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[[Ficheiro:Popol vuh.jpg|right|250px|thumb| Primeira página do manuscrito do Popol Vuh, guardado na Biblioteca Newberry, Chicago, Coleção Ayer]]
 
O termo '''''Popol vuhVuh''''', comumente traduzido do [[idioma quiché]] como “livro"livro da comunidade”comunidade", é um registro documental da [[cultura maia]], produzido no [[século XVI]], e que tem como tema a concepção de criação do mundo deste povo. ''Popol'' é interpretado como “comunidade”"comunidade" ou “conselho”"conselho", e dá a ideia de algo que é de propriedade comum; e ''vuh'' ou ''wuj'', em quiché moderno, significa “livro”"livro". Como os maias eram divididos em diversas tribos, faz-se necessário saber que, embora boa parte doda contonarrativa fosse aceitoaceita majoritariamente no território maia, existiam especificidades entre as tribos e regiões.
{{título em itálico}}
 
== História e influências ==
=== Origem ===
Acredita-se que o manuscrito original do ''Popol vuhVuh'' tenha sido escrito por volta de 1554-1558, em [[alfabeto latino]], no idioma quiché. No entanto, esse manuscrito permanece perdido até os dias atuais. EsteO documento foi traduzido para o castelhano pelo frei Francisco Ximénez, em 1701, e encontra-se hoje em Chicago, na Biblioteca Newberry. Em 1861, Charles Étienne Brasseur de Bourboung baseou-se em uma tradução de Carl Scherzer e publicou em francês o texto, em francês, comsob o nome de ''Popol vuh''.
 
Acredita-se que o manuscrito original do Popol vuh tenha sido escrito por volta de 1554-1558, em alfabeto latino no idioma quiché. No entanto, permanece perdido até os dias atuais. Este documento foi traduzido para o castelhano pelo frei Francisco Ximénez em 1701, e encontra-se hoje em Chicago, na Biblioteca Newberry. Em 1861, Charles Étienne Brasseur de Bourboung baseou-se em uma tradução de Carl Scherzer e publicou em francês o texto com o nome de Popol vuh.
 
=== Influência cristã ===
Não apenas o ''Popol vuhVuh'', mas outras narrativas indígenas da [[Mesoamérica]] sofreram forte influência cristã durante o período colonial. Em aspectos geraisgeral, os cronistas responsáveis pela compilação da [[cosmogonia]] maia atrelaram a ela valores e códigos que faziam sentido apenas àpara a cultura cristã. Em certos trechos do ''Popol vuh'', é possível notar semelhanças com o discurso bíblico. Dessa forma, os mitos de criação e o próprio entendimento dos deuses mesoamericanos se perderam dentro da interpretação europeia dos escritos indígenas. Portanto, sobreseria osmais escritosapropriado “catequizados”,encarar éesses mais legítimoescritos encará-los"catequizados" como a visão colonizadora da cosmogonia maia do que propriamente como esteo povomodo pelo qual os maias estruturavaestruturavam suas crenças. É importante ressaltar que, para o povo maia, não necessariamente o conceito de “deus”"deus" não era onecessariamente mesmo queigual paraao osdos espanhóis, que tinhamconsideravam sua visão religiosa como universal.
 
== Estrutura e narrativa ==
 
Escrito em forma de [[prosa poética]], o texto aborda questões sobre a [[criação do mundo]], dos homens e dos animais, segundo a tradição maia. O manuscrito original do ''Popol vuhVuh'' não possuíaera divisõesdividido em capítulos,. noNo entanto, as edições atuais, baseadas na tradução de Brasseur, apresentam estasessas divisões, que sãoforam feitas de acordo com a ordem cronológica e temática dos acontecimentos. Apesar de não apresentar estasoriginalmente divisõestais originalmentedivisões, é possível notar duas partes distintas na narrativa.: Aa primeira parte refere-se aà origem do mundo e aà vitória dos gêmeos Hunahpú e Ixbalanque sobre os Senhores do Inframundo.; Aa segunda parte aborda desde a criação do milho até a presença dos quichés na América Central.<br />
 
Antes de iniciar a história da criação do mundo, o texto diz que havia uma preexistência, composta de calma, silêncio e imobilidade. Existiam apenas o céu e o mar, onde estavam o Criador, o Formador, Tepeu, Gucumatz ou Quetzalcoatl, os Progenitores e Huracán, também chamado de Coração do Céu. A narrativa da criação se inicia quando Tepeu e Gucumatz decidem criar o homem. Os deuses criam, então, o mundo e tudo o que nele está presente, a natureza e os animais. ComoUma vez que os animais, apesar de dotados de voz, eram incapazes de adorar seus criadores, foram amaldiçoados. É nestenesse momento que também é criado o primeiro homem, feito de lodo,; porém, este se desmanchava e não possuía entendimento do mundo. Logo, deste modo também não podia adorar aos deuses, e por isso foi destruído.<br />
 
No segundo momento da criação, os deuses consultaram os adivinhos Ixpiyacoc e Ixmucané, que lançaram a sorte com grãos de milho, e orientaram que o novo homem fosse feito de madeira. Assim os deuses fizeram. Os homens de madeira se multiplicaram e dispersaram, porém, assim como o homem de lodo, não foram capazes de invocar seus criadores, esendo por isso foramtambém destruídos em umnum dilúvio de resina. Os sobreviventes tornaram-se macacos.<br />
 
Em um terceiro momento da criação (ou noainda própriono segundo momento, dependendoa depender da fonte), a narrativa ocupa-se emocupa de relatar a história dos gêmeos Hunahpú e Ixbalanque, que despertaram a atenção dos Senhores do Inframundo, e estes, incomodados com o comportamento dos homens, decidiram transformá-los em peixes. Os gêmeos, por fim, atiram-se em uma fogueira e transformam-se no Sol e na Lua.
 
Na quarta e última idade abordada pelo ''Popol vuhVuh'', uma nova tentativa de criação ocorre, desta- dessa vez utilizando milho como matéria prima. Os homens feitos de milho tomaram ciência de si e então deram graças aos seus deuses criadores. EstaEssa é a explicação da origem da atual humanidade, e explica ada criação dos povos que habitavam a Mesoamérica.
 
=== As idades do mundo<ref>SANTOS, Eduardo Natalino dos. ''Deuses do México indígena: estudo comparativo entre narrativas espanholas e nativas''. São Paulo: Palas Athena, 2002, pp. 291-295.</ref> ===
De forma simplificada, podemos descrever as quatro idades narradas pelo ''Popol vuhVuh'' destada seguinte maneira:
 
=== As idades do mundo<ref>SANTOS, Eduardo Natalino dos. Deuses do México indígena: estudo comparativo entre narrativas espanholas e nativas. São Paulo: Palas Athena, 2002, pp. 291-295.</ref> ===
De forma simplificada, podemos descrever as quatro idades narradas pelo Popol vuh desta maneira:
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1ª idade:
* No início havia calma, silêncio e imobilidade.
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=== Deuses ===
Segundo historiadores e demais estudiosos do período colonial, o ''Popol vuhVuh'' e outras fontes contendo narrativas religiosas dos nativos americanos apresentam o mesmo problema quando analisadas: a posição dos deuses e divindades mesoamericanos foi moldada a partir de visões cristãs de importância e hierarquia, o que teria provocado uma distorção sobre a real importância que os maias concediam a cada deus, ou mesmo como este povo concebia a noção de divino.
 
Eduardo Natalino dos Santos dizescreve: “Os''"Os textos produzidos pelos próprios nativos ou baseados em declarações de sábios e informantes mostram que tais prioridades deram aos deuses um lugar que não coincidia com aquele que ocupavam dentro do pensamento mesoamericano."''<ref>SANTOS, Eduardo Natalino dos. Deuses do México indígena: estudo comparativo entre narrativas espanholas e nativas. São Paulo: Palas Athena, 2002, p. 181.</ref> ”.
 
=== Alguns Personagens ===
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Gêmeos que perturbaram os senhores do Inframundo e, após se lançarem em uma fogueira, tornaram-se o Sol e a Lua.
 
== O ''Popol vuhVuh'' hoje ==
O ''Popol vuhVuh'', depois das traduções de Scherzer e Brausser, encontra-se hoje traduzido paraem diversas línguas e permanece como uma das principais fontes parade estudoinformação - não só acerca das bases da cultura maia como também do período de [[colonização da América]], por sua dualidade de interpretações. OsAs contosnarrativas nele presentes ainda são preservados por tribos maias como um importante traçoelemento constitutivo de sua cultura ancestralidentidade.
 
 
== Ver também ==