Monofilia: diferenças entre revisões

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{{Formatar referências|data=junho de 2017}}
{{VT|Grupo coroa}}
[[Imagem:Clade-grade II.png|thumb|300px|[[Árvore filogenética]]: os grupos a azul (esquerda) e vermelho (direita) são [[táxon]]s monofiléticos; o grupo a verde (centro) é [[Parafilia|parafilético]].]]
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* Grupo polifilético — consiste num conjunto de organismos que forma um grupo caracterizado por apresentar características comuns resultantes da acção da [[evolução convergente]]. As características partilhadas, que podem ser anatómicas, bioquímicas, [[etologia|comportamentais]] ou outras (por exemplo, primatas com actividade nocturna, árvores de fruto, insectos aquático), não resultam da herança de um ancestral comum mas da adaptação a condições ambientais específicas.
 
A aceitação generalizada da definição de «monofilia» foi demorada. Quando a escola cladística passou a dominar o campo da taxonomia, na [[década de 1960]], estavam em uso várias definições alternativas. Na realidade, muitos taxonomistas utilizaram as definições associadas aos grupos filogenéticos sem os definir de forma precisa, o que levou a confusão na literatura,<ref name="Hennig1966">{{citar livro|último =Hennig|primeiro =Willi|primeiro2 =D. (Translator)|último2 =Davis|primeiro3 =R. (Translator)|último3 =Zangerl|título=Phylogenetic Systematics|ano=1999|anooriginal=1966|publicado=Board of Trustees of the University of Illinois|edição=Illinois Reissue|páginas=72–77 | isbn=0-252-06814-9}}</ref> uma confusa que ainda parcialmente persiste.<ref name="aub2015">Aubert, D. 2015. A formal analysis of phylogenetic terminology: Towards a reconsideration of the current paradigm in systematics. ''Phytoneuron'' '''2015-66''':1–54.</ref>
 
== Definições ==
Quando analisadas num contexto alargado, as definições de «monofilia» caem em dois grupos:
* As definições assentes no postulado do entomologista alemão [[Willi Hennig]] (1966:148), definindo a monofilia de um grupo com base no reconhecimento da existência de [[sinapomorfia]] entre os seus membros (em contraste com os grupos parafiléticos, criados com base na ocorrência de [[simplesiomorfia]], e com os grupos polifiléticos assentes sobre os resultados da [[evolução convergente|convergência]]). Alguns autores procuraram definir a monofilia de forma a incluir a parafilia, considerando-a como a característica do conjunto formado por dois ou mais grupos que partilhassem um ancestral comum.<ref name="aub2015" /><ref name=Colless1972/><ref name='Envall2007'/><ref name='Ashlock1971' /> Contudo, essa definição alargada, ao juntar grupos monofiléticos ''[[stricto sensu]]'' com grupos parafiléticos, como atrás definidos, mostra-se menos útil na construção dos sistemas de classificação, razão pela qual a maioria dos cientistas restringe o uso do termo «monofilético» aos grupos que juntam todos os descendentes de um (hipotético) ancestral comum.<ref name="Hennig1966"/> Contudo, quando sejam considerados agrupamentos taxonómicos tais como [[Género (biologia)|géneros]] ou [[espécie]]s, a natureza desse «ancestral comum» é pouco clara. Assumir que o ancestral seria um indivíduo, ou mesmo um par [[Acasalamento|acasalante]], é irrealista para espécies que utilizem [[reprodução sexual]], que por definição são populações de indivíduos capazes de acasalar entre si.<ref name=Simpson1961>{{citar livro|último = Simpson |primeiro = George |título= Principles of Animal Taxonomy |publicado= Columbia University Press |local= New York |ano= 1961 | isbn = 0-231-02427-4 }}</ref>periódico
* As definições assentes numa abordagem de carácter [[genealogia|genealógico]] consideram que o conceito de monofilia e termos associados estão restritos à discussão de ''[[taxon|taxa]]'', e não são necessariamente precisos, ou seja não têm [[precisão]] aceitável, quando usados para descrever o que Willi Hennig designou por ''«relações tocogenéticas»'', no presente em geral designadas por ''«genealogias»''. Como argumento, apontam que a utilização de uma definição alargada, como «espécie e todos os seus descendentes», não é apropriada para definir um género.<ref name=Simpson1961/> Nessa acepção, uma definição cladística satisfatória de «espécie» ou «género» é impossível porque muitas espécies (ou mesmo géneros) podem ser formados por "ramificação" de uma espécie existente, deixando a espécie ancestral parafilética. Dificuldade ainda maior surge quando uma espécie ou género resulta de [[especiação por hibridação]].<ref>{{citar livro|último =Stamos|primeiro =D.N.|título=The species problem : biological species, ontology, and the metaphysics of biology|ano=2003|publicado=Lexington Books|local=Lanham, Md. [u.a.]|isbn=0739105035|páginas=261–268|url=https://books.google.com/books?id=jPAjv5FsKMYC&pg=PA260&lpg=PA260&dq=defining+species+cladistically'&source=bl&ots=JAR0SfYZFh&sig=C0KyC4IvpYgCNlEeqhyRWiIVeCA&hl=no&sa=X&ei=z37vUZj2OITptQad04CgCQ&ved=0CFcQ6AEwBg#v=onepage&q=defining%20species%20cladistically'&f=false}}</ref>
 
== Ver também ==
* [[Clado]]
* [[Parafilético|Parafilia]]
* [[Polifilia]]
* [[Grupo coroa]]
* [[Taxonomia]]
* [[Árvore filogenética]]
 
== Referências ==
<references>
<ref name=Colless1972>{{citar periódico
|último1 = Colless |primeiro1 = Donald H.
|data=março de 1972
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| postscript =
| jstor=2412266
}}</ref><ref name=Colless1972'Envall2007'>{{citar periódico
}}</ref>
<ref name='Envall2007'>{{citar periódico
| doi = 10.1111/j.1095-8312.2008.00984.x
|título= On the difference between mono-, holo-, and paraphyletic groups: a consistent distinction of process and pattern
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|periódico= Biological Journal of the Linnean Society
| volume = 94
|páginas= 217 }}</ref><ref name='Ashlock1971'>{{citar periódico
<ref name='Ashlock1971'>{{citar periódico
|último = Ashlock |primeiro = Peter D.
|data=março de 1971
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}}</ref> Contudo, essa definição alargada, ao juntar grupos monofiléticos ''[[stricto sensu]]'' com grupos parafiléticos, como atrás definidos, mostra-se menos útil na construção dos sistemas de classificação, razão pela qual a maioria dos cientistas restringe o uso do termo «monofilético» aos grupos que juntam todos os descendentes de um (hipotético) ancestral comum.<ref name="Hennig1966"/> Contudo, quando sejam considerados agrupamentos taxonómicos tais como [[Género (biologia)|géneros]] ou [[espécie]]s, a natureza desse «ancestral comum» é pouco clara. Assumir que o ancestral seria um indivíduo, ou mesmo um par [[Acasalamento|acasalante]], é irrealista para espécies que utilizem [[reprodução sexual]], que por definição são populações de indivíduos capazes de acasalar entre si.<ref name=Simpson1961>{{citar livro|último = Simpson |primeiro = George |título= Principles of Animal Taxonomy |publicado= Columbia University Press |local= New York |ano= 1961 | isbn = 0-231-02427-4 }}</ref>
}}</ref>
* As definições assentes numa abordagem de carácter [[genealogia|genealógico]] consideram que o conceito de monofilia e termos associados estão restritos à discussão de ''[[taxon|taxa]]'', e não são necessariamente precisos, ou seja não têm [[precisão]] aceitável, quando usados para descrever o que Willi Hennig designou por ''«relações tocogenéticas»'', no presente em geral designadas por ''«genealogias»''. Como argumento, apontam que a utilização de uma definição alargada, como «espécie e todos os seus descendentes», não é apropriada para definir um género.<ref name=Simpson1961/> Nessa acepção, uma definição cladística satisfatória de «espécie» ou «género» é impossível porque muitas espécies (ou mesmo géneros) podem ser formados por "ramificação" de uma espécie existente, deixando a espécie ancestral parafilética. Dificuldade ainda maior surge quando uma espécie ou género resulta de [[especiação por hibridação]].<ref>{{citar livro|último =Stamos|primeiro =D.N.|título=The species problem : biological species, ontology, and the metaphysics of biology|ano=2003|publicado=Lexington Books|local=Lanham, Md. [u.a.]|isbn=0739105035|páginas=261–268|url=https://books.google.com/books?id=jPAjv5FsKMYC&pg=PA260&lpg=PA260&dq=defining+species+cladistically'&source=bl&ots=JAR0SfYZFh&sig=C0KyC4IvpYgCNlEeqhyRWiIVeCA&hl=no&sa=X&ei=z37vUZj2OITptQad04CgCQ&ved=0CFcQ6AEwBg#v=onepage&q=defining%20species%20cladistically'&f=false}}</ref>
<ref name="Hennig1966">{{citar livro|último =Hennig|primeiro =Willi|primeiro2 =D. (Translator)|último2 =Davis|primeiro3 =R. (Translator)|último3 =Zangerl|título=Phylogenetic Systematics|ano=1999|anooriginal=1966|publicado=Board of Trustees of the University of Illinois|edição=Illinois Reissue|páginas=72–77 | isbn=0-252-06814-9}}</ref>
 
<ref name="aub2015">Aubert, D. 2015. A formal analysis of phylogenetic terminology: Towards a reconsideration of the current paradigm in systematics. ''Phytoneuron'' '''2015-66''':1–54.</ref>
== Ver também ==
</references>
* [[Clado]]
* [[Parafilético|Parafilia]]
* [[Polifilia]]
* [[Grupo coroa]]
* [[Taxonomia]]
* [[Árvore filogenética]]
 
== {{Referências ==}}
 
== Bibliografia ==