Reino do Dongo: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Linha 59:
|hoje={{flagicon|Angola}} [[Angola]]
}}{{História de Angola}}
O '''reino do Ndongo''' (ou '''reino do Ngola''') é o nome de um [[estado]] pré-[[Colonização portuguesa da África|colonial]] [[África|africano]] na actual [[Angola]], criado pelo grupo étnico dos [[Ambundu]]. Segundo a tradição oral da civilização <nowiki>''Mbundu''</nowiki> este reino foi fundado provavelmente no século XIII.<br >.Os registos mais antigos acerca deste reino datam no fim do [[século XVIXV]] desde oos primeiros contacto clandestino com os portugueses. Ndongo foi, como [[Reino da Matamba|Matamba]], um dos vários estados vizinho do [[Reino do Kongo]] que existiram na área habitada pelos Ambundu ( pessoas falante da língua Kimbundu). A localização do reino do Ndongo era ao sul do reino do Kongo, e se estendia do Rio Dande (que corre para o mar norte do que é agora luanda) Para o Rio Bié e Kwanza, ao leste era limitado pelos reinos da Matamba e Lunda, ao sul pelos estados Ovimbundos e Kisama, e a oeste pelo Oceano Atlântico.   Ele''Ngola'' A Kiluanje (1515-56) foi fundadoo porlider umdo reipotentado cujomais títulodestacado erado “Reino” do Ndongo, sendo conhecido por ''ngolaNgola'' MussuriA Kiluanje Inene (o Grande ''Ngola''). O ''Ngola'' A Kiluanje Inene expandiu uma dinastia do que deumais origemtarde àhavia palavrade ser conhecida como o Reino de "Angola"), que então compreendia, entre outros, os terrtórios Nzele, da Ilamba, do Lumbo, do Hari, da Quissama, do Haku e do Musseke.
 
== História ==
Linha 66:
Afirma Adriano Parreira, citando B. Heintze em Historical Notes on the Kissama of Angola, que, o reino do Ndongo era limitado a norte pelo “Kongo, a leste pela Matamba, a sul pelos estados Ovimbundu e pela Kisama e a oeste pelo Oceano Atlântico. É, porém, provável que os limites ocidentais do Ndongo, no século XVI, se restringissem até à região de Massangano”. É assim que Ngola-Mussuri recebeu o título de “Ngola” ou “rei” de todo o território do Ndongo.
 
===<br />'''A colónia portuguesa de Angola ==='''
<br />
 
Paulo Dias de Novais, neto do famoso navegador Bartolomeu Dias que conseguiu transpor o Cabo das Tormentas ou da Boa Esperança, chefiou uma primeira embaixada portuguesa ao reino de Angola em 1559. 1559, uma segunda embaixada9 com o objetivo de manter contato com o soberano mbundu, a primeira de Paulo Dias de Novais. Esta teria sido enviada em resposta ao envio de uma embaixada por parte do próprio ngola, que após esperar por nove anos na ilha de São Tomé, teria conseguido chegar a Portugal e solicitado a ida de padres para levar a cristandade ao Ndongo, pois o ngola gostaria de se tornar cristão.10 D. Sebastião envia, assim, Paulo Dias de Novais com quatro padres da Companhia de Jesus a Angola, onde chegam em 1560.11 Aportaram na barra do rio Kuanza, aí permanecendo por meses apenas mandando recados ao ngola na tentativa de confirmar se este estava de fato disposto a recebê-los; Paulo Dias de Novais devia ter dúvidas quanto a isso, pois;Por isso, apenas seis meses depois, de acordo com o que escreve Antonio Mendes em carta datada de 1562, após receber resposta afirmativa do ngola que lhe mandou recado dizendo que se “seu irmão lhe mandara Christandade que elle queria ser Christão”14, é que Paulo Dias de Novais desembarca e se dirige a corte do ngola. Apesar de sua resposta afirmativa e de receber os enviados portugueses em sua corte, o soberano mbundu se recusa a aceitar o cristianismo e passa a manter Paulo Dias de Novais e os padres Francisco de Gouvea e Antonio Mendes como cativos, acusando-os de traidores. De acordo com Oliveira Pinto, Paulo Dias é libertado de forma. Nesta data, retendo ainda o Francisco Gouveia, jesuíta, até à sua morte em 1575, enviou Paulo Novais a Lisboa como seu embaixador pedindo reforços militares para vencer uma rebelião dum soba poderoso, Kiluanji Kikuango, «levantando-lhe dito socorro se conseguiria seu intento do trato e comercio e o mais que pretendia» Paulo Novais em Lisboa conseguiu de D. Sebastião, em 19 de Setembro de 1571, a capitania do Reino de Angola, à semelhança das donatarias do Brasil. O que acontece já em 1571 quando é encarregado de uma segunda embaixada a Angola, dessa vez como portador de uma “carta de doação” que o nomeia capitão donatário e governador dos Reinos de Sebaste e com a missão de “sogeitar e conquistar o Reynno dAngola”, de acordo com os termos da carta de doação, em que D. Sebastião diz: ẽcarreguey disso a Paullo Diaz de Nauais (sic) pella muyta confiança que delle tenho e pello conheçimẽto e experiençia que tem das cousas do dito Reyno, do tempo que nelle esteue por meu ẽbaixador; pello qual avendo respeito aos seruiços que o dito Paullo Diãz me tem feytos, asy no dito Reyno dAngola como em outras partes onde me serujo, em que sempre deu de sj toda boa conta e aos que espero que me faça na conquista do dito Reynno [...]20
 
De forma que, por meio desta carta o soberano português afirma estar fazendo mercê e irrevogável doação “de trinta [e] çinquo legoas de terra na costa do dito Reynno dAngola, que começará no rio Quanza e agoas vertentes a elle pera o sul e ẽtrará pella terra dentro tanto quanto poderem ẽtrar e for de minha conquista”21. Assim, ao fazer doação dos territórios mbundu em forma de capitania, o soberano português demonstra sentir-se dono desses territórios. Como nos alerta Alberto da Costa e Silva, que salienta que através deste ato a Coroa portuguesa buscava transferir à Paulo Dias de Novais “o governo e a posse de terras que não pertenciam a Portugal, mas a reis africanos”. Além disso, este trecho demonstra o desejo de expandir as áreas de influência portuguesa cada vez mais para o interior, aspecto que se configurará como um dos principais pontos de tenção das relações estabelecidas entre os mbundu e os portugueses e que levará a diversos embates. Posteriormente, D. Sebastião especifica, ainda, as terras que estariam sendo concedidas a Paulo Dias de Novais apenas em sua vida: faço doação e merçê ao dito Paulo Dias, em dias de sua vyda somente, das terras que estão do Rio Dange para o Sul até os limites do Rjo Quoanza, o qual Rio Dange pello sertão dentro vaj deuidindo o Reynno de Congo do Reynno dAngolla, e terá as ditas terras ẽ sua vida [...] e por falecimento do dito Paulo Dias ficarão as ditas terras do Rio Dange até os limites do Rio Quoanza livres a mim e a coroa de meus Reynnos, pera fazer delas o que ouuer por meu seruiço, sẽ ficarẽ nellas aos erdeiros do dito Paullo Diãz, jur[i]dição, allçada nẽ renda allguã somẽte ficarão aos dytos seus erdeiros de juro e derdade, pello modo de subçeder acima decllaraado, as allcaydaryas mores dos tres castellos que hade fazer na dita terra, [...] e sete legoas de terra cada huũ dos ditos castellos pera fora e as agoas que nellas ouuer[...].
 
Definição que demonstra um razoável conhecimento da geografia da região a sul do Congo habitada pelos mbundu por parte do soberano português e aponta para a possibilidade deste possuir interesses específicos nas diferentes partes do território mbundu. Visão que está de acordo com a afirmação da historiadora Flávia Maria de Carvalho de que durante os tempos de governo de Paulo Dias de Novais a capitania era pensada como dividida em duas partes, uma a sul e a outra a norte do rio Kuanza, esta última mais importante do ponto de vista da coroa portuguesa e que deveria ser devolvida após a morte do governador.
 
Chegou a ilha de Luanda com a segunda expedição a 11 de Fevereiro de 1575. em que rebentou o confronto directo com o Ngola. Com efeito, durante quase cinco anos o Governador e o Ngola tinham conseguido conviver num clima de paz. Pois, nela deram-se contatos, estabeleceram-se alianças e conflitos de forma bastante intensa e peculiar entre portugueses e africanos, o que pode ser exemplificado pela fundação de São Paulo de Luanda, em 1575, e pelos sucessivos conflitos que se iniciaram já no século XVI.
 
Entre as características dessa relação nesse período, para além do comércio de escravizados e de outros itens, está a tentativa do estabelecimento de contatos diplomáticos formais entre os soberanos mbundu e portugueses que levou ao envio de embaixadas portuguesas ao Ndongo. Essas embaixadas tinham o objetivo de fazer contato com os soberanos locais, melhor conhecer a região, avaliar os lucros e benefícios que esta poderia trazer a coroa e cristianizar a população mbundu. Alguns dos mais importantes acontecimentos referentes ao contato entre os portugueses e os mbundu durante o século XVI contaram com a participação do agente português Paulo Dias de Novais que foi encarregado de duas missões em Angola, a primeira em 1559 e outra em 1571, em que foi como portador de uma carta de doação que o instituía como capitão donatário e governador.
 
'''Lista dos reis do Ndongo'''
 
 
'''A Dinastia dos Ngola'''
 
''Ngola'' Mussuri (c.1358 - 1399 ) - O''Fundador lendário do reino do Ndongo.''
 
Zonda-Ya-ngola, 1399 - 1479
 
Tunda-Ya-Ngola 1479 - 1494
 
Ngola Kiluanji - 1494 -1515
 
''Ngola'' Kiluanji Inene (c. 1515 - 1556)
 
Ndambi a ''Ngola'' (1556 - c.1562)
 
''Ngola'' Kiluanji kia Ndambi (c. 1562 - c. 1575)
 
''Ngola'' Mbande Kiluanji kia Samba (c. 1575 -1592)
 
Mbande ''Ngola'' Kiluanji (1592-1617)
 
''Ngola'' Njinga Mbande (1617-1624)
 
''Ngola'' Njinga (a célebre rainha N'''''Jinga''''') Mbande (1624-1626) – depois ''Ngola'' da Matamba e da parte oriental de Ndongo (1626 -1663)
 
 
'''Reino do Ndongo sob a vassalagem de Portugal'''
 
Em 1626 os Portugueses conquistaram a parte ocidental do Ndongo, o “reino” dos ''Ngola'', passando este a ser vassalo de Portugal. Durante este período foram "reis" do Ndongo ''Dom'' Hari A Kiluanje que governou em 1626, e o ''Ngola'' Hari, que governou de 1627 a 1657.
 
Hari a Kiluanje (1626)
 
''Ngola'' Hari (1626-1657)
 
 
=== A colónia portuguesa de Angola ===
Em [[1571]], a coroa portuguesa providencia, a Dias de Novais, carta para construir uma [[colónia]] em Angola, autorizando-o a fazer conquistas na região, trazer colonos e construir [[Fortaleza (arquitetura militar)|fortes]]. <br >Dias de Novais chegou a [[Luanda]], situada então em território do Kongo, dado o acordo do rei Álvaro I do Kongo com Portugal pelo qual o Kongo recompensava Portugal pelo seu apoio na luta contra o [[Jagas|reino de Jaga]]. Incapaz de conquistar qualquer território por si mesmo, Dias de Novais fez alianças com o reino do Kongo e nómadas Imbangalas, servindo a estes como exército [[mercenário]] para conquista do território do Ndongo ou Dangolla.
{{Commons|Category:Kingdom of Ndongo}}
== Referências ==