Cleópatra: diferenças entre revisões

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Em {{AC|50|X}}, [[Marco Calpúrnio Bíbulo]], [[procônsul]] da Síria, enviou seus dois filhos mais velhos para o Egito, provavelmente para negociar com os gabinianos e recrutá-los como soldados na defesa desesperada da Síria [[Guerras romano-partas|contra os partos]].{{sfn|Roller|2010|pp=54–56}} No entanto, os gabinianos torturaram e assassinaram esses dois, talvez com encorajamento secreto de administradores desonestos da corte de Cleópatra.{{sfn|Roller|2010|pp=54–56}}{{sfn|Burstein|2004|p=16}} Ela enviou os gabinianos acusados a Bíbulo como prisioneiros que aguardavam seu julgamento, mas ele os mandou de volta à rainha e repreendeu-a por interferir em sua adjudicação, que era prerrogativa do Senado romano.{{sfn|Roller|2010|p=56}}{{sfn|Burstein|2004|p=16}} Bíbulo, ao lado de Pompeu na [[Segunda Guerra Civil da República Romana|Guerra Civil Cesariana]], não conseguiu impedir que César pousasse uma frota naval na Grécia, o que finalmente permitiu que chegasse ao Egito em busca de Pompeu.{{sfn|Roller|2010|p=56}}
 
Por volta de 29 de agosto de {{AC|51|x}}, documentos oficiais começaram a listar Cleópatra como única governante, prova de que ela havia rejeitado seu irmão Ptolemeu XIII como co-governante.{{sfn|Roller|2010|p=53}}{{sfn|Burstein|2004|p=16}}{{sfn|Fletcher|2008|pp=91–92}} Ela provavelmente se casou com ele,{{sfn|Burstein|2004|p=xx}} mas não há registro disso.{{sfn|Hölbl|2001|p=231}} A prática ptolemaica do [[Relacionamento entre irmãos|casamento entre irmãos]] foi introduzida por [[Ptolemeu II Filadelfo|Ptolemeu II]] e sua irmã [[Arsínoe II]].{{sfn|Roller|2010|pp=36–37}}{{sfn|Burstein|2004|p=5}}{{sfn|Grant|1972|pp=26–27}} [[Mito de Osíris|Prática egípcia de longa data]], era detestada pelos [[gregos]] contemporâneos.{{sfn|Roller|2010|pp=36–37}}{{sfn|Burstein|2004|p=5}}{{sfn|Grant|1972|pp=26–27}}{{nota de rodapé|{{harvnb|Pfrommer|Towne-Markus|2001|p=34}} escreveu o seguinte sobre o casamento entre irmãos de Ptolemeu II e Arsínoe II: "[[Ptolemeu Cerauno]], que queria se tornar rei da [[Macedónia Antiga|Macedônia]] [...] matou os filhos pequenos de Arsínoe na frente dela. Agora rainha sem um reino, Arsínoe fugiu para o Egito, onde foi recebida por seu irmão Ptolemeu II. Não contente, no entanto, em passar o resto de sua vida como hóspede na corte ptolemaica, ela tevemandou exilar a esposa de Ptolemeu II exilada no Alto Egito e casou-se casou com ele por volta de {{AC|275|x}} Embora tal casamento incestuoso fosse considerado escandaloso pelos gregos, era permitido pelo costume egípcio. Por essa razão, o casamento dividiu a opinião pública em duas facções. O lado leal celebrava o casal como um retorno da união divina de [[Zeus]] e [[Hera]], enquanto o outro lado não se abstinha de críticas profusas e obscenas. Um dos comentaristas mais sarcásticos, um poeta com uma caneta muito afiada, teve que fugir de Alexandria. O desafortunado poeta foi pego na costa de Creta pela marinha ptolemaica, colocado em uma cesta de ferro e afogado. Isso e ações semelhantes aparentemente retardaram críticas cruéis."}} No reinado de Cleópatra, contudo, foi considerado um arranjo normal para os governantes nativos.{{sfn|Roller|2010|pp=36–37}}{{sfn|Burstein|2004|p=5}}{{sfn|Grant|1972|pp=26–27}}
 
Apesar da rejeição de Cleópatra a ele, Ptolemeu XIII ainda mantinha aliados poderosos, notadamente o eunuco [[Potino]], seu tutor de infância, regente e administrador de suas propriedades.{{sfn|Roller|2010|pp=56–57}}{{sfn|Burstein|2004|pp=16–17}}{{sfn|Fletcher|2008|p=73, 92–93}} Outros envolvidos na intriga contra a rainha incluíam [[Áquila (general)|Áquila]], um proeminente comandante militar, e [[Teódoto de Quios]], outro tutor de Ptolemeu XIII.{{sfn|Roller|2010|pp=56–57}}{{sfn|Fletcher|2008|pp=92–93}} A rainha parece ter tentado uma aliança de curta duração com seu irmão Ptolemeu XIV, mas no outono de {{AC|50|x}}, Ptolemeu XIII teve a vantagem em seu conflito e começou a assinar documentos com seu nome antes de sua irmã, seguido pelo estabelecimento de sua primeira [[Ano de reinado|data de reinado]] em {{AC|49|x}}.{{sfn|Hölbl|2001|p=231}}{{sfn|Roller|2010|p=57}}{{sfn|Burstein|2004|pp=xx, 17}}{{nota de rodapé|Para mais informações, consulte {{harvnb|Fletcher|2008|pp=92–93}}}}
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César partiu do Egito por volta de abril de {{AC|47|x}}, supostamente para confrontar [[Fárnaces II do Ponto]], filho de Mitrídates VI do Ponto, que estava causando problemas para Roma na Anatólia.{{sfn|Roller|2010|p=67}} É possível que, casado com a proeminente romana [[Calpúrnia Pisônia|Calpúrnia]], também quisesse evitar ser visto junto com Cleópatra quando ela lhe deu o filho.{{sfn|Roller|2010|p=67}}{{sfn|Burstein|2004|pp=19–20}} Deixou três legiões no Egito, mais tarde aumentou para quatro, sob o comando do [[liberto]] [[Rúfio]] para garantir a posição tênue da rainha, mas talvez também para manter suas atividades sob controle.{{sfn|Roller|2010|p=67}}{{sfn|Burstein|2004|p=20}}{{sfn|Fletcher|2008|p=153}}
[[imagem:Ptolemaic Queen (Cleopatra VII?), 50-30 B.C.E., 71.12.jpg|miniaturadaimagem|Busto egípcio de uma rainha ptolemaica, possivelmente Cleópatra, c. 51–{{AC|30|x}}, localizado no [[Brooklyn Museum]]{{sfn|Ashton|2001b|p=164}}]]
[[Ptolemeu XV Cesarião|Cesarião]], o suposto filho de Cleópatra com César, nasceu em 23 de junho de {{AC|47|x}} e foi originalmente chamado de "Faraó César", preservado em uma [[estela]] no [[serapeu]], em Mênfis.{{sfn|Roller|2010|pp=69–70}}{{sfn|Bringmann|2007|p=260}}{{sfn|Burstein|2004|pp=xxi, 20}}{{nota de rodapé|Para mais informações e validação, veja {{harvnb|Anderson|2003|p=39}} e {{harvnb|Fletcher|2008|pp=154, 161–162}}.}} Talvez devido ao seu casamento ainda sem filhos com Calpúrnia, César permaneceu publicamente em silêncio sobre Cesarião (mas talvez tenha aceitado sua filiação em particular).{{sfn|Roller|2010|p=70}}{{nota de rodapé|{{harvnb|Roller|2010|p=70}} escreveu o seguinte sobre César e seu parentesco com Cesarião: "A questão do parentesco tornou-se tão emaranhada na guerra de propaganda entre Antônio e Otaviano no final dos anos {{AC|30|x}} – era essencial um lado provar e que o outro rejeitasse o papel de César – que hoje é impossível determinar a resposta real do ditador. A informação existente é quase contraditória: foi dito que César negou a paternidade em seu testamento, mas a reconheceu em particular e permitiu o uso do nome Cesarião. Seu partidário Caio Ópio escreveu um panfleto provando que Cesarião não era filho dele, e Caio Hélvio Cina – o poeta que foi morto por desordeiros após a oração fúnebre de Antônio – foi preparado em {{AC|44|x}} para criar legislação que permitisse a César casar tantascom esposasquantas quantomulheres desejasse para ter filhos. Embora grande parte da discussão tenha sido gerada após sua morte, parece que o mesmo desejava ser o mais discreto possível sobre a criança, mas teve de lidar com as repetidas afirmações de Cleópatra."}} Cleópatra, por outro lado, fez repetidas declarações oficiais sobre o parentesco de Cesarião, com César como pai.{{sfn|Roller|2010|p=70}}{{sfn|Fletcher|2008|pp=162–163}}{{sfn|Jones|2006|p=xiv}}
 
Cleópatra e seu governante conjunto nominal, Ptolemeu XIV, visitaram Roma em algum momento no final de {{AC|46|x}}, presumivelmente sem Cesarião, e receberam alojamento na [[vila romana|vila]] de César, dentro dos [[Jardins de César]].{{sfn|Roller|2010|p=71}}{{sfn|Burstein|2004|pp=xxi, 20}}{{sfn|Fletcher|2008|pp=179–182}}{{nota de rodapé|Para mais informações e validação, veja {{harvnb|Jones|2006|pp=xiv, 78}}.}} Tal como aconteceu com seu pai Ptolemeu XII, César concedeu a Cleópatra e a Ptolemeu XIV o estatuto legal de "amigo e aliado do povo romano" ({{lang-la|''socius et amicus populi Romani''}}), em efeito, aos governantes clientes leais a Roma.{{sfn|Roller|2010|pp=21, 57, 72}}{{sfn|Burstein|2004|pp=xxi, 20, 64}}{{sfn|Fletcher|2008|pp=181–182}} Os visitantes da rainha na vila de César, do outro lado do [[rio Tibre]], incluíam o senador [[Cícero]], que a considerava arrogante.{{sfn|Roller|2010|p=72}}{{sfn|Fletcher|2008|pp=194–195}} [[Sosígenes|Sosígenes de Alexandria]], um dos membros da corte de Cleópatra, ajudou César nos cálculos do novo [[calendário juliano]], posto em vigor em 1º de janeiro de {{AC|45|x}}.{{sfn|Roller|2010|pp=72, 126}}{{sfn|Burstein|2004|p=21}}{{sfn|Fletcher|2008|pp=201–202}} O [[Templo da Vênus Genetrix]], estabelecido no [[Fórum de César]] em 25 de setembro de {{AC|46|x}}, continha uma estátua de ouro de Cleópatra (que ficou lá pelo menos até {{séc|III}}), associando a mãe do filho de César diretamente com a deusa Vênus, mãe dos romanos.{{sfn|Roller|2010|pp=72, 175}}{{sfn|Burstein|2004|p=21}}{{sfn|Fletcher|2008|pp=195–196, 201}} A estátua também ligou sutilmente a deusa egípcia Ísis à religião romana.{{sfn|Roller|2010|p=72}}