História do Rio Grande do Sul: diferenças entre revisões

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Na economia a virada foi em direção à unificação do mercado nacional, com perda de dinamismo regional. Num momento em que algumas indústrias gaúchas já se projetavam nacionalmente, como a [[Metalúrgica Abramo Eberle|Eberle]], a [[A. J. Renner|Renner]], a Berta e a Wallig, reversamente se tornava mais fácil a penetração no mercado gaúcho de concorrentes nacionais. Ao mesmo tempo desaqueciam as economias coloniais baseadas em empreendimentos familiares, iniciando um processo de desvalorização econômica dos artesanatos e manufaturas tradicionais, das indústrias caseiras e das [[cooperativa]]s. Com esse impacto negativo sobre as colônias também iniciou o [[êxodo rural]] no estado e apareceram as primeiras [[favela]]s em Porto Alegre. Entretanto, o governo estadual tentou minimizar os problemas através de medidas [[Protecionismo|protecionistas]] sobre os produtos exportáveis, investindo no setor de transportes e simpatizando com as questões do setor produtivo como um todo, além de criar uma rede de centros de saúde.<ref name="COSTA"/>
 
Com o fim da II Guerra e com a concomitante deposição de Getúlio, as instituições democráticas começaram a se restabelecer, e em 1947 foi eleito um novo governador, [[Walter Só Jobim|Walter Jobim]], comprometido com a proposta de expandir a eletrificação das colônias para evitar o êxodo rural. Para isso construiu diversas centrais de energia, num programa que teve continuidade com seus sucessores. Em sua gestão foi aprovada uma nova Constituição Estadual, ampliando os poderes do [[Legislativo]] gaúcho. Getúlio fora deposto mas manteve seu prestígio, e logo se tornou o líder do [[Partido Trabalhista Brasileiro]] (PTB), que teve no estado uma de suas maiores bases eleitorais. Assim o apelo às massas e ao nacionalismo, e o combate às tendências de [[esquerda política|esquerda]], continuavam vivos. No estado a política se dividia entre o Partido Libertador, porta-voz da elite pecuarista, o [[Partido Social Democrático (1945-2003)|Partido Social Democrático]], defendendo os interesses da burguesia agroindustrial, e o PTB, atuando pelo [[trabalhismo]], a nova versão do populismo getulista, que tinha em [[Alberto Pasqualini]] seu mentor local. Getúlio acabou sendo reeleito (desta vez em eleições diretas) para a Presidência da República, consagrando o trabalhismo como linha de governo.<ref name="COSTA"/><ref name="QUEVEDO"/>
 
O [[suicídio]] de Getúlio em 1954 foi intensamente sentido no Rio Grande do Sul, havendo enormes manifestações de rua. Mas sua época parecia ter mesmo passado, pois poucas semanas após o trágico evento os trabalhistas perdiam a eleição para governador, assumindo [[Ildo Meneghetti]] como um fenômeno eleitoral até então sem precedentes na política gaúcha. Descendente de italianos, sua ascensão ao poder máximo do estado foi um claro indicador de que a discriminação que os imigrantes enfrentaram durante os anos anteriores havia sido superada. Já fora duas vezes prefeito de Porto Alegre, onde deixara obra sólida priorizando a habitação popular. Mas como governador não conseguiu cumprir muitas metas. O estado estava entrando em uma crise econômica onde, apesar do crescimento do número de indústrias e da introdução de novas e lucrativas lavouras como a [[soja]], deixava de ser importador de [[mão-de-obra]] para ser exportador. E a situação de Meneghetti como opositor do novo presidente [[Juscelino Kubitschek]] deixou o estado à margem dos investimentos federais em pleno [[Desenvolvimentismo]]. Sucedeu-lhe [[Leonel Brizola]], que seguiu pela tradição trabalhista. Seu governo foi pautado por um ''Plano de Obras'', que tinha como objetivo melhorar a infraestrutura e ampliar a rede escolar. Encampou empresas estrangeiras, fundou a [[Caixa Econômica Estadual do Rio Grande do Sul]], reequipou a polícia, estimulou uma [[reforma agrária]] de âmbito estadual, criando o [[Instituto Gaúcho de Reforma Agrária]], e estimulou a criação de empresas de porte como a [[Refinaria Alberto Pasqualini]] e a [[Aços Finos Piratini]]. Sua atuação mais dramática foi o lançamento da campanha da [[Legalidade]], em 1961, que levou multidões para as ruas, quando o [[Palácio Piratini]], onde ele se entrincheirara, foi votado ao bombardeio pelas chefias militares federais, o que, devido à desobediência dos soldados gaúchos, acabou não acontecendo.<ref name="COSTA"/><ref name="QUEVEDO"/>