Fundação Ford: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
DrikaFire (discussão | contribs)
Etiquetas: Possível mudança indevida de nacionalidade Editor Visual
DrikaFire (discussão | contribs)
Etiquetas: Possível mudança indevida de nacionalidade Editor Visual
Linha 64:
Nesse mesmo ano em que Horace Rowan Gaither Jr. ocupava a presidência da Fundação Ford, em fevereiro, o ministro das Relações Exteriores da União Soviética, Dmitri Shepilov, havia apresentado uma nota à imprensa internacional em Moscou em que denunciava que “''organismos oficiais do governo dos Estados Unidos desenvolvem atividades subversivas e de espionagem, sob o disfarce de toda sorte de comissões, fundações e instituições particulares''”. A nota citava como cobertura do serviço secreto a Fundação Ford, a Fundação Rockefeller e a Fundação Carnegie. A nota ainda dizia que a chamada “''libertação das democracias populares''” havia se convertido na “''pedra fundamental da política exterior norte-americana''” <ref>{{Citar periódico|ultimo=Lima|primeiro=Kennya Medeiros L. de B.|ultimo2=Freitas|primeiro2=Thiago B. de|ultimo3=Pereira|primeiro3=Allan A. Lima|ultimo4=Silva|primeiro4=Saulo Brito|ultimo5=Carvalho|primeiro5=Heloisa de Andrade|ultimo6=Filassi|primeiro6=José R.|ultimo7=Mano|primeiro7=Max S.|ultimo8=Marta|primeiro8=Gustavo Nader|data=2018|titulo=Patterns of post-operative irradiation in breast cancer patients submitted to neoadjuvant chemotherapy|url=http://dx.doi.org/10.29289/259453942018v28s1057|jornal=Mastology|volume=28|numero=s1|paginas=57–57|doi=10.29289/259453942018v28s1057|issn=2594-5394}}</ref>
 
Depois de H. Rowan Gaither Jr. o presidente da Fundação Ford foi Henry T. Heald, que ficará no cargo até 1965. Não existem muitos dados a respeito da sua relação com o aparato estatal e de inteligência dos Estados Unidos, apenas que era um indivíduo igualmente vinculado ao chamado complexo industrial-militar-acadêmico estadunidense, uma vez que, entre 1940 e 1952, presidiu o Illinois Institute of Technology [15]<ref>{{Citar web|titulo=Henry T. Heald {{!}} Illinois Institute of Technology|url=https://web.iit.edu/about/history/hall-fame/henry-t-heald|obra=web.iit.edu|acessodata=2019-11-03}}</ref>. Mas é lícito afirmar que essa relação não deixou de acontecer durante sua administração como presidente da Fundação, a exemplo da atuação da entidade no Brasil desde 1961, como se verá na próxima parte do artigo.
 
Em 1966, McGeorge Bundy tornou-se presidente da Fundação Ford, ficando no cargo até 1979.Imediatamente antes de ocupar a presidência da Fundação Ford, McGeorge foi Assistente de Segurança Nacional dos presidentes John F. Kennedy e Lyndon Johnson, cargo que,entre outras funções, tinha como prerrogativa o monitoramento das atividades da CIA.
 
Bundy também havia trabalhado na organização do Plano Marshall e, posteriormente, como reconhecido intelectual de política exterior nos meios conservadores nos Estados Unidos, a ele e ao irmão também é atribuída a formulação de falsos pretextos que justificaram ao Congresso a escalada militar do país na Guerra do Vietnã em 1964 [17]<ref>{{Citar periódico|data=2003-12-31|editor-sobrenome=Lienhard|editor-nome=Martin|titulo=SOBRE ESTE LIVRO|url=http://dx.doi.org/10.31819/9783865278043-002|local=Frankfurt a. M., Madrid|publicado=Iberoamericana Vervuert|paginas=11–12|isbn=9783865278043}}</ref>.
 
No mesmo ano, McGeorge Bundy compôs um comitê do governo para formular ações encobertas no Chile para a eleição de Eduardo Frei.[18]<ref>{{Citar web|titulo=Supplementum Epigraphicum GraecumSivrihissar (in vico). Op. cit. Op. cit. 334, n. 19.|url=http://dx.doi.org/10.1163/1874-6772_seg_a2_597|obra=Supplementum Epigraphicum Graecum|acessodata=2019-11-03}}</ref>. Seu irmão, William Bundy, era membro do Conselho de Avaliação Nacional da CIA e genro do antigo secretário de Estado Dean Achenson [19]. O fato é que a maior parte dos funcionários de alto escalão da Fundação Ford entre 1945 e 1979 eram ou tinham sido agentes, tinham ligações com agentes ou trabalhavam em profunda conexão com a CIA, com o Pentágono, com o Departamento de Estado e com o alto escalão do complexo indutrial-militar privado dos Estados Unidos. Essas redes de relações do poder imperialista foram estabelecidas durante a Segunda Guerra Mundial e, no pós-Guerra e na Guerra Fria, estenderam-se e aprofundaram-se em decorrência da disputa contra a União Soviética por hegemonia global.
 
Os dados aqui apresentados são apenas breves exemplos. O fato é que a maior parte dos funcionários de alto escalão da Fundação Ford entre 1945 e 1979 eram ou tinham sido agentes, tinham ligações com agentes ou trabalhavam em profunda conexão com a CIA, com o Pentágono, com o Departamento de Estado e com o alto escalão do complexo indutrial-militar privado dos Estados Unidos. Essas redes de relações do poder imperialista foram estabelecidas durante a Segunda Guerra Mundial e, no pós-Guerra e na Guerra Fria, estenderam-se e aprofundaram-se em decorrência da disputa contra a União Soviética por hegemonia global.
 
Conforme aponta ainda Frances Stonor Saunders, um dos intuitos principais que movia a relação orgânica entre a Fundação Ford, a CIA e o Departamento de Estado era livrar-se de eventuais embaraços na política interna dos Estados Unidos em relação a ações de inteligência no exterior. As fundações, em particular, a Fundação Ford, e outras entidades privadas, desburocratizavam ações sigilosas (na maioria das vezes ilegais) em outros países, sobretudo, na área cultural e de operações psicológicas (psy-ops), uma vez que não precisavam prestar contas das suas ações ao Congresso do país.