No Quarto da Vanda: diferenças entre revisões
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Ficha Técnica |
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A realidade é plácida. Aquilo que é representado só ao fim de um longo espaço de tempo se anima. Só ao fim da prolongada espera duma qualquer acção, a acção se manifesta. A espera torna-se longa até que algum sentido surja. O adormecimento não chega a ser quebrado e só quando menos se espera algo surge. Rarefeito, perde-se o motivo numa sonolenta observação e quem não resiste a essa precisa exigência, quem não se sente tocado por outra, pela «exigence du récit», por muito esforçado que seja, facilmente adormece ou então, cansado da espera, se ergue da cadeira e sai da sala em busca doutro motivo, movido pela necessidade de responder a outras exigências. Desiste de sofrer, não suporta o tempo de espera que a narrativa exige. Na sala só fica quem decide aceitar o destino de aguardar que algo se resolva. Quem fica fica por amor, como por amor na igreja fica quem tem o hábito de ir à missa.
No Quarto de Vanda é a segunda obra de uma trilogia que Pedro Costa inaugurou sobre o mesmo tema, com os mesmos personagens: [[Ossos (filme)|Ossos]], No Quarto da Vanda, [[Juventude em Marcha]]. O primeiro filme, já cheio de ousadias formais, é produzido com meios convencionais, em película e com uma equipe completa. O segundo, renuncia a
A aplicação teórica e prática destes métodos de fazer cinema não deixaria de acarretar alguns bons e compensadores resultados.
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