Romance histórico: diferenças entre revisões

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[[Ficheiro:Vagabond1.jpg|miniaturadaimagem|upright=2.0|esquerda|Capa da primeira edição de ''[[Vagabond]]'', mangá de [[Takehiko Inoue]]. Publicado desde 1999, é baseado no romance histórico ''[[Musashi (romance)|Musashi]]'', de [[Eiji Yoshikawa]].]]
No Japão do final [[Era Meiji]], na virada do século, o romance histórico é caracterizado por um conflito, iniciado na década de 1890, entre aqueles que adotavam todo tipo de ideia vinda do Ocidente e aqueles que defendem a importância da cultura e da identidade nacional japonesa.{{Sfn|Milasi|2011|p=6}} Alguns autores importantes desse período de reafirmação da identidade japonesa frente às influências ocidentais são [[Natsume Soseki|Natsume Sōeki]], [[Koda Rohan|Kōda Rohan]] e [[Mori Ōgai|Mori Ögai]].{{Sfn|Milasi|2011|p=6}} É na primeira década do {{Séc|XX}} que estes autores passam a mesclar elementos da literatura estrangeira com as tradições literárias do Japão e da China.{{Sfn|Milasi|2011|p=6}} Os romances históricos deste período são marcados também por sua grande utilização de documentações históricas, estudadas a partir da [[filologia]].{{Sfn|Milasi|2011|p=6}} O autor Michael Bourdaghs aponta que o começo do {{Séc|XX}} é um momento de mudança no nacionalismo japonês.{{Sfn|Bourdaghs|2003|p=3}} O nacionalismo revolucionário da [[Restauração Meiji]] dá lugar para um nacionalismo moderno, principalmente depois da vitória na [[Segunda Guerra Sino-Japonesa|Guerra Sino-Japonesa]], em 1895.{{Sfn|Bourdaghs|2003|p=3}} Esse novo nacionalismo passa por um desenvolvimento dos estudos da [[Língua japonesa|língua]] e da [[Literatura do Japão|literatura japonesa]]. Dessa forma, a literatura de ficção histórica teve um papel fundamental em transformar o passado pré-moderno japonês em uma tradição cultural nacional.{{Sfn|Bourdaghs|2003|p=3}} No romance histórico, em especial, o autor [[Shimazaki Tōson]] teve um papel fundamental em traduzir a história pré-moderna no Japão para o imaginário nacional.{{Sfn|Bourdaghs|2003|p=13}} No seu romance histórico {{japonês|''Yoake mae''|夜明け前,|lit. (em português: ''Antes do Alvorecer''}}), publicado entre 1929 e 1935, Tōson busca desconstruir a ideia até então vigente na historiografia, de que a Restauração Meiji teria sido uma revolução feita por alguns poucos setores da elite japonesa. Em contraponto à narrativa oficial, o autor representa a Restauração como uma revolução popular.{{Sfn|Bourdaghs|2003|p=13}} De acordo com Michael Bourdaghs, o romance mostra um movimento mais amplo nas décadas de 1920 e 1930 em construir uma ideia de comunidade nacional japonesa.{{Sfn|Bourdaghs|2003|p=14}} Em 1939, no Japão do [[Período Shōwa|Período Showa]], o autor [[Yoshikawa Eiji]] publica aquele que se tornaria o romance histórico mais vendido do Japão no {{Séc|XX}}, ''[[Musashi (romance)|Musashi]]''.{{Sfn|Overmeire|2016|p=1125}} Com mais de três mil páginas na edição original, ''Musashi'' conta a história do [[samurai]] [[Miyamoto Musashi]], que viveu no Japão do final do {{Séc|XVI}} e início do {{Séc|XVII}}.{{Sfn|Overmeire|2016|p=1126}} Publicada durante a [[Segunda Guerra Mundial]], a obra é interpretada por alguns de seus críticos como uma glorificação da violência, e um estímulo a cultura de guerra'''.{{Sfn|Overmeire|2016|p=1126}}'''
 
====Modernismo ====