Cleópatra: diferenças entre revisões

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O nome Cleópatra é originário do [[Língua grega antiga|grego antigo]] ''Kleopatra'' ({{lang-el|Κλεοπάτρα}}), que significa "glória de seu pai" na [[Gênero gramatical|forma feminina]].{{sfn|Royster|2003|p=48}} É derivado de ''kleos'' ({{lang-el|κλέος}}), "glória", combinado com ''pater'' ({{lang-el|πατήρ}}), "antepassados", usando a [[Caso genitivo|forma genitiva]] ''patros'' ({{lang-el|πατρός}}).{{sfn|Muellner}} A forma masculina teria sido escrita como ''Kleopatros'' ({{lang-el|Κλεόπατρος}}) ou ''Patroklos'' ({{lang-el|Πάτροκλος}}).{{sfn|Muellner}} Cleópatra era [[nomes gregos antigos|o nome]] da [[Cleópatra da Macedónia|irmã de Alexandre, o Grande]], bem como [[Cleópatra (filha de Idas)|Cleópatra Alcíone]], esposa de [[Meleagro]] na [[mitologia grega]]. Através do casamento de [[Ptolemeu V Epifânio]] e [[Cleópatra I Sira]] (uma princesa [[Império Selêucida|selêucida]]), o nome entrou na [[dinastia ptolemaica]].{{sfn|Roller|2010|pp=15–16, 39}}{{sfn|Fletcher|2008|pp=55–57}} Seu título adotivo, Tea Filópator ({{lang-el|Θεά Φιλοπάτωρα}}), significa "deusa que ama seu pai."{{sfn|Burstein|2004|p=15}}{{sfn|Fletcher|2008|pp=84, 215}}{{nota de rodapé|{{harvnb|Tyldesley|2017}} oferece uma interpretação alternativa do título de Cleópatra VII Tea Filópator como "Cleópatra, a Deusa que ama o Pai".}}
 
== BiografiaContexto histórico ==
=== Contexto histórico ===
[[imagem:Ptolemy XII Auletes Louvre Ma3449.jpg|miniaturadaimagem|Busto [[Arte helenística|helenístico]] de [[Ptolemeu XII Auleta]], o pai de Cleópatra, localizado no [[Museu do Louvre|Louvre]], Paris{{sfn|Roller|2010|p=18}}]]
[[Faraó]]s ptolemaicos eram [[Coroação do faraó|coroados]] pelo [[sumo sacerdote de Ptá]], em [[Mênfis]], no Egito, mas residiam na cidade multicultural e em grande parte [[Cultura da Grécia|grega]] de [[Alexandria]], fundada por [[Alexandre, o Grande]] da [[Macedónia Antiga|Macedônia]].{{sfn|Roller|2010|pp=32–33}}{{sfn|Fletcher|2008|pp=1, 3, 11, 129}}{{sfn|Burstein|2004|p=11}}{{nota de rodapé|Para uma explicação completa sobre a fundação de Alexandria por Alexandre, o Grande e sua natureza helenística grega durante o [[Reino Ptolemaico#História|período ptolomaico]], juntamente com uma pesquisa dos vários grupos étnicos que residiram lá, veja {{harvnb|Jones|2006|p=6}}. Para mais validação sobre a fundação de Alexandria por Alexandre, o Grande, veja {{harvnb|Jones|2006|p=6}}.}} Eles [[História da língua grega|falavam grego]] e governavam o Egito como monarcas [[Período helenístico|helenísticos]], recusando-se a aprender [[Egípcio tardio|a língua nativa egípcia]].{{sfn|Roller|2010|pp=29–33}}{{sfn|Fletcher|2008|pp=1, 5, 13–14, 88, 105–106}}{{sfn|Burstein|2004|pp=11–12}}<ref group="nota" name="languages"/> Em contraste, Cleópatra podia [[Multilinguismo|falar vários idiomas]] até a idade adulta e foi a primeira governante ptolemaica a aprender a [[língua egípcia]].{{sfn|Schiff|2011|p=33}}{{sfn|Roller|2010|pp=46–48}}{{sfn|Burstein|2004|pp=11–12}}{{nota de rodapé|Para mais informações, veja {{harvnb|Grant|1972|pp=20, 256, nota 42}}.}} Ela também falava [[Línguas semíticas etiópicas|etíope]], [[Trogloditas|troglodita]], [[Hebraico bíblico|hebraico]] (ou [[aramaico]]), [[Língua árabe|árabe]], a [[Línguas da Síria|língua síria]] (talvez [[Língua siríaca|siríaca]]), [[Língua meda|meda]], [[Língua parta|parta]] e [[latim]], embora seus contemporâneos [[Roma Antiga|romanos]] preferissem falar com ela em seu grego [[coiné]] nativo.{{sfn|Roller|2010|pp=46–48}}{{sfn|Burstein|2004|pp=11–12}}{{sfn|Fletcher|2008|pp=5, 82, 88, 105–106}}{{nota de rodapé|Para uma lista de línguas faladas por Cleópatra como mencionado pelo historiador antigo [[Plutarco]], veja {{harvnb|Jones|2006|pp=33–34}}, que também menciona que os governantes do Egito ptolomaico gradualmente abandonaram a [[língua macedônia antiga]].}} Além do grego, do egípcio e do latim, essas línguas refletiam o desejo de Cleópatra de restaurar os territórios do [[norte da África]] e da [[História do Oriente Médio|Ásia Ocidental]] que pertenciam ao [[Reino Ptolemaico]].{{sfn|Roller|2010|pp=46–48, 100}}
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O intervencionismo romano no Egito antecedeu o reinado de Cleópatra.{{sfn|Roller|2010|pp=38–42}}{{sfn|Burstein|2004|pp=xviii, 10}}{{sfn|Grant|1972|pp=9–12}} Quando [[Ptolemeu IX Látiro]] morreu no final de {{AC|81|x}}, foi sucedido por sua filha [[Cleópatra Berenice|Berenice III]].{{sfn|Roller|2010|p=17}}{{sfn|Grant|1972|pp=10–11}} No entanto, com a construção da oposição na corte real contra a ideia de uma única monarca reinante, Berenice III aceitou o domínio conjunto e o casamento com seu primo e enteado [[Ptolemeu XI Alexandre II]], um arranjo feito pelo ditador romano [[Sula]].{{sfn|Roller|2010|p=17}}{{sfn|Grant|1972|pp=10–11}} Ptolemeu XI teve sua esposa morta logo após o casamento deles em {{AC|80|x}}, mas foi [[Linchamento|linchado]] logo depois no tumulto resultante do assassinato.{{sfn|Roller|2010|p=17}}{{sfn|Burstein|2004|p=xix}}{{sfn|Grant|1972|p=11}} Ptolemeu XI, e talvez seu tio Ptolemeu IX ou pai [[Ptolemeu X Alexandre I]], desejavam o Reino ptolemaico sob Roma como garantia de empréstimos, de modo que os romanos tinham bases legais para tomar o Egito, seu [[estado cliente]], após o assassinato de Ptolemeu XI.{{sfn|Roller|2010|p=17}}{{sfn|Burstein|2004|p=12}}{{sfn|Fletcher|2008|p=74}} Os romanos preferiram dividir o reino ptolemaico entre os [[Filiação ilegítima|filhos ilegítimos]] de Ptolemeu IX, concedendo o [[História de Chipre|Chipre]] a [[Ptolemeu do Chipre]] e o [[História do Egito|Egito]] a [[Ptolemeu XII Auleta]].{{sfn|Roller|2010|p=17}}{{sfn|Burstein|2004|p=xix}}
 
== Biografia ==
=== Primeiros anos ===
Cleópatra Filópator nasceu no início de {{AC|69|x}} como a filha do [[Dinastia ptolemaica|faraó ptolemaico]] Ptolemeu XII e uma mãe desconhecida,{{sfn|Grant|1972|p=3}}{{sfn|Roller|2010|p=15}}{{nota de rodapé|{{harvnb|Grant|1972|p=3}} afirma que Cleópatra poderia ter nascido no final dos anos 70 ou no início de {{AC|69|X}}}} presumivelmente [[Cleópatra VI|Cleópatra VI Trifena]] (também conhecida como [[Cleópatra V Trifena]]),{{sfn|Grant|1972|p=4}}{{sfn|Preston|2009|p=22}}{{sfn|Jones|2006|pp=xiii, 28}}{{nota de rodapé|Para mais informações e validação, consulte {{harvnb|Schiff|2011|p=28}} e {{harvnb|Kleiner|2005|p=22}}. Para especulações alternativas, veja {{harvnb|Burstein|2004|p=11}} e {{harvnb|Roller|2010|pp=15, 18, 166}}}}{{nota de rodapé|{{harvnb|Grant|1972|pp=3–4, 17}}, {{harvnb|Fletcher|2008|p=69, 74, 76}}, {{harvnb|Jones|2006|p=xiii}}, {{harvnb|Preston|2009|p=2009}}, {{harvnb|Schiff|2011|p=28}} e {{harvnb|Burstein|2004|p=11}} rotulam a esposa de Ptolemeu XII Auletes como Cleópatra V Trifena, enquanto {{harvnb|Dodson & Hilton|2004|pp=268–269, 273}} e {{harvnb|Roller|2010|p=18}} a chamam de Cleópatra VI Trifena, devido à confusão em fontes primárias que confundem essas duas figuras, que podem ter sido uma e a mesma. Como explicado por {{harvnb|Whitehorne|1994|p=182}}, Cleópatra VI pode ter sido uma filha de Ptolemeu XII que apareceu em {{AC|58|x}} para governar conjuntamente com sua suposta irmã Berenice IV (enquanto Ptolemeu XII estava exilado e vivendo em Roma), enquanto a esposa do faraó, Cleópatra V, talvez tenha morrido no inverno de 69-{{AC|68|X}}, quando ela desaparece dos registros históricos. {{harvnb|Roller|2010|pp=18–19}} assume que a esposa de Ptolemeu XII, que ele classifica como Cleópatra VI, estava apenas ausente da corte por uma década depois de ter sido expulsa por razão desconhecida, acabando por governar em conjunto com sua filha Berenice IV. {{harvnb|Fletcher|2008|p=76}} explica que os alexandrinos depuseram Ptolemeu XII e instalaram "sua filha mais velha, Berenice IV, e como co-governante revogaram o exílio de 10 anos de Cleópatra V Trifena da corte. Embora os historiadores posteriores acreditassem que ela deveria ter sido outra das filhas de Auletes e numeradas como 'Cleópatra VI', parece que era simplesmente a quinta a voltar para substituir seu irmão e ex-marido Auletes."|nome="cleopatra v or vi"}} a mãe da irmã mais velha de Cleópatra, [[Berenice IV]].{{sfn|Roller|2010|p=16}}{{sfn|Anderson|2003|p=38}}{{sfn|Fletcher|2008|p=73}}{{nota de rodapé|Devido às discrepâncias nos trabalhos acadêmicos, nos quais alguns consideram Cleópatra VI uma filha de Ptolemeu XII ou sua esposa, idêntica à de Cleópatra V, {{harvnb|Jones|2006|p=28}} afirma que Ptolemeu XII teve seis filhos, enquanto {{harvnb|Roller|2010|p=16}} menciona apenas cinco.}} Cleópatra Trifena desaparece dos registros oficiais alguns meses após o nascimento de sua filha em {{AC|69|x}}.{{sfn|Roller|2010|pp=18–19}}{{sfn|Fletcher|2008|pp=68–69}} Os três filhos mais novos de Ptolomeu XII, a irmã de Cleópatra, [[Arsínoe IV]], e os irmãos [[Ptolemeu XIII Téo Filópator]] e [[Ptolemeu XIV]],{{sfn|Roller|2010|p=16}}{{sfn|Anderson|2003|p=38}}{{sfn|Fletcher|2008|p=73}} nasceram na ausência de sua esposa.{{sfn|Roller|2010|p=19}}{{sfn|Fletcher|2008|p=69}} Seu tutor de infância foi Filóstrato, de quem ela aprendeu as [[Educação na Grécia Antiga|artes gregas]] do diálogo e [[Filosofia da Grécia Antiga|filosofia]].{{sfn|Roller|2010|pp=45–46}} Durante sua juventude, presumivelmente estudou no [[Mouseion de Alexandria|Mouseion]], incluindo a [[Biblioteca de Alexandria]].{{sfn|Roller|2010|p=45}}{{sfn|Fletcher|2008|p=81}}