Incêndio na boate Kiss: diferenças entre revisões

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==== Sputnik ====
O artefato usado pela banda é conhecido como [[Sinalizador|sputnik]]. Segundo a Associação Brasileira de Pirotecnia (ABP), deve ser usado em ambiente externo e solta faíscas que chegam a quatro metros de altura, mais do que a altura do teto da boate. Deve ser colocado no chão para ser aceso, libera grande quantidade de fumaça e as pessoas devem ficar a pelo menos dez metros do artefato. É proibido usá-lo em locais fechados e próximo a materiais inflamáveis. Custa cerca de quatro a cinco reais e geralmente se usa nas festas de fim de ano.<ref>{{citar web |url=http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/conheca-o-sputnik-o-principal-suspeito-da-tragedia-do-rs |titulo=Conheça o “sputnik”, fogo de artifício usado na boate Kiss |publicado=[[Exame (Brasil)|Exame]] |autor=[http://exame.abril.com.br/jornalistas/marco-prates Marco Prates] |data=28 de janeiro de 2013 |acessodata=11 de fevereiro de 2013 }}{{Ligação inativa|1={{subst:DATA}} }}</ref>
 
==== Cianeto ====
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A referida mordaça significava que muitos diretores municipais eram ocupantes de [[servidor público#cargo em comissão|cargos de confiança]], que tinham de ser nomeados porque haviam colaborado nas campanhas eleitorais e, em troca, queriam ser "acomodados nas secretarias". Esses indivíduos não tinham qualificação técnica e inibiam o trabalho dos servidores de carreira qualificados. Segundo Corrêa, os fiscais estavam com medo de serem responsabilizados pelo acidente, mas eles não puderam agir devido à cultura política exposta acima e à omissão da prefeitura e de outros órgãos públicos.<ref>[http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/geral/noticia/2013/02/fiscalizacao-se-limita-a-documentos-afirma-o-presidente-do-sindicato-dos-municiparios-de-santa-maria-4042026.html Municipários sentem medo de responsabilização]. Zero Hora, página acessada em 12 de fevereiro de 2013.</ref>
 
Em 14 de fevereiro, a Associação Nacional para Exigência do Cumprimento das Obrigações Legais (Anecol), que não representava as vítimas, pediu uma indenização de três milhões de reais por vítima fatal e de trezentos mil reais por vítima internada. Esses valores foram escolhidos em função da juventude das vítimas e da quantidade de anos de vida perdidos, isto é, porque as vítimas perderam muitos anos de vida produtiva em potencial. A ação judicial seria movida contra os sócios da boate e contra a banda. O Ministério Público foi requisitado pelo advogado que representava a associação para acompanhar o processo judicial.<ref>[http://www.cbnfoz.com.br/noticias-do-brasil/editorial/brasil/14022013-11943-anecol-pede-indenizac%C3%A3o-milionaria-para-familias-de-vitimas-da-kiss Anecol pede indenização]{{Ligação inativa|1={{subst:DATA}} }}. CBN, página acessada em 14 de fevereiro de 2013.</ref>
 
Os familiares das vítimas ficaram revoltados com esse pedido de indenização porque a Anecol não era a associação criada em Santa Maria para a defesa dos seus direitos, não tendo, portanto, legitimidade para representá-los, e por causa dos valores altíssimos que foram arbitrados. O porta-voz da verdadeira associação de defesa, Leo Becker, disse: "Não sabemos quem são essas pessoas e por que estão pedindo essa indenização. A única coisa que podemos dizer é que não há parentes de vítimas por trás dessa ação". Enfatizou também que as indenizações poderiam demorar vinte anos e que a preocupação das famílias não era monetária.
 
O presidente da Anecol, Walter Euler Martins, disse que a associação filantrópica sediada em São Paulo não precisava de procuração para pedir indenizações e que estava apenas buscando justiça diante do clamor popular. Segundo ele, o juiz é que deveria arbitrar o valor da indenização independentemente do pedido e o valor arrecadado seria depositado em um fundo de amparo às vítimas. Euler era também ouvidor da Associação de Defesa dos Direitos dos Proprietários de Veículos Financiados e Mutuários (Asdep) e pastor da Igreja Evangélica Cristã Presbiteriana de São Paulo.<ref>[http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2013/02/15/pedido-de-indenizacao-de-r-3-milhoes-causa-revolta-entre-parentes-das-vitimas-de-incendio-em-santa-maria.htm Vítimas se revoltam com pedido de indenização]. UOL, página acessada em 15 de fevereiro de 2013.</ref>
 
Em 24 de fevereiro, a verdadeira associação foi oficializada com a aprovação de seu estatuto e o encaminhamento de uma ação coletiva de reparação de danos e indenização à Defensoria Pública. Esta deveria ingressar em juízo dentro de duas semanas, após a conclusão do [[inquérito policial]]. O pedido de indenização seria dirigido a entidades públicas como o estado e a prefeitura, além dos proprietários da casa noturna e talvez de fabricantes de espuma. Os familiares que dependiam financeiramente das vítimas poderiam obter uma [[ação de antecipação de tutela]] em caráter de urgência, paralela à ação coletiva.<ref>[http://radioprogresso.com.br/noticias/politica/regionaiselocais/8652-acao-coletiva-deve-responsabilizar-entes-publicos-por-incendio-na-kiss Associação pedirá indenização]{{Ligação inativa|1={{subst:DATA}} }}. Rádio Progresso de Ijuí, página acessada em 24 de fevereiro de 2013.</ref>
 
Em junho, um bombeiro de [[Erechim]] divulgou uma carta no ''[[Facebook]]'', em protesto público contra o governador do estado, [[Tarso Genro]]. Marcos Fernando Pádua demonstrou grande indignação contra as insinuações de corrupção e negligência dos bombeiros no caso da boate Kiss, argumentando que a corporação sofria de um excesso de demandas e de falta de recursos. Em resposta, foi submetido à prisão militar e a um inquérito administrativo. A Associação dos Bombeiros do Rio Grande do Sul divulgou uma nota de solidariedade ao soldado, enfatizando também as dificuldades do Corpo de Bombeiros e defendendo a liberdade de expressão dos servidores militares.<ref>[http://www.jornalboavista.com.br/site/noticia.php?id=20445&page=bombeiro-de-erechim-e-preso-por-desabafo-no-facebook Bombeiro é preso por desabafo no ''Facebook'']{{Ligação inativa|1={{subst:DATA}} }}. Jornal Boa Vista, página acessada em 22 de junho de 2013.</ref>
 
Em 20 de julho, os pais e sobreviventes fizeram uma caminhada de protesto contra o cenário de impunidade que aparentemente começava a se configurar com os atos do [[Ministério Público]] e o inquérito policial-militar, que inocentaram servidores civis e bombeiros, assim como o prefeito Cezar Schirmer. Eles, pela primeira vez em seis meses, reuniram-se em caminhada até a frente da boate e criaram tumulto no local, enquanto gritavam por justiça e chamavam as autoridades de hipócritas. A Brigada Militar controlou a situação com esforços de diálogo.<ref>[http://www.clicrbs.com.br/especial/rs/dsm/19,18,4206989,Pais-e-familiares-da-tragedia-de-Santa-Maria-promovem-caminhada-ate-a-frente-da-boate-Kiss.html Familiares fazem caminhada de protesto] {{Wayback|url=http://www.clicrbs.com.br/especial/rs/dsm/19,18,4206989,Pais-e-familiares-da-tragedia-de-Santa-Maria-promovem-caminhada-ate-a-frente-da-boate-Kiss.html |date=20130723075302 }}. Clic RBS, página acessada em 20 de julho de 2013.</ref>
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Em 27 de abril, os familiares fizeram uma reunião no local para lembrarem os três meses do acidente. Pouco antes das três horas da madrugada, eles fizeram uma roda e contaram suas experiências naquele dia, em uma forma de terapia coletiva. Cerca de cinquenta pessoas da cidade e dos arredores participaram e deixaram depoimentos emocionados. Às 3h20min, horário do fogo, elas rezaram e fizeram um minuto de palmas, continuando depois a rezarem e cantarem músicas religiosas. Segundo o presidente da associação das vítimas, "foi uma oportunidade ímpar de os familiares se reunirem e darem seus relatos. Eles estavam precisando disso, desse momento de interação". A homenagem se completou com uma caminhada no centro da cidade e uma missa à noite.<ref>[http://noticias.terra.com.br/brasil/cidades/tragedia-em-santa-maria/boate-kiss-em-vigilia-familiares-de-vitimas-fazem-terapia-coletiva,013e262bdca4e310VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html Homenagem dos 3 meses da tragédia]. Terra, página acessada em 27 de abril de 2013.</ref>
 
O artista plástico Mauro Pozzobonelli, natural de São Vicente do Sul e residente no exterior há décadas, apresentou um projeto de construção de um memorial no dia 25 de maio. Cada pedaço da obra representaria um conceito. A cúpula maior simbolizaria a barriga de uma mãe. Uma escultura mostraria um homem caído ao chão, amparado por uma mulher, simbolizando que estão unidos pelo amor. Uma escadaria de 242 degraus simbolizaria o número de mortos. Uma escultura teria uma flor de lótus, símbolo de pureza espiritual. A obra se completaria com um jardim, que serviria de estímulo para que as pessoas plantassem árvores, e uma cascata de água, que abafaria o ruído da rua.
 
Uma estrutura com várias garrafas serviria para que as pessoas deixassem mensagens dentro delas. A imagem de um anjo, extraída de uma nuvem que o artista fotografou no dia do acidente, ficaria sobre a cúpula. O centro do memorial possuiria uma escultura chamada “Coração Constante”, feita pela mulher de Pozzobonelli, que assinava como MC Forgiarini. O conjunto foi projetado para fazer parte de um prédio de três andares, que abrigaria a sede da associação das vítimas da tragédia na cidade. Entretanto, a obra só poderia ser feita depois de acabado o processo judicial e dependendo de uma desapropriação feita pela prefeitura municipal. O projeto do memorial foi apresentado em Brasília para a ministra [[Maria do Rosário]], da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, que prometeu colaborar na realização da obra.<ref>[http://www.jb.com.br/pais/noticias/2013/05/25/memorial-vai-lembrar-tragedia-na-boate-kiss/ Memorial pode ser construído na cidade]. Jornal do Brasil, página acessada em 25 de maio de 2013.</ref>