Império Português: diferenças entre revisões

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[[Ficheiro:Benedito Calixto de Jesus - Fundação de São Vicente, Acervo do Museu Paulista da USP.jpg|thumb|upright=1.6|''[[Fundação de São Vicente (Benedito Calixto)|Fundação de São Vicente]]'', a primeira vila da [[América Portuguesa]]]]
 
A expressão "América Portuguesa" incluiria áreas que estiveram de fato sob domínio português, mesmo algumas que hoje não são parte do [[Brasil]], como a [[Colônia do Sacramento]]. O domínio português ''[[de jure]]'' sobre o [[Barbados]] - território que nunca foi brasileiro- é um exemplo de área da América Portuguesa que não faz parte do Brasil. Áreas que anteriormente foram espanholas, localizadas a oeste do meridiano de Tordesilhas, foram absorvidas pelo domínio português, fazendo hoje parte do Brasil. Atualmente, a América Portuguesa está em territórios do atual [[Brasil|República Federativa do Brasil]], das atuais [[Províncias e territórios do Canadá|províncias canadenses]] da [[Terra Nova e Labrador]] (tanto a ilha da [[Terra Nova]] quanto a região do [[Labrador]] ficaram sob o domínio português) e [[Nova Escócia]], pelo [[país]] [[América Central|centro-americano]] de [[Barbados]], pelo [[Uruguai]] e pelo [[Departamentos de ultramar|departamento de ultramar francês]] da [[Guiana Francesa]].<ref group="nota">O atual estado do [[Acre]] pertencia à [[América espanhola]], sendo território desmembrado da [[Bolívia]] e incorporado ao [[Brasil]] em 1903.</ref>
 
==== Posse e ocupação do território que se tornou o Brasil ====
Em 1499, na segunda armada à Índia, a mais bem equipada do {{séc|XV}}, [[Pedro Álvares Cabral]] afastou-se da costa africana. A 22 de abril de 1500 avistou o Monte Pascoal no litoral sul da [[Bahia]]. Oficialmente tida como acidental, a [[descoberta do Brasil]] originou a especulação de ter sido preparada secretamente.<ref name="McAlister">McAlister, Lyle (1984). Spain and Portugal in the New World, 1492–1700, p.75, University of Minnesota Press. ISBN 0-8166-1216-1.</ref> O território conseguira fazer parte dos domínios portugueses renegociando a demarcação inicial da [[Bula Inter Coetera]] de 1493, quando D. João II firmou o [[Tratado de Tordesilhas]] em 1494, que movia mais para oeste o meridiano que separava as terras de Portugal e de Castela.<ref name="História Império Português"/>
 
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Em 1503, todo o território foi arrendado pela coroa para exploração do pau-brasil aos comerciantes que financiaram a expedição, entre eles [[Fernão de Noronha]], que seria representante do banqueiro [[Jakob Fugger]], que vinha financiando viagens portuguesas à Índia. Em 1506 produzia cerca de 20&nbsp;mil [[quintal|quintais]] de pau-brasil, com crescente demanda na Europa, cujo preço elevado tornava a viagem lucrativa.{{nota de rodapé|Segundo [[Capistrano de Abreu]], em ''Capítulos da História Colonial'', cada quintal era vendido em Lisboa por 2<sup>1/3</sup> [[ducado]]s, mas levá-lo até lá custava apenas meio ducado. Os arrendatários pagavam 4 mil ducados à Coroa.}}
 
Comerciantes de [[Lisboa]] e do [[Porto]] enviavam embarcações à costa para contrabandearem pau-brasil, aves de plumagem colorida ([[papagaio]]s, [[arara]]s), peles, raízes medicinais e índios para escravizar. Os navios ancoravam no litoral e recrutavam índios para trabalhar no corte e carregamento, em troca de pequenas mercadorias como roupas, colares e [[espelho]]s (prática chamada "[[escambo]]"). Cada nau carregava em média cinco mil toras de 1,5 metro de comprimento e 30 quilogramas de peso. O arrendamento foi renovado duas vezes, em 1505 e em 1513. Em 1504, como reconhecimento, o rei D. Manuel I doou a Fernão de Noronha a primeira [[capitania hereditária]] no litoral brasileiro: a ilha de São João da Quaresma, atual [[Fernando de Noronha]].<ref name="História Império Português"/>
 
As regiões de [[Pernambuco]], [[Porto Seguro]] e [[Cabo Frio]] tinham maior concentração de pau-brasil, e por isso contavam as três com [[feitorias portuguesas]]. Pernambuco, lugar onde se iniciou a exploração da árvore, tinha a madeira mais cobiçada no Velho Mundo, o que explica o fato de o pau-brasil ter como principal nome "pernambuco" em idiomas como o [[:fr:Pernambouc (arbre)|francês]] e o [[:it:Caesalpinia echinata|italiano]].<ref name="Terra_Brasilis">{{citar web|url=http://terrabrasilisdidaticos.com.br/images/stories/revistanucleovivaciencia/conhecendoopaubrasil.pdf|título=Conhecendo o Pau-Brasil: história e biologia|publicado=Terra Brasilis Didáticos|acessodata=21-2-2019}}</ref><ref name="História">{{citar web|url=http://www.sohistoria.com.br/ef2/descobrimento/p6.php|título=Pau-brasil|publicado=Só História|acessodata=28 de junho de 2016}}</ref><ref name="Pau_Brasil">{{citar web|url=http://g1.globo.com/economia/agronegocios/vida-rural/noticia/2013/05/pernambuco-abriga-uma-das-areas-mais-preservadas-com-o-pau-brasil.html|título=Pernambuco abriga uma das áreas mais preservadas com o Pau-Brasil|publicado=G1|acessodata=28 de junho de 2016}}</ref> Em 1516, foi construído no litoral pernambucano o primeiro [[engenho de açúcar]] de que se tem notícia na América portuguesa, mais precisamente na [[Feitorias de Igaraçu e na Ilha de Itamaracá|Feitoria de Itamaracá]], confiada ao administrador colonial [[Pero Capico]] — o primeiro "Governador das Partes do Brasil". Em 1526 já figuravam direitos sobre o [[açúcar]] de Pernambuco na Alfândega de Lisboa.<ref>{{citar web|url=http://www.ibrac.net/index.php/o-ibrac/historico|título=Um pouco de história|publicado=IBRAC|acessodata=29 de outubro de 2016}}</ref><ref name="Jacques">{{citar web|url=https://www.ebiografia.com/cristovao_jacques/|título=Biografia de Cristóvão Jacques|publicado=Ebiografia.com|acessodata=1-5-2017}}</ref> O litoral brasileiro servia ainda como apoio à [[carreira da Índia]], em especial a [[Baía de Todos-os-Santos]] onde as frotas se abasteciam de água e lenha, aproveitando para fazer pequenos reparos. No [[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]], junto à foz do rio foi erguida uma construção inspirou o nome que os índios deram ao local: "cari-oca", casa dos brancos.<ref name="História Império Português"/> Contudo, nas três primeiras décadas o Brasil teve um papel secundário na expansão portuguesa, então centrada no comércio com a Índia e para o Oriente.<ref name="McAlister" />
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A [[Ciclo da cana-de-açúcar|cultura da cana-de-açúcar]] consolidou-se e as grandes plantações em [[Pernambuco]] e na [[Bahia]] exigiriam um número crescente de [[escravo]]s negros da [[Guiné]], do [[Benim]] e da [[Angola]].<ref name="História Império Português"/>
 
===== Capitanias hereditárias e o primeiro Governo Geral (1532-1580) =====
{{Artigo principal|Capitanias do Brasil|Ciclo da cana-de-açúcar}}