Antinatalismo: diferenças entre revisões

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# Temos uma obrigação moral de não gerar pessoas infelizes e não temos uma obrigação moral de gerar pessoas felizes. A razão pela qual pensamos que existe uma obrigação moral de não gerar pessoas infelizes é que a presença desse sofrimento seria ruim (para os sofredores) e a ausência do sofrimento é boa (embora não haja alguém para desfrutar da ausência de sofrimento). Em contraste, a razão pela qual pensamos que não há obrigação moral de gerar pessoas felizes é que, embora o prazer delas seria bom para elas, a ausência de prazer quando elas não virem a existir não será ruim, porque não haverá ninguém que será privado desse bem.
# É estranho mencionar os interesses de um filho potencial como uma razão pela qual decidimos gerá-lo, e não é estranho mencionar os interesses de um filho potencial como uma razão pela qual decidimos não gerá-lo. O filho poder ser feliz não é uma razão moralmente importante para gerá-lo. Em contraste, o filho poder ser infeliz é uma razão moral importante para não gerá-lo. Se fosse verdade que a ausência de prazer é ruim mesmo quequando alguém não existaexiste para experimentar asentir sua ausência, então teríamos uma razão moral significativa para gerar um filho e para gerar a maior quantidade possível de filhos. Se,E nose entanto,não fosse verdade que a ausência de dor não fosseé boa mesmo quequando alguém não experimentasseexiste experimentar este bem, então não teríamos uma razão moral significativa para não gerar um filho.
# Algum dia podemos nos arrepender pelo bem de um homem cuja existência estava condicionada à nossa decisão, e que o criamos – um homem pode ser infeliz e a presença de sua dor seria ruim. Mas nunca nos sentiremos arrependidos pelo bem de um homem cuja existência estava condicionada à nossa decisão, e que não o criamos – um homem não será privado da felicidade, porque ele nunca existirá e a ausência de felicidade não será ruim, porque não haverá ninguém que será privado desse bem.
# Sentimos tristeza pelo fato de que, em algum lugar, pessoas nascem e sofrem, e não sentimos tristeza pelo fato de que algumas pessoas não vieram à existência num lugar onde há pessoas felizes. Quando sabemos que em algum lugar pessoas nasceram e sofreram, sentimos compaixão. O fato de que pessoas não nasceram e sofreram em alguma ilha ou planeta deserto é bom. Isso ocorre porque a ausência de dor é boa, mesmo quando não há alguém que está experimentando este bem. Por outro lado, não sentimos tristeza pelo fato de que, em alguma ilha ou planeta deserto, pessoas não vieram à existência e não estão felizes. Isso ocorre porque a ausência de prazer é ruim apenas quando alguém existe para ser privado desse bem.<ref>D. Benatar, ''Better...'', op. cit., páginas 31–35.</ref>
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Benatar cita estatísticas, mostrando onde a criação de pessoas leva. Estima-se que:
* mais de quinze milhões de pessoas morreram de [[desastres naturais]] nos últimos 1.000 anos,
* cerca de 20&nbsp;,000 pessoas morrem de [[fome]] todos os dias,
* um número estimado de cerca de 840 milhões de pessoas sofrem de fome e [[desnutrição]],
* entre 541 EC e 1912, estima-se que mais de 102 milhões de pessoas morreram da [[Peste (doença)|peste]],
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* cerca de 40 milhões de crianças são [[Abuso infantil|maltratadas]] a cada ano,
* mais de 100 milhões de mulheres e crianças foram sujeitas à [[Mutilação genital feminina|mutilação genital]]
* 815&nbsp;,000 pessoas cometeram suicídio em 2000<ref>D. Benatar, ''Better...'', op. cit., páginas 88–92.</ref> (atualmente, estima-se que alguém comete suicídio a cada 40 segundos, mais de 800&nbsp;000 pessoas por ano).<ref>[https://www.iasp.info/wspd/2016_wspd.php] International Association for Suicide Prevention, World Suicide Prevention Day.</ref>
 
Além dos argumentos [[Filantropia|filantrópicos]] que "surgem de uma preocupação com os humanos que serão trazidos à existência", Benatar também coloca que outro caminho para o antinatalismo é o argumento [[Misantropia|misantrópico]],<ref>D. Benatar, D. Wasserman, ''Debating Procreation: Is It Wrong To Reproduce?'', Oxford University Press, New York 2015, páginas 87–121.</ref> que em sua opinião pode ser descrito da seguinte forma: