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Em agosto de 1961, durante uma conferência econômica da [[Organização dos Estados Americanos]] em [[Punta del Este]], no Uruguai, Che Guevara enviou uma nota de "gratidão" ao presidente dos Estados Unidos, [[John F. Kennedy]], por Richard N. Goodwin, Subsecretário de Estado Adjunto para Assuntos Interamericanos. Dizia "Obrigado por Playa Girón (Baía dos Porcos). Antes da invasão, a revolução estava instável. Agora está mais forte do que nunca".{{sfn|Anderson|1997|p=509}} Em resposta ao secretário do Tesouro dos Estados Unidos, [[C. Douglas Dillon]], apresentando a [[Aliança para o Progresso]] para ratificação do encontro, Guevara atacou antagonisticamente a alegação dos EUA de ser uma "democracia", afirmando que tal sistema não era compatível com "oligarquia financeira, discriminação contra os negros e ultrajes pela [[Ku Klux Klan]]".<ref name="PuntaDelEsteChe">{{citar web|url=http://www.marxists.org/archive/guevara/1961/08/08.htm|título=Economics Cannot be Separated from Politics|autor=Che Guevara|data=8 de agosto de 1961}}</ref> Ele continuou, falando contra a "perseguição" que, em sua opinião, "afastou cientistas de [[Robert Oppenheimer|Oppenheimer]] de seus postos, privou o mundo durante anos da maravilhosa voz de [[Paul Robeson]] e mandou [[Julius e Ethel Rosenberg|os Rosenbergs]] para a morte contra os protestos de um mundo chocado".<ref name="PuntaDelEsteChe"/> Guevara terminou suas observações insinuando que os Estados Unidos não estavam interessados em reformas reais, ironizando que "especialistas estadunidenses nunca falam em reforma agrária; preferem um assunto seguro, como um melhor abastecimento de água. Em resumo, eles parecem preparar a revolução dos banheiros".{{sfn|Kellner|1989|p=78}} No entanto, Goodwin declarou em seu memorando ao presidente Kennedy após a reunião que o revolucionário o via como alguém da "nova geração"<ref name=goodwinche /> e alegou que enviou uma mensagem a ele no dia seguinte à uma das reuniões. Os participantes argentinos que ele descreveu como "Darretta"<ref name=goodwinche /> também viram a conversa que os dois tinham como "bastante proveitosa".<ref name=goodwinche>{{citar web|url=http://americancentury.omeka.wlu.edu/files/original/3e027f808b843322ec9f28e8e78e93b7.pdf|título=Memorandum for the president - Conversation with Commandante Ernesto Guevara of Cuba|data=22 de agosto de 1961|acessodata=18 de junho de 2019}}</ref>
 
Guevara, que era praticamente o arquiteto da relação soviético-cubana,{{sfn|Anderson|1997|p=492}} então desempenhou um papel fundamental em trazer para Cuba os [[Míssil balístico|mísseis balísticos]] soviéticos que precipitaram a crise dos mísseis cubanos em outubro de 1962 e levaram o mundo à beira da [[guerra nuclear]].{{sfn|Anderson|1997|p=530}} Algumas semanas após a crise, durante uma entrevista com o jornal britânico ''The Daily Worker'', ele ainda se irritava com a suposta traição soviética e disse ao correspondente Sam Russell que, se os mísseis estivessem sob o controle cubano, eles os teriam lançado.{{sfn|Anderson|1997|p=545}} Ao explicar o incidente mais tarde, reiterou que a causa da libertação socialista contra a "agressão imperialista global" valeria a possibilidade de "milhões de vítimas da guerra atômica".<ref>[[#refGuevaraDeutschmann1997|Guevara 1997]], p 304</ref> Logo após a crise, Moscou convidou Guevara e mais 1.500 agentes do [[Dirección de Inteligencia|G2]] (inteligência cubana) para receberem, da [[KGB]], treinamento em operações de inteligência.<ref>{{citar web|URL=https://books.google.com.br/books?id=lwojDAAAQBAJ&pg=PT190&lpg=PT190&dq=1962+Guevara+KGB+training+school&source=bl&ots=KIogTW99c5&sig=ACfU3U3r2qZGr7kT0oXZjB0zSfs7uZdTaQ&hl=pt-BR&sa=X&ved=2ahUKEwjl0cLyxfXrAhUcIbkGHWtbBvMQ6AEwEXoECAcQAQ#v=onepage&q=1962%20Guevara%20KGB%20training%20school&f=false|título=Cuba: the Truth, the Lies, and the Cover-Ups|autor=Antonio del Mármol, Julio|data=2016|publicado=Trafford Publishing ([[Google Livros]]) {{en}}|acessodata=20 de setembro de 2020}}</ref> A crise dos mísseis o convenceu ainda mais de que as duas superpotências do mundo (os Estados Unidos e a União Soviética) usaram Cuba como um peão em suas próprias estratégias globais. Posteriormente, ele denunciou os soviéticos com a mesma frequência que denunciava os estadunidenses.{{sfn|Kellner|1989|p=73}}
 
==Diplomacia internacional==
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[[Imagem:4CheFaces.jpg|miniatura|esquerda|O autor Michael Casey observa como a imagem de Che se tornou um logotipo tão reconhecível quanto o [[swoosh]] ou os [[Arcos Dourados]]<ref name="Michiko" />]]
 
Por outro lado, Jacobo Machover, um autor de oposição exilado, descarta todos os elogios de Guevara e o retrata como um carrasco insensível.<ref name="Machover">{{citar web|url=http://www.timesonline.co.uk/tol/news/world/us_and_americas/article2461399.ece|título=Behind Che Guevara's mask, the cold executioner|arquivourl=https://web.archive.org/web/20081121181216/http://www.timesonline.co.uk/tol/news/world/us_and_americas/article2461399.ece|arquivodata=2008-11-21|obra=Times|data=16 de setembro de 2007}}</ref> Exilados cubanos expressaram opiniões semelhantes, entre eles Armando Valladares, que o declarou "um homem cheio de ódio" que executou dezenas sem julgamento,<ref>{{citar web|url=http://www.washingtontimes.com/news/2009/jan/27/del-toro-walks-away-from-questions-on-che/print/|título=Che' Spurs Debate, Del Toro Walkout|obra=[[The Washington Times]]|data=27 de janeiro de 2009}}</ref> e Carlos Alberto Montaner, que afirmou que Guevara possuía "uma mentalidade de [[Robespierre]]" onde a crueldade contra os inimigos da revolução era uma virtude.<ref>{{citar web|url=http://www.freedomcollection.org/interviews/carlos_alberto_montaner/?vidid=343|título=Short interview on Che Guevara|autor=Carlos Alberto Montaner|obra=Freedom Collection}}</ref> Álvaro Vargas Llosa, do Instituto Independente, supõe que os seus seguidores contemporâneos "se iludem agarrados a um mito", descrevendo-o como um "puritano marxista" que empregou seu rígido poder de reprimir a dissidência, enquanto também operava como uma "máquina de assassinato a sangue-frio".<ref name="ReferenceB" /> Llosa também acusa a sua "disposição fanática" como sendo o eixo da "sovietização" da Revolução Cubana, especulando que ele possuía uma "subordinação total da realidade à cega ortodoxia ideológica".<ref name="ReferenceB" /> Em

Críticos nívelacusam-no macro,por osua pesquisadorconcepção da [[Instituição Hoover]]ideológica, Williamque Ratliff, considera Guevara mais como uma criação de seu ambienteconsideram históricoexemplificada, referindo-se a ele como uma figura "destemida" e "cabeça-forte doentre Messias"outras, quepela foiseguinte o produto de uma cultura latina enamorada de mártires que "inclinou as pessoas a buscar e seguir os milagres paternalistas".<ref name="Ratliff07">{{citar web|url=httpdeclaração://www.independent.org/newsroom/article.asp?id=2040|título=Che is the "Patron Saint" of Warfare|autor=William Ratliff|obra=The Independent Institute|data=9 de outubro de 2007}}</ref> Ratliff ainda especula que as condições econômicas na região se adequavam ao compromisso de Guevara de "trazer justiça aos oprimidos esmagando tiranias centenárias"; descrevendo a América Latina como sendo atormentada pelo que [[Moisés Naím]] chamou de "malignidades lendárias" de desigualdade, pobreza, política disfuncional e instituições com mau funcionamento.<ref name="Ratliff07" />
 
{{Quote| (...) O ódio como um fator de luta; o ódio intransigente ao inimigo, que ultrapassa as limitações naturais do ser humano e o torna uma eficaz, violenta, seletiva e fria máquina de matar. Nossos soldados têm que ser assim; Um povo sem ódio não pode triunfar sobre um inimigo brutal. <br />(...) Tem que levar a guerra para onde o inimigo a leve: para sua casa, para seus locais de diversão; fazê-la total. É necessário impedi-lo de ter um minuto de tranquilidade, um minuto de sossego fora de seu quartel e até dentro dele: atacá-lo onde quer que se encontre; <br />Fazê-lo sentir-se uma fera acossada <br />em cada lugar que transite.<ref name="MUCHOS VIETNAM">{{citar web|URL=https://www.marxists.org/espanol/guevara/04_67.htm|título="CREAR DOS, TRES... MUCHOS VIETNAM". Mensaje a los pueblos del mundo a través de la Tricontinental |autor=Ernesto Che Guevara|data=16 de abril de 1967|publicado=revista Tricontinental (marxists.org)-{{es}}|acessodata=20 de setembro de 2020}}</ref>|(Revista Tricontinental, [[Havana]], Cuba, 16 de Abril de 1967, artigo de Ernesto Guevara publicado em quatro idiomas, espanhol,<ref name="MUCHOS VIETNAM"/> inglês,<ref>{{citar web|URL=https://www.marxists.org/archive/guevara/1967/04/16.htm|título=Message to the Tricontinental|autor=Ernesto Che Guevara|data=16 de abril de 1967|publicado=revista Tricontinental (marxists.org)-{{en}}|acessodata=20 de setembro de 2020}}</ref> francês e italiano,<ref>{{citar web|URL=http://www.resistenze.org/sito/ma/di/cl/madcc2.htm|título=LA RIVOLUZIONE DEI POPOLI OPPRESSI|autor=Ernesto Che Guevara|data=16 de abril de 1967|publicado=revista Tricontinental (resistenze.org)-{{it}}|acessodata=20 de setembro de 2020}}</ref> <ref>{{citar web|URL=https://web.archive.org/web/20131226231908/http://www.circologramsciriposto.it/la%20rivoluzione%20dei%20popoli%20oppressi.htm|título=LA RIVOLUZIONE DEI POPOLI OPPRESSI|autor=Ernesto Che Guevara|data=1967|publicado=circologramsciriposto.it (Web Archive)-{{it}}|acessodata=20 de setembro de 2020}}</ref> pelo Secretariado Executivo da OSPAAAL, Organização de Solidariedade dos Povos da África, Ásia e América Latina).}}
 
Em nível macro, o pesquisador da [[Instituição Hoover]], William Ratliff, considera Guevara mais como uma criação de seu ambiente histórico, referindo-se a ele como uma figura "destemida" e "cabeça-forte do Messias", que foi o produto de uma cultura latina enamorada de mártires que "inclinou as pessoas a buscar e seguir os milagres paternalistas".<ref name="Ratliff07">{{citar web|url=http://www.independent.org/newsroom/article.asp?id=2040|título=Che is the "Patron Saint" of Warfare|autor=William Ratliff|obra=The Independent Institute|data=9 de outubro de 2007}}</ref> Ratliff ainda especula que as condições econômicas na região se adequavam ao compromisso de Guevara de "trazer justiça aos oprimidos esmagando tiranias centenárias"; descrevendo a América Latina como sendo atormentada pelo que [[Moisés Naím]] chamou de "malignidades lendárias" de desigualdade, pobreza, política disfuncional e instituições com mau funcionamento.<ref name="Ratliff07" />
 
[[Imagem:Jânio Quadros condecora Ernesto Guevara com a Ordem do Cruzeiro do Sul.jpg|miniatura|O então Presidente do Brasil [[Jânio Quadros]] condecora Guevara com a Ordem do Cruzeiro do Sul, 1961]]