António de Ataíde, 1.º Conde da Castanheira: diferenças entre revisões

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== Início da carreira política ==
Quando D. Manuel I, depois da morte da rainha D. Maria, resolveu casar de novo, com D. Leonor de Áustria, que estava prometida como noiva para o herdeiro, as relações entre o rei e o filho ficaram tensas e D. António de Ataíde foi proscrito da corte<ref name=":1" />. Porém. logo que D. João III subiu ao trono, em Dezembro de [[1521]], Ataíde regressou a uma situação de favor, com o novo rei designando-o para importantes missões diplomáticas, não obstante ter o futuro conde da Castanheira pouco mais de 20 anos de idade. Foi assim nomeado [[embaixador]] em [[Paris]] para tratar de negócios relativos à delicada relação com a França. Também representou D João III, ao longo da década seguinte, em outras tarefas diplomáticas, incluindo embaixadas a [[Reino de Castela|Castela]] e na [[Alemanha]].

Em 1525, com apenas 25 anos de idade, foi também nomeado membro do Conselho do rei (mas só viria a exercer efetivamente 5 anos mais tarde) a a 11 de abril de 1530<ref name=":1" /> foi feito vedor da Fazenda, passando a partir daí a exercer influência na corte pela via burocrática formal, além da via informal da sua estreita amizade com o rei.

A sua rápida ascensão na corte deveu-se também, muito provavelmente, à necessidade régia de contar com um favorito na máquina do governo capaz de filtrar com eficiência o acesso dos cortesãos ao soberano e de limitar o peso político da alta nobreza.
 
== Vedor da Fazenda de D. João III - intervenções na política para o Brasil, Índia e Marrocos ==
No exercício do cargo de vedor da Fazenda, que só abandonou quando o soberano faleceu, Ataíde assumiu traços precursores da figura do [[:gl:Valido|valido seiscentista]], contribuindo para o fortalecimento do poder do Estado, o desenvolvimento da ideologia da preeminência do poder real, a gestão dos assuntos do Império e ainda a dinamização de redes clientelares<ref name=":1" />.
 
Devido à sua influência junto de D. João III, D. António teve papel fundamental na política imperial do monarca. Em 1530, contribuiu para a nomeação do seu primo co-irmão, [[Martim Afonso de Sousa]], como ''capitão-mor da armada e da terra do Brasil'', com uma extraordinária alçada, que o tornava, na prática, o primeiro governador do Brasil<ref name=":1" />, tendo por propósito explícito lá defender e relançar a presença portuguesa. Logo a seguir, Ataíde viajou para a França, onde efetuou diligências diplomáticas sobre o problema do corso francês no Brasil, uma das ameaças ao controle português que levara à constituição da armada de Martim Afonso de Sousa.

Nos anos seguintes, D. António continuou a se afirmar como um promotor consequente da valorização do Brasil no quadro do império luso e, nomeadamente, da criação do regime de capitanias-donatarias brasileiras.
 
Voltou a ter papel decisivo na nomeação do primo Martim Afonso de Sousa para um novo alto cargo no Império, deste vez na Índia, para onde este foi nomeado em novembro de 1533 como [[Capitão-mor do mar|capitão-mor do mar da Índia]], ou seja, o segundo lugar na hierarquia do Estadoimpério daasiático Índiade Portugal, tendo para lá partido em março do ano seguinte<sup>[1]</sup>. Já uns meses antes, em 1 de fevereiro de 1533, D. João III escrevera ao seu vedor da Fazenda, elogiando o orgulho que este tinha no parentesco com Martim Afonso, que reforçaria "as coisas do meu serviço"<sup>[1]</sup>.
 
Pouco tempo após a sua chegada à Índia, em 24.12.1534, o mesmo Martim Afonso de Sousa iria escrever ao primo a partir de [[Cochim]], intercedendo por um parente comum, que usava Ataíde como último apelido, num texto que dá uma imagem muito concreta do ambiente que se vivia entre as linhagens portuguesas do século XVI: ''"[Heitor de Sousa de Ataíde] não tem outrem senão a Vossa Senhoria e vai-se ele já pondo como o sol e é necessário socorrer-lhe; e lembro-vos que [ele] põe o Ataíde acima do Sousa, que ele não pode fazer mais pelos Ataídes''"<sup>[</sup><ref name=":1" />.
 
Em 1541, o conde da Castanheira (que desde 1532 estava explicitamente encarregado dos assuntos da Índia<sup>[1]</sup>) voltaria a impulsionar a nomeação de Martim Afonso, desta vez para um cargo ainda mais elevado, o de (12.º) [[Lista de governadores da Índia Portuguesa|governador da Índia]]. O peso político de D. António foi decisivo para contrariar a oposição ao nome de Martim Afonso por parte de outro influente fidalgo, o [[Francisco de Paula de Portugal e Castro|1.º conde de Vimioso]]. Segundo o cronista [[Diogo do Couto]], Ataíde tinha ganhado o embate porque ele "''então mandava em tudo''"<sup>[1]</sup>. Deste modo, a ascensão politica de um primo em Lisboa pôde favorecer a carreira do outro primo no Império, ao longo de várias décadas.
 
D. António de Ataíde voltouinterveio amais interviruma diretamentevez, de forma direta, na política brasileira da coroa em 1549, e novamente em prol de um seu outro primo co-irmão (desta vez, oriundo de um linha não legítima) do lado Sousa Chichorro. Tratou-se então da nomeação do 1.º [[Estado do Brasil|governador-geral do Brasil]], que recaiu em [[Tomé de Sousa]], pessoa que lhe era muito próxima. O conde da Castanheira compôs o regimento outorgado ao governador e pouco tempo depois receberia de D. João III a doação, de juro e herdade, da capitania das ilhas de [[Itaparica]] e Tamarandiva, situadas na entrada da [[Baía de Todos-os-Santos|Baía de Todos os Santos]]. Essa doação coroou duas décadas e meia de atenção dedicada por Ataíde à colônia brasileira, sendo responsável pelo esboço e pela execução de uma nova política da coroa portuguesa para o Brasil.
 
Outra área das possessões ultramarinas onde a política do conde da Castanheira se notabilizou foi a das praças portuguesas em Marrocos, em que os seus muitos pareceres sempre aconselharam o recuo, ao mesmo tempo que aconselhavampreconizavam aque concentrarse concentrassem os recursos nalusos no Estado da Índia<sup>[1]</sup>. D. João III foi da mesma opinião e decidiu abandonar várias praças no norte de África.
 
D. António usou ainda a sua influência sobre o rei para ser patrono da carreira de muitos outros influentesies cortesãos da época, incluindo o famoso secretário de estado, Pedro ou Pêro de Álcáçova Carneiro (mais tarde, 1.º [[http://www.arqnet.pt/dicionario/idanhas1c.html conde de Idanha-a-Nova]]<ref>{{citar web|url=http://www.arqnet.pt/dicionario/idanhas1c.html|titulo=Idanhas (Pedro de Alcáçova Carneiro, conde das)|data=1904|acessodata=11-09-2019|publicado=Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico. João Romano Torres - Editor|ultimo=|primeiro=}}</ref>) que escreveu sobre Ataíde: "''a este senhor eu devo muito, porque foi sempre a principal parte de eu entrar no serviço de El-Rei''<ref name=":1" />''".''
 
== Conde de juro e herdade ==