Baile da Ilha Fiscal: diferenças entre revisões

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Inicialmente marcado para o dia [[19 de outubro]], foi adiado por ocasião da morte do rei [[Luís I de Portugal]] (1861-1889), sobrinho de [[Pedro II do Brasil]]. O evento, que reuniu toda a sociedade do Império, formalmente homenageava a oficialidade dos navios chilenos ancorados na baía havia duas semanas. Mas, na verdade, comemorava as bodas de prata da princesa Isabel e do conde d´Eu. Além disso, a intenção do [[Afonso Celso de Assis Figueiredo|visconde de Ouro Preto]], presidente do conselho de ministros, era de tornar inesquecível este baile, para reforçar a posição do Império, contra as conspirações republicanas. O dinheiro gasto por ele no baile, 250 contos de réis, foi retirado do ministério da Viação e Obras Públicas, este valor correspondia a quase 10% do orçamento previsto da Província do Rio de Janeiro para o ano seguinte. Existiram críticas à corte pelo ato, visto que esta quase não promovia bailes.
 
O baile teve um requinte incomum para a coroa brasileira, que era enxuta. O Palacete foi intensamente decorado, em seus jardins foram montadas duas mesas, em formato de [[ferradura]], onde foi servido um jantar para 500 dos 4.500{{Fmtn|4500}} convidados, sendo 250 em cada uma. Iguarias incomuns como o [[sorvete]] e o [[faisão]] foram servidas.
 
== Jantar ==
O jantar oferecido teve pratos incomuns para a época e bebidas alcoólicas importadas, dentre estes:
*800 kg de [[camarão]];
*300 [[frango]]s;[[Ficheiro:Capa do cardápio do último Baile da Ilha Fiscal.tif|miniaturadaimagem|244x244px|Capa do cardápio do último Baile da Ilha Fiscal, 1889. [[Arquivo Nacional (Brasil)|Arquivo Nacional]].]]
*500 [[peru]]s;
*64 [[faisão|faisões]];
*1. 200 latas de [[aspargos]];
*20. 000 [[sanduíche]]s;
*14. 000 [[sorvete]]s;
*2. 900 pratos de doces;
*10. 000 litros de [[cerveja]];
*304 caixas de [[vinho]]s, [[champagne]] e bebidas diversas.
 
Uma banda, instalada a bordo do "Almirante Cochrane", o navio homenageado, tocou [[valsa]]s e [[polca]]s madrugada adentro.
<blockquote>''"Dançou-se muito no O ÙltimoÚltimo Baile do Império, mas o que os convidados não imaginavam, nem o imperador D. Pedro II, é que se dançava sobre um vulcão. À mesma hora em que se acendiam as luzes do palacete para receber os milhares de convidados engalanados, os republicanos reuniam-se no Clube Militar, presididos pelo tenente-coronel Benjamin Constant, para maquinar a queda do Império. "Mais do que nunca, preciso sejam-me dados plenos poderes para tirar a classe militar de um estado de coisas incompatível com sua honra e sua'' </blockquote>
[[Ficheiro:Página do cardápio do último Baile da Ilha Fiscal.tif|miniaturadaimagem|241x241px|Página do cardápio do último Baile da Ilha Fiscal, 1889. [[Arquivo Nacional (Brasil)|Arquivo Nacional]].]]
<blockquote>''dignidade", discursou Constant na ocasião, tendo como alvo justamente o Visconde de Ouro Preto. Longe dali, ao lado da família imperial, o visconde desmanchava-se em sorrisos ao comandar seu suntuoso festim. A família imperial chegou ao cais pouco antes das 10 horas. D. Pedro II, fardado de almirante, a imperatriz Teresa Cristina e o príncipe D. Pedro Augusto embarcaram primeiro. Quinze minutos depois foi a vez da princesa Isabel e do conde D’Eu. Uma vez no palácio, foram conduzidos a um salão em separado, onde já se achavam reunidos membros do corpo diplomático estrangeiro oficiais e alguns eleitos da sociedade carioca. O guarda-roupa da imperatriz não chegou a causar impressão especial entre os convidados - um vestido de renda de chantilly preta, guarnecido de vidrilhos. A toalete da princesa Isabel, no entanto, causou exclamações de admiração pelo luxo e pela beleza. Ela portava uma roupa de moiré preta listrada, tendo na frente um corpinho alto bordado a ouro. Nos cabelos, carregava um diadema de brilhantes. "''<ref>[http://veja.abril.com.br/historia/republica/sociedade-baile-imperio-ilha-fiscal.shtml '''Veja na História''', Festança sobre o Vulcão]</ref></blockquote>
Um fato irônico, até hoje não confirmado, ocorreu logo após a chegada da família real, às 10 horas da noite: conta-se que D. Pedro II, ao entrar no salão do baile, desequilibrou-se e levou um tombo. Foi amparado por dois jornalistas. Ao recompor-se, exclamou: ''"O monarca escorregou, mas a monarquia não caiu!".'' Apesar do sucesso do baile, o imperador pouco se divertiu. Ficou sentado, visto que já estava em idade avançada, o tempo todo e foi embora à 1h da manhã, sem jantar.
 
Outro acontecimento curioso ocorreu no término da festa. Às 5 horas da manhã, após a saída dos convidados, os trabalhos de limpeza revelaram alguns artigos inusitados espalhados pelo chão: além de copos quebrados e garrafas espalhadas, foram recolhidas condecorações perdidas e até peças de roupas íntimas femininas. O fato pode, entretanto, ser fictício, uma vez que foi relatado na coluna humorística ''Foguetes'', do periódico carioca "[[O Paiz]]", no dia [[12 de novembro]], nestes termos:<blockquote>"Houve quem perdesse dragonas, chapéoschapéus de sol, chapéoschapéus de cabeça, lenços, e até - parece incrivelincrível, mas é rigorosamente verdadeiro - uma senhora deixou lá ficar o espartilho!!!"<ref>{{citar web|url=http://memoria.bn.br|titulo=O Paiz|data=12/11/1889|acessodata=16/03/2018|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref></blockquote>
 
==Repercussão==
A distribuição dos 5.000 convites começou no dia 4 de novembro. As roupas finas das lojas do Rio de Janeiro se esgotaram. Setenta e duas horas antes do baile já não havia vagas nos cabeleireiros. As senhoras lotavam as lojas de roupas finas e os cavalheiros recorriam aos alfaiates, para ajustar suas casacas e às barbearias, para cortar o cabelo ou aparar os bigodes e barbas. Muitas senhoras chegavam às 9 h da manhã, para fazer os cabelos
 
Duas bandas militares tocaram quadrilhas, valsas, polcas e mazurcas para os convidados, que dançaram em seis salões do castelo. A princesa Isabel foi uma das pés-de-valsa mais animadas. Depois da festança, às 6h da manhã, o pessoal da limpeza achou: 37 lenços, 24 cartolas e chapéus, 8 raminhos de corpete, 3 coletes de senhoras e 17 cintas-ligaligas.{{Carece de fontes|data=janeiro de 2012}}. De acordo com o historiador [[Milton Teixeira]] todas as fotos feitas na festa desapareceram.{{verificar credibiblidade}}
 
O Baile foi comentado pela mídia por alguns dias, o que trouxe uma falsa imagem de solidez da coroa.