Indústria Nacional de Armas: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Vn.reis (discussão | contribs)
Informações corrigidas, página reformulada e novas referências inclusas
Linha 1:
{{Info/Empresa
{{mais fontes|data=julho de 2018}}
|nome_empresa = INA - Indústria Nacional de Armas
A '''Indústria Nacional de Armas''' foi uma fábrica de armas leves estabelecida em [[São Paulo (estado)|São Paulo]], no [[Brasil]].<Ref>https://armasonline.org/armas-on-line/antigas-fabricas-de-armas-no-brasil/</ref><Ref>https://books.google.com.br/books?id=sCxMBQAAQBAJ&pg=PA122&dq=%22Ind%C3%BAstria+Nacional+de+Armas%22&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwiyv-SchJjjAhXaILkGHSq9Bx8Q6AEIMzAC#v=onepage&q=%22Ind%C3%BAstria%20Nacional%20de%20Armas%22&f=false</ref>
|imagem = Submachine gun INA M953 (MB50).jpg
|imagem_tamanho = 250px
|imagem_legenda = Submetralhadora INA M953 (MB50)
|razao_social = INA S/A Indústria Nacional de Armas
|tipo = [[armas de fogo]]
|fundacao = {{dtlink|||1949|idade}}
|fundador = Plínio Paes Barreto Cardoso
|encerramento = {{dtlink|||1972|idade}}
|sede = [[Santo André]], [[SP]]
|sucessora = [[Companhia Brasileira de Cartuchos]]
}}
 
A '''Indústria Nacional de Armas''' foi uma fabricante estatal de armas leves sediada na cidade de [[Santo André (São Paulo)|Santo André]], na região do [[Região do Grande ABC|ABC Paulista]] no estado de [[São Paulo (estado)|São Paulo]]. Foi fundada em [[1949]] no bairro de [[Utinga (Santo André)|Utinga]], operou até [[1972]] quando faliu e sua fábrica e estrutura foram vendidas para a [[Companhia Brasileira de Cartuchos]].<ref name=":0">{{citar livro|título=A História da Indústria Militar Brasileira: Organizações, Complexo Industrial e Mercado durante o Século XX|ultimo=Luciano Welfer|primeiro=Rafael|editora=UNIJUÍ|ano=2014|local=Ijuí, RS|página=56|páginas=}}</ref><ref name=":1">{{Citar web |ultimo= |primeiro= |url=https://armasonline.org/armas-on-line/antigas-fabricas-de-armas-no-brasil/ |titulo=Antigas Fábricas de Armas no Brasil |data=2011-04-18 |acessodata=2020-10-29 |website=Armas On-Line |publicado= |lingua=pt-BR}}</ref>
Sua fundação remonta à [[Segunda Guerra Mundial]]. Quando da invasão da [[Dinamarca]] pelas forças do [[III Reich]], um oficial do [[Exército Brasileiro]], Plínio Paes Barreto Cardoso, realizava um curso na indústria de armamentos daquele país. Este oficial retirou da [[Dinamarca]] ocupada importantes projetos de armas, impedindo que fossem utilizados pelos nazistas. Após o fim da Guerra, restituiu os projetos à [[Dinamarca]], a qual, em agradecimento, cedeu os direitos de fabricação de sua [[submetralhadora]] modelo [[1946]].
 
== Antecedentes ==
A versão da Madsen [[1946]] fabricada no [[Brasil]] sofreu algumas modificações em relação ao projeto original: as principais foram a alteração do [[calibre]] de 9mm Luger para o .45 ACP e a alavanca de armar passou da parte superior da culatra para a lateral direita. A versão brasileira recebeu a designação de M.B. 50.
Em abril de [[1940]], o oficial do [[Exército Brasileiro]], Plínio Paes Barreto Cardoso estava na [[Dinamarca]] visitando a fábrica da Dansk Industri Syndicat em missão oficial, quando os [[alemães]] invadiram o país. Com medo de que seus projetos de submetralhadoras caíssem nas mãos da [[Wehrmacht]], a empresa entregou os projetos para Plínio, que retornaria ao Brasil e guardaria os projetos de maneira segura, longe da Europa.<ref name=":2">{{Citar web |url=https://www.thefirearmblog.com/blog/2018/02/19/brazils-ina-subgun-reloaded-part-1/ |titulo=Brazil’s INA submachine gun reloaded – Part 1 - |data=2018-02-19 |acessodata=2020-10-29 |website=The Firearm Blog |lingua=en-US}}</ref>
 
Após o fim da guerra, o oficial brasileiro retornou a Dinamarca para devolver os projetos a fabricante dinamarquesa, que iniciou a fabricação da submetralhadora [[Madsen M-50|Madsen M/46]] logo em seguida. Como reconhecimento ao seu trabalho, a Dansk Industri Syndicat lhe cedeu os direitos de fabricação da arma no Brasil. Plínio já havia sido o diretor da Fábrica de Itajubá da [[Indústria de Material Bélico do Brasil|IMBEL]] quando era tenente coronel, tendo trabalhado no posto entre 1942 e 1944, até se aposentar como general.<ref name=":2" />
Em [[1953]], recebeu nova modificação, tendo o alojamento do [[carregador]] alongado e reforçado. Esta nova versão recebeu a designação de M953.
 
Alguns modelos e primeiros protótipos da submetralhadora teriam sido desenvolvidos e adaptados dentro da fábrica da IMBEL, em Itajubá, em parceria com o engenheiro Euclydes Bueno Filho, que se juntaria a Plínio para fundar a INA.<ref name=":2" /><ref name=":3">{{citar livro|título=A Scourge of Guns - The Diffusion of Small Arms and Light Weapons in Latin America|ultimo=Klare e Andersen|primeiro=Michael e David|editora=Federation of American Scientists|ano=1996|local=Washington D.C.|página=|páginas=18-19}}</ref>
A submetralhadora INA foi arma de dotação das [[Forças Armadas]] brasileiras de [[1950]] até [[1972]], quando começou a ser substituída pela [[Beretta]] M12. Ainda hoje há algumas unidades em serviço, sendo que há exemplares modernizados pela Indústria de Material Bélico do Brasil - [[IMBEL]], que foram convertidos para o calibre original da Madsen [[1946]] (9mm Luger) e receberam seletor para permitir tiro semiautomático (os originais atiravam apenas em rajada), dentre outras modificações de menor relevância.
 
== História ==
A Indústria Nacional de Armas produziu também revólveres, notadamente em calibre .32 S&W Longo (na época, o mais popular entre civis no Brasil) e uma pistola calibre 6,35mm denominada "Chanticler", uma cópia modificada da pistola CZ-45 tcheca.<references group="Olive, Ronaldo - Guia Internacional de Submetralhadoras - Editora Magnum, São Paulo, Brasil, 1996" />
[[Ficheiro:INA M953 Sub-machine Gun Instructions Manual - Cover.png|miniaturadaimagem|Capa do manual de instruções das submetralhadoras INA M950 e M953.]]
Em 1949, era fundada a Indústria Nacional de Armas S/A, no bairro de Utinga, em Santo André. Sua fábrica ficava na Avenida Industrial, numero 3330, onde atualmente fica o campus da [[Anhanguera Educacional|UniABC]]. Durante as décadas de 50 e 60, a INA forneceu milhares de submetralhadoras M950 e M953 para as [[Forças Armadas do Brasil]], que permaneceram em uso entre 1950 e 1972, principalmente no Exército Brasileiro, onde foi a arma de uso padrão neste período.<ref name=":0" /><ref name=":1" /><ref name=":4">{{citar livro|título=As Transformações de Santo André de 1975 a 2005: Da Industrialização à Descentralização Industrial|ultimo=|primeiro=|editora=Universidade de São Paulo (USP)|ano=2006|local=São Paulo|página=|páginas=15, 25}}</ref>
 
O primeiro modelo de submetralhadora INA (M950) foi duramente criticado pelos militares na época devido a sua qualidade. O projeto original havia sido alterado para o calibre .45 ACP, no lugar do calibre original do projeto dinamarquês, o [[9x19mm Parabellum]]. Também haviam problemas com a ejeção dos cartuchos, a munição fabricada pela CBC e os sistema de travas da arma, tantos problemas lhe renderam o apelido maldoso de "Isto Não Atira" - uma referência a sigla INA, da fabricante.<ref name=":5">{{Citar web |url=https://www.thefirearmblog.com/blog/2018/02/28/brazils-ina-submachine-gun-reloaded-part-2/ |titulo=Brazil’s INA submachine gun reloaded – Part 2 - |data=2018-02-28 |acessodata=2020-10-29 |website=The Firearm Blog |lingua=en-US}}</ref>
 
Posteriormente, o segundo modelo da submetralhadora INA (M953) teve uma evolução significativa e a correção de muitas das falhas apresentadas pelos militares, além de alterações estéticas e práticas no armamento. Na mesma época, chegou a fornecer submetralhadoras para forças policiais, guardas civis e até mesmo para agentes de segurança privados da [[Rede Ferroviária Federal]], de refinarias da [[Petrobras|Petrobrás]], Vale do Rio Doce, Casa do Moeda do Brasil, dentre outras autarquias.<ref name=":6">{{citar livro|título=Enciclopédia de Submetralhadoras|ultimo=Olive|primeiro=Ronaldo|editora=Magnum|ano=2003|local=|página=122-124|páginas=}}</ref>
 
Também desenvolveu dois modelos de revolveres e uma pistola pequena baseada na checa CZ-45. Foi a primeira fabricante brasileira de armas de fogo a exportar produtos para o mercado de armas dos [[Estados Unidos]], atingindo um grande sucesso com o seu revolver Tigre (exportado para o mercado norte americano com o nome Tiger), cujo design era baseado no [[Smith & Wesson Model 10|Smith & Wesson Modelo 10]] e utilizava calibre .32 S&W Long.<ref name=":1" /><ref>{{Citar web |ultimo=Barduc |primeiro=GCM |url=https://amigosdaguardacivil.blogspot.com/2009/08/industria-andreense-de-armas-leves-ina.html |titulo=Industria andreense de armas leves - INA |data= |acessodata=2020-10-29 |website=AMIGOS DA GUARDA CIVIL |publicado= |lingua=pt-br}}</ref>
 
Em 1966, lançou um novo modelo de revolver em calibre .38 Special (até então, restrito para o mercado civil) e posteriormente, um modelo em [[.357 Magnum]] que não teria entrado na linha de produção. Com a aprovação do [[Gun Control Act of 1968|Gun Control Act]], nos Estados Unidos em 1968, teve que desenvolver diversas adaptações em seus projetos para atender as novas leis de armas norte americanas.<ref name=":0" /><ref name=":1" />
 
Após anos acumulando dívidas, redução no volume de exportação de seus produtos, a substituição de suas metralhadoras antigas nas forças armadas pelas novas [[Beretta M12]] e uma suposta influência do governo militar para fechar a fabricante, a INA encerrou suas operações em 1972, vendendo seu maquinário e fábrica para a Companhia Brasileira de Cartuchos.<ref name=":0" /><ref name=":5" /><ref name=":6" />
 
Após a venda, a antiga fábrica chegou a ser utilizada pela Companhia Brasileira de Cartuchos até o ano de [[1983]].<ref name=":4" /> A IMBEL chegou a fabricar versões da M950 em calibre 9mm.<ref name=":3" />
 
== Produtos ==
 
* Revólver INA Tigre (em calibre [[.32 S&W Long]])<ref name=":7">{{citar livro|título=Catálogo de Armas para Colecionamento da 2ª Região Militar|ultimo=de Fiscalização de Prod. Controlados|primeiro=Diretoria|editora=Exército Brasileiro|ano=2017|local=2ª Região Militar|página=35-39|páginas=35-39}}</ref>
* Revolver INA .38 (em calibre [[.38 Special]])<ref name=":7" />
* Pistola INA Chanticler (em calibre [[6.35 mm|6.35mm]])<ref name=":7" />
* Submetralhadora INA M1950 (em calibre [[.45 ACP]])<ref name=":7" />
* Submetralhadora INA M1953 (em calibre [[.45 ACP]])<ref name=":7" />
{{referencias}}
*
== Ver também ==
* [[Indústria bélica do Brasil]]
* [[Movimento Viva Brasil]]
 
{{Portal3|Brasil}}
Linha 20 ⟶ 52:
 
[[Categoria:Fabricantes de armas de fogo extintas do Brasil]]
[[Categoria:Empresas fundadas em 1949]]
[[Categoria:Empresas extintas em 1972]]