João Rodrigues Pereira de Almeida: diferenças entre revisões

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'''João Rodrigues Pereira de Almeida''' ([[Lisboa]], [[1774|3 de fevereiro de 1774]] — [[Rio de Janeiro]], [[1 de janeiro|31 de dezembro de 1829]]), primeiro e único barão de Ubá, foi um [[contratador]], [[negociante]], [[traficante de escravos]], [[senhor de engenho]], [[banqueiro]] e articulador político no [[Rio de Janeiro]] durante o [[Transferência da corte portuguesa para o Brasil|período joanino]] e o [[primeiro reinado]].
 
Era filho de José Pereira de Almeida, um dos maiores negociantes de grosso de Lisboa nas últimas décadas do século XVIII, e foi enviado ao Rio de Janeiro ainda jovem para trabalhar na casa comercial Avelar & Santos de seu tio materno [[Antonio Ribeiro de Avelar]]. Após a morte do tio em 1794 assumiu muitos de seus negócios no comércio de [[charque]] e couro gaúchos e nos contratos de dízimos reais. Conforme o negócio foi crescendo passou a operar também no tráfico de escravos africanos. Representava no Rio de Janeiro a firma portuguesa Joaquim Pereira de Almeida & Companhia, de propriedade de seus irmãos mais velhos, e participava através dela nas trocas comerciais entre Portugal, Brasil, África e Índia.<ref>{{citar periódico |url=http://pphist.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/anais/Vol.%205%20-%20Poderes,%20Neg%C3%B3cios%20e%20Saberes.pdf |titulo=“Comércio de carne humana” e outros negócios no Rio de Janeiro: a atuação do homem de negócio João Rodrigues Pereira de Almeida e da firma Joaquim Pereira de Almeida & Co., 1794-1830 |data=2014 |acessodata=16 de outubro de 2020 |publicado=Anais do IV Encontro Internacional de História Colonial. Poderes, Negócios e Saberes: elites plurais num império multifacetado |ultimo=Guimarães |primeiro=Carlos Gabriel}}</ref>
 
Solicitou em 1802 uma sesmaria às margens do [[rio Paraíba do Sul]], posteriormente anexada à fazenda Ubá comprada de seu tio [[capitão José Rodrigues da Cruz]] em 1 de março de 1806. Ubá funcionou por muitos anos como um engenho de açúcar mas foi convertida mais tarde em uma das primeiras [[Produção de café no Brasil|fazendas de café]] do vale do Paraíba. O título do baronato faz referência ao local, hoje parcialmente ocupado pela sede do distrito de Andrade Pinto no município de [[Vassouras|Vassouras-RJ]].<supref>[2]{{citar web |ultimo=Secretaria de Estado da Cultura - RJ |primeiro=Instituto Estadual do Patrimônio Cultural |url=http://www.institutocidadeviva.org.br/inventarios/sistema/wp-content/uploads/2009/11/19_faz-uba.pdf |titulo=Inventário das Fazendas do Vale do Paraíba Fluminense |data=2009 |acessodata=16 de outubro de 2020 |publicado=Instituto Cidade Viva}}</supref> A fazenda Ubá foi visitada e descrita pelo botânico francês [[Auguste de Saint-Hilaire]], amigo pessoal de João Rodrigues, que passou uma temporada ali em sua primeira viagem ao interior fluminense.<supref>[3]{{citar livro|título=Voyage dans les provinces de Rio de Janeiro et de Minas Geraes|ultimo=Saint-Hilaire|primeiro=Auguste|editora=Grimbert et Dorez|ano=1830|local=Paris|página=|páginas=}}</supref>
 
Foi o construtor e primeiro proprietário do imóvel no [[Campo de Santana (Rio de Janeiro)|Campo de Santana]] vendido à Coroa em 16 de setembro de 1818 para instalação do Museu Real, antecessor do [[Museu Nacional (Rio de Janeiro)|Museu Nacional]]. O prédio é atualmente ocupado pelo [[Centro Cultural da Casa da Moeda]].
 
João Rodrigues adquiriu grande influência política na corte joanina e serviu como deputado da [[Real Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação]] desde a criação do órgão em 1808 até o início do primeiro reinado. Foi acionista e diretor do [[Banco do Brasil]] desde sua fundação tendo sido enviado pelo ministro dos negócios estrangeiros [[Silvestre Pinheiro Ferreira]] para negociar com as [[Cortes Gerais e Extraordinárias da Nação Portuguesa|Cortes de Lisboa]] um empréstimo de vinte milhões de cruzados para garantir a solvência da instituição. Foi nomeado membro da [[Junta Governativa do Reino do Brasil]] em 23 de fevereiro e [[Fidalgo do Conselho|Conselheiro Real]] em 26 de março de 1821.<ref>{{citar livro|título=Políticas e letras: Silvestre Pinheiro Ferreira no Brasil dos tempos de D. João (1808-1821)|ultimo=Dutra|primeiro=Sandra Rinco|editora=Universidade Federal de Juiz de Fora|ano=2010|local=Juiz de Fora|página=|páginas=}}</ref>
 
Foi sargento-mor de milícias, recebeu a mercê do hábito da [[Ordem de Cristo]] no grau de comendador em 1802 e o título de [[Barão]] de Ubá por decreto de 12 de outubro de 1828. Sua casa comercial, com escritório na [[Rua Primeiro de Março|rua Direita]] do Rio de Janeiro, foi uma das maiores do país em sua época chegando a operar dezesseis navios e foi onde começaram a vida profissional, como caixeiros, duas importantes figuras dos negócios e da política do segundo reinado: [[António Clemente Pinto|Antonio Clemente Pinto]], barão de Nova Friburgo, e [[Irineu Evangelista de Sousa|Irineu Evangelista de Souza]], o Visconde de Mauá.