Guerra Fria: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
→‎América Latina: fiz uma ligação interna.
Adicionei novas informações, referências e uma imagem.
Linha 88:
 
=== Conflito ideológico ===
 
{{Mais informações|Guerra política}}
 
{{multiple image |align=right |direction=vertical
Linha 122 ⟶ 124:
 
[[Yuri Bezmenov]], [[correspondente]] da [[agência de notícias]] [[RIA Novosti]] na Índia e agente da [[KGB]], desertou para o Canadá em [[1970]]. Revelou ao ocidente as estratégias usadas para incitar a [[subversão]] em países nas quais a URSS almejava implantar governos satélites. Descreveu que o processo de subversão de uma sociedade consiste em quatro fases distintas <ref>{{pt}} [https://docs.google.com/file/d/0BwQmscbJeNjydEZ1ZkZOSy1UR2c/edit?pli=1 Docs Google] - As quatro etapas da subversão. Página visitada em 11 de Setembro de 2013.</ref> ("desmoralização", "desestabilização", "crise", "normalização"). Cada fase busca um objetivo: desacreditar ("desmoralizar") [[religião]], valores e cultura; desorganizar ("desestabilizar") as estruturas política, econômica e sociocultural; incitar desordem generalizada ("crise") precipitando a implantação de um governo pró soviético e, após, estabilizar ("normalizar") a situação deste país.<ref name="YouTube">[https://www.youtube.com/watch?v=xgJD4YJ2TOc YouTube] - ''A Subversão nos Países alvo da Extinta URSS Yuri Bezmenov Palestra Completa.'' Vídeo {{en}} legendado {{pt}}. Página visitada em 4 de Julho de 2018.</ref> Segundo ele, a subversão é executada por agentes estrangeiros ou colaboradores locais que infiltram-se em diversas áreas, que vão de grupos religiosos, [[Partido político|partidos políticos]], [[Empresário|meio empresarial]] e [[mídia]] conservadora a defensores dos [[direitos civis]], [[homossexuais]], [[feminista]]s e [[indústria cultural]].<ref name="YouTube" /> Alertava que, na fase de "normalização" os colaboradores mais idealistas e radicais (os "[[Idiota útil|idiotas úteis]]") eram descartados, muitas vezes sendo eliminados fisicamente.<ref name="YouTube" /> Yuri Bezmenov deu inúmeros exemplos disto em livros, palestras,<ref name="YouTube" /> entrevistas e conferências.
 
A KGB utilizou intensamente de práticas denominadas ''[[Medidas ativas]]'' <ref>Em audiência perante comitê do Senado dos EUA, investigando a [[interferência russa na eleição presidencial nos Estados Unidos em 2016]], [[Victoria Nuland]], ex-[[embaixador]]a do país na [[OTAN]] definiu a si própria como: <br />"''Um alvo rotineiro das medidas ativas russas''". <br />(20 de junho de 2018) [https://www.c-span.org/video/?447328-1/obama-administration-officials-testify-russia-election-interference#Victoria&start=772 C-SPAN - «Senate Intelligence Committee on the policy response to Russian interference in the 2016 elections: Victoria Nuland testimony.»] {{en}} Consultado em 23 de junho de 2019.</ref> que incluíam [[contrainformação]], [[manipulação da mídia]] e [[desinformação]] e, por meio destas, criou [[teorias da conspiração]] para manipular e confundir [[mídia]], governos e órgãos de inteligência ocidentais.<ref name="Paula Lepinski">{{citar web|url=https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/medidas-ativas-mentiras-criadas-pela-kgb.phtml|titulo=Kennedy foi morto pela CIA? A Apollo 11 foi uma farsa? Os EUA criaram a AIDS? Conheça as fake news criadas pela KGB|data=5 de abril de 2019|acessodata=23 de junho de 2019|publicado=[[UOL]]|ultimo=Lepinski|primeiro=Paula}}</ref> Dentre tais "medidas ativas", destacaram-se: a [[Operação INFEKTION]],<ref>{{citar livro|autor=P. W. Singer & Emerson T. Brooking|título=LikeWar: The Weaponization of Social Media|editora=Houghton Mifflin Harcourt, pág. 104, {{en}}|ano=2018|páginas=|id=ISBN 9781328695758}} Adicionado em 23 de junho de 2019.</ref> arquitetada pela KGB,<ref name="Democracy Hacked: How Technology is Destabilising Global Politics">Moore, Martin (2018). [https://books.google.com.br/books?id=4ZNRDwAAQBAJ&pg=PT153&dq=kgb+infektion+1983&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwjt9ZSUjZriAhUtCrkGHZvNB5sQ6AEIMDAB#v=onepage&q=kgb%20infektion%201983&f=false «Democracy Hacked: How Technology is Destabilising Global Politics.»] Oneworld Publications. ISBN 9781786074096 Acessado em 23/06/2019.</ref> consistindo numa campanha de [[desinformação]] para acusar os EUA de "criar" do [[vírus da AIDS]] como [[arma biológica]].<ref>Merlan, Anna (2019). [https://books.google.com.br/books?id=KalbDwAAQBAJ&pg=PT33&dq=Operation+Infektion+aids+1983&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwjKjoOJwZniAhXFIbkGHRRVDqYQ6AEIMDAB#v=onepage&q=Operation%20Infektion%20aids%201983&f=false «Republic of Lies: American Conspiracy Theorists and Their Surprising Rise to Power.»] Metropolitan Books. ISBN 9781250159069 Acessado em 23/06/2019.</ref> A operação INFEKTION teve início em 16 de Julho de 1983, quando informações falsas, plantadas pela KGB,<ref name="Democracy Hacked: How Technology is Destabilising Global Politics"/> foram publicadas no jornal [[Índia|indiano]] pró-soviético ''Patriot.''<ref>Pilkington, Mark (2010). [https://books.google.com.br/books?id=FjWfBAAAQBAJ&pg=PT109&lpg=PT109&dq=newspaper+patriot+aids+1983&source=bl&ots=CjDE1AXTg2&sig=ACfU3U38y_4BN-NqXIc_sb2atwwoXHVmNQ&hl=pt-BR&sa=X&ved=2ahUKEwid1Z6SxZniAhVRIrkGHXLnA2sQ6AEwD3oECAkQAQ#v=onepage&q=newspaper%20patriot%20aids%201983&f=false «Mirage Men: A Journey into Disinformation, Paranoia and UFOs.»] Hachette UK. ISBN 9781849012409 Acessado em 23/06/2019.</ref> E, também, as [[acusações de falsificação nas alunissagens do Programa Apollo|acusações de que os pousos na Lua foram encenados]] e, a criação da teoria conspiratória de que o assassinato do [[John F. Kennedy|presidente Kennedy]] fora uma [[conspiração (política)|conspiração]] tramada pela [[CIA]].<ref name="Paula Lepinski"/> Segundo o [[Deserção|desertor]] soviético [[Vasili Mitrokhin]], uma medida ativa da KGB, para desacreditar a CIA e os EUA,<ref name="The Sword and the Shield: The Mitrokhin Archive and the Secret History of the KGB">{{citar livro|autor=Christopher Andrew|título=The Sword and the Shield: The Mitrokhin Archive and the Secret History of the KGB|editora=Basic Books|ano=2000|páginas=225-230 {{en}}|id=ISBN 9780465010035}} Adicionado em 23 de junho de 2019.</ref> <ref>{{citar livro|autor=R. C. S. Trahair & Robert L. Miller|título=Encyclopedia of Cold War Espionage, Spies, and Secret Operations|editora=Enigma Books|ano=2013|páginas=188-190 {{en}}|id=ISBN 9781936274253}} Adicionado em 23 de junho de 2019.</ref> falsificou uma carta que incriminava o [[espião]] [[E. Howard Hunt]], acusando-o de ser cúmplice do [[Assassinato de John F. Kennedy|assassino do presidente]], [[Lee Harvey Oswald]].<ref name="Paula Lepinski"/> O diretor do [[FBI]], [[Clarence M. Kelley]], também foi citado na farsa.<ref name="The Sword and the Shield: The Mitrokhin Archive and the Secret History of the KGB"/> [[Notícia falsa|Notícias falsas]], disseminadas pelos soviéticos através de medidas ativas, revelaram-se tão convincentes que algumas recebem crédito ainda no [[século XXI]].<ref name="Paula Lepinski"/>
 
No período pós Guerra Fria, organizações internacionais reprovaram as violências praticadas em nome do comunismo. Em [[25 de Janeiro]] de [[2006]], o [[Conselho da Europa]] oficializou uma resolução condenando os crimes dos governos que adotaram este sistema.<ref>{{en}} [http://assembly.coe.int/Main.asp?link=/Documents/AdoptedText/ta06/ERES1481.htm Council of Europe Parliamentary Assembly] {{Wayback|url=http://assembly.coe.int/Main.asp?link=%2FDocuments%2FAdoptedText%2Fta06%2FERES1481.htm |date=20140627204617 }} - ''Resolution 1481 (2006) Need for international condemnation of crimes of totalitarian communist regimes.'' Página visitada em [[25 de Setembro]] de 2013.</ref><ref>{{en}} [http://assembly.coe.int/ASP/APFeaturesManager/defaultArtView.asp?ID=382 Council of Europe Parliamentary Assembly] {{Wayback|url=http://assembly.coe.int/ASP/APFeaturesManager/defaultArtView.asp?ID=382 |date=20090214091800 }} - ''PACE News: PACE strongly condemns crimes of totalitarian communist regimes.'' Página visitada em 25 de Setembro de 2013.</ref> Em [[2008]] foi firmada, na [[República Tcheca]], a ''[[Declaração de Praga sobre Consciência Europeia e Comunismo]]'' (colocando no mesmo nível os crimes do [[marxismo-leninismo]] e do [[nazifascismo]]) e o [[Parlamento Europeu]] instituiu o ''Dia Europeu da Memória das Vítimas do Estalinismo e do Nazismo'',<ref>{{es}} [http://www.europarl.europa.eu/sides/getDoc.do?pubRef=-//EP//TEXT+IM-PRESS+20080929STO38339+0+DOC+XML+V0//ES Europarl (Parlamento Europeu)] - ''La UE recordará cada año a las víctimas del estalinismo y el nazismo.'' Página visitada em 25 de Setembro de 2013.</ref><ref>{{en}} [http://www.europarl.europa.eu/sides/getDoc.do?type=IM-PRESS&reference=20080929STO38339&language=EN Europarl (Parlamento Europeu)] - ''Hitler and Stalin's victims remembered with special day.'' Página visitada em 25 de Setembro de 2013.</ref><ref>{{pt}} [http://www.europarl.europa.eu/sides/getDoc.do?pubRef=-//EP//NONSGML+IM-PRESS+20080919IPR37662+0+DOC+PDF+V0//PT&language=PT Europarl (Parlamento Europeu)] - Um "Dia Europeu da Memória das. Vítimas do Estalinismo e do Nazismo". Página visitada em 25 de Setembro de 2013.</ref> internacionalmente conhecido como o [[Dia da Fita Preta]], ([[23 de agosto]], dia da assinatura do [[Pacto Molotov-Ribbentrop]]).
Linha 339 ⟶ 343:
* Por fim, ainda em [[1979]] o principal aliado americano no [[Golfo Pérsico]], o [[Irã]], que passava por grande turbulência interna, passa por uma [[Revolução Islâmica]] nacionalista e de caráter fortemente antiamericana, que levou os [[Estados Unidos]] a iniciarem uma longa disputa com o novo regime no país.<ref>GASIOROWSKI, Mark (2007). ''O golpe da CIA contra o Irã''. Le Monde Diplomatique, 11 de Setembro de 2007 [http://diplomatique.uol.com.br/artigo.php?id=33&PHPSESSID=20e3f44d1fc4d2b1c456df064e1c8924]{{Ligação inativa|1={{subst:DATA}} }}</ref> Como resultado deste processo, a partir de 1980, os Estados Unidos passaram a apoiar o [[Iraque]] na guerra deste país contra o [[Irã]], que ficou conhecida como "[[Guerra Irã-Iraque]]".
* Em [[1981]], [[Ronald Reagan]] foi eleito presidente dos [[Estados Unidos]] e, ao contrário de seus antecessores, que pregavam a Distensão, Reagan defendia a retomada da estratégia de cercamento da URSS, conforme defendido por [[Henry Kissinger]] no fim dos anos 1970 e, de forma mais clara, por [[Zbigniew Brzezinski]] e [[Donald Rumsfeld]], nos [[anos 1980]], o que implicava na retomada do confronto com a [[União Soviética]]. Dentre os resultados desta política, foi ampliado o fornecimento de armamentos a [[Saddam Hussein]], ditador iraquiano, que lutava contra o [[Irã]] na [[Guerra Irã-Iraque]] e o apoio aos guerrilheiros [[mujahidin]] que lutavam contra os soviéticos no [[Afeganistão]].<ref>HOBSBAW, Eric (1994). ''[[Era dos Extremos]]: O breve século XX, 1914-1991''. Ed. Companhia das Letras, São Paulo, SP. p. 239-245</ref>
[[Imagem:ARA Belgrano sinking.jpg|thumb|x180px|direita|[[Afundamento do Cruzador General Belgrano|Cruzador argentino General Belgrano afundando]], em 2 de Maio de 1982, depois de [[Torpedo|torpedeado]] pelo [[submarino nuclear]] britânico [[HMS Conqueror (S48)|HMS Conqueror]], durante a [[Guerra das Malvinas]] (Abril-Junho de 1982).]]
* Em [[1983]], forças militares americanas invadiram [[Granada (país)|Granada]], que havia sofrido um golpe militar liderado pelo vice-primeiro-ministro [[Bernard Coard]], que havia deposto o primeiro-ministro granadino, [[Maurice Bishop]]. O governo instituído por Bernard Coard, tinha o apoio de Cuba, mas em [[25 de Outubro]], 7 300 combatentes americanos invadiram a ilha, derrotando as forças granadinas e [[cuba]]nas. Após a vitória dos Estados Unidos, o governador-geral de Granada, [[Paul Scoon]], nomeou um novo governo e, em meados de Dezembro, as forças dos Estados Unidos retiraram-se.
* Em [[1983]], o Presidente dos Estados Unidos, [[Ronald Reagan]], anuncia a criação da [[Iniciativa Estratégica de Defesa]], que ficaria conhecida como "Programa Guerra nas Estrelas", que tinha, por objetivo, criar um "escudo" contra os [[mísseis balísticos]] soviéticos, dando grande vantagem aos [[Estados Unidos]] na [[corrida armamentista]] e na [[corrida espacial]].<ref>Missile Defense Agency. [http://www.mda.mil/news/history_resources.html "''History of the Missile Defense Organization''"]. U.S. Department of Defense. Estados Unidos</ref> A reação soviética foi ampliar ainda mais os seus elevados gastos na área de defesa e no desenvolvimento do seu dispendioso programa espacial.
Linha 388 ⟶ 393:
{{Div col fim}}
 
{{Referências|col=23}}
 
== Bibliografia ==