=Observatório da Imprensa |data=Agosto de 2014 |acessodata=15 de Setembro de 2015}}</ref>
O CIEX foi criado em [[1966]], pelo embaixador brasileiro [[Manoel Pio Corrêa]],<ref>[http://www.fazenda.gov.br/resenhaeletronica/MostraMateria.asp?page=&cod=391014 O pai do serviço secreto do Itamaraty]. ''[[Correio Braziliense]]'', [[23 de setembro]], [[2007]] ]</ref> que servia no Uruguai quando idealizou e promoveu a criação do órgão.
 
Inicialmente, o secreto CIEx foi camuflado como Assessoria de Documentação de Política Exterior, ou simplesmente ADOC, com verba secreta e subordinado à Secretaria-Geral das Relações Exteriores. Dos primeiros anos da ditadura até 1975, funcionou dissimulado, como seu criador, na sala 410 do quarto andar do chamado “Bolo de Noiva”, o Anexo I do [[Palácio Itamaraty]], em Brasília. Desmontado com a ditadura em 1985, o lugar hoje abriga a inofensiva Divisão de Promoção do Audiovisual. Vasculhando 20 mil páginas de documentos, com oito mil informes escondidos nos arquivos do CIEX, o repórter do ''Correio Braziliense'' apurou que, dos 380 brasileiros mortos ou desaparecidos durante o regime, os nomes de 64 das vítimas estavam lá, nas pastas secretas de Pio Corrêa. Atuando em linha com os adidos militares das embaixadas, a tropa civil dos adidos do CIEx foi decisiva na atuação do Brasil na [[Operação Condor]].<ref>{{citar web|url=http://observatoriodaimprensa.com.br/caderno-da-cidadania/_ed812_a_reporter_pergunta_o_ministro_gagueja/|título=Agente da Borrasca |publicado=Observatório da Imprensa |data=Agosto de 2014 |acessodata=15 de setembro de 2015}}</ref>
Enquanto ao SNI cabia a coordenação e articulação de um denso sistema de informações e de [[contrainformação]] no âmbito nacional, de acordo com os princípios de [[segurança nacional]] e de combate ao inimigo interno, o CIEX atuava como uma linha auxiliar, monitorando a movimentação e as atividades de brasileiros no exterior - notadamente de militantes e políticos de oposição, considerados suspeitos de conspirar contra o [[regime militar de 1964|regime]]. O CIEX trabalhou também com análises e monitoramento da política interna dos países vizinhos ao Brasil, principalmente Argentina, Chile e Uruguai, onde muitos brasileiros se encontravam [[exílio|exilados]]. Quando, nos anos 1970, uma onda de [[autoritarismo]] varreu a [[democracia]] do [[Cone Sul]] e muitos dos brasileiros exilados se transferiram para a [[Europa Ocidental]], também as atividades de vigilância do CIEX se estenderam a vários países do continente europeu.<ref>[http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,ditadura-militar-criou-rede-para-espionar-vizinhos,1062690,0.htm Ditadura militar criou rede para espionar vizinhos.] ''[[O Estado de S. Paulo]]'', 10 de agosto de 2013.</ref><ref>Cateb, Caio Bruno Pires Mendes. [http://bdm.unb.br/bitstream/10483/6968/1/2013_CaioBrunoPiresMendesCateb.pdf ''O Centro de Informações do Exterior (CIEX): o posicionamento brasileiro diante do Golpe Militar no Chile'']. Brasília: [[Universidade de Brasília]], dezembro de 2013.</ref>
 
Enquanto ao SNI cabia a coordenação e articulação de um denso sistema de informações e de [[contrainformação]] no âmbito nacional, de acordo com os princípios de [[segurança nacional]] e de combate ao inimigo interno, o CIEX atuava como uma linha auxiliar, monitorando a movimentação e as atividades de brasileiros no exterior - notadamente de militantes e políticos de oposição, considerados suspeitos de conspirar contra o [[regime militar de 1964|regime]]. O CIEX trabalhou também com análises e monitoramento da política interna dos países vizinhos ao Brasil, principalmente Argentina, Chile e Uruguai, onde muitos brasileiros se encontravam [[exílio|exilados]]. Quando, nos anos 1970, uma onda de [[autoritarismo]] varreu a [[democracia]] do [[Cone Sul]] e muitos dos brasileiros exilados se transferiram para a [[Europa Ocidental]], também as atividades de vigilância do CIEX se estenderam a vários países do continente europeu.<ref>[http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,ditadura-militar-criou-rede-para-espionar-vizinhos,1062690,0.htm Ditadura militar criou rede para espionar vizinhos.] ''[[O Estado de S. Paulo]]'', 10 de agosto de 2013.</ref><ref>Cateb, Caio Bruno Pires Mendes. [http://bdm.unb.br/bitstream/10483/6968/1/2013_CaioBrunoPiresMendesCateb.pdf ''O Centro de Informações do Exterior (CIEX): o posicionamento brasileiro diante do Golpe Militar no Chile'']. Brasília: [[Universidade de Brasília]], dezembro de 2013.</ref><ref>[http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:cQJ01Mdt0PoJ:www.historia.uff.br/nec/sites/default/files/6_Brasileiros_na_Franca.pdf+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br Brasileiros na França: o exílio segundo a visão do Centro de Informações do Exterior (CIEX) entre 1966 e 1968]. Por Paulo César Gomes. ''Revista Contemporânea – Dossiê 1964-2014: 50 anos depois, a cultura autoritária em questão''. Ano 4, n° 5 , 2014, vol. 1 ISSN 2236-4846 </ref>
 
Ao longo das décadas de 1960 e 1970, o CIEX manteve, além de sua ligação original ao SNI, uma estreita colaboração com os [[serviços de inteligência]] do [[Exército Brasileiro|Exército]], da [[Marinha do Brasil|Marinha]] e da [[Força Aérea Brasileira|Aeronáutica]], a saber: o [[CIE]], o [[Cenimar]] e o [[CISA]].<ref>[http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292009000200003&lng=en&nrm=iso&tlng=pt O Itamaraty nos anos de chumbo: o Centro de Informações do Exterior (CIEX) e a repressão no Cone Sul (1966-1979)]. Por Pio Penna Filho. ''Revista Brasileira de Política Internacional'', vol. 52 nº 2. Brasília, julho-dezembro de 2009 ISSN 1983-3121</ref>