Golpe de Estado no Brasil em 1964: diferenças entre revisões

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Pela falta de mobilização das camadas populares da sociedade,<ref>{{citar web | url=http://www.cprepmauss.com.br/documentos/politicaexternaindependente52434.pdf | título=O nacionalismo desenvolvimentista e a política externa independente (1951-1964) | publicado=www.cprepmauss.com.br }}{{Ligação inativa|1={{subst:DATA}} }}. Por Paulo Fagundes Vizentini. ''Cprep Mauss.</ref> a extensa maioria dos críticos do movimento de 1964 qualifica-o como um golpe de estado.<ref>{{Citation | local = BR | url = http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-01882004000100002&script=sci_arttext | titulo = 1964: O golpe contra as reformas e a democracia | periódico = Revista Brasileira de História | acessodata = 11 de julho de 2010 | publicado = Scielo}}.</ref> Mesmo para muitos militares, a começar pelo ex-presidente [[Ernesto Geisel|Geisel]], é claro que não houve uma revolução:<ref name="História Brasileira"/> "O que houve em 1964 não foi uma revolução. As revoluções fazem-se por uma ideia, em favor de uma [[doutrina]]. Nós simplesmente fizemos um movimento para derrubar João Goulart. Foi um movimento 'contra', e não 'por' alguma coisa. Era contra a [[subversão]], contra a [[corrupção]]. Em primeiro lugar, nem a subversão nem a corrupção acabam. Você pode reprimi-las, mas não as destruirá. Era algo destinado a corrigir, não a construir algo novo, e isso não é revolução".
 
Para outras lideranças militares, foi uma contrarrevolução.<ref name=Defesa /> Segundo o coronel [[Jarbas Passarinho]]: "O movimento militar de 1964 foi uma contrarrevolução, que só se efetivou, porém, quando a sedução esquerdista cometeu seu erro vital com a rebelião dos marinheiros, com a conivência do governo, o golpe de mão frustrado de sargentos em Brasília e a desastrosa fala de Jango para os sargentos no Automóvel Clube do Rio de Janeiro. A disciplina<ref>{{citar web | url=http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4346.htm | título=Regulamento Disciplinar do Exército (R-4). | publicado=www.planalto.gov.br }}</ref> e a [[Hierarquia militar (Brasil)|hierarquia]] estavam gravemente abaladas. As Forças Armadas só então se decidiram pela ofensiva, reclamada pela opinião pública. O apoio da sociedade brasileira, da imprensa, praticamente unânime, da maioria esmagadora dos parlamentares no Congresso, da [[Igreja]], maciçamente mobilizada nas manifestações das enormes passeatas, as mulheres rezando o terço e reclamando liberdade, tudo desaguou na deposição de João Goulart, sem o disparo de um tiro sequer, o povo aclamando os militares"."<ref name=Passarinho>{{citar web | url=http://www.histedbr.fe.unicamp.br/art01_23.pdf | título=Jarbas Passarinho, ideologia tecnocrática e ditadura militar | publicado=www.histedbr.fe.unicamp.br }}{{Ligação inativa|1={{subst:DATA}} }}, por Amarilio Ferreira Jr. e Marisa Bittar. ''Revista Histedbr On-line'', Campinas, n.º 23, p. 3–25, set. 2006 - ISSN: 1676-2584.</ref>
 
== Características gerais do novo regime e objetivos ==
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De acordo com relatos publicados pelo Departamento de Documentação Histórica da Fundação Getúlio Vargas:<ref>{{citar web | url=http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/FatosImagens/Golpe1964 | título=Departamento de Documentação Histórica da Fundação Getúlio Vargas - O golpe de 1964 e a instauraçao do regime militar | publicado=cpdoc.fgv.br }}</ref>
* ''(sic)… Os militares envolvidos no golpe de 1964 justificaram sua ação afirmando que o objetivo era restaurar a [[Obediência hierárquica#A obediência hierárquica na esfera militar|disciplina militar]] e a [[Hierarquia militar (Brasil)|hierarquia]] nas Forças Armadas e deter a "ameaça comunista" que, segundo eles, pairava sobre o Brasil;.''
* ''Uma ideia fundamental para os golpistas era que a principal ameaça à ordem capitalista e à segurança do país não viria de fora, através de uma guerra tradicional contra exércitos estrangeiros; ela viria de dentro do próprio país, através de brasileiros que atuariam como "inimigos internos" – para usar uma expressão da época;.''
* ''Esses "inimigos internos" procurariam implantar o comunismo no país pela via revolucionária, através da "subversão" da ordem existente – daí serem chamados pelos militares de "subversivos"''.
 
Segundo a análise do CPDOC-FGV, havia fatores históricos que posicionavam as [[Forças Armadas do Brasil]] contra o [[comunismo]], acentuando a polarização [[ideológica]] no Brasil:<ref>[http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango/artigos/AConjunturaRadicalizacao/O_anticomunismo_nas_FFAA Departamento de Documentação Histórica da Fundação Getúlio Vargas - O anticomunismo nas Forças Armadas], por Celso Castro.</ref>
* ''A percepção de um "perigo comunista" no Brasil passou por um processo de crescente "concretização", até atingir seu clímax com a [[Intentona Comunista|Revolta de 1935]]. Assim, após a [[Revolução Russa de 1917]], tiveram lugar no país a criação do Partido Comunista do Brasil (depois [[Partido Comunista Brasileiro]] – PCB) em 1922; a conversão do líder [[tenentista]] [[Luís Carlos Prestes]] ao [[comunismo]], em maio de 1930, e sua ida para a [[União Soviética]], no ano seguinte; e o surgimento, em março de 1935, da [[Aliança Nacional Libertadora]], dominada pelos comunistas. Se em 1917 o comunismo no Brasil era visto ainda como um perigo remoto, "alienígena" e "exótico", aos poucos ele foi se tornando mais próximo;.''
* ''A frustrada [[Intentona Comunista|revolta comunista de novembro de 1935]] foi um evento-chave que desencadeou um processo de institucionalização da [[ideologia]] [[anticomunista]] no interior das [[Forças Armadas do Brasil|Forças Armadas]]. Os comunistas brasileiros foram acusados de serem elementos "a serviço de Moscou" e, portanto, traidores da Pátria. Os militares que tomaram parte na revolta foram, em particular, acusados de uma dupla traição: não só do país como da própria instituição militar, ferida em seus dois pilares — a hierarquia e a disciplina. Foram também rotulados de covardes, devido principalmente à acusação, até hoje controversa, de que no levante do Rio teriam assassinado colegas de farda ainda dormindo;.''
* ''O ritual de rememoração dos mortos leais ao governo, repetido a cada ano, tornava seu sacrifício presente, renovava os votos dos militares contra o comunismo e socializava as novas gerações nesse mesmo espírito. Foi no quadro dessa cultura institucional, marcadamente anticomunista, que se viveu a [[ditadura]] do [[Estado Novo (Brasil)|Estado Novo]] e que se formaram os militares que, em 1964, assumiram o poder.''
 
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Desta forma, o mundo estava em plena Guerra Fria, a maioria dos países ocidentais se diziam "[[Democracia|democráticos]]" e afirmavam defender a "livre expressão".
 
Dizem alguns{{Quem}} que existiam algumas exceções às ''liberdades democráticas'' como as ditaduras na América Latina. É sabido, porém, que os Estados Unidos aceitavam, financiavam e apoiavam ditaduras da direita em países nos quais acreditavam haver risco de migração para o [[União Soviética|bloco comunista]], como no caso da [[Argentina]], [[Bolívia]], Brasil, [[Chile]], [[Haiti]], [[Peru]], [[Paraguai]], [[Uruguai]], etc.<ref name="Ayerbe"/>
 
== Situação nacional ==
No Brasil, o golpe de 1964 e a consequente tomada do poder pelos militares contou com o apoio do grande empresariado brasileiro, temeroso que as medidas reformistas do presidente João Goulart desencadeassem um golpe comunista, particularmente devido às nacionalizações.
 
A população, no início confusa e receosa, depois desinformada pela repressão à imprensa,{{Carece de fontes|Brasil=sim|sociedade=sim|data=dezembro de 2012}} acabou se acomodando à medida que a economia, aparentemente, melhorava.
 
=== A economia pré-1964 ===
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=== Ajuda de Cuba à luta armada ===
De acordo com Elio Gaspari: "Em 1961, manobrando pelo flanco esquerdo do [[Partido Comunista Brasileiro|PCB]], Fidel hospedara em [[Havana]] o deputado Francisco Julião. Antes desse encontro, com olhar e cabeleira de profeta desarmado, Julião propunha uma [[reforma agrária]] convencional. Na volta de Cuba, defendia uma alternativa [[socialista]], carregava o slogan ''Reforma agrária na lei ou na marra'' e acreditava na [[guerrilha]] como caminho para se chegar a ela. Julião e Prestes estiveram simultaneamente em Havana em 1963. Foram recebidos em separado por Castro. Um já remetera doze militantes para um breve curso de capacitação militar e estava pronto para fazer a revolução. Durante uma viagem a Moscou, teria pedido mil submetralhadoras aos russos. O outro acabara de voltar da União Soviética"."<ref>Elio Gaspari, em seu livro A Ditadura Envergonhada – Companhia das Letras, página 178</ref>
 
No período de 1960 a 1970, 219 guerrilheiros, além de outros não identificados, fizeram treinamento militar em Cuba, alguns ainda no governo Jânio Quadros, poucos no governo Jango e a maioria após 1964. Apesar disso, as guerrilhas formadas antes de 1964 não prosperaram e foram pouco expressivas.<ref name=Dan>Ferreira, Jorge Luiz e [[Daniel Aarão Reis Filho|Reis Filho, Daniel Aarão]] {{citar web | url=http://books.google.com/books?id=qTlmYxUR72wC&pg=PA26&lpg=PA26&dq=MRT+%22francisco+juli%C3%A3o%22&source=bl&ots=gZZIz8MCKX&sig=N9-f1qbT4P7uagutGpM1LMYR7qU&hl=pt-BR&ei=e4uzTZ_hHYWT0QGp9sSZCQ&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=3&ved=0CBwQ6AEwAg#v=onepage&q=MRT%20%22francisco%20juli%C3%A3o%22&f=false | título= ''Revolução e democracia (1964-)'' | publicado=books.google.com }}. Coleção "As esquerdas no Brasil", v. 3. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.</ref> No dia 4 de dezembro de 1962 o jornal O Estado de S. Paulo noticiou a descoberta e desbaratamento de um campo de treinamento de guerrilha em [[Dianópolis]], Goiás (hoje Tocantins), em uma das três fazendas compradas pelo Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT) de Julião.<ref>TORRES, Raymundo Negrão. ''O Fascínio dos Anos de Chumbo'', pág. 15. (p.69-70)</ref>
 
Segundo Denise Rollenberg: "[…] Os documentos do [[DOPS]], o temido Departamento da Ordem Política e Social, encontrados por Denise Rollemberg no Arquivo Público do Rio de Janeiro, atestam que desde 1962 o órgão acompanhava atentamente as estreitas relações de Cuba com as Ligas. A papelada registra também cursos preparatórios de guerrilha em vários pontos do País. O apoio cubano concretizou-se no fornecimento de armas e dinheiro, além da compra de fazendas em Goiás, Acre, Bahia e Pernambuco para funcionar como campos de treinamento"."<ref>{{citar web |url=http://www.historia.uff.br/artigos/rollemberg_apoio.pdf |título=O apoio de Cuba à luta armada no Brasil: o treinamento guerrilheiro |publicado=UFF |autor=ROLLEMBERG, Denise |acessodata=24 de abril de 2011 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20110706161730/http://www.historia.uff.br/artigos/rollemberg_apoio.pdf |arquivodata=6 de julho de 2011 |urlmorta=yes }}</ref>
 
=== Fator desestabilizador ===
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Jango chegou ao poder através de uma eleição que levou Jânio Quadros à presidência pela [[UDN]] e o próprio João Goulart à vice-presidência pelo [[PTB]]. Ou seja presidente e vice-presidente eram inimigos políticos. Esta situação foi possível devido a uma legislação eleitoral que permitia que se votasse no presidente de uma chapa e no vice-presidente de outra.
 
Devido às forças políticas atuantes no país, em 1962, foi convocado um plebiscito para escolher qual a forma de governo o Brasil adotaria: ou retornava ao presidencialismo ou permanecia no parlamentarismo. O povo optou maciçamente pelo presidencialismo, com 9,5 milhões de votos contra dois milhões dados ao parlamentarismo.{{Carece de fontes|Brasil=sim|sociedade=sim|data=dezembro de 2012}} Goulart começou a governar tentando conciliar os interesses do seu governo com os interesses políticos dos mais conservadores e também dos políticos progressistas no Congresso Nacional.{{Carece de fontes|Brasil=sim|sociedade=sim|data=dezembro de 2012}}
 
Devido a boicotes de ambas as correntes, houve uma grande demora em implantar as reformas de base.<ref>{{citar livro|autor=FILHO, Oswaldo Munteal |título=As Reformas de Base na Era Jango |editora=FGV-EBAPE |ano=2008}}</ref> Os setores mais à esquerda, inclusive dentro do próprio PTB, afastaram-se da base governista e iniciaram protestos reivindicativos. Houve um aumento de preços dos mais diversos produtos e serviços. Desta maneira, a inflação acelerou e as medidas econômicas do governo foram duramente atacadas pelos grupos mais à esquerda. Estes viam nas medidas apenas a continuação de uma política antiquada que eles mesmos combatiam. Iniciaram-se greves comandadas pelo [[Comando Geral dos Trabalhadores|CGT]] (Comando Geral dos Trabalhadores), o que repercutia mal nos setores patronais.
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=== Reação da direita ===
Os políticos do [[Partido Social Democrático (1945-2003)|PSD]], mais conservadores, temendo uma radicalização à esquerda deixam de apoiar o governo. A situação política de Goulart se torna insustentável, pois não tinha apoio total do PTB e nem dos comunistas.{{Carece de fontes|Brasil=sim|sociedade=sim|data=dezembro de 2012}} Não consegue governar de forma conciliatória.{{Carece de fontes|Brasil=sim|sociedade=sim|data=dezembro de 2012}}
 
A UDN e o PSD temiam pelo crescimento do PTB, já que Leonel Brizola era o favorito para as eleições presidenciais que aconteceriam em 1965.{{Carece de fontes|Brasil=sim|sociedade=sim|data=dezembro de 2012}}
Criou-se o medo de que Goulart levasse o país a um golpe de estado, com a implantação de um regime político nos moldes de [[Cuba]] e China. Era o "perigo comunista", que serviria depois como justificativa para o golpe.
 
=== Comício da Central do Brasil e a eclosão do golpe ===
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[[Darcy Ribeiro]] citou ainda que "foi desencadeado com forte contingente armado, postado no Porto de Vitória, com instruções de marchar sobre [[Belo Horizonte]]".
 
A "Brother Sam" objetivava abastecer com combustível e armas os militares golpistas. O porta-aviões americano [[USS Forrestal (CVA-59)]] e destroieresdestróieres foram enviados à costa brasileira e ficaram próximos do [[Porto de Vitória]] (ES) e serviriam de apoio militar às tropas golpistas caso tropas legalistas decidissem resistir ao golpe.<ref name="foco"/>
 
==== Envolvimento da CIA ====
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=== As datas ===
A data estabelecida para o início das [[Operações militares no golpe de 1964|operações militares]] para o golpe foi o dia 4 de abril de 1964. Conforme descrito pelos jornais ''[[O Estado de S. Paulo]]''<!--dead link<ref>{{citar web | url=http://www.estadao.com.br/1964/pg1.htm | título= | publicado=www.estadao.com.br }}</ref> --> e ''Folha de S.Paulo,'',<ref>{{Citar web |url=http://www1.folha.uol.com.br/folha/almanaque/brasil60.htm |publicado=Folha.com |titulo=Almanaque da Folha|data= |acessodata= 2 de abril de 2010 }}</ref> o general [[Carlos Guedes]], da [[Infantaria]], afirmou que não poderia ser dado o golpe na data planejada, pois "nada que se faz em lua de [[Lua Quarto Minguante|quarto minguante]] dá certo". Consta que os golpistas haviam combinado em postergar a mobilização para depois do dia 8 de abril de 1964.
 
Em 31 de março de 1964 o general Olímpio Mourão Filho resolveu intempestivamente partir com suas [[tropa]]s para o Rio de Janeiro às três horas da manhã. Este ato, segundo os jornais, foi considerado impulsivo pelo marechal [[Humberto de Alencar Castello Branco]].<ref name="História Brasileira">{{citar web |url=http://www.historiabrasileira.com/brasil-republica/o-golpe-militar-de-1964/ |título=O Golpe Militar de 1964 |acessodata=5 de setembro de 2012 |autor=Antonio Gasparetto Junior |data=18 de fevereiro de 2010 |obra= |publicado=História Brasileira }}</ref>
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Pinto argumentou que uma vez iniciado o desenlace, seria um erro parar, pois alertaria as forças [[Legalidade|legalistas]], podendo agravar a situação.
 
Anos mais tarde, o deputado [[Armando Falcão]] perguntou ao general Olímpio Mourão Filho o porquê da atitude precipitada.<ref name="História Brasileira"/> A resposta do militar divulgada pela imprensa foi: "Em matéria de política, sou uma vaca fardada"."<ref>{{citar web |url=http://www.gazetadopovo.com.br/colunistas/conteudo.phtml?id=1239628 |título=Sou uma vaca fardada |acessodata=5 de setembro de 2012 |autor=Edson Militão |data=31 de março de 2012 |obra= |publicado=Gazeta do Povo }}</ref>
 
Segundo analistas, a precipitação foi um ato temerário de falta de visão estratégica que foi largamente discutido por historiadores e pela imprensa no sentido de que se houvesse reação poderia ter causado uma guerra civil no Brasil. Para tal bastaria que Goulart tivesse uma parcela de apoio de outros segmentos das Forças Armadas leais à [[Constituição do Brasil|Constituição Brasileira]], entre elas o general [[Armando de Moraes Âncora]].
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Querendo impor um modelo social, político e econômico para o Brasil, a ditadura militar no entanto tentou forjar um ambiente democrático, e não se destacou por um governante definido ou personalista. Durante sua vigência, a ditadura militar não era oficialmente conhecida por este nome, mas pelo nome de "Revolução" e seus governos eram considerados "revolucionários". A visão crítica do regime só começou a ser permitida a partir de 1974, quando o general Ernesto Geisel determinou a abertura lenta e gradual da vida sócio-política do país.
 
O golpe também foi recebido com alívio pelo governo norte-americano, satisfeito de ver que o Brasil não seguia o mesmo caminho de Cuba, onde a guerrilha liderada por Fidel Castro havia conseguido tomar o poder. Os Estados Unidos acompanharam de perto a conspiração e o desenrolar dos acontecimentos, principalmente através de seu embaixador no Brasil, [[Lincoln Gordon]], e do [[adido militar]], [[Vernon Walters]], e haviam decidido, através da secreta "Operação Brother Sam", dar apoio logístico aos militares golpistas, caso estes enfrentassem uma longa resistência por parte de forças leais a Jango. Em 31 de março, a Casa Branca ordenara o deslocamento do porta-aviões "Forrestal" e de uma força-tarefa para a área oceânica nas vizinhanças de [[Santos]]. No dia 1.º, ''[[The New York Times]]'' anunciava em sua primeira página, num artigo de {{Fmtn|1039}} palavras: "Região militar no Brasil se rebela contra Goulart".<ref>{{citar web | url=http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc0104200426.htm | título= 1964 - 40 ANOS DO GOLPE - 2004. O dia em que o Brasil acordou numa ditadura. Em 1.º de abril de 64, Jango não agiu e, com apoio do governo dos EUA, militares tomaram o poder. | publicado=www1.folha.uol.com.br }} Por Sérgio D'Ávila. Folha de S.Paulo, 1.º de abril de 2004.</ref>
 
=== Correntes ideológicas militares ===
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Os grupos concorrentes entre si defendiam pontos de vistas diferentes:
 
* Um grupo defendia medidas rápidas diretas e concretas contra os chamados "subversivos" ou "inimigos internos". Estes militares apoiavam sua permanência no poder pelo maior tempo possível;.
* Ao contrário do grupo anterior, o segundo era formado por militares que tinham por doutrina a tradição de intervenções "moderadoras". Estes procuravam permanecer no poder somente o tempo necessário até se formar um governo aceito pelo grupo, a exemplo do que ocorrera em 1930, 1945 e 1954, quando, passado o período de "maior risco institucional", haveria um rápido retorno do poder para os civis.