Antinatalismo: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Sirhu (discussão | contribs)
m Benatar
Sirhu (discussão | contribs)
m Correção
Linha 100:
 
# Temos uma obrigação moral de não gerar pessoas infelizes e não temos uma obrigação moral de gerar pessoas felizes. A razão pela qual pensamos que existe uma obrigação moral de não gerar pessoas infelizes é que a presença desse sofrimento seria ruim (para os sofredores) e a ausência do sofrimento é boa (embora não haja alguém para desfrutar da ausência de sofrimento). Em contraste, a razão pela qual pensamos que não há obrigação moral de gerar pessoas felizes é que, embora o prazer delas seria bom para elas, a ausência de prazer quando elas não virem a existir não será ruim, porque não haverá ninguém que será privado desse bem.
# É estranho mencionar os interesses de um filho potencial como uma razão pela qual decidimos gerá-lo, e não é estranho mencionar os interesses de um filho potencial como uma razão pela qual decidimos não gerá-lo. O filho poder ser feliz não é uma razão moralmente importante para gerá-lo. Em contraste, o filho poder ser infeliz é uma razão moral importante para não gerá-lo. Se fosse verdade que a ausência de prazer é ruim mesmo quando alguém não existe para sentir sua ausência, então teríamos uma razão moral significativa para gerar um filho e para gerar a maior quantidade possível de filhos. E se não fosse verdade que a ausência de dor é boa mesmo quando alguém não existe experimentarpara esteusufruir deste bem, então não teríamos uma razão moral significativa para não gerar um filho.
# Algum dia podemos nos arrepender pelo bem de um homem cuja existência estava condicionada à nossa decisão, e que o criamos – um homem pode ser infeliz e a presença de sua dor seria ruim. Mas nunca nos sentiremos arrependidos pelo bem de um homem cuja existência estava condicionada à nossa decisão, e que não o criamos – um homem não será privado da felicidade, porque ele nunca existirá e a ausência de felicidade não será ruim, porque não haverá ninguém que será privado desse bem.
# Sentimos tristeza pelo fato de que, em algum lugar, pessoas nascem e sofrem, e não sentimos tristeza pelo fato de que algumas pessoas não vieram à existência num lugar onde há pessoas felizes. Quando sabemos que em algum lugar pessoas nasceram e sofreram, sentimos compaixão. O fato de que pessoas não nasceram e sofreram em alguma ilha ou planeta deserto é bom. Isso ocorre porque a ausência de dor é boa, mesmo quando não há alguém que está experimentando este bem. Por outro lado, não sentimos tristeza pelo fato de que, em alguma ilha ou planeta deserto, pessoas não vieram à existência e não estão felizes. Isso ocorre porque a ausência de prazer é ruim apenas quando alguém existe para ser privado desse bem.<ref>D. Benatar, ''Better...'', op. cit., páginas 31–35.</ref>