Barreira hematoencefálica: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Substituição do termo hematoencefálica pelo novo termo sangue-cérebro, mais correto
Candido (discussão | contribs)
Desfeita a edição 55324967 de 200.17.161.125 carece de fontes
Etiquetas: Desfazer Edição via dispositivo móvel Edição feita através do sítio móvel Edição móvel avançada
Linha 1:
[[Imagem:Blood Brain Barriere.jpg|miniaturadaimagem|A barreira é formada por células endoteliais estreitamente unidas com o apoio de uma membrana basal, pés de astrócitos e pericitos.]]
 
A '''Barreira sangue-cérebrohematoencefálica''' ('''BHE''') é uma estrutura de [[permeabilidade]] altamente seletiva que protege o [[Sistema Nervoso Central]] (SNC) de substâncias potencialmente [[Neurotoxina|neurotóxica]]s presentes no [[sangue]] e sendo essencial para função metabólica normal do [[cérebro]]. É composta de células [[endotélio|endoteliais]] estreitamente unidas, [[astrócito]]s, [[pericito]]s e diversas proteínas. Cerca de 98% dos medicamentos em potencial não ultrapassam esta barreira, sendo esse um dos principais desafios na terapêutica de sistema nervoso central.<ref>Ballabh, P; Braun, A; Nedergaard, M (June 2004). "The blood–brain barrier: an overview: structure, regulation, and clinical implications". Neurobiology of disease 16 (1): 1–13. doi:10.1016/j.nbd.2003.12.016. PMID 15207256.</ref>
 
Substâncias importantes para o cérebro, como [[glicose]], [[cetoácido]]s ou algumas [[hormônio|hormona]]s devem ser transportados por proteínas específicas nas células da barreira.<ref>[http://neuroscience.uth.tmc.edu/s4/chapter11.html]</ref>
Linha 7:
== História ==
[[Imagem:Lina Stern.jpg|thumb|direita|Lina Stern]]
Há mais de 100 anos, foi descoberto que se uma tinta [[azul]] fosse injetada na corrente sanguínea de um animal, todos os tecidos do corpo, exceto o SNC, se tornavam azuis. Para explicar este fenômeno, [[pesquisador]]es imaginaram que existia uma barreira que foi chamada de sangueHemato-cérebroEncefálica, que evita a entrada de algumas substâncias no cérebro. Recentemente cientistas descobriram muitas informações adicionais sobre a estrutura e função da BHE. A russa [[Lina Stern]] foi pioneira na pesquisas sobre a barreira sangue-cérebrohematoencefálica. Seus conhecimentos foram utilizados na [[Segunda Guerra Mundial]], salvando milhares de vidas nas batalhas.
 
== Informações ==
A Barreira sangue-cérebroBHE é [[semi-permeável]], ou seja, ela permite que algumas substâncias atravessem e outras não. Os capilares (vasos sanguíneos muito finos), ficam alinhados às [[célula]]s endoteliais. O [[endotélio|tecido endotelial]] tem pequenos espaços entre cada célula para que substâncias possam se mover de um lado para o outro, entrando e saindo dos [[capilar]]es. Porém, no [[cérebro]], as células endoteliais são posicionadas de uma maneira que apenas as menores substâncias possam entrar no Sistema Nervoso Central. Moléculas maiores como a [[glicose]] só podem entrar através de mecanismos especiais, específicos para cada molécula.
 
A [[glândula pineal]] é uma das poucas áreas do cérebro não protegidas pela barreira, secretando melatonina diretamente na [[corrente sanguínea]] sistêmica.<ref>Pritchard, Thomas C.; Alloway, Kevin Douglas (1999). Medical Neuroscience (Google books preview). Hayes Barton Press. pp. 76–77. ISBN 1-889325-29-5. Retrieved 2009-02-08.</ref>
Linha 25:
A BHE permite passagem de corpos cetónicos, ácido láctico, pirúvico, propiônico e butírico. A gliadina, uma das proteínas do trigo é capaz de atravessar essa barreira, e causar a longo inflamações no tecido cerebral.
 
== Doenças relacionadas à barreira sangue-cérebrohematoencefálica ==
=== Meningite ===
[[Meningite]] é uma infecção das membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal (estas membranas são conhecidas como [[meninges]]). Meningite é causada principalmente por infecções com vários agentes patogênicos, como por exemplo a [[Streptococcus pneumoniae]] e a [[Haemophilus influenzae]]. Quando as meninges estão inflamadas, a barreira sangue-cérebrohematoencifálica pode ser rompida. Este rompimento pode aumentar a penetração de várias substâncias (incluindo toxinas e antibióticos) dentro do cérebro. Antibióticos usados para tratar meningite podem agravar a resposta inflamatória do sistema nervoso central liberando neurotoxinas das paredes celulares de bactérias - como [[lipopolissacarídeo]] (LPS).<ref>{{citar periódico
|primeiro = TR Jr.
|último = Beam
Linha 43:
 
=== Esclerose múltipla ===
[[Esclerose múltipla]] (EM) é considerada uma doença [[Autoimunidade|auto-imune]] e [[Neurodegeneração|neurodegenerativa]] na qual o sistema imunológico ataca a [[mielina]] que protege e isola eletricamente os neurônios do sistema nervoso central e periférico. Normalmente, o sistema nervoso de uma pessoa seria inacessível aos [[glóbulos brancos]] devido à barreira sangue-cérebrohematoencefálica. No entanto, imagens de ressonância magnética mostraram que quando uma pessoa está passando por um "ataque" de esclerose múltipla, a barreira sangue-cérebrohematoencefálica é quebrada em uma seção do cérebro ou da medula espinhal, permitindo que os glóbulos brancos chamados [[linfócitos]] T atravessem e ataquem a mielina. É por vezes sugerido que, em vez de ser uma doença do sistema imunológico, a EM é uma doença da barreira sangue-cérebrohematoencefálica.<ref>{{citar periódico|autor =Waubant E |título=Biomarkers indicative of blood–brain barrier disruption in multiple sclerosis |periódico=Disease Markers |volume=22 |número=4 |páginas=235–44 |ano=2006 |pmid=17124345 |url=http://iospress.metapress.com/openurl.asp?genre=article&issn=0278-0240&volume=22&issue=4&spage=235}}</ref> Um estudo recente sugere que o enfraquecimento da barreira sangue-cérebrohematoencefálica é o resultado de uma perturbação nas células endoteliais no interior do vaso sanguíneo, devido à falha na produção da proteína P-glicoproteína.
 
Existem investigações ativas atualmente para tratamentos relacionados à barreira sangue-cérebrohematoencefálica. Acredita-se que o estresse oxidativo desempenha um papel importante na ruptura da barreira. Anti-oxidantes tais como o ácido lipóico podem ser capazes de estabilizar um enfraquecimento da barreira sangue-cérebrohematoencefálica.<ref>{{citar periódico|autor =Schreibelt G, Musters RJ, Reijerkerk A, ''et al.'' |título=Lipoic acid affects cellular migration into the central nervous system and stabilizes blood–brain barrier integrity |periódico=J. Immunol. |volume=177 |número=4 |páginas=2630–7 |ano=2006 |month=August |pmid=16888025 |doi= |url=http://www.jimmunol.org/cgi/pmidlookup?view=long&pmid=16888025}}</ref>
 
=== Doença de Alzheimer ===
Algumas evidências indicam<ref>Microvascular injury and blood–brain barrier leakage in Alzheimer's disease, Zipser ''et al''. 2006</ref> que a ruptura da barreira sangue-cérebrohematoencefálica em pacientes com doença de [[mal de Alzheimer|Alzheimer]] permite que plasma sanguíneo contendo beta-amilóide (Aß) entre no cérebro, onde o Aß adere preferencialmente à superfície de [[Astrócito|astrócitos]].
 
=== Outras condições ===