Santa Aliança: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
retirei um trecho totalmente desconexo do que a pagina apresenta, algo sem sentido que apresentava o japão e EUA com palavras embarrasadas
Etiqueta: Reversão manual
Wavescope (discussão | contribs)
Linha 1:
[[Imagem:Holy Alliance.png|thumb|300px|OsA paísesSanta fundadoresAliança daem Santa Aliança.1840:
{{mais notas|data=janeiro de 2013}}
{{revisão|data=julho de 2016}}
[[Imagem:Holy Alliance.png|thumb|300px|Os países fundadores da Santa Aliança.
----
{{legend|#dbca12| {{flagicon|Austria|empire}} [[Império Austríaco|Áustria]]}}
{{legend|#000000| [[Imagem:Flag of the Kingdom of Prussia (1803-1892).svg|borda|22px]] [[Reino da Prússia|Prússia]]}}
{{legend|#90a3ef| {{RUSb}} [[Império Russo|Rússia]]}}
]]
 
A '''Santa Aliança''' ([[Língua alemã|alemão]]: ''Heilige Allianz''; [[Língua russa|russo]]: Священный союз, ''Svyashchennyy soyuz''; também chamada de '''Grande Aliança''') foi uma coalizão que unia as [[Grande potência|grandes potências]] [[Monarquia|monarquistas]] da [[Império Austríaco|Áustria]], [[Reino da Prússia|Prússia]] e [[Império Russo|Rússia]]. Foi criada após a derrota final de [[Napoleão Bonaparte|Napoleão]] a mando do Imperador (Czar) [[Alexandre I da Rússia]] e assinada em [[Paris]] em 26 de setembro de 1815.<ref>{{Citar web |ultimo= |primeiro= |url=https://www.newadvent.org/cathen/07398a.htm |titulo=Holy Alliance |data= |acessodata=2020-11-09 |website=Catholic Encyclopedia |publicado=}}</ref> A aliança tinha como objetivo conter o liberalismo e o secularismo na Europa na esteira das devastadoras [[Guerras Revolucionárias Francesas]] e as [[Guerras Napoleônicas]], e nominalmente conseguiu isso até a [[Guerra da Crimeia]]. [[Otto von Bismarck]] conseguiu [[Liga dos Três Imperadores|reunir a Santa Aliança]] após a [[unificação da Alemanha]] em 1871, mas a aliança novamente entrou em colapso na década de 1880 devido aos conflitos de interesse entre austríacos e russos sobre a [[dissolução do Império Otomano]].<ref>{{Citar periódico |titulo=HISTORICAL REVISION. No. XCVIII: The Origins of the Treaty of Holy Alliance |url=https://www.jstor.org/stable/24401918 |jornal=History |data=1941 |issn=0018-2648 |paginas=132–140 |numero=102 |acessodata=2020-11-09 |primeiro=E. J. |ultimo=Knapton}}</ref>
A '''Santa Aliança''' foram duas coligações criadas pelas potências [[monarquismo|monárquicas]] da Europa: [[Império Russo]], [[Império Austríaco]] e [[Reino da Prússia]]. A sua criação foi uma consequência da derrota final de [[Napoleão Bonaparte]] pelo Czar Alexandre I e selada em [[Paris]], no dia 26 de Setembro de 1815<ref>[http://www.newadvent.org/cathen/07398a.htm Holy Alliance], ''[[Catholic Encyclopedia]]''</ref><ref>[http://www.fafich.ufmg.br/hist_discip_grad/staalnc.pdf Tratado da Santa Aliança (1815)]</ref>.
 
== Motivação e criaçãoEstabelecimento ==
Ostensivamente, a aliança foi formada para incutir o [[direito divino dos reis]] e os valores cristãos na vida política europeia, perseguido por Alexandre I sob a influência de sua conselheira espiritual, Baronesa [[Barbara von Krüdener]]. Segundo o tratado, os governantes europeus concordariam em governar como "ramos" da comunidade cristã e oferecer serviço mútuo. O acordo foi inicialmente secreto e desacreditado pelos liberais, embora o liberalismo tenha sido efetivamente contido nesta cultura política até as [[Revoluções de 1848]].<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books/about/Eastern_Europe.html?id=gfb727PRmvEC|título=Eastern Europe: An Historical Geography, 1815-1945|ultimo=Turnock|primeiro=David|data=1989|editora=Psychology Press|lingua=en}}</ref>
 
Cerca de três meses após a Ata Final do [[Congresso de Viena]], os monarcas da confissão [[Igreja Católica|católica]] (Áustria), [[Protestantismo|protestante]] (Prússia) e [[Igreja Ortodoxa Russa|ortodoxa]] (Rússia) prometeram agir com base na "justiça, amor e paz", ambos em assuntos internos e externos, para “consolidar as instituições humanas e remediar suas imperfeições”.
[[Imagem:Alex1.jpg|thumb|left|O [[Csar|Czar]] [[Alexandre I]].]]
 
A Aliança foi rapidamente rejeitada pelo Reino Unido (embora Jorge IV tenha declarado seu consentimento em sua qualidade de [[Reino de Hanôver|Rei de Hanôver]]), pelos [[Estados Papais]] e pelo [[Império Otomano]]. [[Robert Stewart, 2.º Marquês de Londonderry|Visconde Castlereagh]], o Secretário de Relações Exteriores britânico, chamou-a de "um pedaço de sublime misticismo sem sentido".<ref>{{Citar periódico |titulo=THE NATURE AND IMMEDIATE ORIGINS OF THE TREATY OF HOLY ALLIANCE |url=http://dx.doi.org/10.1111/j.1468-229x.1953.tb00988.x |jornal=History |data=1953-02 |issn=0018-2648 |paginas=27–39 |numero=132 |acessodata=2020-11-09 |doi=10.1111/j.1468-229x.1953.tb00988.x |primeiro=Stephen A. |ultimo=Fischer-Galati}}</ref>
Assim que o Império Napoleônico ruiu, os reinos reuniram-se no [[Congresso de Viena]] para reorganizar o mapa político da Europa. Surgiu a Santa Aliança, tratado que tinha por objetivo conter a difusão do ideário revolucionário francês, semeado por [[Napoleão Bonaparte]].
 
== Organização ==
A Santa Aliança foi inicialmente formada pela [[Rússia]], [[Prússia]] e [[Áustria]], as 3 (três) potências vencedoras da [[guerras napoleônicas|Guerra contra Napoleão Bonaparte]], como forma de garantir a realização prática das medidas que foram aprovadas pelo [[Congresso de Viena]], bem como impedir o avanço corruptor das ideias [[liberais]] e [[constitucionalismo|constitucionalistas]], muito espalhadas com a [[Revolução Francesa]] e que haviam criado revoltosos um pouco por toda a [[Europa]]. O bloco militar, que durou até às [[Revolução de 48|revoluções "europeias" de 1848]], combateu desacatos liberais e interferiu na política ultramarina dos [[Península Ibérica|países ibéricos]], já que era a favor da recolonização.
Na prática, o chanceler austríaco e ministro das relações exteriores, o príncipe [[Klemens Wenzel von Metternich|Klemens von Metternich]], fez dele um bastião contra a democracia, a revolução e o secularismo (embora se diga que sua primeira reação foi chamá-la de "um nada retumbante"). Os monarcas da Aliança usaram-no para suprimir a influência revolucionária (especialmente da [[Revolução Francesa]]) de entrar em suas próprias nações.
 
A Aliança é geralmente associada às Alianças Quádruplas e Quíntuplas posteriores, que incluíam o [[Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda|Reino Unido]] e (a partir de 1818) a [[Restauração francesa|França]], com o objetivo de defender o acordo de paz europeu e o equilíbrio de poder no [[Concerto da Europa]] concluído no [[Congresso de Viena]]. Em 29 de setembro de 1818, Alexandre, o imperador [[Francisco I da Áustria]] e o rei [[Frederico Guilherme III da Prússia]] encontraram-se com o [[Arthur Wellesley, 1.º Duque de Wellington|Duque de Wellington]], o [[Robert Stewart, 2.º Marquês de Londonderry|Visconde Castlereagh]] e o [[Armand Emmanuel du Plessis, Duque de Richelieu|Duque de Richelieu]] no [[Congresso de Aquisgrão (1818)|Congresso de Aquisgrão]] para exigir medidas severas contra universitários "demagogos ", que se concretizaria nos [[Decretos de Carlsbad]] do ano seguinte. No Congresso de Troppau em 1820 e no Congresso de Laibach que o sucedeu em 1821, Metternich tentou alinhar seus aliados na supressão da revolta [[Carbonária]] contra o rei [[Fernando I das Duas Sicílias]]. Em 1821, a Aliança se reuniu em [[Liubliana]]. A Quíntupla Aliança se reuniu pela última vez no [[Congresso de Verona]] em 1822 para aconselhar contra a [[Guerra de independência da Grécia|Revolução Grega]] e resolver a [[Cem Mil Filhos de São Luís|invasão francesa da Espanha]].
Esta aliança foi proclamada no Congresso de Viena (reunido entre [[1814]] e [[1815]]). Surgiu por inspiração do Czar [[Anexo:Lista de monarcas da Rússia|da Rússia]] [[Alexandre I da Rússia|Alexandre I]], que a propôs aos outros monarcas, cujas relações seriam reguladas pelas "''elevadas verdades presentes na doutrina de Nosso Salvador''". O Czar teria sofrido influência da [[Baronesa de Krüdener]] e de [[Nicolas Bergasse]] (antigo constituinte francês). [[Maurice Bourquin|Bourquin]] observa, entretanto, que a influência da senhora de Krüdener teria sido pequena e que na realidade a Santa Aliança teria nascido do [[misticismo]] de Bárbara. Todavia, com a interferência do chanceler austríaco [[Klemens Wenzel von Metternich|Metternich]], a Santa Aliança foi apenas um instrumento da restauração [[monarquia|monárquica]].
 
As últimas reuniões revelaram o crescente antagonismo com a Grã-Bretanha e a França, especialmente sobre a [[Risorgimento|unificação italiana]], o direito à [[autodeterminação]] e a [[Questão Oriental]]. A Aliança é convencionalmente considerada extinta com a morte de Alexandre em 1825. A França acabou se separando após a [[Revolução de Julho]], deixando o núcleo da Áustria, Prússia e Rússia como um bloco da [[Europa Central]] e do [[Leste Europeu]] que mais uma vez se congregou em suprimir as [[revoluções de 1848]]. A aliança austro-russa finalmente se desfez na [[Guerra da Crimeia]]. Embora a Rússia tenha ajudado a suprimir a [[Revolução húngara de 1848|Revolução Húngara de 1848]], a Áustria não tomou nenhuma ação para apoiar seu aliado, declarou-se neutra e até ocupou as terras da [[Valáquia]] e da [[Principado da Moldávia|Moldávia]] no [[Rio Danúbio|Danúbio]] durante a retirada russa em 1854. Depois disso, a Áustria permaneceu isolada, que se somou à perda de seu papel de liderança nos estados alemães, culminando em sua derrota durante a [[Guerra Austro-Prussiana]] em 1866.
Estabelecida entre os soberanos europeus que pretendiam propagar os princípios da [[Fé]] cristã e, manter a tradição, pelos liberais escarnecida com o nome de [[absolutismo]], como sistema político dominante novamente na [[Europa]], a Santa Aliança foi firmada a partir dum [[tratado internacional|tratado]] definido pelo czar russo, sendo posteriormente assinado em [[26 de Setembro]] de [[1815]], em [[Paris]], por [[Francisco I da Áustria|Francisco I]], [[imperador da Áustria]], [[Frederico Guilherme III da Prússia|Frederico Guilherme III]], [[rei da Prússia]], e o próprio Alexandre I. O tratado da Santa Aliança só foi assinado então pelos respectivos monarcas. e não submetido à ratificação.
 
== EvoluçãoVer também ==
A [[Inglaterra]], embora tenha participado de todas as coligações formadas para combater [[Napoleão Bonaparte]], nunca aderiu à Santa Aliança em razão da ideologia antiliberal que estava no centro do grupo, bem como pelo fato de ter interesses no comércio com as jovens nações (colónias).
 
O negociador inglês, [[Lord Castlereagh]], por entender que a aliança tinha por finalidade última colocar a Inglaterra à margem das questões políticas europeias, garantindo a proeminência da [[Rússia]] na Europa, propôs a criação da [[Quádrupla Aliança (1815)|'''Quádrupla Aliança''']], reunindo a Inglaterra e as três potências signatárias da Santa Aliança, com o objetivo de realizar consultas quando a situação política do continente exigisse. Ela foi assinada em [[15 de novembro]] de 1815.
 
A Quíntupla Aliança se reuniu pela última vez no [[Congresso de Verona]], em [[1822]], para resolver os problemas relacionados a [[Revolução Grega]] e a [[Cem Mil Filhos de São Luís|intervenção francesa na Espanha]]. Os últimos encontros foram marcados por crescente antagonismo entre França e Inglaterra em questões como autodeterminação das nações, a [[Risorgimento|unificação italiana]] e a [[Questão Oriental]].
 
[[Imagem:Hw-metternich.jpg|thumb|[[Klemens Wenzel Lothar Nepomuk von Metternich]], chanceler austríaco, principal formulador político da Santa Aliança.]]
 
== Intervenções ==
O '''Direito de Intervenção''' foi defendido pelo ministro austríaco, [[Klemens Wenzel von Metternich|príncipe Metternich]], segundo o qual as nações europeias interviriam onde quer que as monarquias estivessem ameaçadas ou onde fossem derrubadas. A aliança visou a manutenção dos tratados de [[1815]], tendo em vista reprimir as aspirações [[liberalismo|liberais]] e [[nacionalismo|nacionalistas]] dos povos oprimidos. Espanha e Portugal faziam parte do acordo, por isso a Santa Aliança tinha o direito de intervir nas colônias desses países caso elas tentassem libertar-se<ref name=":0" />.
 
Em 1818, o primeiro Congresso da Santa Aliança decidiu retirar as tropas de ocupação da França. Pouco depois, quando uma associação de estudantes alemães provocou distúrbios durante as comemorações do terceiro centenário da Reforma Protestante, a repressão se abateu com violência. As universidades foram vigiadas, as sociedades nacionalistas combatidas e os jornais censurados.<ref name=":0">{{Citar livro|url=|título=Toda a história : história geral e história do Brasil|ultimo=ARRUDA|primeiro=José Jobson de A.|ultimo2=PILETTI|primeiro2=Nelson|data=1996|editora=Ática|ano=1996|local=|páginas=|isbn=8508052022|oclc=|acessodata=}}</ref>
 
Em 1820, posições liberais de militares contrários ao absolutismo na Espanha e no Reino das Duas Sicílias insuflaram uma revolta, que culminou com a imposição de uma Constituição aos dois reis. Fernando VII, da Espanha, e seu primo Fernando I, das Duas Sicílias, fingiram aceitar mas recorreram à Santa Aliança. Uma expedição militar, em 1823, pôs fim à revolta constitucionalista e restituiu Fernando VII como monarca absoluto.<ref name=":0" />
 
== Decadência ==
 
Este foi o último êxito da Santa Aliança, pois por volta de 1820 seu poder já se desfazia. Não conseguiu abafar a [[Guerra de independência da Grécia|rebelião dos gregos contra os turcos]] ([[1821]]-[[1827]]) nem a [[Guerras de independência na América espanhola|independência das colônias da América do Sul]] ([[1810]]-[[1824]]). Ficou desmoralizada.<ref name=":0" />
 
A grande importância desta aliança não residiu no acordo em si mesmo mas no fato de ser um símbolo das políticas absolutistas e um instrumento para manter o estado vigente da situação na Europa, uma volta ao que ficou conhecido como ''[[Ancien Régime]]''. Como aspecto ilustrativo deste novo quadro absolutista, refira-se que diversas tentativas e experiências revolucionárias e democráticas, nacionalistas ou liberais, foram derrubadas com intervenção de tropas da Santa Aliança, em nome da manutenção da ordem absolutista.
 
A Santa Aliança logo perderia força pois estava contra o motor da história, contra o capitalismo liberal que aumentava o poder econômico da população abrindo espaço para a facilitação das revoltas contra o absolutismo, que era um empecilho ao desenvolvimento do livre comércio. Com interesses nos Balcãs, que saía do poder do Império Otomano, esses mesmos aliados "santos" iniciariam uma corrida militarista para se apossar dessas novas terras com um novo arranjo de alianças, entrando em conflito direto uns contra os outros.
 
* ''[[Biedermeier]]''
* [[Segunda Liga da Neutralidade Armada]]
* ''[[Vormärz]]''
{{referências}}
 
== Bibliografia ==
* SILVA, Guilherme A.; GONÇALVES, William. ''Dicionário de Relações Internacionais''. 2ª ed. [[Barueri]]:[[Manole]], [[2010]], p.&nbsp;250-252.
 
[[Categoria:História da Europa]]
[[Categoria:Alianças militares]]