Aprisionamento do vapor Marquês de Olinda: diferenças entre revisões

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=== Destino dos tripulantes e passageiros ===
 
[[Ficheiro:Le coronel F. Carneiro de Campos, président de la province brésilienne de Mato Grosso, et prisionnier du dictateur Lopez.jpg|thumb|left|O Coronel [[Frederico Carneiro de Campos|Carneiro de Campos]] mantido prisioneiro por López (''[[L'Illustration]]'', [[1866]]).]]
 
O navio brasileiro foi incorporado a Armada Paraguaia e todos os passageiros e tripulantes foram aprisionados, incluindo o presidente do Mato Grosso e sua comitiva. Em Assunção, o diplomata norte-americano M. Washburn imediatamente alertou o presidente Solano López sobre as sérias consequências de se manter preso um ministro de estado. Para não ter atritos com os [[Estados Unidos]], López enviou a Buenos Aires, no dia 29 de novembro, a legação brasileira, porém manteve preso Carneiro de Campos. O destino dos passageiros brasileiros considerados prisioneiros de guerra revelou-se ser dramático.{{Sfn|Brazil|2011|p=22}} Todos os que eram apenas empregados do governo imperial brasileiro foram enviados a prisões em terra e sofreram o pior tratamento dispensados a prisioneiros, com nenhum sobrevivendo a guerra, morrendo principalmente de fome.{{Sfn|Brazil|2011|p=23}}
 
O vapor aprisionado levava, dentre diversos passageiros, o presidente Francisco[[Frederico Carneiro de Campos]], João Coelho de Almeida, oficial do corpo de comissários da Armada, Antônio Nunes da Cruz, Joaquim Paula Reis, Manoel Luiz da Silva Souto, José Antônio Rodrigues Braga, Agnelo de Faria Pinto Mangabeira, Clião Pereira Arouca e Antonio Antunes da Luz. Este último era veterano da [[Guerra contra oribe e rosas|Campanha contra Oribe e Rosas]] (1851-1852) e estava em trânsito para ocupar o cargo de 1º. Cirurgião do Hospital Militar de [[Cuiabá]]. Antunes da Luz teria oferecido ajuda médica a seus compatriotas aprisionados, testando ervas medicinais para as várias enfermidades que os acometiam. Ele e seus companheiros foram torturados e enviados a vários locais no país como o Quartel da Ribeira, Capela de São Joaquim, Villeta, Humaitá, Vila do Pilar, Porta do Boqueirão e Passo Pucu. Antunes da Luz morreu de fome em 1867.{{Sfn|Brazil|2011|p=23}}
 
Embora o escritor Schneider tenha afirmado que ninguém a bordo do ''Marquês de Olinda,'' após ser capturado, tenha sobrevivido à guerra, João Coelho de Almeida, um oficial e irmão do tenente-coronel [[Antônio Maria Coelho]], comandante das forças imperiais que participaram da ação conhecida como [[Retomada de Corumbá]], ficou prisioneiro entre 1864 e 1869, e foi um dos raros que escapou com vida após as privações e horrores que passou nas prisões paraguaias. A bordo do navio ''Pontão Elisa'', Coelho de Almeida narrou em uma carta os difíceis momentos que ele e seus companheiros brasileiros passaram. Segundo ele, após receber a notícia da falsa vitória paraguaia em Tuiuti, o Coronel Frederico Carneiro de Campos, adoeceu e veio a falecer em 3 de novembro de 1867. Ainda neste ano, também viu Antônio Nunes da Cruz e o tenente-coronel reformado da Armada Manoel Luiz da Silva Souto sucumbirem a morte. No incio de 1868, foi a vez de José Antônio Rodrigues Braga e de Agnelo de Faria Pinto Mangabeira perecerem por inanição e falta de medicamentos. Ainda segundo Coelho de Almeida, eram costumeiro ver pessoas morreram pelo encarceramento, enfermidade, falta de vestuário, alanceamento de presos que não podiam seguir determinadas marchas, açoites e fuzilamentos. "[T]odos os dias, ao amanhecer, retiravam dos calabouços grande número de cadáveres dos que sucumbiam a fome e as flagelações..." Somente este e Clião Arouca sobreviveram, com ambos sendo libertados em agosto de 1868, alcançando o Rio de Janeiro em 15 de setembro do mesmo ano a bordo do vapor ''Marcílio Dias''.{{Sfn|Brazil|2011|pp=23-25}}{{Referências}}