África Proconsular: diferenças entre revisões

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|nome = África Proconsular
|mapa = Provinciaromana-AfricaProconsular-pt.svg
|anexação = Final146 daa. [[TerceiraC guerra- púnica]]27 a. C
|capital = [[Útica]]Cartago
|imperador =César Augusto
|fronteira =Cirenaica e Mauritânia Cesariense
|correspondência = Norte da [[Tunísia]] e costa mediterrânica da [[Líbia]]
}}
A '''África Proconsular''' foi uma [[província romana|província]] do [[Império Romano]]. Pertencia anteriormente, em sua maior parte, a [[Cartago]].
 
A '''África Proconsular''' (em latim: ''Africa Proconsularis'') foi uma província senatorial do [[Império Romano]] criada por [[Augusto]] em 27 a. C, a partir da junção de duas províncias já existentes na república, a ''Africa Nova'' e a ''Africa Vetus''. Parte de seu território outrora pertenceu aos cartagineses e númidas, povos ali instalados desde meados do século IX a. C ou mesmo antes. Sob o governo romano passou por um forte processo de difusão da cultura imperial, vindo a se tornar uma das províncias estrangeiras mais desenvolvidas de todo o império durante a ''[[Pax Romana|pax romana]]''. Desta província, inclusive, ascenderia ao poder em 193 d. C a [[Dinastia severa|dinastia dos Severos]], a primeira a reinar sobre o império sem qualquer ascendência romana. A província é formalmente dissolvida no século IV d. C com as reformas do imperador [[Diocleciano|Dioclesiano]], sendo por meio destas fragmentada em três províncias menores e autônomas que resistiriam até a época das incursões vândalas sobre o Norte da África, já no século seguinte.
Antes de ser anexado em {{AC|146|x}}, Cartago era uma das regiões mais populosas do império. Até {{AC|200|x}}, foi a segunda província mais populosa de todo império. Também era uma das regiões mais ricas em cereais. Corresponde à actual região do norte da [[Tunísia]] e à costa mediterrânica da [[Líbia]]. O [[África|continente africano]] herdou o nome da província. Entretanto, os Árabes designaram a mesma região de [[Ifríquia]]. O [[Império Romano do Ocidente]] perdeu a região em 434 quando os [[Vândalos]] invadiram a região e saquearam [[Cartago]], de onde depois partiram para saquear [[Roma]] em 455.
 
=== ''Africa Vetus'' e Nova ===
Quando Cartago foi destruída no fim da [[Terceira Guerra Púnica]], 146 a. C, seu destruidor, o general [[Públio Cornélio Cipião Emiliano Africano|Cipião Emiliano]], delimitou a fronteira deste novo território cavando a chamada ''fossa regia'' (SLIM & FAUQUÉ, 2001). Inicialmente se resumia apenas ao norte da [[Tunísia]], não avançando muito para o interior distante do cabo Bon. Essa nova província recebeu o nome apenas de ''Africa'', e assim permaneceu até que as próximas mudanças significativas nas fronteiras ocorressem.
 
Em 123 a. C um projeto proposto pelo senado, a ''Lex Rubria'', propunha a criação de uma colônia sobre as cinzas da antiga Cartago, mas a ideia não vingou. Provavelmente pelo fato de Roma, quando conquistava um novo território, fazer questão de ali “conservar o cadáver” (SLIM & FAUQUÉ, 2001, p. 100). O projeto que realmente seria posto em prática para a reconstrução da futura capital da África Proconsular só surgiria com [[Júlio César|César,]] quase cem anos mais tarde (RAVEN, 1993).
 
Mas a ''Africa'' logo encontrou oposição, quando o rei númida, [[Jugurta|Jugurta I]], desafiou Roma promovendo um massacre de italianos em Cirta (SALÚSTIO, 1943). Uma guerra de pouco mais de seis anos se arrastou pelas areias da Numídia, culminando com a vitória romana e a prisão de Jugurta. No século seguinte, durante a guerra civil entre Pompeu e César, outro rei númida, [[Juba I]], se envolveu nos conflitos romanos. Contudo, ao se aliar a [[Pompeu]] selou o seu destino: a derrota final veio em 46 a. C, em Thapsus, quando os republicanos perdem dez mil homens, contra apenas supostas cinquenta baixas para Júlio César (PLUTARCO, 2001). A glória desta conquista foi vista em Roma, quando em um de seus quatro triunfos exibiu o filho de Juba, [[Juba II]] (FREEMAN, 1996). César chamou os novos domínios númidas anexados de ''Africa Nova''. A antiga ''Africa'' de Cipião Emiliano, delimitada pela ''fossa regia'', passou a se chamar ''Africa Vetus'', a fim de distingui-la da nova província (RAVEN, 1993). A fusão desses dois territórios promovida por Augusto, em 27 a. C, passaria a se chamar então ''Africa Proconsularis''.
 
=== ''Pax Romana'' ===
Com o inicio do regime imperial, a paz na região somente foi perturbada com revoltas isoladas, como a de [[Tacfarinas]] (17 d. C). Isso possibilitou o desenvolvimento urbanístico da província, com a construção de cidades à moda romana. Nem sempre o modelo da cidade italiana era seguido à risca, vindo a adaptar-se ao ambiente geográfico ou social específico de cada localidade (WHITTAKER, 1993). Estes centros urbanos da África Proconsular eram conhecidos por possuírem a maior concentração de casas de banho do império. A população em geral, rica ou pobre, vivia em relativo conforto sem a escassez de água. As cidades eram arborizadas, as casas eram construídas contra o sol e possuíam ruas estreitas para haver sombra a maior parte do dia. Comércio e justiça se propagavam nos fóruns e basílicas, como os de [[Léptis Magna|Leptis Magna]]. Havia entretenimento para todos os públicos, com a província dispondo de um número considerável de teatros e arenas. Extensos aquedutos e estradas atravessavam a região levando água e mensagens para as cidades da costa. A paz era tamanha que para defender a região (não apenas a África Proconsular, mas também todo o Norte da África) bastava os legionários gauleses da [[Legio III Augusta|III ª Augusta]], aquartelada hora em Theveste, hora em Amaedara (RAVEN, 1993).
 
A elite local da África Proconsular em 193 a. C ascende ao trono imperial com o general [[Septímio Severo|Sétimo Severo]], dando inicio a dinastia dos Severos. O período foi marcado pela forte atenção recebida pela província, participando ativamente nas decisões do império. A ascendência púnica e [[Berberes|berbere]] de Sétimo o distinguiu dos demais romanos que o antecederam. Uma forte marca disso é sua representação com longos cabelos e barba volumosa, característica que lembra o estereótipo berbere.
O reinado de Dioclesiano no século IV d. C, marcado por numerosas reformas cívicas, econômicas e militares, assinalou o fim da grande África Proconsular, fragmentando-a em três territórios menores: Zeugitânia, [[Bizacena]] e [[Tripolitânia]] (SLIM & FAUQUÉ, 2001).
==Reconquista bizantina==
 
O [[Império Bizantino]] reivindicava áreas perdidas pelo [[Império Romano do Ocidente]] no século V. Com o pretexto de recuperá-las, o imperador bizantino [[Justiniano I]], em 534, enviou tropas a região para recuperá-las dos Vândalos. Em 698, tropas árabes vindas de recentes conquistas na [[Líbia]] [[Batalha de Cartago (698)|atacaram a região]] e puseram um fim total ao domínio romano sobre a África Proconsular - domínio este que existia desde as [[Guerras Púnicas]] contra a cidade de Cartago.
 
== GovernadoresReferências ==
{{AP|Lista dos governadores romanos da África}}
 
# FREEMAN, Charles. ''Egypt, Greece and Rome: civilizations of the Ancient Mediterranean''. New York: Oxford University Press, 1996.
# PLUTARCO. ''Alexandre e César''. Tradução de Hélio Vega. São Paulo: Ediouro, 2001.
# RAVEN, S. ''Rome in Africa''. Londres/Nova Iorque: Routledge, 1993.
# SALÚSTIO. ''Obras''. Traução de Barreto Feio. São Paulo: Edições Cultura, 1943.
# SLIM, H; FAUQUÉ, N. ''La Tunisie Antique: de Hannibal à Saint Augustin''. Paris: Éditions Mengès, 2001.
# WHITTAKER, C. R. ''Land, City and Trade in the Roman Empire''. Hampshire/Vermont: Variorum, 1993.
{{Províncias romanas 120 a.C.}}
{{Províncias romanas tardias}}