Revolução Pernambucana: diferenças entre revisões

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{{Info/Evento histórico
[[Imagem:Bênção das bandeiras da Revolução de 1817.jpg|320px|thumb|''Bênção das bandeiras da Revolução de 1817'', óleo sobre tela de [[Antônio Parreiras]].]]
|nome = Revolução Pernambucana
'''Revolução Pernambucana''', também conhecida como '''Revolução dos Padres''', foi um movimento emancipacionista que eclodiu em [[6 de março]] de [[1817]] na então Capitania de [[Pernambuco]], no [[Brasil]].
|imagem = Bênção das bandeiras da Revolução de 1817.jpg
|imagem-tamanho = 320px
[[Imagem:Bênção|legenda das bandeiras da Revolução de 1817.jpg|320px|thumb| = ''Bênção das bandeiras da Revolução de 1817'', óleo sobre tela de [[Antônio Parreiras]].]]
|outros_nomes =
|participantes = [[Domingos José Martins]]<br />[[Padre João Ribeiro]]<br />[[Vigário Tenório]]<br />[[José Inácio Ribeiro de Abreu e Lima|Padre Roma]]<br />[[Padre Miguelinho]]<br />[[Domingos Teotônio Jorge]]<br />[[José de Barros Lima]]<br />[[Antônio Henriques Rabelo]]<br />[[José Luís de Mendonça]]<br />[[Amaro Gomes Coutinho]]<br />[[Francisco José da Silveira]]<br />[[José Peregrino Xavier de Carvalho]]<br />[[André de Albuquerque Maranhão]]<br />[[Padre Antônio Pereira de Albuquerque]]<br />[[Luís José Cavalcanti Lins|Vigário de Santo Antônio]]<br />[[Frei Caneca]]<br />[[Bárbara de Alencar]]<br />[[Antônio Carlos Ribeiro de Andrada Machado e Silva|Antônio Carlos de Andrada]]<br />[[Cruz Cabugá]]<br />[[Gervásio Pires]]<br />[[Manuel Corrêa de Araújo]]<br />[[José de Barros Falcão de Lacerda]]<br />Entre outros
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|data = [[6 de março]] a [[20 de maio]] de [[1817]]
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}}
A '''Revolução Pernambucana''', também conhecida como '''Revolução dos Padres''', foi um movimento emancipacionista que eclodiu no dia [[6 de março]] de [[1817]] em [[Pernambuco]], no [[Brasil]].<ref name="BNDigital">{{citar web|url=https://bndigital.bn.gov.br/exposicoes/pernambuco-1817-a-revolucao/apresentacao-revolucao-pernambuco/|título=Pernambuco 1817 – A Revolução|publicado=[[Biblioteca Nacional do Brasil|Biblioteca Nacional]]|acessodata=8-7-2019}}</ref><ref name="Fundaj">{{citar web|url=http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=1133:revolucao-pernambucana-de-1817-a-revolucao-dos-padres&catid=52:letra-r&Itemid=1|título=Revolução pernambucana de 1817: a “Revolução dos Padres”|publicado=[[Fundação Joaquim Nabuco]]|acessodata=16-4-2017}}</ref> Dentre as suas causas, destacam-se a influência das ideias [[Iluminismo|iluministas]] propagadas pelas sociedades maçônicas, o [[absolutismo]] monárquico [[Portugal|português]] e os enormes gastos da Família Real e seu séquito recém-chegados ao Brasil — oa Governocapitania de Pernambuco, então a mais lucrativa da colônia, era obrigadoobrigada a enviar para o [[Rio de Janeiro]] grandes somas de dinheiro para custear salários, comidas, roupas e festas da Corte, o que dificultava o enfrentamento de problemas locais (como a seca ocorrida em [[1816]]) e ocasionava o atraso no pagamento dos soldados, gerando grande descontentamento no povo pernambucano.<ref e brasileiro.name="Fundaj"/><ref name="Rev_Pernambucana">{{citar web |url=http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/revolucao-pernambucana-republica-em-pernambuco-durou-75-dias.htm |título=Revolução pernambucana: República em Pernambuco durou 75 dias |autor=Renato Cancian |data=31 de julho de 2005 |acessodata=1 de março de 2015}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.infoescola.com/historia/revolucao-pernambucana-de-1817/|título=Revolução Pernambucana de 1817|publicado=InfoEscola|data=|acessodata=21 de junho de 2015}}</ref>
 
Único movimento separatista do período de dominação portuguesa que ultrapassou a fase conspiratória e atingiu o processo de tomada do poder, a Revolução Pernambucana provocou o adiamento da aclamação de [[Dom João VI]] como rei e o atraso da viagem de [[Maria Leopoldina de Áustria]] para o Rio de Janeiro, mobilizando forças políticas e suscitando posicionamentos e repressões em todo o [[Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves|Reino do Brasil]].<ref name="Rev_Pernambucana"/><ref>{{citar web|url=http://historiacolonial.arquivonacional.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=5233&Itemid=287|título=República de 1817|publicado=[[Arquivo Nacional (Brasil)|Arquivo Nacional]]|acessodata=20-3-2019}}</ref><ref>{{citar web|url=http://catcrd.bn.br/scripts/odwp032k.dll?t=bs&pr=manuscritos_pr&db=manuscritos&use=pn&disp=list&sort=off&ss=NEW&arg=leopoldina|título=Catálogo de Manuscritos — Autores — Leopoldina|publicado=Fundação Biblioteca Nacional|acessodata=24-3-2019}}</ref><ref>{{citar web|url=https://oglobo.globo.com/sociedade/biblioteca-nacional-abre-exposicao-sobre-revolucao-pernambucana-21316165|título=Biblioteca Nacional abre exposição sobre Revolução Pernambucana|publicado=O Globo|acessodata=24-3-2019}}</ref> O príncipe regente impôs uma repressão violenta, e desmembrou a então comarca das [[Alagoas]] do território pernambucano. Apenas na data de sua coroação, em 6 de fevereiro de 1818, Dom João ordenou o encerramento da devassa.<ref>{{citar web|url=http://www.historia.uff.br/impressoesrebeldes/?documento=instrucoes-de-dom-joao-vi-para-devassa-e-sentencas-contra-rebeldes-em-pernambuco|título=Instruções de Dom João VI para devassa e sentenças contra rebeldes em Pernambuco|publicado=UFF|acessodata=8-7-2019}}</ref><ref>{{citar web|url=https://bndigital.bn.gov.br/exposicoes/pernambuco-1817-a-revolucao/autoridades-reais/|título=Autoridades Reais|publicado=Biblioteca Nacional|acessodata=8-7-2019}}</ref><ref name="gomes">GOMES, Laurentino. 1808 - Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil. São Paulo : Editora Planeta do Brasil, 2007, p.265-73.</ref>
Dentre as suas causas, destacam-se a influência das ideias [[Iluminismo|iluministas]] propagadas pelas sociedades maçônicas, o [[absolutismo]] monárquico [[Portugal|português]] e os enormes gastos da Família Real e seu séquito recém-chegados ao Brasil — o Governo de Pernambuco era obrigado a enviar para o Rio de Janeiro grandes somas de dinheiro para custear salários, comidas, roupas e festas da Corte, o que dificultava o enfrentamento de problemas locais (como a seca ocorrida em [[1816]]) e ocasionava o atraso no pagamento dos soldados, gerando grande descontentamento no povo pernambucano e brasileiro.<ref name="Rev_Pernambucana">{{citar web |url=http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/revolucao-pernambucana-republica-em-pernambuco-durou-75-dias.htm |título=Revolução pernambucana: República em Pernambuco durou 75 dias |autor=Renato Cancian |data=31 de julho de 2005 |acessodata=1 de março de 2015}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.infoescola.com/historia/revolucao-pernambucana-de-1817/|título=Revolução Pernambucana de 1817|publicado=InfoEscola|data=|acessodata=21 de junho de 2015}}</ref>
 
FoiA oRevolução únicoPernambucana movimentocontou separatistacom dorelativo períodoapoio deinternacional: os dominação[[Estados portuguesaUnidos]], que ultrapassoudois aanos faseantes conspiratóriatinham einstalado atingiuno [[Recife]] o processoseu primeiro Consulado no Brasil e no [[Hemisfério Sul]] devido às relações comerciais com Pernambuco, se mostraram favoráveis ao movimento, bem como os revolucionárioex-oficiais de tomada[[Napoleão Bonaparte]] que pretendiam resgatar o seu líder do podercativeiro em [[Santa Helena (ilha)|Santa Helena]], levá-lo a Pernambuco e depois a [[Nova Orleans]].<ref name="Rev_Pernambucana"/><ref name="Napoleão">{{citar web|url=http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/o_resgate_de_napoleao.html |título=O resgate de Napoleão|página=|publicado=História Viva|data=|acessodata=12 de maio de 2015}}</ref><ref>{{citar web|url=https://br.usembassy.gov/pt/embaixadas-e-consulados/recife/|título=Consulado Geral dos EUA em Recife|publicado=Embaixada e Consulados dos EUA no Brasil|acessodata=24 de junho de 2016}}</ref>
 
Os revolucionários, oriundos de várias partes da colônia, tinham como objetivo principal a conquista da independência do Brasil em relação a Portugal, com a implantação de uma [[república]] [[Liberalismo|liberal]]. O movimento abalou a confiança na construção do império americano sonhado por Dom João VI, e por este motivo é considerado o precursor da [[Independência do Brasil|independência conquistada em 1822]].<ref>{{citar web|url=https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/revolucao-pernambucana-considerada-o-berco-da-democracia-brasileira-revolta-completa-200-anos.htm|título=Revolução Pernambucana - Considerada o berço da democracia brasileira, revolta completa 200 anos|publicado=UOL|acessodata=3-7-2019}}</ref>
Contou com relativo apoio internacional: os [[Estados Unidos]], que dois anos antes tinham instalado no [[Recife]] o seu primeiro Consulado no Brasil e no [[Hemisfério Sul]] devido às relações comerciais com Pernambuco, se mostraram favoráveis à revolução, bem como os ex-oficiais de [[Napoleão Bonaparte]] que pretendiam resgatar o seu líder do cativeiro em [[Santa Helena (ilha)|Santa Helena]], levá-lo a Pernambuco e depois a [[Nova Orleans]].<ref name="Napoleão"/><ref>{{citar web|url=https://br.usembassy.gov/pt/embaixadas-e-consulados/recife/|título=Consulado Geral dos EUA em Recife|publicado=Embaixada e Consulados dos EUA no Brasil|acessodata=24 de junho de 2016}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.folhape.com.br/edicaodigital/2014/setembro/24/files-2014-09-24/assets/basic-html/page29.html|título=Bicentenário|autor=Roberta Jungmann|publicado=Folha de Pernambuco|acessodata=24 de junho de 2016}}</ref>
 
==Antecedentes==
[[Imagem:Recife 1865.jpg|290px|thumb|A cidade do [[Recife]] meio século após a Revolução Pernambucana.]]
No começo do século XIX, Pernambuco era a capitania mais rica do Brasil Colônia.<ref>{{citar web|urlname=http:"Fundaj"//basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=1133:revolucao-pernambucana-de-1817-a-revolucao-dos-padres&catid=52:letra-r&Itemid=1|título=Revolução pernambucana de 1817: a “Revolução dos Padres”|publicado=Fundação Joaquim Nabuco|acessodata=16-4-2017}}</ref> [[Recife]] e [[Olinda]], as duas maiores urbes pernambucanas, tinham juntas cerca de 40 mil habitantes (o Rio de Janeiro, capital da colônia, possuía 60 mil habitantes). O [[porto do Recife]] escoava grande parte da produção de [[açúcar]] — das centenas de [[engenho]]s da [[Zona da Mata]], cujo litoral se estendia da foz do [[rio São Francisco]] até a vila de [[Goiana]] —, e de [[algodão]]. Além de sua importância econômica e política, os pernambucanos tinham participado de diversas lutas libertárias. A primeira e mais importante tinha sido a [[Insurreição Pernambucana]], em 1645. Depois, na [[Guerra dos Mascates]], foi aventada a possibilidade de proclamar a independência de Olinda.<ref name="gomes">GOMES, Laurentino. 1808 - Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil. São Paulo : Editora Planeta do Brasil, 2007, p.265-73.</ref>
 
As ideias [[Liberalismo|liberais]] que entravam noem Brasilterras brasileiras junto com os viajantes estrangeiros e por meio de livros e de outras publicações, incentivavam o sentimento de revolta entre a elite pernambucana, que participava ativamente, desde o fim do [[século XVIII]], de sociedades secretas. Em 1796, comoo asnaturalista [[Maçonaria|lojasManuel maçônicasArruda Câmara]]. Emfundou Pernambucoa as''[[Areópago principaisde foramItambé|Sociedade oSecreta [[Areópago de Itambé]]'', primeira [[Maçonaria|loja maçônica]] do Brasil, que difundiu ideias libertárias, contra a repressão colonial.<ref name="Antecedentes">{{citar web|url=https://bndigital.bn.gov.br/exposicoes/pernambuco-1817-a-revolucao/antecedentes/|título=Antecedentes - Revolução Pernambucana|publicado=Biblioteca Nacional|acessodata=8-7-2019}}</ref> Havia ainda a ''Patriotismo'', a ''Restauração'', a ''Pernambuco do Oriente'' e a ''Pernambuco do Ocidente'', que serviam como locais de discussão e difusão das "''infames ideias francesas''". Nas sociedades secretasNelas, reuniam-se intelectuais religiosos e militares, para elaborar planos para a revolução.
 
A fundação do [[Seminário de Olinda]], filiado a ideias iluministas, deve ser levada em consideração. Não é por outro motivo que o levante ficaria conhecido como "revolução dos padres", dada a participação do [[clero católico]]. [[Frei Caneca]] tornar-se-ia um símbolo disso.<ref name="Antecedentes"/>
 
Em 1801 ocorreu a [[Conspiração dos Suassunas]], cujo objetivo era constituir em Pernambuco uma república sob a proteção de [[Napoleão Bonaparte]]. Participaram os membros do Areópago e do Seminário de Olinda, com a liderança de Francisco de Paula, Luís Francisco e [[José Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque]], proprietários do Engenho Suassuna e homens de relevo econômico e social. Dois dos irmãos Suassuna foram presos e tiveram seus bens sequestrados, e o terceiro, que se encontrava em Lisboa, de onde se correspondera comprometedoramente com os dois outros, fugiu para a Inglaterra. Os irmãos estariam, supõe-se, à espera de um ataque espanhol ao Reino de Portugal, decorrente da aliança entre Paris e Madri, pelo que tentaram criar um governo de defesa da capitania — um ensaio prematuro da fórmula de emancipação adotada depois na América hispânica.<ref name="Antecedentes"/>
===Causas imediatas===
[[Imagem:Flag Pernambucan Revolt of 1817.svg|290px|thumb|A bandeira da Revolução Pernambucana de 1817 inspirou a atual [[Bandeira do estado de Pernambuco|bandeira de Pernambuco]]. As três estrelas representavam [[Pernambuco]], [[Paraíba]] e [[Rio Grande do Norte]], e outras estrelas seriam inseridas ao passo que outras capitanias do Brasil aderissem oficialmente à confederação.<ref>{{citar web|url=http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/4868406/4143423/brazoes_parte_3.pdf|título=Brasões e Bandeiras do Brasil|página=140|publicado=RJ.gov.br|acessodata=7-3-2017}}</ref>]]
 
===Causas imediatas===
 
* Presença maciça de portugueses na liderança do governo e na administração pública;
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* Influências externas com a divulgação das ideias liberais e iluministas, que estimularam as camadas populares de Pernambuco na organização do movimento de 1817;
* A crescente pressão dos abolicionistas da [[Europa]] que vinha criando restrições gradativas ao tráfico de [[escravos]], mão de obra que se tornava cada vez mais cara e que era o motor de toda a economia agrária pernambucana;<ref name="gomes" />
* O movimento queria a Independênciaindependência dedo PernambucoBrasil sob um regime republicano.
 
== O decorrer da revolução ==
 
A revolução iniciou-se com a ocupação do Recife, em [[6 de março]] de 1817. No regimento de artilharia, o capitão [[José de Barros Lima]], conhecido como "Leão Coroado", reagiu à voz de prisão e matou a golpes de espada o comandante [[Barbosa de Castro]]. Depois, na companhia de outros militares rebelados, tomou o quartel e ergueu trincheiras nas ruas vizinhas para impedir o avanço das tropas monarquistas. O governador [[Caetano Pinto de Miranda Montenegro]] refugiou-se no [[Forte do Brum]], mas, cercado, acabou se rendendo.<ref name="gomes" />
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O movimento foi liderado por [[Domingos José Martins]], com o apoio dos religiosos [[Padre João Ribeiro]], [[Padre Miguelinho]], [[Padre Roma]], [[Vigário Tenório]], [[Frei Caneca]] e mais [[Antônio Carlos de Andrada e Silva]] (irmão de [[José Bonifácio]]), José de Barros Lima, [[Domingos Teotônio Jorge]], [[Manuel Correa de Araújo]], [[Cruz Cabugá]], [[José Luiz de Mendonça]] e [[Gervásio Pires]], entre outros. Tendo conseguido dominar o Governo de Pernambuco, se apossaram do tesouro, instalaram um governo provisório e proclamaram a República.{{Imagem múltipla
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| width=220
| image1=Luís do Rêgo Barreto.png|caption1=[[Luís do Rego Barreto]], o algoz da Revolução Pernambucana.
| image2=Mapa de Alagoas, c.1903.jpg|caption2=Em punição pelo movimento, diversos revoltosos foram enforcados, arcabuzadosfuzilados e esquartejados, e a então Comarcacomarca das [[Alagoas]] (imagem), importante região açucareira, foi desmembrada de Pernambuco.
[[Imagem: | image3=Página do processo original dos réus da rebelião de Pernambuco.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|caption3=Página do processo de julgamento dos líderes da revolução, 1819. [[Arquivo Nacional (Brasil)|Arquivo Nacional]].]]
}}
 
O movimento foi liderado pelo comerciante [[Domingos José Martins]] e pelo [[Padre João Ribeiro]], com o apoio dos religiosos [[Vigário Tenório]], [[Padre Miguelinho]], [[Padre Roma]], [[Luís José Cavalcanti Lins|Vigário de Santo Antônio]], [[Frei Caneca]] e mais [[Antônio Carlos Ribeiro de Andrada Machado e Silva|Antônio Carlos de Andrada]] (irmão de [[José Bonifácio]]), José de Barros Lima, [[Domingos Teotônio Jorge]], [[Antônio Henriques Rabelo]], [[Manuel Corrêa de Araújo]], [[Cruz Cabugá]], [[José Luís de Mendonça]], [[Gervásio Pires]], [[José de Barros Falcão de Lacerda]] (que cinco anos mais tarde comandaria as tropas brasileiras na [[Batalha de Pirajá]], principal confronto da [[Independência da Bahia]]<ref>{{citar web|url=http://www.badmqgex.eb.mil.br/patio-das-batalhas/patio-das-batalhas/07-artigo-07|título=As guerras da Independência|publicado=Quartel-General do Exército|acessodata=4-7-2019}}</ref><ref name="Acioli">{{citar web|url=https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=download&id=42688|título=Memórias históricas e políticas da província da Bahia|volume=2|página=176|autor=Inácio Acioli de Cerqueira e Silva|ano=1835|publicado=Biblioteca Digital de Literaturas de Língua Portuguesa - UFSC|acessodata=4-7-2019}}</ref>), entre outros. Tendo conseguido dominar o Governo de Pernambuco, se apossaram do tesouro, instalaram um governo provisório e proclamaram a República.
Em [[29 de março]] foi convocada uma [[assembleia constituinte]], com representantes eleitos em todas as comarcas. Nela, foi estabelecida a separação entre os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário; o [[catolicismo]] foi mantido como religião oficial — porém com [[liberdade de culto]] —; foi proclamada a [[liberdade de imprensa]] (uma grande novidade no Brasil); e foram abolidos alguns [[imposto]]s. A escravidão, entretanto, foi mantida.
 
Em [[29 de março]] foi convocada uma [[assembleia constituinte]], com representantes eleitos em todas as comarcas. Nela, foi estabelecida a separação entre os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário; o [[catolicismo]] foi mantido como religião oficial — porém com [[liberdade de culto]] —; foi proclamada a [[liberdade de imprensa]] (uma grande novidade no Brasil); e foram abolidos alguns [[imposto]]s. A escravidão, entretanto, foi mantida.
 
À medida que o calor das discussões e a revolta contra a opressão portuguesa aumentavam, crescia, também, o sentimento de [[patriotismo]] dos pernambucanos, ao ponto de passarem a usar nas [[missa]]s a [[aguardente]] (em lugar do [[vinho]]) e a [[hóstia]] feita de [[mandioca]] (em lugar do [[trigo]]), como forma de marcar a sua identidade.
 
==Expansão==
AsEmissários tentativasda derevolução obterestiveram apoiono das[[Rio capitaniasde vizinhasJaneiro]] fracassaram.e Nadepois na [[Bahia]], omas emissárioas datentativas de obter apoio fracassaram. Na revoluçãoBahia, [[José Inácio Ribeiro de Abreu e Lima]], o Padre Roma, foi preso ao desembarcar e imediatamente fuzilado por ordem do governador, o [[conde dos Arcos]]. No Rio Grande do Norte, o movimento conseguiu a adesão do proprietário de um grande engenho de açúcar,português [[AndréMarcos de AlbuquerqueNoronha Maranhão]],e que depoisBrito|Marcos de prenderNoronha oe governadorBrito, [[JoséConde Ináciodos BorgesArcos]],. ocupouA [[Natal]]população ecomemorou formoua umaprisão juntacom governativa,um porémcântico: não“Bahia despertoué ocidade interesse/ daPernambuco populaçãoé egrota foi/ tiradoViva doconde poderd’Arcos em/ poucosMorra diaspatriota!”.<ref>{{citar Oweb|url=https://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cultura/noticia/2017/03/05/os-personagens-que-fizeram-a-revolucao-de-1817-272971.php|título=Os jornalistapersonagens [[Hipólitoque Joséfizeram daa Costa]] foi convidado para o cargoRevolução de [[ministro1817|publicado=Jornal plenipotenciário]]do da nova república em [[Londres]], mas recusou.Commercio|acessodata=8-7-2019}}</ref>
 
[[Imagem:Página do processo original dos réus da rebelião de Pernambuco.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|Página do processo de julgamento dos líderes da revolução, 1819. [[Arquivo Nacional (Brasil)|Arquivo Nacional]].]]
AEm tranquilidade16 dade futuramarço, Vilaocorreu Imperiala dosadesão Patosda (atual[[Paraíba]]. cidade deParticiparam [[PatosAmaro Gomes Coutinho]]), foi[[Francisco quebradaJosé pelada efervescênciaSilveira]], da[[José RevoluçãoPeregrino PernambucanaXavier de Carvalho]], que[[Padre culminariaAntônio noPereira movimentode denominadoAlbuquerque]], [[ConfederaçãoInácio doLeopoldo Equadorde Albuquerque Maranhão]], entre outros. O vigário de [[Pombal]], [[José Ferreira Nobre]], assumiu a função de propagá-la em todo o Sertãosertão da [[Paraíba]]paraibano. Como único caminho que ligava o interior ao mundo civilizado, [[Patos]] também se tornou rota dos revolucionários.<ref name="livro">{{citar livro |ultimo=Lucena |primeiro=Damião |editor-sobrenome= |editor-nome= |titulo=Patos de todos os tempos A Capital do Sertão da Paraíba |editora=A UNIÃO |data=2015 |paginas=381 e 382 |capitulo=Capítulo XI - Regimes, Revoluções e Ditaduras|isbn=978-85-8237-052-0}}</ref>
 
No [[Rio Grande do Norte]], o movimento conseguiu a adesão do proprietário de um grande engenho de açúcar, [[André de Albuquerque Maranhão]], que depois de prender o governador, [[José Inácio Borges]], ocupou [[Natal]] e formou uma junta governativa, porém não despertou o interesse da população e foi tirado do poder em poucos dias. O jornalista [[Hipólito José da Costa]] foi convidado para o cargo de [[ministro plenipotenciário]] da nova república em [[Londres]], mas recusou.
 
No [[Ceará]], [[Bárbara de Alencar]], pernambucana radicada no Cariri, e seu filho, [[Tristão Gonçalves]], aderiram ao movimento, mas foram detidos pelo Capitão-mor do Crato, [[José Pereira Filgueiras]], por ordem do governador cearense [[Manuel Inácio de Sampaio e Pina Freire]]. José Pereira Filgueiras participou mais tarde da luta pela Independência do Brasil no Maranhão e da Confederação do Equador, quando se uniu a Tristão Gonçalves contra o governo imperial, sendo considerado um de seus heróis.
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A repressão ao movimento foi sangrenta. Tropas portuguesas chefiadas por [[Luís do Rego Barreto]] avançaram pelo sertão de Pernambuco a partir do território baiano, enquanto uma força naval despachada do Rio de Janeiro bloqueou o porto do Recife. Em poucos dias 8 mil homens cercavam a capitania. No interior, a batalha decisiva foi travada na localidade de [[Ipojuca]]. Derrotados, os revolucionários tiveram de recuar em direção ao Recife. Em [[19 de maio]] as tropas entraram na cidade e a encontraram abandonada e sem defesa. O governo provisório, isolado, se rendeu no dia seguinte.
 
Nove réus foram enforcados e quatro foram arcabuzadosfuzilados. Muitos deles tiveram seus corpos mutilados depois de mortos. O Padre João Ribeiro suicidou-se, mas o seu corpo foi desenterrado, esquartejado e sua cabeça exposta em praça pública. Um episódio que emocionou até os carrascos foi o de Vigário Tenório, que foi enforcado e decepado, teve as suas mãos cortadas e o corpo arrastado pelas ruas do Recife. Outras dezenas de revoltosos morreram na prisão.<ref>{{citar web|url=http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cultura/noticia/2017/03/05/os-personagens-que-fizeram-a-revolucao-de-1817-272971.php|título=Os personagens que fizeram a Revolução de 1817|publicado=Jornal do Commercio|acessodata=27-4-2017}}</ref><ref>{{citar web|url=http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cultura/noticia/2017/03/11/revolucao-de-1817-uma-historia-ainda-pouco-ensinada-273860.php|título=Revolução de 1817, uma história ainda pouco ensinada|publicado=Jornal do Commercio|acessodata=27-4-2017}}</ref>
 
Também em retaliação, foi desmembrada de Pernambuco, com sanção de João VI de Portugal, a Comarcacomarca das [[Alagoas]], cujos proprietários rurais haviam se mantido fiéis à Coroa, e como recompensa, puderam formar uma [[Capitania de Alagoas|capitania autônoma]].<ref name="gomes" />
 
Apesar de os revolucionários terem ficado no poder menos de três meses, conseguiram abalar a confiança na construção do império americano sonhado por Dom João VI. A coroa nunca mais estaria segura de que seus súditos eram imunes à contaminação das ideias responsáveis pela subversão da antiga ordem na Europa.<ref name="gomes" />
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| image1=Domingos Martins-jose-tg.jpg|caption1=[[Domingos José Martins]], líder da Revolução Pernambucana, foi um dos treze revoltosos executados pelo [[crime de lesa-majestade]].|width1=171194
| image2=Padrejoao.jpg|caption2=O [[Padre João Ribeiro]], líder moral do movimento, suicidou-se, mas o seu corpo foi desenterrado, esquartejado e sua cabeça exposta em praça pública.|width2=331339
| image3=Frei CanecaFreicaneca.jpg|caption3=[[Frei Caneca]], que esteve no cárcere por quatro anos, foi fuzilado anos mais tarde, por ter liderado a [[Confederação do Equador]].|width3=162156
| image4=AntonioSilva, CarlosOscar RibeiroPereira deda Andrada- MachadoRetrato ede SilvaAntonio porCarlos TancredoRibeiro dode AmaralAndrada.jpg|caption4=[[Antônio Carlos Ribeiro de Andrada Machado e Silva]], irmão de [[José Bonifácio]], passou quatro anos na prisão pelo seu envolvimento na Revolução Pernambucanarevolução.|width4=200193
| image5=Bárbara de Alencar.jpg|caption5=[[Bárbara de Alencar]], primeira presa política do Brasil, é considerada uma heroína do movimento.|width5=153157
}}
 
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{{Rebeliões do Brasil Colônia}}
{{Portal3|Pernambuco|Brasil|História}}
 
{{DEFAULTSORT:Revolucao Pernambucana}}