Dinastia merovíngia: diferenças entre revisões

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=== Território ===
Após a morte de Dagoberto o território franco não seria mais unificado; sempre haveria diferentes reis na Nêustria, Austrásia, Borgonha, Aquitânia. O historiador Jean Favier afirma que "em 263 anos, só durante 72 anos os merovíngios conheceram um reino dos francos que tinham à frente um único rei."<ref>{{citar livro|título=Carlos Magno|ultimo=FAVIER|primeiro=Jean|editora=Liberdade|ano=2004|local=São Paulo|páginas=21|acessodata=10/01/2018}}</ref>
 
A [[Nêustria]] foi o primeiro território conquistado pelos Merovíngios, Clóvis a dominou no ano de 486. Com Dagoberto ela torna-se, de fato, um reino; e após sua morte ganham destaques os grandes senhores e ganha destaque pelo seu embate com a Austrásia. Com a morte de [[Carlos Martel]], ela deixa de existir enquanto entidade política.
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A lei merovíngia não era uma lei universal igualmente aplicável a todos; era aplicada a cada indivíduo de acordo com sua origem: os [[francos ripuários]] eram sujeitos à sua própria ''[[Lex Ripuaria]]'', codificada numa data posterior, <ref>Beyerle and Buchner 1954</ref> enquanto a conhecida ''[[lei sálica|Lex Salica]]'' dos clãs salianos, a princípio temporariamente codificada em 511<ref>Rouche 1987, p. 423</ref>, foi invocada sob as exigências medievais posteriores no tempo dos [[Valois]]. Nisto os francos deixaram para trás borgonheses e [[visigodos]], que não tinham uma lei universal baseada na romana. No período merovíngio, a lei permaneceu como costume de memorização dos ''rachimburgs'', que memorizavam todos os precedentes nos quais ela era baseada, devido ao fato de que a lei merovíngia não admitia o conceito de criação de uma ''nova'' lei, apenas na manutenção da tradição. Essas tradições dos [[Povos germânicos]] não ofereciam nenhum código de [[Civil Law]] exigido por uma sociedade civil urbanizada, como o que [[Justiniano]] montou e promulgou no [[Império Bizantino]]. Os poucos textos merovíngios sobreviventes estão quase inteiramente preocupados com as divisões de propriedades entre herdeiros.
 
O rei merovíngio ao longo do tempo foi perdendo poder para as aristocracias locais, os grandes senhores ficavam mais seguros em cidades como [[Soissons]], depois [[Paris]], na [[Nêustria]]; [[Colônia]], depois [[Metz]], na Austrásia que acabaram por assumir ares de capitais, do que protegidos por Reis abalados por processos de sucessão.<ref>{{citar livro|título=Carlos Magno|ultimo=FAVIER|primeiro=Jean|editora=Estação Liberdade|ano=2004|local=São Paulo|página=23|acessodata=11/01/2018}}</ref> Em cada Reino, se encontra a frente desta aristocracia o prefeito do palácio, que mantém o poder apenas por se denominar um descendente de [[Clóvis]], no principio esse prefeito tinha apenas funções domésticas, ao mordomo, cabia apenas as funções de organização doméstica. No {{séc|VII}}, ele se tornou chefe da administração. Já em meados do mesmo século ele é o Major Pallatis, "o maior no palácio". Na Realidade agora é ele quem governa. E [[Eginhardo]] analisará mais tarde as bases reais deste poder de tal maneira:
 
"Esta honra normalmente só era dada pelo povo àqueles que a conquistavam seja pelo brilho de sua estirpe, seja pela grandeza de sua fortuna".
 
Acontecia também casos em que prefeitos do Palácio partilhavam o poder, ou lutavam por ele, com rainhas e mães de reis muito jovens.<ref>{{citar livro|título=Carlos Magno|ultimo=FAVIER|primeiro=Jean|editora=Estação Liberdade|ano=2004|local=São Paulo|páginas=23 - 24|acessodata=11/01/2018}}</ref>
 
== Religião e cultura ==
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[[imagem:Cover of Merovingian sarcophagus Musee de Saint Germain en Laye.jpg|thumb|Cobertura de um [[sarcófago]] merovíngio com o monograma cristão IX, [[Musée d'Archéologie Nationale]]]]
[[imagem:312 Poitiers baptisterio.JPG|thumb|[[Baptistère Saint-Jean|Batistério de São João]], Poitiers]]
A cultura merovíngia era tão completamente embebida de religião que Ytzhak Hen julgou que poder-se-ia apresentar a cultura popular merovíngia como essencialmente um sinônimo de sua religião, o que ele mostra através de textos escritos.<ref>Yitzhak Hen, ''Culture and Religion in Merovingian Gaul, A.D. 481-751'' (New York: Brill) 1995</ref> A cultura merovíngia certamente testemunhou uma extensa proliferação de santos. A cultura era refletida inclusive no governo, com a presença dos prefeitos dos palácios dispersados pelo reino que partilhavam o poder com rainhas ou mães de reis muito jovens, pelo motivo de que naturalmente a mulher era excluída nas partilhas que ocorriam quando um rei merovíngio morria, deixando as terras apenas para seus filhos, não deixando assim de pertencer à família. tais reivindicações eram invocadas através da [[Lei sálica|Lei Sálica]] como uma justificativa mal concebida de manter o poder na mão dos homens. Se ocasionalmente as esposas e as viúvas assumissem o controle, é porque elas o mantêm e nesse caso a tradição era a de que “o poder pertence àquele que é capaz de exercê-lo.”<ref>{{citar livro|título=Carlos Magno|ultimo=FAVIER|primeiro=Jean|editora=Estação Liberdade|ano=2004|local=São Paulo|páginas=23-24|acessodata=11/01/2018}}</ref>
 
O [[cristianismo]] foi levado aos francos pelos monges, a começar pelo batismo de Clóvis I, que adotando o cristianismo, foi o primeiro rei Franco cristão, sob um povo cristão<ref>{{citar livro|título=Carlos Magno|ultimo=FAVIER|primeiro=Jean|editora=Estação Liberdade|ano=2004|local=São Paulo|páginas=17 - 25|acessodata=11/01/2018}}</ref>. Apesar das práticas cristãs e de suas artes sacras, a coroação não foi beneficiada com a celebração oficial que ocorria no Império Romano ou veio a acontecer já no Reino Carolíngio. Apesar de tudo, Clóvis utilizou da conversão para a propagação do poder religioso, já que notou que a igreja crescia consideravelmente no que dizia respeito ao Império Romano. Com isso assumindo sua autoridade sobre os bispos em 511, mesmo ano de sua morte. É válido saber que com a divisão do Império Romano e posteriormente a queda do império do ocidente, os bispos mantiveram seus poderes e recursos nas cidades, ainda ligadas ao Império que agora se chamava [[Império Bizantino]], e também com os povos germânicos, poder esse que decorreu no surgimento de monastérios por toda região da [[Gália]], [[Nêustria]], e [[Austrásia]].
 
O mais famoso desses missionários é [[São Columbano]], um monge irlandês que desfrutou de grande influência junto à rainha [[Batilda]]. Os reis e rainhas merovíngios tomavam vantagem da recente formação da estrutura do poder eclesiástico. Monastérios e sedes episcopais eram cuidadosamente concedidas às elites que apoiavam a dinastia. Grandes extensões de terras foram doadas aos monastérios para dispensar aquelas terras dos impostos reais e para preservá-las dentro da família. A família manteria seu domínio sobre o monastério pela indicação de seus membros como abades. Filhos e filhas mais novos e que não poderiam casar-se eram enviados aos monastérios para que não ameaçassem a herança da criança mais velha. Esse uso pragmático dos monastérios assegurou laços fortes entre as elites e as propriedades monásticas.