Gueorgui Júkov: diferenças entre revisões
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=== Origens ===
Júkov nasceu no vilarejo rural de Strelkovka, no [[Império Russo]], e que atualmente é parte da [[Jukov (cidade russa)|cidade de Júkov]], no [[Distrito de Maloyaroslavetski|Distrito de Maloiaroslavetski]] do [[Oblast de Kaluga]]. Seu pai, Konstantin, nascera em 1841 e, órfão ainda na infância, fora criado por uma velha senhora, Anna Júkova. Anna morreu em 1849, obrigando Konstantin a trabalhar desde muito cedo. Ele empregou-se inicialmente em uma [[sapateiro|sapataria]] de um vilarejo vizinho, e aos onze anos partiu para [[Moscou]] para trabalhar em uma famosa fabrica de botas, Weiss.{{sfn|Zhukov|1991|loc=t. 1|p=4}} Ele se casou pela primeira vez em 1870 com Anna Ivanova, de Strelkovka, e o casal teve dois filhos, Grigori e Vassili (este último morto antes dos dois anos). Anna Ivanova morreu de [[tuberculose]] em 1892, e no mesmo ano Konstantin desposou Ustienia Artémievna,{{sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=26}} nascida em 26 de setembro de 1863 em uma aldeia próxima, Tchernaia Griaz. Filha mais velha de [[camponês|camponeses]] cuja situação beirava a [[servidão]], seus pais inicialmente não possuíam sobrenome, mas na década de 1880
Quando de seu casamento com Konstantin, em 1892, Ustienia tinha vinte e nove anos, e o noivo quarenta e um.{{sfn|Roberts|p=14|2012}} Konstantin trouxe ao par um pouco de renda, graças ao seu trabalho como sapateiro, e Ustienia possuía um pequeno lote de terra cultivável.{{sfn|Chaney|1996|p=3}} O casal adquiriu uma vaca e uma égua, que permite a Ustienia transportar mercadorias entre [[Maloiaroslavets]] e sua aldeia. O casal teve um primeiro filho em 20 de março de 1894, Maria, e dois anos depois nasceu Gueorgui, em 19 de novembro de 1896 de acordo com o [[calendário juliano]], ou em 1 de dezembro{{#tag:ref|Sobre a data de nascimento de Júkov, alguns autores afirmam que teria sido o dia 2 de dezembro do mesmo ano.|group="nota"}} de acordo com o [[calendário gregoriano]].{{sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=26}} O nome dado à criança
=== Infância e juventude ===
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Quando Gueorgui tinha doze anos, sua mãe decidiu tirá-lo da escola e mandá-lo trabalhar com seu próprio irmão, Mikhail Pilikhin, que era [[Curtume|peleteiro]] em Moscou e aceitara sobrinho como aprendiz. Assim, Júkov partiu para Moscou no outono de 1908, e lá permaneceu por quatro anos e meio. O trabalho era difícil e os aprendizes eram frequentemente agredidos pelos artesãos,{{sfn|Roberts|p=16|2012}} mas ele integrou-se bem à família de seu tio.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=38}} Com o tempo, Gueorgui tornou-se o aprendiz-chefe do curtume,{{sfn|Chaney|1996|p=7}} e faz amizade com seu primo Alexander, que tornou-se seu parceiro de leitura.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=37}}
Júkov tornou-se um peleiro profissional no final de 1912.{{sfn|Chaney|1996|p=8}}{{sfn|Roberts|p=17|2012}}
== Início da carreira militar ==
=== Primeira Guerra Mundial ===
{{Rquote|right|<small>Eu prometo, e pela presente juro perante o Deus Todo-Poderoso e sobre seus Evangelhos Sagrados, servir sincera e fielmente Sua Majestade Imperial, o supremo autocrata, obedecê-lo em todas as coisas e defender sua dinastia, sem poupar o meu corpo, até a última gota do meu sangue.</small>|<small>Juramento de lealdade do Exército Imperial Russo.{{sfn|Bascomb|2007|p=31}} </small>}}
Após a declaração de guerra do [[Império Alemão]] contra a Rússia, em 1 de agosto de 1914, o [[Nicolau II da Rússia|
Como Júkov sabia montar, ele foi posto na [[cavalaria]] e recebeu um primeiro treinamento em [[Kaluga]], na caserna do 189º Batalhão de Infantaria de Reserva.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=52}} Em setembro, após um mês de formação inicial, ele foi transferido para o 10º Regimento de Dragões de Novgorod,{{sfn|Chaney|1996|p=485}} que se encontrava estacionado perto de [[Carcóvia]]. O treinamento da cavalaria durou mais oito meses, e em março de 1916 os recrutas partiram para a frente da guerra, no contexto da preparação da [[ofensiva Brusilov]]. Júkov, contudo, foi selecionado para ser treinado como sub-oficial, e então enviado para [[Izium]].{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=57}} Após seu exame final, ele foi feito segundo sub-oficial
Em suas memórias, Júkov afirma que ele foi gradualmente influenciado pelas idéias revolucionárias que ganhavam força sob o impacto da guerra, sugerindo uma lenta conversão ao [[comunismo]].{{sfn|Roberts|p=17-18|2012}} Quanto à [[Revolução Russa de 1917]], ele registra três episódios principais. Segundo ele, em 8 de março de 1917, o primeiro dia da [[Revolução de Fevereiro]], o seu esquadrão teria se amotinado, formado um comitê de soldados, e encarcerado seus oficiais, eventos esses que alguns autores julgam pouco verossímeis.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=71-72}} De todo modo, durante o mês de março Júkov foi eleito presidente do [[soviete]] de seu esquadrão, e indicado para representá-lo junto ao soviete do regimento.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=75}} Enfim, segundo ele, a sua participação na [[Revolução de Outubro]] consistiu no fato de que o esquadrão sob sua liderança "adotou a plataforma [[bolchevique]] e se recusou a se ucranizar",{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=76}}{{Sfn|Chaney|1996|p=485}} obrigando-o a se esconder dos nacionalistas ucranianos que apoiavam [[Symon Petliura]].{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=77}} No contexto da desintegração do exército russo (iniciada em 10 de novembro) e da proclamação da independência da [[Ucrânia]] (20 de novembro), Júkov retornou a Moscou em 30 de novembro de 1917, mas, em vista da [[Fome russa de 1921|fome]] que assolava a capital russa, em janeiro de 1918 ele retornou à casa de seus pais em Strelkovka.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=85}}
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{{Rquote|right|<small>Eu, filho do povo trabalhador, cidadão da República Soviética, tomo o título de soldado do exército operário-camponês. [...] Eu me comprometo a agir ao primeiro chamado do governo dos camponeses e dos trabalhadores, para defender a república soviética contra todas as ameaças e ataques de seus inimigos, pela causa do socialismo e da irmandade das nações, e eu juro não poupar nessa luta nem minha força nem minha vida [...].</small>|<small>Juramento de lealdade do Exército Vermelho, em 1918.</small>{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=89}}}}
Iniciada a [[Guerra Civil Russa]], em janeiro de 1918 Júkov decide se juntar à [[Guardas Vermelhos|Guarda Vermelha]].{{Sfn|Zhukov|1991|p=34|loc=t. 1}}
Em 1º de março de 1919 Júkov foi aceito como membro do [[Partido Comunista da União Soviética]],{{Sfn|Chaney|1996|p=485}} o que lhe ajudaria em sua carreira militar. Em 17 de maio, sua divisão foi reagrupada e enviada para [[Ierchov]], posta à disposição do comandante [[Mikhail Frunze]] para combater o [[Exército Branco]] do almirante [[Aleksandr Kolchak|Aleksandr Koltchak]].{{sfn|Roberts|p=23|2012}} Seu regimento avançou primeiro para o [[Distrito Ostrovski]], onde combateu até julho,{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=102-103}} e depois foi enviado para o sul, para combater a ala direita das tropas do general [[Anton Ivanovich Denikin|Anton Ivanovitch Denikin]], comandadas por [[Pyotr Nikolayevich Wrangel|Piotr Wrangel]], que em junho conquistara [[Tsaritsyno (distrito)|Tsaritsino]].{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=103}}{{Sfn|Zubov|2009|p=746}}
Em 12 de outubro de 1919 o 4º Regimento da Divisão de Cavalaria Moscou foi transferido para [[Akhtúbinsk|Vladimirovka]], e em 26 de outubro ele enfrentou os [[cossacos]] e [[calmucos]] do 1º Regimento de Kuban do Exército Branco. Durante a batalha que se seguiu, uma granada explodiu sob o ventre do cavalo de Júkov, que teve sua perna e lado esquerdo feridos por estilhaços. Desmontado e isolado, ele foi salvo pelo [[comissário político]] Anton Ianin, que o levou de [[telega]] para [[Saratov]]. Júkov passou um mês no hospital dessa cidade,{{sfn|Roberts|p=23|2012}} e, mais uma vez afetado pelo tifo, convalesceu por um mês na casa de seus pais.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=104-105}}{{sfn|Zhukov|1991|loc=t. 1|p=52}} Em dezembro de 1919, ele foi selecionado pela célula comunista de sua divisão para realizar o treinamento de oficiais de cavalaria, e enviado para Starojilovo, perto de [[Riazan]].{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=104-105}}[[Ficheiro:Г.К. Жуков с женой Александрой Диевной. 1920-е годы.jpg|miniaturadaimagem|307x307px|Júkov e sua primeira esposa, Alexandra Dievna (década de 1920).|alt=]]Em meados de julho, os aspirantes foram agrupados com seus colegas das escolas de infantaria de Moscou e de Tver, para formar uma brigada mista destinada a combater. Em agosto de 1920, sua brigada foi enviada para [[Kuban]] com a missão de controlar a região, e Júkov serviu como adjunto de um comandante de companhia. Em suas memórias, Júkov evoca operações contra as "gangues de Fostikov e Krijanovski" e também discussões políticas com os agricultores, um trabalho de propaganda que foi acompanhado do conserto de celeiros, cabanas e poços, e de outros trabalho de reabilitação executados pelos militares na região. Mas sua realidade foi provavelmente mais violenta, pois os [[cossacos de Kuban]] sofreram uma severa repressão anti-[[kulak|culaque]] por terem apoiado o Exército Branco: entre trezentos e quinhentos mil cossacos foram executados ou deportados entre 1919 e 1921, de um total de aproximadamente 4,5 milhões.{{Sfn|Zubov|2009|p=746}}
No final de 1920, por proposta do comandante Anton Ianin (o mesmo que lhe salvara a vida em Vladimirovka), Júkov foi nomeado comandante de um pelotão{{#tag:ref|Em russo: Комвзвода.|group="nota"}} e depois líder de esquadrão{{#tag:ref|Em russo: Комэск.|group="nota"}}, no 1º Regimento de Cavalaria da 14ª Brigada, ligado à 14ª Divisão de Infantaria do 9º Exército em [[Krasnodar|Iekaterinodar]].{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=107-108}} Em dezembro, o esquadrão de Júkov participou da caça ao [[Exército Verde]] de Ivan Kolesnikov,
Em 26 de fevereiro de 1921, Kolesnikov
== Período entreguerras ==
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