Acidente ferroviário de Soure: diferenças entre revisões

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==Acidente==
[[File:Comboios de Portugal DSC 3721 (25143706342).jpg|thumb|left|Veículo de manutenção de catenária, semelhante ao que foi destruído neste acidente, no [[estação do Entroncamento|Entroncamento]] em 2016.]]
No dia do acidente, o Veículo de Conservação de Catenária 105, da empresa [[Infraestruturas de Portugal]], estava a circular entre o [[Estação do Entroncamento|Entroncamento]] e [[estação de Mangualde|Mangualde]], sem estar a fazer quaisquer trabalhos de manutenção, tendo apenas dois tripulantes, ea porbordo.<ref name=JN2020II/> Por volta das 15:12, parou na via de resguardo da [[estação de Soure]], enquanto esperava pela passagem da automotora [[Alfa Pendular]] 4004.<ref name=JN2020II/> Esta tinha saído de [[Estação de santa apolónia|Lisboa - Santa Apolónia]] às 14 horas, com destino a [[estação de Braga|Braga]], tendo 212 passageiros a bordo.<ref name=SAPO2020/> Por motivos indeterminados, apesar do sinal ainda estar vermelho, o veículo de manutenção prosseguiu viagem às 15:25, entrando na linha I, por onde iria circular o comboio de passageiros.<ref name=JN2020II/> Uma vez que a via passou a estar ocupada, o sinal da linha I mudou para vermelho, e foram accionados os travões do Alfa Pendular, mas devido à curta distância, isto não foi suficiente para evitar a colisão entre os dois comboios, que ocorreu por volta das 15:26, cerca de 20 segundos depois do veículo de manutenção ter entrado na linha sem autorização.<ref name=JN2020II/> Devido à violência do choque, as primeiras duas unidades do Alfa Pendular descarrilaram, tendo o veículo de manutenção sido arrastado ao longo de cerca de 500 m, onde ambos os comboios se imobilizaram.<ref name=JN2020II/> Este acidente deu-se na zona de Casalinhos.<ref name="alusa">{{citar web|url=https://www.lusa.pt/article/YzJVgt5EpuW2sPl_2CYowjMSZM5iuSI1/alfa-acidente-v%C3%ADtimas-mortais-no-descarrilamento-em-soure-eram-trabalhadores-da-refer-top-five-news|titulo=Alfa/Acidente: Vítimas mortais no descarrilamento em Soure eram trabalhadores da REFER|agência=Agência Lusa|data=31-07-2020|acessodata=31-07-2020}}</ref>
 
Este acidente provocou dois mortos e 43 feridos, dos quais sete estavam em estado grave, sendo um destes o maquinista do comboio Alfa Pendular.<ref name=SICN2020/> As duas fatalidades eram os tripulantes do veículo de manutenção.<ref name=SICN2020/> A circulação ferroviária naquele lanço da Linha do Norte foi suspensa, tendo a operadora [[Comboios de Portugal]] organizado um serviço rodoviário de substituição.<ref name=JN2020>{{citar web|titulo=Identificadas as vítimas do acidente com o Alfa Pendular em Soure|autor=CAMPOS, João Pedro|publicado=Jornal de Notícias|data=31 de Julho de 2020|url=https://www.jn.pt/nacional/identificadas-as-vitimas-do-acidente-com-o-alfa-pendular-em-soure-12487426.html|acessodata=1 de Agosto de 2020}}</ref>
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Na sequência do acidente, o Presidente da República, [[Marcelo Rebelo de Sousa]], emitiu uma mensagem de pesar às vítimas e às suas famílias, e salientou a conduta do Ministro das Infraestruturas, [[Pedro Nuno Santos]], por se ter deslocado rapidamente ao local do acidente, e do autarca de Soure, por ter disponibilizado um local onde acolher os passageiros.<ref name=SICN2020/> Pedro Nuno Santos declarou que já tinha sido aberto um inquérito para saber as causas do acidente, que ia ser investigado pelo [[Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (Portugal)|Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários]].<ref name=SICN2020/>
 
Este acidente foi criticado pelo presidente do Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses, António Domingos, que alertou para a necessidade da instalação de um sistema redundante, para garantir a segurança da circulação dos comboios.<ref name=SICN2020/> Explicou que apesar do Alfa Pendular possuir um sistema de controlo automático de velocidade ([[Convel|CONVEL]]), que serve para travar automaticamente o comboio caso este não cumpra a sinalização, os veículos de manutenção não dispõem desse equipamento.<ref name=SICN2020/> Especulou que, devido à falta do CONVEL, a dresina envolvida no acidente possa ter ultrapassado um sinal proibido e entrado numa via onde não deveria estar,<ref name=SICN2020/> teoria que foi confirmada pelo Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários em 1 de Agosto.<ref name=JN2020II/> Com efeito, apesar da empresa Infraestruturas de Portugal ter anunciado em 2018 que iria instalar o sistema de controlo automático de velocidade nos seus veículos para a manutenção de catenária, mas não chegou a cumprir devido a problemas de «''cabimentação financeira''».<ref name=PCanal2020/> Esta garantia tinha sido dada na sequência de um relatório do Gabinete de Prevenção sobre um incidente semelhante ao de Soure, ocorrido na estação de [[Estação de Roma-Areeiro|Roma Areeiro]] em Janeiro de 2016, quando um veículo de manutenção de catenária ultrapassou indevidamente um sinal vermelho.<ref name=PCanal2020>{{citar web|titulo=Infraestruturas de Portugal comprometeu-se há dois anos de instalar sistema que podia ter evitado acidente Alfa Pendular, em Soure|publicado=Porto Canal|data=1 de Agosto de 2020|url=http://portocanal.sapo.pt/noticia/230777|acessodata=2 de Agosto de 2020}}</ref>

Uma vez que o sistema apenas monitoriza o cumprimento da sinalização e não é capaz de reconhecer quaisquer obstáculos na via férrea, não terá travado automaticamente o comboio Alfa Pendular, e o motorista não terá tido tempo de imobilizar a sua composição antes de colidir com o outro veículo.<ref name=SICN2020>{{citar web|titulo=Dois mortos em acidente com alfa pendular na zona de Soure|publicado=SIC Notícias|data=31 de Julho de 2020|url=https://sicnoticias.pt/pais/2020-07-31-Dois-mortos-em-acidente-com-alfa-pendular-na-zona-de-Soure|acessodata=1 de Agosto de 2020}}</ref>
 
Este acidente também foi duramente criticado por Luís Cabral da Silva, especialista no transporte ferroviário, que considerou a situação como «''criminosamente grave''», tendo reprovado principalmente a conduta da empresa Infraestruturas de Portugal, que não terá comunicado a presença do veículo de manutenção naquele local.<ref>{{citar web|titulo=Acidente em Soure: Especialista diz que o que se passou foi "criminosamente grave"|publicado=SAPO|data=31 de Julho de 2020|url=https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/acidente-em-soure-especialista-diz-que-o-que-se-passou-foi-criminosamente-grave|acessodata=1 de Agosto de 2020}}</ref>