Dinis I de Portugal: diferenças entre revisões

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'''D. Dinis de Portugal''', ''O Lavrador''<ref name="Publishing2013">{{citar livro|autor =Britannica Educational Publishing|título=Portugal and Spain|url=https://books.google.com/books?id=IT2dAAAAQBAJ&pg=PA53|data=1 de junho de 2013|publicado=Britanncia Educational Publishing|isbn=978-1-61530-993-1|página=53}}</ref> ([[Lisboa]], {{dtlink|9|10|1261}} - [[Santarém (Portugal)|Santarém]], {{dtlink|7|1|1325}}), foi [[Lista de monarcas de Portugal|Rei de Portugal e do Algarve]] de 1279 até sua morte. Era o filho mais velho do rei [[Afonso III de Portugal|Afonso III]] e sua segunda esposa [[Beatriz de Castela (1242–1303)|Beatriz de Castela]].
 
Em [[1282]] desposou [[Isabel de Aragão, Rainha de Portugal|Isabel de Aragão]], que ficaria conhecida como Rainha Santa. Ao longo de 46 anos de reinado, foi um dos principais responsáveis pela criação da [[identidade nacional]] e o alvor da consciência de Portugal enquanto [[estado-nação]]: em 1297, após a conclusão da [[Reconquista]] pelo seu pai, definiu as [[fronteiras de Portugal]] no [[Tratado de Alcanizes]], prosseguiu relevantes reformas judiciais, instituiu a [[língua Portuguesa|língua portuguesa]] como [[língua oficial]] da corte, criou a [[Universidade de Coimbra|primeira Universidade portuguesa]], libertou as [[Ordens Militares]] no território nacional de influências estrangeiras e prosseguiu um sistemático acréscimo do centralismo régio. A sua política centralizadora foi articulada com importantes acçõesações de fomento económico - como a criação de inúmeros concelhos e feiras. D. Dinis ordenou a exploração de minas de cobre, prata, estanho e ferro e organizou a exportação da produção excedente para outros países europeus. Em 1308 assinou o primeiro acordo comercial português com a [[Inglaterra]]. Em [[1312]] fundou a [[marinha Portuguesa]], nomeando 1º [[Almirante de Portugal]], o genovês [[Manuel Pessanha]], e ordenando a construção de várias docas.
 
Foi grande amante das artes e letras. Tendo sido um famoso [[trovador]], cultivou as ''[[trovadorismo|Cantigas de Amigo]]'', de ''[[trovadorismo|Amor]]'' e a sátira, contribuindo para o desenvolvimento da [[trovadorismo|poesia trovadoresca]] na Península Ibérica. Pensa-se ter sido o primeiro monarca português verdadeiramente alfabetizado, tendo assinado sempre com o nome completo.<ref>{{citar web |url=http://web.archive.org/web/20040716113450/www.instituto-camoes.pt/cvc/bvc/bibbreve/019/bib19.pdf |publicado=[[Instituto Camões]] |formato=PDF |obra= |autor= |título=Para a história da literatura popular portuguesa |data= |acessodata= }}</ref>
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==Rei de Portugal e do Algarve==
[[imagemFicheiro:Dinis I.jpg|miniaturadaimagem|D.Dinis I, gravura de sua genealogia]]
Como herdeiro da coroa, Dinis desde cedo foi envolvido nos aspectos de governação pelo seu pai, Afonso III, que, a 16 de fevereiro de 1279, deixa um reino com uma acentuada estabilidade interna, resultante de uma autoridade régia incontestada, em contraste com o estado geral em que se encontrava o reino de Castela, onde imperava um acentuado clima de ingovernabilidade e de permanentes conflitos sociais.
Foi confiado, embora já fosse maior de idade (contava com 17 anos na altura da sua ascensão ao trono), a um conselho de regência presidido por sua mãe, Beatriz, que provavelmente tentaria liderar o reino chefiando um conselho esse no qual tomava parte o [[mordomo-mor]] do seu pai, [[João Peres de Aboim]]. Porém, o jovem rei desiludiu-a rapidamente de qualquer participação na governação. O conflito com a mãe leva mesmo à intervenção do avô, Afonso X, que terá tentado encontrar-se com o neto em [[Badajoz]], encontro que Dinis rejeitou. Beatriz acabou por voltar a Castela.
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====Aragão: Aliança matrimonial====
[[FileFicheiro:D. Isabel de Aragão (Quinta da Regaleira).png|150px|right|thumb|Retrato de Isabel de Aragão, esposa de Dinis]]
O casamento deste rei foi talvez um dos primeiros grandes sucessos da política externa portuguesa. Dinis inicia negociações com [[Pedro III de Aragão]], para casar com a filha deste, [[Isabel de Aragão, Rainha de Portugal|Isabel]], que na mesma altura estaria a ser reclamada por embaixadores dos reis de [[França]] e [[Inglaterra]]. Isabel era um partido extremamente valioso, uma vez que a sua figura se prestigiava pelas melhores qualidades, e ainda a importância estratégica de [[Aragão]], tanto do ponto de vista político como económico, uma vez que o próprio Pedro III enceta uma política mediterrânica, começada pela conquista da ilha italiana da [[Sicília]] (que constituiu o reino de [[Trinácria]]), em consequência da defesa dos direitos da esposa, última descendente da casa imperial alemã de [[Hohenstaufen]] no sul italiano. Os sucessores de Pedro continuariam esta [[Coroa de Aragão|política de expansão]] e [[Mar Mediterrâneo|dominação mediterrânica]].
 
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====Leão e Castela e a definição de fronteiras====
[[imagemFicheiro:Tratado de Alcanizes.png|thumb|right|225px|O diploma do [[Tratado de Alcanizes]], mantido no [[Arquivo Nacional da Torre do Tombo]], que definiu os limites fronteiriços entre [[Portugal]] e [[Coroa de Castela|Castela]]]]
Os primeiros anos do reinado de Dinis viram a guerra civil em [[Castela]], que opõe [[Afonso X de Castela|Afonso X o Sábio]] contra o [[Sancho IV de Castela|príncipe Sancho]]. Em abril de 1282 Dinis envia a Castela uma embaixada de condolências pela morte do rei-trovador. Contudo a situação entre Portugal e Leão-Castela não era de todo pacífica: desde a conquista do Algarve que ambos os reis do ocidente da Península reclamam o título de ''Rei do Algarve'', facto que incomodava bastante o rei português{{Sfn|Baquero Moreno|1997}}.
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====A renovação da arquitetura militar====
[[ImagemFicheiro:Torre do castelo de Belver.jpg|450px|thumb|Castelo de Amieira do Tejo, erguido pela Ordem do Hospital como um dos primeiros sinais de inovação na arquitetura militar]]
No final do {{séc|XIII}}, a arquitetura militar europeia havia sofrido uma série de alterações que modificaram o perfil das construções e ditaram inovações radicais nas táticas militares de ataque e defesa de um [[castelo]], tornando-os aptos, não só para defender (como faziam os [[Arquitetura românica|castelos românicos]]), mas também para atacar, segundo as novas tipologias da [[Arquitetura gótica]]{{Sfn|Barroca|1998}}.
 
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=====A literatura e um novo idioma=====
[[FileFicheiro:Pergamino Sharrer.jpg|thumb|250px|right|[[Pergaminho Sharrer]]]]
A [[língua galego-portuguesa]], derivada do [[latim vulgar]], desenvolvera-se pelo menos desde o {{séc|X}}, e era já utilizada para os versos dos cantares trovadorescos de autores provenientes tanto da [[Galiza]] como da própria corte do [[Reino de Castela]], e sabe-se que o próprio [[Afonso X de Castela]], avô de Dinis, era também trovador e tem entre as suas composições algumas escritas nesta língua. O seu pai trouxera de França as novas correntes literárias, pelo que Dinis pôde testemunhar o florescimento desta arte, que acompanhava as restantes cortes peninsulares e talvez também europeias. Dinis presenciava e também contribuía para este florescimento: foi um dos maiores e mais fecundos [[trovadores]] do seu tempo. Aos nossos dias chegaram 137 cantigas da sua autoria, distribuídas por todos os géneros (73 ''[[trovadorismo|cantigas de amor]]'', 51 ''[[trovadorismo|cantigas de Amigo]]'' e 10 ''[[trovadorismo|cantigas de escárnio e maldizer]]''), bem como a música original de 7 dessas cantigas (descobertas casualmente em 1990 pelo Prof. Harvey L. Sharrer, no Arquivo da [[Torre do Tombo]], num pergaminho que servia de capa a um livro de registos notariais do {{séc|XVI}}, e que ficou conhecido como ''[[Pergaminho Sharrer]]'').<ref>FERREIRA, Manuel Pedro, ''Cantus Coronatus: 7 Cantigas D'El-Rei Dom Dinis'', Edition Reichenberger, Kassel, 2005.</ref>
 
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Em 1290, Dinis declara o galego-português como língua oficial do [[Reino de Portugal]], sendo consequentemente o seu uso estendido às fórmulas da prosa notarial.
=====O ensino=====
[[ImagemFicheiro:Mediaeval universities.jpg|thumb|250px|right|Universidades medievais na Europa, segundo mapa de 1923]]
A esta floração litarária corresponde um outro aspeto do desenvolvimento cultural: a atividade escolar. [[Domingos Anes Jardo]], chanceler de Dinis e depois [[Bispo de Évora]], terá fundado em 1286 o [[Colégio dos Santos Elói, Paulo e Clemente]], embora mais conhecido como Hospital de S. Paulo, que servia, além de hospício para os pobres, como residência de estudantes. O rei apoia o projeto e protege a instituição.
 
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[[Imagem:University-of-Coimbra.jpg|thumb|600px|centre|[[Universidade de Coimbra]], na cidade de [[Coimbra]], [[Portugal]]]]
 
[[ImagemFicheiro:Missal antigo de Lorvão - junho.gif|300px|right|thumb|Agricultores, no Missal do Lorvão (séc. XV)]]
====Agricultura====
D. Dinis redistribuiu terras, promoveu a agricultura e fundou várias comunidades rurais, procurando que não só os camponeses e as comunidades religiosas, mas também todo o País se interessasse por esta atividade. Facilita a distribuição de propriedade,e divide terras incultas em grupos de vinte ou trinta casais, distribuindo cada um deles a uma família. Cada casal pagava um foro ou pensão ao rei, ao município ou ao doador da terra. Manda enxugar o paúl de ulmar para ser aplicado no cultivo, e aproveita as madeiras do [[Pinhal de Leiria]] para a construção de casas, armazéns e frotas.<ref>O extenso e excelso trabalho deste Rei em prol do Reino resumiu [[António Caetano de Sousa]] ao cognome de ''O Lavrador'', assaz redutor face a obra tão profícua e, ademais, gerado pela imputação errónea da plantação do [[Pinhal de Leiria]] a este monarca; na realidade o pinhal já existia desde D. Sancho II.</ref> Simultaneamente protegia este pinhal, uma vez que protegia as terras agrícolas do avanço das areias costeiras.
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====Conflito com o infante herdeiro====
[[ImagemFicheiro:A Rainha Santa em Alvalade (Roque Gameiro, Quadros da História de Portugal, 1917).png|350px|thumb|A Rainha Isabel de Aragão em Alvalade, intervindo na Batalha]]
Os últimos anos do seu reinado foram marcados por conflitos internos, porque, a nível externo, Portugal equiparava-se aos restantes [[Península Ibérica|reinos peninsulares]]. O herdeiro, futuro [[Afonso IV de Portugal|Afonso IV]], receoso que o favorecimento de D. Dinis ao seu filho bastardo, [[D. Afonso Sanches]]<ref name="Pero-Sanz2011">{{citar livro|autor =José Miguel Pero-Sanz|título=Santa Isabel: Reina de Portugal|url=https://books.google.com/books?id=XYIm9o4qHAEC&pg=PA69|data=19 de setembro de 2011|publicado=Palabra|isbn=978-84-9840-546-0|página=69}}</ref><ref name="Lencastre2012">{{citar livro|autor =Isabel Lencastre|título=Bastardos Reais Os Filhos Ilegítimos dos Reis de Portugal|url=https://books.google.com/books?id=LoSJE8D75-gC&pg=PT19|data=29 de março de 2012|publicado=Leya|isbn=989-555-846-5|página=19}}</ref><ref>{{citar livro|autor =Ana Maria S.A. Rodrigues|título=Reassessing the Roles of Women as 'Makers' of Medieval Art and Architecture (2 vol. set)|url=https://books.google.com/books?id=LVQzAQAAQBAJ&pg=PA1069|volume=2|data=7 de maio de 2012|publicado=BRILL|isbn=978-90-04-22832-0|página=1069|capítulo=23}}</ref> o espoliasse do trono, exigiu o poder e combateu o pai. Esta guerra, que se prolongou de 1319 a 1324, e a crise interna que provocou fez com que Portugal perdesse influência a nível internacional.
 
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== Personalidade ==
[[imagemFicheiro:Isabel Dinis de Portugal.jpg|thumb|right|D. Dinis e a [[Isabel de Aragão, Rainha de Portugal|Rainha Santa Isabel]], em retrato na [[Universidade de Coimbra]]]]
Nunca esquecendo o hiato de largos séculos que nos separa de D. Dinis, é possível traçar um esboço de linhas mestras da personalidade deste rei português.
Era determinado, ou mesmo obstinado, nos seus intentos, do que são exemplo a ''"cadência de [[Inquirições Gerais|inquirições]] verdadeiramente demolidora"'' <ref>PIZARRO, José A.S.M., ''D. Dinis'', Círculo de Leitores, 2005, pág. 206, ISBN 9724234835</ref> e demais políticas de centralização régia que instituiu de forma sistemática.
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== Compleição física ==
[[imagemFicheiro:Friedrich I. Barbarossa (Christian Siedentopf, 1847).jpg|thumb|right|120px|Imperador Frederico, ''o Barba Ruiva'', antepassado de D. Dinis]]
 
Pouco ou nada se sabia do físico do Rei D. Dinis. As fontes da época assim como autores posteriores falham em oferecer qualquer tipo de descrição física do monarca. As informações hoje existentes advêm de uma abertura acidental do túmulo de D. Dinis aquando de um processo de restauro em [[1938]].