Transtorno dissociativo de identidade: diferenças entre revisões

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{{Info/Patologia
| Nome = Perturbação de identidade dissociativa
| Sinónimos = Transtorno dissociativo de identidade, transtorno de identidade dissociativa, perturbação de personalidade múltipla (em desuso)
| Imagem = Dissociative identity disorder.jpg
| Legenda = Interpretação artística de pessoa com múltiplos estados de personalidade dissociados
| Especialidade = [[Psiquiatria]]
| Sintomas = Pelo menos dois [[Personalidade|estados de personalidade]] que se alternam, [[Amnésia dissociativa|dificuldade em recordar determinados eventos]]<ref name=DSM5/>
| Complicações = [[Suicídio]], [[autolesão]]<ref name=DSM5>{{citation|autor =American Psychiatric Association|ano=2013|título=Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (5th ed.)|local=Arlington|publicado=American Psychiatric Publishing|páginas=291–298|isbn=978-0890425558}}</ref>
| Início =
| Duração = [[Doença crónica|Crónica]]<ref name=Mer2017Pro/>
| Tipos =
| Causas = Trauma na infância, induzida por terapia<ref name=Mer2017Pro/><ref name=Hersen2014/>
| Riscos =
| Diagnóstico = Baseado em critérios clínicos<ref name=Mer2017Pro/>
| Diferencial = [[Perturbação depressiva maior]], [[perturbação bipolar]], [[perturbação de stress pós-traumático]], [[psicose]], [[perturbações de personalidade]], [[Transtorno de conversão|perturbação de conversão]]<ref name=DSM5/>
| Prevenção =
| Tratamento = Cuidados de apoio, [[psicoterapia]]<ref name=Mer2017Pro/>
| Medicação =
| Prognóstico =
| Frequência = ~2% da população<ref name=Guidelines2011/>
| Mortes =
}}
<!-- Definição e sintomas -->
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<!-- Sociedade e cultura -->
A PID é controversa, tanto em [[psiquiatria]] como no meio jurídico.<ref name=Hersen2014/><ref name = Rein2008/> Por vezes é usada como defesa em julgamentos para [[Alegação de insanidade mental|alegar insanidade mental]].<ref name = Farrell>{{citar periódico|autor = Farrell HM |título= Dissociative identity disorder: Medicolegal challenges |periódico= The Journal of the American Academy of Psychiatry and the Law | volume = 39 |número= 3 |páginas= 402–406 |ano= 2011 | pmid = 21908758 | url = http://www.jaapl.org/content/39/3/402.full.pdf+html }}</ref><ref name = Farrell2011>{{citar periódico|último =Farrell |primeiro =HM |título=Dissociative identity disorder: No excuse for criminal activity |periódico=Current Psychiatry |volume=10 |número=6 |páginas=33–40 |url=http://www.currentpsychiatry.org/pdf/1006/1006CP_Article3.pdf |ano=2011 |urlmorta= sim|arquivourl=https://www.webcitation.org/69gTpoEKq?url=http://www.currentpsychiatry.org/pdf/1006/1006CP_Article3.pdf |arquivodata=2012-08-05 |df= }}</ref> Não é ainda claro se o aumento do número de diagnósticos tem origem em melhores critérios de avaliação ou na forma como a condição é retratada nos ''[[Meios de comunicação social|media]]''.<ref name=Hersen2014/> Grande parte do número de diagnósticos está concentrada num pequeno número de psiquiatras, o que apoia a hipótese da PID poder ser induzida por algumas práticas de psicoterapia.<ref name=Hersen2014/> Os sintomas mais comuns em diferentes regiões do mundo podem também variar, dependendo da forma como a perturbação é retratada nos ''media''.<ref name=Hersen2014/>
 
== Definição de dissociação ==
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Define-se [[Dissociação (psicologia)|dissociação]] como um processo mental complexo que promove aos indivíduos um mecanismo que possibilita-os enfrentar situações traumáticas e/ou dolorosas. É caracterizada pela desintegração do [[ego]]. A integração do ego, sendo o ego o centro da personalidade, pode ser definido como a habilidade de um indivíduo em incorporar à sua percepção, de forma bem-sucedida, eventos ou experiência externas, e então lidar com elas consistentemente através de eventos ou situações sociais. Alguém incapaz disso pode passar por uma desregulagem emocional [https://web.archive.org/web/20070809044206/http://www.isst-d.org/education/faq-dissociation.htm], bem como um potencial colapso do ego. Em outras palavras, tal estado de desregulagem emocional é, em alguns casos, tão intenso a ponto de precipitar uma desintegração do ego, ou o que, em casos extremos, tem sido diagnosticado como uma dissociação.<ref>{{citar web |url= http://www.dissociation.co.uk/background.asp |título= Background to Discussion – ''Interview with Remy Aquarone on the nature of Dissociative Disorders and how they are treated.'' |publicado= The Pottergate Centre for Dissociation & Trauma |língua= inglês |acessodata= 2007-07-22 |arquivourl= https://web.archive.org/web/20120114165147/http://www.dissociation.co.uk/background.asp |arquivodata= 2012-01-14 |urlmorta= yes }}</ref>
 
Porque o indivíduo que sofre uma dissociação não se desliga totalmente da realidade, ele pode aparentar ter múltiplas personalidades para lidar com diferentes situações. Quando um ''alter'' não pode lidar com uma situação particularmente [[Estresse|estressante]], a consciência do indivíduo acredita estar dando à outra personalidade a chance de eliminar a causa da situação.<ref>[http://www.m-a-h.net/library/did-general/article-treatment.htm#terminology]</ref>
 
A dissociação não é [[Psicopatia|sociopática]] ou compulsiva. O estresse biológico causado pelo trauma original é aliviado pelo afastamento parcial da resposta emocional, que faz com que o [[mesencéfalo]] aprenda a dissociar como forma de reação. Isto faz com que a recuperação do Transtorno dissociativo de identidade seja o caso de um retreinamento do mesencéfalo, ao invés de uma função mais social do neo-córtex. Uma vez que o agente causador é um estresse biológico ao invés de eventos externos específicos, as causas exatas de uma dissociação reativa são eventos particularmente difíceis de se descobrir.
 
== Controvérsia ==
Uma das razões primárias para atual tentativa de recategorização desta condição é que existiram apenas uns poucos casos documentados (uma pesquisa em [[1944]] mostrou apenas 76 casos<ref>[http://www.nytimes.com/books/first/a/acocella-hysteria.html]</ref>), no que se refere a múltiplas personalidades. A [[Dissociação (psicologia)|dissociação]] é reconhecida como uma reação sintomática em resposta a um trauma, [[estresse]] emocional extremo e, quando notado, em associação com [[desregulagem emocional]] e [[Transtorno de personalidade limítrofe]].<ref>[http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi?cmd=Retrieve&db=pubmed&dopt=Abstract&list_uids=7877901]</ref> Geralmente são considerados como uma sub-sintomatologia dinâmica, sendo mais frequente tidos como [[diagnóstico]] auxiliar, ao invés de primário.<ref>[http://www.pubmedcentral.nih.gov/articlerender.fcgi?artid=1525127]</ref>
 
Uma das razões primárias para atual tentativa de recategorização desta condição é que existiram apenas uns poucos casos documentados (uma pesquisa em [[1944]] mostrou apenas 76 casos<ref>http://www.nytimes.com/books/first/a/acocella-hysteria.html</ref>), no que se refere a múltiplas personalidades. A [[Dissociação (psicologia)|dissociação]] é reconhecida como uma reação sintomática em resposta a um trauma, [[estresse]] emocional extremo e, quando notado, em associação com [[desregulagem emocional]] e [[Transtorno de personalidade limítrofe]].<ref>http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi?cmd=Retrieve&db=pubmed&dopt=Abstract&list_uids=7877901</ref> Geralmente são considerados como uma sub-sintomatologia dinâmica, sendo mais frequente tidos como [[diagnóstico]] auxiliar, ao invés de primário.<ref>http://www.pubmedcentral.nih.gov/articlerender.fcgi?artid=1525127</ref>
 
=== Subjetividade ===
 
Existe uma controvérsia considerável sobre a validade do perfil de múltiplas personalidades como diagnóstico. Diferentemente dos transtornos de humor e personalidade, facilmente verificáveis [[Empirismo|empiricamente]], a dissociação é primariamente ''subjetiva'', tanto para o paciente quanto para aquele que o trata. A relação entre dissociação e múltipla personalidade cria um conflito no diagnóstico do transtorno. Enquanto outros transtornos requerem uma certa quantidade de interpretação subjetiva, tais transtornos apresentam sintomas mais ''objetivos''. A natureza controversa da [[hipótese]] da dissociação é claramente mostrada na forma com a qual a Sociedade Americana de Psiquiatria a tem classificado, reclassificado e recategorizado ao longo dos anos.
 
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=== Outras posições ===
 
O debate sobre a validade da condição enquanto diagnóstico clínico, apresentação sintomática, representação subjetiva do estado do paciente ou um caso de estado de consciência do paciente é considerável. Diferentemente de outras categorizações de diagnósticos, esta permanece muito pouco objetiva, no que se refere a evidências para descrição do transtorno. Isto torna o próprio transtorno subjetivo, bem como seu diagnóstico.
 
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Crianças não nascem com um senso de identidade unificado — ele se desenvolve a partir de muitas fontes e experiências. Em crianças oprimidas, tal desenvolvimento é obstruído, e muitas partes que deveriam ser fundidas numa única identidade relativa acabam por permanecer em separado.
 
Estudos [[Estados Unidos|norte-americanos]] mostraram que 97 a 98% dos adultos com Transtorno dissociativo de identidade relataram abuso durante a infância e que tal abuso pode ser documentado em 85% dos adultos e 95% das crianças e adolescentes com outras formas de [[transtornos dissociativos]]. Embora estes dados estabeleçam o abuso infantil como grande causa entre pacientes norte-americanos (em algumas culturas, as conseqüênciasconsequências de uma [[guerra]] ou um desastre podem ter um maior papel), eles não significam que todos os pacientes sofreram abuso ou que todos os abusos relatados realmente ocorreram. Alguns aspectos de abusos relatados provaram ser inexatos. Da mesma forma, alguns pacientes não sofreram abuso, mas sofreram perdas recentes — como a [[morte]] de um parente —, sérias doenças ou eventos notadamente estressantes. Por exemplo, um paciente que passou por muitos internamentos [[hospital]]ares e [[cirurgia]]s na infância pode ter sido severamente oprimido, mas não sofrido nenhum abuso — embora os pais, no intuito de ajudar, possam ter agido opressivamente como forma de proteção.<ref name="merck.com">http://www.merck.com/mrkshared/mmanual/section15/chapter188/188d.jsp</ref>
 
O desenvolvimento humano requer que as crianças sejam capazes de integrar informações e experiências complicadas e de vários tipos com sucesso. À medida que a criança obtém apreciações coesas de si própria e de outros, ela vai passando por fases onde diferentes percepções e emoções vão se acumulando juntas. Cada fase de desenvolvimento pode gerar diferentes “eus”. Nem todas as crianças que passam por abusos ou grandes traumas possuem a capacidade de desenvolver múltiplas personalidades. Pacientes com Transtorno dissociativo de identidade podem ser facilmente [[Hipnose|hipnotizados]]. Tal capacidade, intimamente relacionada com a capacidade de dissociação, é tida como fator no desenvolvimento do transtorno. Entretanto, muitas crianças com tais capacidades possuem mecanismos adaptativos normais, e muitas são suficientemente protegidas e amparadas por adultos de forma que não desenvolvem o Transtorno dissociativo de identidade.<ref name="merck.com"/>
 
== Sintomas ==
[[Imagem:YinnetteOlivo.jpeg|450px|thumb|As mulheres tendem a ter maior número de identidades do que os homens, em média 15 ou mais, enquanto a média para os homens é de aproximadamente 8 identidades.<ref name=psiq> http://www.psiqweb.med.br/site/DefaultLimpo.aspx?area=ES/VerClassificacoes&idZClassificacoes=214</ref>]]
 
Pacientes geralmente demonstram uma grande variedade de sintomas que podem remeter a outros transtornos neurológicos e psiquiátricos, como transtornos de [[ansiedade]], personalidade, humor ou [[esquizofrenia]]. Os sintomas deste transtorno, em particular, podem incluir:<ref name="merck.com"/>
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{{aviso médico}}
 
A abordagem psicológica mais comum em relação ao tratamento leva em consideração os sintomas, para assegurar a integridade do próprio indivíduo e ''reconectá-lo'' às múltiplas identidades, estimulando-o a melhorar. Este processo é geralmente chamado de "integração". Existem, entretanto, outras modalidades respeitadas de tratamento que não dependem da integração das identidades separadas. A integração pode não ser a abordagem certa para todos, e o terapeuta deve chegar a um acordo com o paciente sobre o melhor caminho a seguir. O tratamento também pode ajudar o indivíduo a expressar e processar de forma segura suas memórias dolorosas, desenvolvendo novos estilos de vida, restaurando a funcionalidade e melhorando os relacionamentos.<ref>[http://www.pep-web.org/document.php?id=PI.020.0259A]</ref><ref>[http://www.ipa.org.uk/]</ref>
 
A melhor abordagem de tratamento depende do indivíduo e do grau de severidade de seus sintomas. O tratamento geralmente inclui uma combinação dos seguintes métodos:
 
* Cooperação — Uma alternativa à integração com o objectivo de, invés de tentar reconectar as diversas personalidades, ajudá-las a estarem cientes da existência umas das outras e cooperarem para obter estabilidade. Este processo é moroso, pois envolve (a) estabelecer contacto entre as personalidades e criar uma linha de comunicação para que possam coordenar-se e cooperar; (b) abordar as memórias reprimidas, que são muitas vezes descobertas ao lidar abertamente com as diferentes alter-personalidades;
 
* [[Terapia cognitiva-comportamental]] — Foca na mudança de padrões de pensamentos não saudáveis e no desenvolvimento de;
 
* Medicação — embora não exista medicação específica, o paciente pode sofrer de [[Depressão clínica|depressão]] ou [[ansiedade]], que podem ser tratados com [[antidepressivo]]s e [[ansiolítico]]s;
 
* [[Terapia familiar]] — ajuda a educar a família sobre o transtorno e suas causas, bem como a reconhecer os sintomas de uma recorrência e trabalhar como lidar melhor com a situação;
 
* [[Arte terapia]] ou [[musicoterapia]] — permite ao paciente explorar e expressar seus pensamentos e sentimentos de forma criativa e segura;
 
* [[Hipnoterapia]] — utiliza relaxamento intenso, concentração e atenção focada para obter um estado alterado de consciência;<ref name="webmd.com"/>
 
* [[terapia comportamental]] — envolve a obrigação do paciente a responder a um único nome, recusando-se qualquer conversação com o paciente se ele é de outro sexo, idade, ou qualquer outra diferença da pessoa inicialmente apresentada. À medida que o paciente começa a responder mais consistentemente a um determinado nome, falando na primeira pessoa, uma terapia mais tradicional para o trauma pode ter início. Embora alguns rejeitem esta abordagem ou a critiquem como desrespeito ao paciente, ela tem sido altamente efetiva, conforme várias publicações (particularmente ''Functional Analytic Psychotherapy'', de Kohlenberg e Tsai, [[1991]]).
 
== Prognóstico ==
 
Pacientes podem ser divididos em três grupos de acordo com o seu prognóstico:
 
* No primeiro grupo, manifestam-se os principais sintomas dissociativos e pós-traumáticos, geralmente funcionando bem, e geralmente se recuperando completamente após tratamento específico.
 
* No segundo grupo possuem sintomas de sérios transtornos psiquiátricos, como transtornos de personalidade, de humor, de alimentação e abuso de substâncias; estes evoluem mais lentamente, e o tratamento pode ser mais ou menos proveitoso ou longo, ou mais focado no centro da crise.
 
* Os do terceiro grupo não apenas apresentam sintomas de severas psicopatologias coexistentes, mas podem também permanecer conectados àqueles os quais consideram autores de abusos. O tratamento é geralmente longo e caótico, tentando mais aliviar os sintomas do que propriamente buscar a reintegração.<ref name="merck.com"/>
 
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* [[Herschel Walker]].<ref>WALKER, HERSCHEL: Breaking Free. SIMON & SCHUSTER, 2009. ISBN 1416537481</ref>
 
== VejaVer também ==
* [[Dissociação (psicologia)]]
* [[Transtornos dissociativos]]
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{{Referências|col=2}}
{{Controle de autoridade}}
 
== Ligações externas ==
* [{{Link|en|2=https://web.archive.org/web/20060810044047/http://cpa-apc.org/Publications/Archives/CJP/2004/september/piper.asp |3=Um exame crítico do Transtorno dissociativo de identidade] {{en}}
* [{{Link|en|2=http://www.personalityresearch.org/papers/cherry2.html |3=Personalidade múltipla: fato ou ficção?] {{en}}
* [{{Link|en|2=http://www.skepdic.com/mpd.html |3=Ensaio no ''Dicionário dos Céticos''] {{en}}
 
{{Transtornos mentais e comportamentais}}