Gueorgui Júkov: diferenças entre revisões

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As derrotas do verão de 1941, durante a [[Operação Barbarossa|invasão da URSS]] pela [[Alemanha Nazi|Alemanha Nazista]], levaram Stalin a envia-lo às frentes mais sensíveis da guerra, na condição de representante da [[Stavka]]. Júkov assumiu então um papel-chave na [[Frente Oriental (Segunda Guerra Mundial)|Frente da Europa Oriental]], coordenando as tropas de seu país em várias grandes operações militares, primeiro na defesa e em seguida na contra-ofensiva soviéticas. Em particular, Júkov desempenhou um papel importante no início do [[Cerco a Leninegrado|cerco a Leningrado]], foi diretamente responsável pelo sucesso soviético na [[Batalha de Moscovo|batalha de Moscou]], preparou a [[Batalha de Stalingrado|contra-ofensiva em Stalingrado]], coordenou a parte norte da [[batalha de Kursk]], foi co-responsável pela recuperação da [[Ucrânia]] e controlou a metade sul da [[Operação Bagration]]. Nomeado comandante da principal frente soviética na guerra, Júkov liderou a ação decisiva da [[Ofensiva no Vistula–Oder|ofensiva no Vístula-Oder,]] e na sequência comandou as tropas soviéticas na [[Batalha de Berlim|conquista de Berlim]]. Diante dele, em [[Dia da Vitória na Europa|8 de maio de 1945]] o [[Oberkommando der Wehrmacht|Alto comando das Forças Armadas Alemãs]] assinou o [[Instrumento de rendição alemã|instrumento de rendição de seu país]], [[Fim da Segunda Guerra Mundial na Europa#Rendição das forças alemãs por Jodl e Keitel|pondo fim à guerra na Europa]].
 
Feito [[marechal da União Soviética]] em 1943 e gozando de imenso prestígio em seu país, Stalin, desconfiando de sua popularidade, demitiu-o de seus postos em 1946 e ostracizou-o. A morte de Stalin em 1953 permitiu a Júkov retornar à cena política, e ele ajudou a parar a tomada de poder de [[Lavrentiy Beria|Lavrenti Beria]]. JúkovEle tornou-se então vice-ministro (1953-1955) e ministro da Defesa (1955-1957), e membro do [[Politburo]] (1957), apoiando [[Nikita Khrushchov]] durante a [[desestalinização]]. Este, contudo, igualmente temeroso de seu prestígio, afastou-o definitivamente de seus cargos em 1957. Indignado com o papel a que fora relegado na versão da história da Segunda Guerra Mundial defundidadifundida pelo governo soviético, a partir de 1963 Júkov passou a escrever suas memórias. Repreendido, Júkovele viu novamente sua sorte mudar com a ascensão de [[Leonid Brejnev]]. Suas memórias, publicadas em abril de 1969, tornaram-se um sucesso imediato, e permanecem "o mais influente relato pessoal da Grande Guerra Patriótica". Pai de quatro filhas e casado duas vezes, Júkov faleceu poucos anos depois. Seu funeral com honras militares foi dirigido pessoalmente por Brejnev, e suas cinzas encontram-se depositadas na [[Necrópole da Muralha do Kremlin]].
 
Por vezes brutal na liderança de suas tropas, e por ter contribuído decisivamente para defender o regime soviético durante a guerra, G. K. Júkov é por vezes alcunhado o "General de Stalin" e a "Sombra de Stalin". Contudo, ainda em vida ele recebeu as mais altas honrarias da União Soviética e dos outros [[Aliados da Segunda Guerra Mundial|países Aliados]], dentre as quais quatro medalhas de [[Herói da União Soviética]], a insígnia de Chefe-Comandante da [[Legião do Mérito]], a Grã-Cruz da [[Legion d'Honneur|Legião de Honra]] e a Grã-Cruz da [[Ordem do Banho]]. Além disso, seu papel na Segunda Guerra Mundial tem levado historiadores a descrevê-lo como o principal responsável na derrota da Alemanha nazista, e por vezes como "o homem que derrotou Hitler".
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Desde o verão de 1940, o [[Pacto Molotov-Ribbentrop]] foi marcado por tensões diplomáticas. Além de atritos relacionados à [[Finlândia]], a [[Alemanha Nazi]] colocara sob sua tutela a [[Reino da Hungria (1920-1946)|Hungria]], a [[Eslováquia]] e a Romênia, e seu comportamento nos [[Bálcãs]] era fonte de crescente preocupação. Embora os soviéticos não tivessem provas disso, [[Adolf Hitler]] havia encarregado o general [[Erich Marcks]] de elaborar planos tendo como objetivo tático a [[Linha A-A]] (o chamado Plano Marcks, um antecedente da [[Operação Barbarossa]]).{{Sfn|Kay|2006|p=31}}
 
Nesse contexto perturbador, em 23 de dezembro de 1940 os principais generais soviéticos e o Politburo se reuniram em Moscou. Júkov falou em 25 de dezembro, palestrando sobre "o caráter das operações ofensivas modernas", tema de um relatório que ele escrevera com [[Hovhannes Bagramyan|Hovhannes Bagramian]] e [[Maksim Purkaiev]].{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=277-278}} A reunião terminou com duas simulações de ataque alemão à URSS. A primeira, de 2 a 6 de janeiro de 1941, teve Júkov à frente do time azul (os alemães) e [[Dmitry Pavlov|Dmitri Pavlov]] comandando a equipe vermelha (os soviéticos), assistido em particular por [[Ivan Konev]]. A segunda simulação aconteceu de 8 a 11 de janeiro, invertendo-se os papéis. Timoshenko, Budionni, Meretskov, Kulik, Golikov, Chápochnikov e [[Nikolai Vatutin]] foram os árbitros. Esses exercícios terminam no primeiro caso com a vantagem dos azuis, e no segundo caso com uma vitória mais clara dos vermelhos.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=282-283}} Para além de seus resultados, as análises desses exercícios fornecem aos líderes soviéticos informações valiosas: eles poderiam manter um grande número de unidades ao longo da fronteira (na [[Linha Molotov]]), sem perigo delas serem cercadas; o deslocamento e o posicionamento de tropas, de ambos os lados, levariam vários dias para serem completados; um ataque alemão se concentraria ao sul dos [[pântanos de Pinsk]]; e uma forte contra-ofensiva, partindo da Ucrânia ocidental em direção ao sul da Polônia, daria a vitória aos soviéticos.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=283-285}}[[Ficheiro:Georgy Zhukov 7.jpg|miniaturadaimagem|250x250px|Júkov enquanto Chefe do Estado-Maior General do Exército Vermelho (1941).]]
Em 13 de janeiro de 1941, Stalin nomeou Júkov chefe do Estado-Maior General do Exército Vermelho,{{sfn|Le Tissier|1996|p=6}} apesar de sua falta de experiência nesse posto.{{Sfn|Bering|2012}} Em 1 de fevereiro, ele tomou posse em Moscou, tornando-se membro do Comitê Central e o segundo homem do país em assuntos militares,{{Sfn|Chaney|1996|p=486}} abaixo apenas do Comissário de Defesa Timoshenko. Durante cinco meses, ele e Júkov trabalharam na atualização do "plano de implantação estratégica" MP-41, prevendo a estratégia militar soviética até 1942. Apresentado em 11 de março de 1941, ele previa a possibilidade de mobilização de até de 8,7 milhões de homens (trezentas divisões e, teoricamente, 33 corpos mecanizados) durante o período.{{sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=292-292}}
 
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{{Artigo principal|Cerco a Leninegrado}}
[[Ficheiro:RIAN archive 2410 Marshal Zhukov speaking.jpg|miniaturadaimagem|242x242px|Júkov fala aos membros do Politburo, em setembro de 1941.]]
Durante a reunião de 29 de julho de 1941 com Stalin, na presença de Mékhlis e [[Lavrentiy Beria|Lavrenti Beria]], Júkov expôs seus novos planos, que embora militarmente sólidos, previam um alto custo político: abandonar Kiev aos alemães.{{sfn|Stahel|2009|p=362-363}}{{sfn|Le Tissier|1996|p=7}} Enfurecido, Stalin acusou-o de "falar bobagem", e Júkov demitiu-se e pediu para ser enviado ao ''front''.{{sfn|Zhukov|1991|loc=t. 1|p=328}}{{sfn|Stahel|2009|p=363}} Assim, em 30 de julho Chápochnikov assumiu o posto de Chefe do Estado-Maior, enquanto Júkov foi rebaixado a comandante de uma frente, embora mantendo seu lugar na Stavka.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=359-362}} Júkov deixou Moscou em 31 de julho, a fim de se juntar à equipe da [[Frente da Reserva]], que se encontrava estacionada perto de [[Gagarin (cidade)|Gjatsk]]. Júkov encontrou uma situação adversa, para além do conflito armado que se desenrolava. Seu ''politruk'' era [[Sergei Kruglov]], um amigo próximo de [[Lavrentiy Beria|Lavrenti Beria]], e suas unidades, compostas de conscritos, não possuíam oficiais qualificados ou equipamentos decentes. Sua missão era retomar [[Yelnya|Ielnia]], que estava no centro de um bolsão alemão: seu antecessor não conseguira retomar a cidade, daí a sua substituição. No comando do 24.º Exército, a 120 quilômetros de Gjatsk,{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=369}} de 2 a 6 de agosto Júkov relançou-o em ataque contra o saliente. Inicialmente sem sucesso, ele persistiu, ameaçando executar os oficiais que não cumprissem suas missões.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=372}} Depois de uma pausa para reforçar suas provisões, o ataque recomeçou em 30 de agosto. Eventualmente as tropas de Júkov conquistaram uma importante vitória, e os alemães do [[XX Corpo de Exército (Alemanha)|20.º Corpo de Exército]] abandonaram Ielnia a partir de 2 setembro.{{sfn|Stahel|2009|p=362-363}}{{sfn|Roberts|p=130-133|2012}}
Júkov deixou Moscou em 31 de julho, a fim de se juntar à equipe da [[Frente da Reserva]], que se encontrava estacionada perto de [[Gagarin (cidade)|Gjatsk]]. Júkov encontrou uma situação adversa, para além do conflito armado que se desenrolava. Seu ''politruk'' era [[Sergei Kruglov]], um amigo próximo de Beria, e suas unidades, compostas de conscritos, não possuíam oficiais qualificados ou equipamentos decentes. Sua missão era retomar [[Yelnya|Ielnia]], que estava no centro de um bolsão alemão: seu antecessor não conseguira retomar a cidade, daí a sua substituição. No comando do 24.º Exército, a 120 quilômetros de Gjatsk,{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=369}} de 2 a 6 de agosto Júkov relançou-o em ataque contra o saliente. Inicialmente sem sucesso, ele persistiu, ameaçando executar os oficiais que não cumprissem suas missões.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=372}} Depois de uma pausa para reforçar suas provisões, o ataque recomeçou em 30 de agosto. Eventualmente as tropas de Júkov conquistaram uma importante vitória, e os alemães do [[XX Corpo de Exército (Alemanha)|20.º Corpo de Exército]] abandonaram Ielnia a partir de 2 setembro.{{sfn|Stahel|2009|p=362-363}}{{sfn|Roberts|p=130-133|2012}}
[[Ficheiro:Zhukov in October 1941.jpg|miniaturadaimagem|250x250px|Júkov em outubro de 1941, durante o [[Cerco a Leninegrado|cerco a Leningrado]]. Esta foto foi publicada no jornal ''Krasnaia Zvezda'', por ordem direta de [[Josef Stalin|Stalin]].|esquerda]]
Essa vitória foi amplamente utilizada como propaganda, com o objetivo de levantar o moral das tropas e da população soviéticas.{{Sfn|Werth|1964|p=430}} Quatro unidades envolvidas no confronto foram rebatizadas: as 100.ª, 127.ª, 153.ª e 161.ª divisões de fuzileiros tornam-se respectivamente a 1.ª, 2.ª, 3.ª e 4.ª Divisão de Fuzileiros "[[Unidades da Guarda|da Guarda]]", as primeiras tropas de elite desse tipo.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=375}}
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=== Rjev (1942) ===
[[Ficheiro:Rzhev salient 1941-1942.JPG|miniaturadaimagem|Mapa das operações de dezembro de 1941 a fevereiro de 1942: a contra-ofensiva liderada por Júkov recuperou [[Moscovo|Moscou]] mas perdeu fôlego antes de chegar a [[Rjev]] e [[Viazma]].|250x250px]]Em 7 de janeiro de 1942, uma reunião no Kremlin entre Júkov, Stalin e Aleksandr Vassilevski,{{#tag:ref|Desde que [[Borís Chápochnikov]], doente, é evacuado em 15 de outubro de 1941, na prática Vassilievski dirige o que resta do Estado-Maior em Moscou.|group="nota"}} definedefiniu novos objetivos para os nove exércitos da Frente Ocidental: sua ala direita (1.º de Choque, 20.º e 16.º exércitos) deve participarparticipariq da destruição do saliente de Rjev; o centro (cinco exércitos) deve tomartomaria Gjatsk, [[Iukhnov]] e Viazma; a ala esquerda (10.º Exército e o 1.º Corpo de Cavalaria comandado por Belov) deve fazerfazeria uma incursão na retaguarda alemã e juntar-se juntaria ao 11.º Corpo de Cavalaria (em Kalinin), cercando o Grupo de Exércitos Centro nazista. Em 10 de janeiro, a Carta Diretriz da Stavka n.º 3 "sobre as ações de grupos de choque e a organização de ofensivas de artilharia" ordenaordenou todas as frentes soviéticas a atacarem rumo ao oeste.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=471}} No mesmo dia, Júkov, instalado com sua equipe em Obninsk, reenviou ao ataque a sua Frente Ocidental e a Frente de Kalínin: elas avançaram por meio de assaltos frontais, mas não conseguiram tomar Rjev, Viazma e Iukhnov. Nos dias 3 e 4 de fevereiro, a situação mudou: o [[9.º Exército (Alemanha)|9.º Exército alemão]] cercou um exército da Frente de Kalínin; o [[4.º Exército (Alemanha)|4.º Exército alemão]] fez o mesmo com o 33.º Exército soviético e o 1.º Corpo de Cavalaria da Guarda.{{sfn|Chaney|1996|p=198-199}} Júkov tentou socorrer essas tropas, mas a Stavka lhe atribui objetivos nas regiões do [[Rio Desna|Desna]] e do Dniepre, incluindo uma série de ataques frontais compostos por ondas de infantaria. Embora as tropas de Belov tenham escapado, os soldados dado 33.ªº foram esmagados perto do [[rio Ugrá]].{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=481-483}}
 
Em meados de abril o derretimento da neve interrompeu a luta, que já vinha ocorrendo em um mar de lama. Quando o solo estámostou-se mais seco, a Stavka ordena uma série de ofensivas. Na Ucrânia, a liderança das frentes Sul e Sudoeste (Timoshenko, com Bagramian como chefe de gabinete e Khrushchov como comissário político) lançou um ataque perto da Carcóvia, no dia 12 de maio. Apesar de um início promissor, no dia 15 a ofensiva foi detida por amplos bombardeios dos alemães, que na sequência contra-atacam durante a [[Segunda Batalha de Carcóvia]]. Esta, transformou-se em desastre para os soviéticos, que perderam 22 divisões.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=487}}
 
Em 28 de junho, os alemães retomaram a iniciativa, e a metade sul de suas forças avançou para o [[rio Don]], [[Volgogrado|Stalingrado]] e [[Baku]]. Para frear a metade norte das forças alemãs, a Stavka{{#tag:ref|Vassilevski fora nomeado Chefe do Estado-Maior Geral, substituindo Chápochnikov, em 26 de junho de 1942.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=492}}|group="nota"}} instrui outras frentes a atacar. Para a Frente Ocidental de Júkov, o primeiro alvo é [[Oriol]], entre 5 e 14 de julho. O ataque falha, por falta de coordenação entre os ramos das forças armadas. O segundo ataque, parte da Operação Pogoreloé-Gorodishche, ocorre a partir de 4 agosto e é novamente direcionado a Rjev e à vizinha Sichiovka. Ele é completadofoicompletado por um ataque mais a sul, objetivando retomar Gjatsk e Viazma, mas ambos fracassamfracassaram.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=499-500}}
 
=== Stalingrado (1942) ===
{{Artigo principal|Batalha de Stalingrado}}Em 27 de agosto de 1942, StalinJúkov nomeoufoi Júkovnomeado Vice-Comandante Supremo. Essa nova promoção foi movida pelos fracassos da estratégia de Stalin, que previra um novo ataque a Moscou, quando Júkov vinha lhe alertando que o ataque ocorreria mais ao sul.{{sfn|Le Tissier|1996|p=8}}. Assim, Júkov se tornatornou "o principal conselheiro e o homem de ação de Stalin".{{sfn|Roberts|p=164|2012}}
[[Ficheiro:Operation Uranus.svg|esquerda|miniaturadaimagem|Mapa da [[Operação Urano]]: as forças comandadas por Júkov cercaram o [[6.º Exército (Alemanha)|6.º Exército]] alemão, os [[Exércitos romenos na Batalha de Estalinegrado|3.º e 4.º exércitos romenos]], e parte do [[4.º Exército Panzer (Alemanha)|4.º Exército Panzer]] alemão.|253x253px]]
Júkov recebeu assim a autoridade para articular as diferentes frentes da guerra,{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=503-504}} incluindo a [[Frente de Stalingrado]], que desde o mês anterior se engajaralutava na [[Batalha de Stalingrado]].{{sfn|Roberts|p=164|2012}} Os alemães haviam capturado cerca de noventa por centro da cidade,{{Sfn|Bering|2012}} e Stalin ordenou a Júkov organizar um ataque ao norte da cidade, entre o Don e o [[Rio Volga|Volga]], no intuito de quebrar o cerco. Em 3 de setembro, Júkov atacou com o 1.º Exército da Guarda, mas o ataque resultou em uma derrota sangrenta. Stalin comandou um novo ataque, e o massacre se repeterepetiu quase todos os dias de 4 a 12 de setembro, com o 1.º Exército, logo apoiado pelos 24.º e 66.º exércitos, conseguindo ao menos interromper o avanço do [[XIV Corpo Panzer (Alemanha)|XIV Corpo Panzer]] rumo ao norte de Stalingrado.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=506-509}}
 
No dia 12 de setembro, Júkov foi chamado de volta a Moscou. De acordo com as suas memórias, ele e Vassilevski propuseram a Stalin a idéia de um grande cerco, no que viria a constituir a [[Operação Urano]].{{sfn|Roberts|p=5, 167|2012}}{{#tag:ref|A sua autoria também é reivindicada pelo Escritório de Operações do Estado-Maior Geral desde a época de Stalin; e por [[Sergei Chtemenko]]{{Sfn|Shtemenko|1971|p=430}}, em 1971, e Andrei Ieremenko{{Sfn|Eremenko|1963|p=48}} em suas memórias, publicadas em 1963 (ambos em um contexto de difamação de Júkov).|group="nota"}} A idéia consistia em reunir longe dos flancos inimigos as forças necessárias, e em seguida forçar o [[6.º Exército (Alemanha)|6.º Exército alemão]], comandado por [[Friedrich Paulus]], em uma luta urbana contra o [[62.º Exército da União Soviética|62.º Exército soviético]], comandado por [[Vassili Chuikov]] e que vinha sendo regularmente renovado. Assim, as forças posicionadas longe de Stalingrado poderiam atacar os flancos alemães, tirando vantagem da fraca preparação do exército germânico para o inverno russo e da fragilidade das tropas romenas que protegiam os flancos alemães, desprovidas do equipamento necessário para deter os blindados soviéticos.{{sfn|Zhukov|1991|loc=t. 2|p=71-72}}
 
Para isso, seriam necessárias seis semanas de preparativos. Entre o final de setembro e o início de outubro foi criada uma nova Frente Sudoeste, que é confiada a Vatutin; a Frente de Stalingrado se torna a [[Frente do Don]], chefiada por Rokossovski; a Frente do Sudeste se torna a nova Frente de Stalingrado, sob o comando de Ieremenko; e a integração entre o conjunto de operações soviéticas foi amplamente reforçada. Em 6 de outubro, os três líderes da linha de frente são informados. Júkov examinou o terreno em torno [[Serafimovich]], inspecionou as frentes do Sudoeste e do Don e repassou os planos de ataque com os comandantes locais, enquanto Vassilevski fazia o mesmo com a Frente de Stalingrado.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=516-519}} A operação foi adiada duas vezes por Júkov, e enfim lançada em 19 de novembro. As posições do [[Exércitos romenos na Batalha de Estalinegrado|3.º Exército romeno]], comandado pelo general [[Petre Dumitrescu]], foram descobertas imediatamente. A operação levou a uma decisiva vitória soviética, e no dia 23 os dois flancos da ofensiva se reencontram em [[Kalach-na-Donu]], completando o cerco de 290 mil tropas alemãs.{{Sfn|Bering|2012}}{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=520}}
 
=== Operação Marte (1942) ===
{{Artigo principal|Operação Marte (Batalha de Estalinegrado)}}Na noite do dia 19 de novembro de 1942, Júkov deslocou-se para [[Torópets]], no posto de comando da Frente de Kalínin, controlada por Purkaiev, e em seguida partiu para a Frente Ocidental, reunindo-se com Konev.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=521}} Ao mesmo tempo em que planejava a contra-ofensiva na região do Don, ele convencera Stalin a deixá-lo liderar uma grande ofensiva em Moscou, utilizando as tropas dessas duas frentes, que sãoeram as mais poderosas do Exército Vermelho. Vassilevski foi encarregado de executar a Operação Urano, que, avançando até [[Rostov-sobre-o-Don]], daria lugar à [[Operação Saturno]]. Júkov reservou-se primeiro a execução da [[Operação Marte (Batalha de Estalinegrado)|Operação Marte]], que consistia em cercar o saliente de Rjev, e em seguida a execução da Operação Júpiter, que deve chegar a Smolensk. Quatro grandes operações foram assim preparadas, cada uma prevendo um cerco.{{Sfn|Glantz|2005|p=}}
[[Ficheiro:RIAN archive 602161 Center of Stalingrad after liberation.jpg|miniaturadaimagem|Centro de [[Stalingrado]] em fevereiro de 1943, pouco após sua liberação. A [[Batalha de Stalingrado]] foi o maior conflito da [[Segunda Guerra Mundial]], e a cidade foi grandemente arrasada.|250x250px]]
A chuva levou a um adiamento da Operação Marte, de 12 para 28 de outubro. Quatro exércitos (o 20.º no leste, o 39.º no norte, e 41.º e 22.º no oeste) foram encarregados de furarpenetrar a linha de defesa inimiga, seguidos por três corpos de blindados e um corpo de cavalaria. O efetivo soviético era três vezes maior que o de seu alvo, o 9.º Exército alemão do general [[Walter Model]] (15 divisões de infantaria, cinco divisões [[Panzer]] e uma de cavalaria) e três divisões de blindados do Grupo de Exércitos Centro. A terceira batalha por Rjev, apelidada "viagem de inverno" pelos alemães{{Sfn|Kageneck|2002|p=155}} e "moedor de carne de Rjev" pelos soviéticos, começou em 25 de novembro, sob a neve e a -10 °C. Os exércitos soviéticos avançam lentamente por quatro dias, e sua progressão foi interrompida pela chegada de reservas alemãs; os alemães contra-atacaram, isolando e em seguida destruindo dois corpos soviéticos. Confiante, Júkov persistiu, lançando outros três exércitos ao ataque, e depois um ataque geral. Apesar de submeter suas tropas a uma situação atroz,{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=525-527}} o massacre durou até 20 de dezembro e não resultou em progresso. Enquanto Vassilevski obteve uma vitória pouco custosa em Stalingrado, as tropas de Júkov sofreram pesadas baixas, contabilizando cerca de cem mil mortos, 230 mil feridos e doentes e 1,6 mil blindados destruídos.{{Sfn|Glantz|2005}}
 
Júkov menciona esses combates em suas memórias, dedicando-lhes três páginas e meia (contra vinte páginas para a Operação Urano). Nelas, ele culpa Konev pela derrota e apresenta as batalhas como um elaborado ardil para impedir os alemães de fortalecerem sua posição em Stalingrado.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=521}} De fato, em 29 de dezembro de 1942 Júkov retornou a Moscou e foi recebido por Stalin, que não o censurou, convencido de que Marte havia servido a Urano ao imobilizar parte das forças alemãs. Nesse mesmo mês, ele estampa pela primeira vez a capa da revista [[Time (revista)|Time]], que anuncia:
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=== Ofensivas de inverno (1943) ===
{{Artigo principal|Terceira batalha de Carcóvia}}[[Ficheiro:Маршал Г.К. Жуков и А.Е. Голованов. Брянский фронт, Июль 1943 год.jpg|miniaturadaimagem|241x241px|Júkov na [[Frente de Briansk]] (1943).]]Em 2 de janeiro de 1943, Júkov chegou ao comando da [[Frente de Voronej]], comandada por seu adversário Golikov, para preparar a [[Ofensiva Ostrogojsk–Rossochansk]].{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=533}} O ataque começou no dia 12, fazendo recuar o 2.º Exército húngaro e o [[Alpini|Corpo Alpino italiano]]. Ele continuou com a [[Operação Voronej-Kastornoie]], que permitiria aos soviéticos retomar [[Kursk]].
 
Em 10 de janeiro, Júkov se juntou a Vorochilov na supervisão da [[Operação Iskra]]. JúkovLá, ele coordenou as ações das frentes de Leningrado e Volkhov, e, após uma intensa preparação de artilharia, no dia 12, a -23 °C, as duas frentesambas atacam o corredor de [[Shlisselburg]] por lados opostos. A junção das duas frentes ocorreu após cinco dias, mas os alemães se entrincheiraram na altura de [[Siniávino]]. Júkov exerceu forte pressão sobre suas tropas, sobretudo sobre a liderança da 136.ª Divisão, exigindo um ataque definitivo, mesmo que a um alto custo.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=537}} A vitória veio, e o cerco a Leningrado foi suspenso depois de 506 dias. Como recompensa, em 18 de janeiro Stalin elevou Júkov ao posto de [[Marechal da União Soviética]], e um mês depois o condecorou com a [[Ordem de Suvorov]].{{sfn|Le Tissier|1996|p=8}} Em ambos os casos, Júkov foi o primeiro a ser honrado desde o início da guerra.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=537-538}}
 
A fim de liberar completamente Leningrado, os soviéticos planejaram uma grande ofensiva mais ao sul, que tomaria a forma da [[Operação Estrela Polar]], buscando cercar todo o [[Grupo de Exércitos Norte]] alemão. OsEssa planoofensiva, que consistiria na [[Operação Estrela Polar]], previa primeiro que as frentes de Leningrado e Volkhov fariam um desvio em direção a [[Mga]], e que parte da Frente do Noroeste atacaria o [[Bolsão de Demiansk]], encurralando seis divisões alemãs. Em seguida, o 1.º Exército de Choque abriria uma brecha, permitindo ao 1.º Exército de Tanques (liderado por [[Mikhail Katukov]]) e ao 68.º Exército (de [[Fiódor Tolbúkhin]]) penetrar e seguir até [[Narva]] e Pskov. Júkov foi encarregado de coordenar as diferentes equipes. O ataque começou em 10 de fevereiro, mas foi pouco efetivo, pois de um lado os alemães haviam evacuado o saliente de Demiansk quatro dias antes do ataque, e detambém outroporque o 68.º Exército atolou na lama e não pôde ser utilizado. StalinPor ordenoufim, oStalin fimencerrou daa operação no dia 7 de março, enviando o 1.º Exército de Tanques para outro lugar.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=549-551}}
 
Mais ao sul, desde 24 janeiro Vassilevski coordenou a ofensiva geral lançada do [[Rio Donets|Donets]] ao Dniepre, liderada pelas frentes de Voronej (comandada por Golikov), Sudoeste (comandada por Vatutin) e Sul (comandada por [[Rodion Malinovsky|Rodion Malinovski]]). Mas os alemães do [[Grupo de Exércitos Don]] (comandado pelo então Marechal-de-campo von Manstein) primeiro bateram em retirada e depois contra-atacaram, a partir de 19 de fevereiro, contra-atacaram, destroçando os corpos mecanizados soviéticos que se encontravam dispersados.{{Sfn|Manstein|2017|p=467}}
 
Em 13 de março, Stalin informou Júkov que o estava enviando para Carcóvia. Chegando no local, cruzando as tropas em retirada, o carro de Júkov foi alvejado. Isso lhe retiraretirou de cena, e Carcóvia e [[Belgorod]] sãoforam reocupadas pelos alemães em 18 de março. Na sequência, Júkov buscabuscou restaurar a ordem junto ao comando da Frente de Voronej, oprimidodesestabilizado pela situação. Ele pedepediu e receberecebeu permissão de Moscou para substituir Golikov (substituído por Vatutin em 21 de março) e Vassilevski (substituído no dia 22), enfim restabelecendo o moral das tropas da região.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=553-555}}
 
=== Kursk (1943) ===
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A partir de informações provenientes do Diretorado Principal de Inteligência (GRU){{#tag:ref|Em russo: Гла́вное разве́дывательное управле́ние, abrevido ГРУ (GRU).|group="nota"}} e de [[Ultra]], os soviéticos anteciparam um ataque iminente a ser lançado pelas unidades mecanizadas alemãs na região. Esse ataque, que consistiria na [[Operação Cidadela]], avançaria em duas frentes pelos lados do saliente, na tentativa de cercar as forças soviéticas.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=559-560}}
 
Em 8 de abril, Júkov enviou a Stalin um relatório preliminar, dando sua opinião sobre a reação soviética a esse duplo cerco alemão:<blockquote>"Para que o inimigo se desintegre em nossas defesas, além dasde medidas para fortalecer as defesas anti-tanque das frentes Central e Voronej, nós devemos nos retirar o mais rapidamente possível dos setores passivos e reforçar as reservas da Stavka, a fim de poder utilizar, nos eixos ameaçados, trinta regimentos anti-tanques, todos os regimentos de canhões autopropulsados e tantos aviões quanto possível. [...] Eu considero imprudente lançar um ataque preventivo nos próximos dias. Seria mais apropriado deixar o inimigo se esgotar em nossas defesas e destruir seus tanques, e, só então, depois de trazer novas reservas, passar para a ofensiva geral [...]".{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=561}}</blockquote>[[Ficheiro:Kursk 1943 Plan-fr.svg|miniaturadaimagem|230x230px|Com a [[Operação Cidadela]], a [[Alemanha Nazi|Alemanha Nazista]] esperava cortar o saliente de Kursk e cercar as tropas soviéticas. A [[Batalha de Kursk]], que se seguiu, foi a maior batalha de veículos blindados jamais ocorrida, e a com o maiores perdas aéreas em um só dia.]]Júkov então elaborou um plano mais complexo, e, tendo convencido Vassilevski e [[Alexei Antónov]], no dia 12 de abril o trio apresentou a idéia a Stalin. Vatutin e Khrushchov defendiam um ataque preventivo soviético, mas Stalin por fim deixou-se convencer pelo plano de Júkov, que previa primeiro uma defesa ativa, e depois uma dupla contra-ofensiva: para Oriol, no norte ([[Operação Kutuzov]]), e para a Carcóvia, no sul ([[Operação Ofensiva Estratégica Belgorod-Carcóvia|Operação Rumiantsev]]).{{#tag:ref|Também chamada Operação Ofensiva Estratégica Belgorod-Carcóvia (em russo: Белгородско-Харьковская стратегическая наступательная операция) e, pelos alemães, Quarta Batalha de Carcóvia.|group="nota"}} Logo depois, Júkov foi enviado, com [[Sergei Chtemenko]], ao Cáucaso, para expulsar os alemães da [[Península de Taman]]. No dia 14 desse mês, ele se juntou a Rokossovski na Frente Central, na expectativa do ataque alemão previsto primeiro para o dia 15, depois para o dia 19, e que terminaterminou por não acontecer. Ciente do papel que a defesa desempenharádesempenharia, Júkov cuidacuidou de inspecionar as posições soviéticas na região. Então ele então foi enviado para a Frente Ocidental, em 26 de maio, voltou a Moscou por cinco dias, até 5 de junho, e depois seguiu para as frentes Sudoeste e Sul. De 16 a 28 de junho, ele participou de reuniões da Stavka, em Moscou, e no dia 30 se dirigiu para a Frente de Briansk. Em 4 de julho os alemães começaram a se mover, e Júkov retornou ao posto de comando da Frente Central, junto a Rokossovski.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=562-565}}[[Ficheiro:Konev e Zukov, estate 1943.jpg|miniaturadaimagem|199x199px|Júkov (à direita) teve papel decisivo na ação soviética na [[Batalha de Kursk]]. Na foto, ele e [[Ivan Konev]] (ao centro) se reúnem com oficiais na região (verão de 1943).|esquerda]] A ofensiva alemã começou no princípio da manhã do dia 5 de julho, e Júkov respondeu imediatamente com uma contra-preparação de artilharia e o envio de seiscentas aeronaves para abater as pistas da [[Luftwaffe]]. Ambas iniciativas falharam.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=566}} Para o norte do saliente, a Frente Central bloqueou em poucos dias o 9.º Exército alemão (comandado por Model), que tocara apenas a primeira linha de defesa soviética. Ao sul do saliente, a Frente de Voronej (gerida por Vatutin, supervisionado por Vassilevski) teve dificuldade em parar o ataque do [[4.º Exército Panzer (Alemanha)|4.º Exército Panzer]] (liderado pelo general [[Hermann Hoth]]) e do [[Destacamento de Exército Kempf]] (chefiada pelo general [[Hubert Lanz]]), comandado por von Manstein, que quebrou a segunda linha de defesa e ameaçavaameaçou a terceira.{{sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=568-569}} Na noite de 8 de julho, Júkov, Vassilevski e Stalin concordaram em realocar unidades da [[Frente da Estepe]] (confiada por Konev e mantida em reserva pela Stavka) a fim de desencadear uma contra-ofensiva no norte. No dia 9, Júkov dirigiu-se para a Frente de Briansk, que, juntamente com o 11.º Exército da Guarda (comandado por Bagramian) da Frente Ocidental, executaria a parte mais dura do assalto planejado. Durante o ataque, Júkov dirigiu-se para linha de frente, a fim de observar as posições alemãs, quando foi alvejado por morteiros alemães. Uma das granadas explodiu a cerca de quatro metros dele, deixando-lhe permanente surdo de um ouvido e com dores crônicas em uma das pernas.{{sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=568-569}}
 
A contra-ofensiva soviética começou no dia 12, com uma intensa concentração de artilharia que durou duas horas e meia. A infantaria então perfurou as defesas alemãs, outras tropas guardaram os flancos da brecha aberta, e os blindados avançaram. Oriol foi reconquistada no dia 5 de agosto, enquanto o 9.º Exército alemão recuava a fim de restaurar uma linha de defesa perto de Briansk. Em 13 de julho, Júkov foi enviado por Stalin à Frente de Voronej, ao sul do saliente, para parar a ofensiva alemã vinda do sul, que perfurara a terceira linha de defesa. Nos dias 13 e 14 ele juntou-se a Vassilevski ae ao comando do 5.º Exército de Tanques da Guarda (comandado pelo major-general [[Pável Rôtmistrov]]). Ele ordenou que o 69.º Exército recuasse, evitando ser cercado, e a manobra foi executada em ordem, uma novidade para os soviéticos desde o início do conflito.{{sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=572}}
 
No dia 17, os blindados alemães param e começam a retornar às suas posições iniciais,{{sfn|Manstein|2017|p=501}} enquanto Júkov organizava a planejada Operação Rumiantsev. O ataque frontal empenhou cinco exércitos provenientes das frentes de Voronej e da Estepe, que depois de uma poderosa concentração de artilharia atacaram sucessivamente de 3 a 8 de agosto, perfurando as defesas inimigas. Quatro corpos mecanizados atacaram em seguida, alargando a brecha; e enfim avançaram os tanques do 1.º Exército (chefiado por Katukov) e 5.º Exército de Tanques da Guarda (comandado por Rôtmistrov). Von Manstein contra-atacou com seus blindados, mas acabou por perder 75 por centro deles para esses dois exércitos mecanizados soviéticos. Em 23 de agosto, Carcóvia foi retomada.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=575-576}}
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=== Passando o Dniepre (1943) ===
{{Artigo principal|Batalha do Dniepre}}
A batalha de Kursk foié oum momento decisivomarco da virada soviética na Guerra, pois desde então o Exército Vermelho controlou a iniciativa, isso é, passou ao ataque. De acordo com as memórias de Júkov, ele e Antónov acreditavam mais adequado atacar por meio de operações em profundidade (método mais rápido, mas mais arriscado), ao passo que Stalin cria ser mais apropriado concentrar os esforços em múltiplos ataques em uma frente ampla (método mais seguro, mas mais lento e caro em vidas humanas). Esse debate os ocupou em agosto de 1943, mas por fim Stalin impôs seu ponto de vista. Oito frentes foram mobilizadas: as de Kalinin e do Ocidente retomariam Smolensk ([[Batalha de Smolensk (1943)|Operação Suvorov]]); as de Briansk, do Centro, de Voronej e da Estepe avançariam até Kiev e [[Tcherkássi]]; e as do Sudoeste e do Sul forçariam até [[Zaporizhzhya|Zaporíjia]]. Júkov coordenou as frentes de Voronej e da Estepe em uma operação visando conquistar [[Chernigov]] e [[Poltava]], enquanto Vassilevski comandava outras duas frentes mais ao sul.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=578-582}}
[[Ficheiro:Kiev Kreschatik after liberation November 1943.jpg|miniaturadaimagem|250x250px|Infantaria soviética marchando sobre [[Kiev]], após a liberação da cidade (novembro de 1943).]]
Em 25 de agosto 1943 as frentes de Voronej (Vatutin) e da Estepe (Konev) lançaram seus quatorze exércitos em um assalto, empurrando frontalmente o 2.º Exército alemão. Em 6 de setembro, Stalin e Júkov redirecionaram a frente de Voronej para Kiev, contrariando Rokossovski (Frente Centro), que vinha pelo sul{{Sfn|Рокоссовский|1968|p=285}} e queria para si o título de "libertador de Kiev".{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=584}} Em 15 de setembro, Manstein foi finalmente autorizado por Hitler a recuar para detrás do Dniepre, evitando assim ser cercado pelo inimigo.{{Sfn|Manstein|2017|p=524-525}} Essa manobra levou a uma perseguição dos alemães, que terminou com a destruição das seis pontes que cruzavam o Dniepre na região, em 29 de setembro.{{#tag:ref|Essas pontes se encontravam em Kiev, Kanev, Cherkasi, Kremenchug, Dnepropetrovsk e Zaporíjia.|group="nota"}}{{Sfn|Manstein|2017|p=527-528}}