Sociologia: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Etiqueta: Inserção de predefinição obsoleta
Linha 101:
====Interacionismo simbólico====
{{Artigo principal|Interacionismo simbólico|Dramaturgia (sociologia)|Antipositivismo|Sociologia fenomenológica}}
O [[interacionismo simbólico]]; comumente associado ao [[Interacionismo]], à [[Sociologia fenomenológica]], à [[Dramaturgia (sociologia)|Dramaturgia]], e ao [[Antipositivismo]], é uma corrente sociológica tradicional que coloca ênfase sobre o significado subjetivo e o desenrolar de processos sociais, geralmente acessada através da micro-análise.<ref>Macionis, John J. (2012). Sociology 14th Edition. Boston: Pearson. p. 16. {{ISBN|978-0-205-11671-3}}</ref> Essa tradição surgiu na [[Escola de Chicago (sociologia)|''Escola de Chicago'']] durante as décadas de [[Década de 1920|1920]] e [[Década de 1930|1930]], que, anteriormente à Segunda Guerra Mundial, "fora ''o'' centro da pesquisa sociológica e seu estudo na graduação".<ref name="Second Chicago School">{{cite book|title=A Second Chicago School?: The Development of a Postwar American Sociology |editor=Gary Alan Fine |publisher=University of Chicago Press |year=1995 |isbn=978-0-226-24938-4 |url=https://books.google.com/?id=SIZog56cAHEC&lpg=PR9&dq=A%20Second%20Chicago%20School%3F%20&pg=PR9#v=onepage&q=A%20Second%20Chicago%20School?&f=false}}{{page needed|date=December 2014}}</ref> A abordagem interacionista foca na criação de um escopo para construir uma teoria que percebe a sociedade como o produto da interação cotidiana dos indivíduos. Sob essa ótica, a sociedade nada mais é do que a realidade compartilhada que as pessoas constroem conforme interagem umas com as outras. Essa abordagem observa as pessoas interagindo em diversos cenários usando comunicações simbólicas para concluir as tarefas a serem feitas. Logo, a sociedade é um mosaico de sentidos subjetivos complexo e sempre em mudança.<ref>{{cite book |last=Macionis |last2=Gerber |first=John |first2=Linda |year=2010 |title=Sociology |edition=7th Canadian |location=Toronto |publisher=[[Pearson Canada]] |page=19 |isbn=978-0-13-700161-3}}</ref> Alguns críticos dessa teoria argumentam que ela só observa aquilo que ocorre em uma situação social particular, e despreocupa-se com os efeitos que cultura, a raça ou o gênero (i.e. as estruturas sócio-históricas) podem ter em tal situação.<ref>{{cite book |last=Macionis |last2=Gerber |first=John |first2=Linda |year=2010 |title=Sociology |edition=7th Canadian |location=Toronto |publisher=[[Pearson Canada]] |isbn=978-0-13-700161-3}}{{page needed|date=December 2014}}</ref> Alguns sociólogos importantes associados a essa corrente teórica incluem [[Max Weber]], [[George Herbert Mead]], [[Erving Goffman]], [[George Homans]] e [[Peter Blau]]. É também nessa tradição que a abordagem radical-empírica da [[Etnometodologiaetnometodologia]] surge do trabalho de [[Harold Garfinkel]].
 
==== Utilitarismo ====
{{Artigo principal|Utilitarismo|Teoria da escolha racional}}
O utilitarismo é frequentemente denominado como teoria da troca ou [[teoria da escolha racional]] no contexto da sociologia. Essa corrente tem como tendência privilegiar a ação de atores racionais individuais e pressupõe que, em interação, indivíduos sempre buscam a maximização de seus próprios interesses. Como discutido por [[Josh Whitford]], assume-se atores racionais possuem quatro elementos básicos: o indivíduo tem (1) "um conhecimento das alternativas," (2) "um conhecimento de, ou crenças sobre as consequências das várias alternativas," (3) "uma ordem preferencial dos resultados," (4) "uma regre de decisão, para selecionar dentre as possíveis alternativas"<ref>"Pragmatism and the untenable dualism of means and ends: Why rational choice theory does not deserve paradigmatic privilege" ''Theory and Society'' 31 (2002): 325–63.</ref> Exchange theory is specifically attributed to the work of [[George C. Homans]], [[Peter Blau]] and [[Richard Emerson]].<ref>Emerson, R.M. "Social Exchange Theory." ''Annual Review of Sociology'' 2.1 (1976): 335–62.</ref> Os sociólogos organizacionais [[James G. March]] e [[Herbert A. Simon]] notaram que a racionalidade de um indivíduo é [[Limitação da racionalidade|limitada]] pelo contexto ou pelo cenário organizacional. A perspectiva utilitarista na sociologia é, mais notavelmente, revitalizada no fim do [[século XX]] no trabalho de [[James Samuel Coleman|James Coleman]], ex-presidente da [[Associação Americana de Sociologia]].
 
=== Teoria social no século XX nos Estados Unidos ===
Após o declínio de teorias de evolução sociocultural, nos Estados Unidos, o interacionismo da [[Escola de Chicago (sociologia)|Escola de Chicago]] dominou a sociologia norte-americana. Como [[Anselm Strauss]] descreveu, "Nós não pensávamos que a interação simbólica era uma perspectiva na sociologia; nós pensamos que era a sociologia."<ref name="Second Chicago School"/> Após a Segunda Guerra Mundial, a linha principal da sociologia mudou para as pesquisas de [[Paul Lazarsfeld]] na [[Universidade de Columbia]] e a teorização geral de [[Pitirim Sorokin]], seguido por [[Talcott Parsons]] na [[Universidade de Harvard]]. Em última instância, "o fracasso dos departamentos [de sociologia] de Chicago, Columbia, e Wisconsin em produzir um número significativo de estudantes de graduação interessados em e compromissados com a teoria geral nos anos 1936–45 serviu de vantagem para o departamento de Harvard."<ref>{{cite book |title=Developments in American Sociological Theory, 1915–1950 |author=Roscoe C. Hinkle |publisher=SUNY Press |isbn=978-1-4384-0677-0 |page=335 |url=https://books.google.com/books?id=1VY5jI2pVTgC&lpg=PP1&pg=PA335#v=onepage&q&f=false |accessdate=18 de dezembro de 2014}}</ref> À medida que o pensamento de Parsons começou a dominar a teoria sociológica, seu trabalho predominantemente referenciava a sociologia europeia — quase que inteiramente omitindo citações tanto da corrente norte-americana da evolução sociocultural assim como do pragmatismo. Acrescentada à revisão de Parsons do cânone sociológico (que incluía Marshall, Pareto, Weber e Durkheim), a falta de desafios teóricos de outros departamentos nutriu a ascensão do movimento estrutural-funcionalista Parsoniano, que atingiu seu ápice nos [[Década de 1950|anos 50]], mas por volta dos [[Década de 1960|anos 60]] estava em rápido declínio.<ref name="Coakley"/>
 
Por volta da [[década de 1980]], a maioria das leituras funcionalistas na Europa haviam sido amplamente substituídas por abordagens de [[Teoria do conflito|conflito]]<ref name="Slattery"/> e, para muitos na disciplina, funcionalismo era considerado "morto como um [[dodô]]."<ref name="Barnes"/> "De acordo com Giddens, o consenso ortodoxo terminou no fim dos anos 1960 e 1970, à medida que o centro compartilhado por perspectivas competidoras deu espaço e foi substituído por uma variedade desconcertante de perspectivas competidoras. Essa terceira 'geração' da teoria social inclui abordagens inspiradas fenomenologicamente, teoria crítica, etnometodologia, interacionismo simbólico, estruturalismo, pós-estruturalismo, e teorias escritas na corrente da hermenêutica e da filosofia da linguagem comum."<ref>Cassell, Philip ''The Giddens Reader'' (1993) The Macmillan Press Ltd, p. 6</ref>
 
==== Pax Wisconsana ====
Embora algumas abordagens de conflito também tivessem ganhado popularidade nos Estados Unidos, a corrente principal da disciplina voltou-se para uma variedade de [[teorias de alcance intermediário]] empiricamente orientadas, sem uma única predominante, ou "grande", orientação teórica. [[John Levi Martin]] refere a essa "era de ouro da unificação metodológica e da calmaria teórica" como a ''[[Pax Wisconsana]]'',<ref>{{cite book|last1=Martin|first1=John Levi|title=The Explanation of Social Action|date=2011|publisher=Oxford University Press}}</ref> já que refletiu a composição do departamento de sociologia na [[Universidade de Wisconsin-Madison]]: muitos estudiosos trabalhando em projetos separados com pouca contenção.<ref>{{cite book |title=The Sacred Project of American Sociology |author=Christian Smith |publisher=Oxford University Press |year=2014 |page=142 |isbn=978-0-19-937714-5 |url=https://books.google.com/?id=8l6yAwAAQBAJ&lpg=PA142&dq=Pax%20Wisconsana%20john%20levi%20martin&pg=PA142#v=onepage&q=Pax%20Wisconsana%20john%20levi%20martin&f=false |accessdate=18 de dezembro de 2014}}</ref> [[Omar Lizardo]] descreve a ''Pax Wisconsana'' como: "uma resolução [[Robert K. Merton|Mertoniana]], com sabor médio-ocidental, das guerras de teoria/método, nas quais todos [os sociólogos] concordaram em ao menos duas hipóteses: (1) uma [[grande teoria]] é uma perda de tempo; (2) [e] uma boa teoria precisa ser boa para pensar-se com ou vai para a lata de lixo."<ref>http://www3.nd.edu/~olizardo/syllabi/SOC63922-syllabus-spring11.pdf{{Dead link|date=December 2014}}</ref> Apesar da aversão a uma grande teoria na segunda metade do século XX, várias novas correntes teóricas emergiram propondo sínteses diversas: estruturalismo, pós-estruturalismo, sociologia cultural e teoria de sistemas.
 
==== Estruturalismo ====
[[File:Anthony Giddens at the Progressive Governance Converence, Budapest, Hungary, 2004 October.jpg|thumb|upright=0.7|left|[[Anthony Giddens]]]]
O movimento [[Estruturalismo|estruturalista]] originou-se primariamente no trabalho de Durkheim, como interpretado por dois antropólogos europeus. A teoria de [[Anthony Giddens]] de estruturação tem como base a teoria [[linguística]] de [[Ferdinand de Saussure]] e do antropólogo francês [[Claude Lévi-Strauss]]. Nesse contexto, o conceito de "estrutura" refere-se não à "estrutura social" mas sim ao entendimento [[semiótico]] da cultura humana como um [[Sinal (semiótica)|sistema de sinais]]. É possível delinear quatro princípios centrais do estruturalismo: primeiro, a estrutura é o que determina a estrutura do todo; segundo, estruturalistas acreditam que todo sistema possui estrutura; terceiro, estruturalistas estão interessados em leis "estruturais" que lidam com coexistência ao invés de mudanças; e quarto, finalmente, estruturas são as "coisas reais" sob a superrfície ou sob a aparência do sentido.<ref>Assiter, A 1984, "Althusser and structuralism", ''The British journal of sociology'', vol. 35, no. 2, Blackwell Publishing, pp. 272–96.</ref>
 
A segunda corrente do pensamento estruturalista, contemporânea a Giddens, emerge da escola americana de análise de redes sociais,<ref>{{cite book |author=Jonathan H. Turner |title=The Structure of Sociological Theory |edition=Fifth |publisher=Wadsworth Publishing Company |location=Belmont, CA |url=https://people.uvawise.edu/pww8y/Supplement/TMSup/Turner%20StrucSociTh%201991/27Turner%20StrucSociTh%20NetwkAn.pdf |accessdate=18 de dezembro de 2014}}{{page needed|date=December 2014}}</ref> encabeçada pelo [[Departamento de Harvard de Relações Sociais]], liderado por [[Harrison White]] e por seus estudantes nos anos 70 e 80. Essa corrente do pensamento estruturalista argumenta que, ao invés de semiótica, a estrutura social é uma rede de padrões de relações sociais. E, em vez de Levi-Strauss, essa escola de pensamento tem como base as noções de estrutura como teorizadas por [[Radcliffe-Brown]], antropólogo contemporâneo a Levi-Strauss.<ref name="Lizardo, Omar 2010">Lizardo, Omar. "Beyond the antinomies of structure: Levi-Strauss, Giddens, Bourdieu, and Sewell." ''Theory and society'' 39.6 (2010): 651–88.</ref> Alguns<ref>Fararo, Thomas J., and Carter T. Butts. "Advances in generative structuralism: structured agency and multilevel dynamics." ''Journal of Mathematical Sociology'' 24.1 (1999): 1–65.</ref> referem-se a isso como "estruturalismo de rede", e igualam-no ao "estruturalismo britânico", em contraste com o "estruturalismo francês" de Levi-Strauss.
 
==== Pós-estruturalismo ====
O pensamento [[Pós-estruturalismo|pós-estruturalista]] tende a [[Anti-humanismo|rejeitar pressupostos "humanistas"]] na construção da teoria social.<ref>Giddens, Anthony "The Constitution of Society" in ''The Giddens Reader'' Philip Cassell (eds.) MacMillan Press p. 89</ref> [[Michel Foucault]] provê uma crítica importante em sua obra ''[[As palavras e as coisas]]'', apesar de Habermas e [[Richard Rorty|Rorty]] terem ambos argumentado que Foucault meramente substitui um sistema específico de pensamento por outro.<ref>Jürgen Habermas. ''Taking Aim at the Heart of the Present'' in Hoy, D (eds) ''Foucault: A critical reader'' Basil Blackwell. Oxford, 1986.</ref><ref>Richard Rorty. ''Foucault and Epistemology'' in Hoy, D (eds) ''Foucault: A critical reader'' Basil Blackwell. Oxford, 1986.</ref> O diálogo entre esses intelectuais enfatiza a tendência recente de certas escolas de sociologia e filosofia em se interseccionarem. A posição anti-humanista tem sido associada com "[[pós-modernismo]]", um termo usado em contextos específicos para descrever uma ''era'' ou um ''fenômeno'', mas ocasionalmente associado a ''método''.
 
== A sociologia como ciência da sociedade ==
Linha 223 ⟶ 240:
* [[Posição social]]
* [[Resumo de sociologia]]
 
{{== Referências|col ==2}}
{{Refbegin}}
{{Reflist|refs=
 
<ref name="Coakley">{{cite book|first1=Jay J.|last1= Coakley|first2 = Eric|last2= Dunning|title = Handbook of Sports Studies|publisher = SAGE |date=2000|isbn = 978-1-4462-6505-5}}</ref>
 
<ref name="Slattery">Slattery, Martin. 1993. ''Key Ideas in Sociology''. Cheltenham: Nelson Thornes, Ltd.</ref>
 
<ref name="Barnes">Barnes, B. 1995. ''The Elements of Social Theory.'' London: UCL Press. Quoted in Jay J. Coakley, Eric Dunning, ''Handbook of sports studies''</ref>
}}
 
== Bibliografia ==
* {{citar livro|sobrenome=Bogardus|nome=Emory S.|título=Sociology|ano=1950|editora=[[Macmillan Publishers|The Macmillan Company]]|local=Nova York|edição=3|acessodata=27 de dezembro de 2016|capítulo=Group Research}}
 
{{Referências|col=2}}
 
== Ligações externas ==