Corrente elétrica: diferenças entre revisões
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'''Corrente elétrica''' é o [[fluxo]] ordenado de partículas [[portadores de carga|portadoras]] de [[carga elétrica]] ou o deslocamento de cargas dentro de um condutor, quando existe uma diferença de potencial elétrico entre as extremidades. Tal deslocamento procura restabelecer o equilíbrio desfeito pela ação de um campo elétrico ou outros meios (reações químicas, atrito, luz, etc.).<ref name="IE1">CREDER, Hélio. Instalações Elétricas. 10ª ed. São Paulo: Livros Técnicos e Científicos Editora Ltda., 1989, p.17</ref>
Microscopicamente, as cargas livres estão em movimento aleatório devido à agitação térmica. Apesar desse movimento desordenado, ao estabelecermos um campo elétrico na região das cargas, verifica-se um movimento ordenado que se apresenta superposto ao primeiro. Esse movimento recebe o nome de [[ Abatimento|movimento de deriva]] das cargas livres.
[[Relâmpago|Raios]] são exemplos de corrente elétrica, bem como o [[vento solar]], porém a mais conhecida, provavelmente, é a do fluxo de {{PBPE2|[[elétrons]]|[[eletrões]]}} através de um [[condutor elétrico]], geralmente [[metal|metálico]].
:<math>I = \lim_{\Delta t \to 0} \frac {|\Delta Q|}{\Delta t} = \frac {dQ}{dt}</math>
A unidade padrão no [[Sistema Internacional de Unidades|SI]] para medida de intensidade de corrente é o [[ampère]] (A). A corrente elétrica é também chamada informalmente de ''amperagem''. Embora seja um termo válido na linguagem coloquial, a maioria dos engenheiros eletricistas repudia o seu uso por confundir a [[grandeza física]] (corrente eléctrica) com a unidade que a medirá (ampère). A corrente elétrica, designada por '''I''' , é o fluxo das cargas de condução dentro de um material. A intensidade da corrente é a taxa de transferência da carga, igual à carga transferida durante um intervalo infinitesimal dividida pelo tempo.
== Conceito de corrente elétrica ==▼
Denominamos corrente elétrica a todo movimento ordenado de partículas eletrizadas. Para que esses movimentos ocorram é necessário haver tais partículas − íons ou elétrons − livres no interior dos corpos.
Corpos que possuem partículas eletrizadas livres em quantidades razoáveis são denominados condutores, pois essa característica permite estabelecer corrente elétrica em seu interior.
Nos metais existe grande quantidade de elétrons livres, em movimento desordenado. Quando se cria, de alguma maneira, um campo elétrico (<math>\vec E</math>) no interior de um corpo metálico, esses movimentos passam a ser ordenados no sentido oposto ao do vetor campo elétrico (<math>\vec E</math>), constituindo a '''corrente elétrica'''.
: <math>[I]= 1C/s=1A</math>▼
Nas soluções eletrolíticas existe grande quantidade de cátions e ânions livres, em movimento é desordenado. Quando se cria, de alguma maneira, um campo elétrico (<math>\vec E</math>) no interior de uma solução eletrolítica, esses movimentos passam a ser ordenados: o movimento dos cátions, no sentido do vetor campo elétrico (<math>\vec E</math>), e o dos ânions, no sentido oposto. Essa ordenação constitui a corrente elétrica.
▲== Conceito de corrente elétrica ==
Nos gases ionizados existe grande quantidade de cátions e elétrons livres, em movimento desordenado. Quando se cria, de alguma maneira, um campo elétrico (<math>\vec E</math>) no interior de um gás ionizado, esses movimentos passam a ser ordenados: o movimento dos cátions, no sentido do vetor campo elétrico (<math>\vec E</math>), e o dos elétrons, no sentido oposto. Essa ordenação constitui a corrente elétrica.
Com a finalidade de facilitar o estudo das leis que regem os fenômenos ligados às correntes elétricas, costumamos adotar um '''sentido convencional''' para a corrente elétrica,<ref name=norm> NORMANDO, Célio; VASCONCELOS, Vasco. [http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:UWWGAb6RTXEJ:www2.fct.unesp.br/docentes/dfqb/celso/MatematFisIII/introducao_estudo_eletrodinamica.ppt+&cd=2&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br Introdução ao estudo da eletrodinâmica]</ref> coincidente com o sentido do vetor campo elétrico (<math>\vec E</math>) que a produziu.
Consequentemente, esse sentido será o mesmo do movimento das partículas eletrizadas positivamente e oposto ao das partículas eletrizadas negativamente.
▲Uma propriedade importante a ser ressaltada é que em qualquer ponto do condutor metálico a corrente elétrica sempre será a mesma.[[Ficheiro:Current rectification diagram.png|right|200px|thumb|left|Tipos de corrente contínua]]
===Corrente contínua===
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== Sentido da corrente ==
[[Image:Electromagnetism.svg|140px|thumb|right|De acordo com a [[lei de Ampère]], uma corrente elétrica produz um [[campo magnético]].]]
No início da história da [[eletricidade]] definiu-se o [[sentido (matemática)|sentido]] da corrente elétrica como sendo o sentido do fluxo de [[carga elétrica|cargas positivas]],<ref name="UOLEDU">{{citar web|url=http://educacao.uol.com.br/fisica/corrente-eletrica-o-movimento-ordenado-de-eletrons-em-condutores.jhtm|título=Corrente elétrica: o movimento ordenado de elétrons em condutores|autor=BÍSQUOLO, Paulo Augusto|publicado=UOL Educação, 30 de março de 2006|acessodata=31 de outubro de 2015}}</ref> ou seja, as cargas que se movimentam do pólo positivo para o pólo negativo. Naquele tempo nada se conhecia sobre a estrutura dos [[átomos]]. Não se imaginava que em condutores sólidos as cargas positivas estão fortemente ligadas aos núcleos dos átomos e, portanto, não pode haver fluxo macroscópico de cargas positivas em condutores sólidos. No entanto, quando a [[física]] subatômica estabeleceu esse fato, o conceito anterior já estava arraigado e era amplamente utilizado em cálculos e representações para [[análise de circuitos]].
Esse sentido continua a ser utilizado até os dias de hoje e é chamado '''sentido convencional''' da corrente.
Em qualquer tipo de condutor, este é o sentido contrário ao fluxo líquido das [[carga elétrica|cargas negativas]] ou o sentido do [[campo elétrico]] estabelecido no condutor. Na prática qualquer corrente elétrica pode ser representada por um fluxo de portadores positivos sem que disso decorram erros de cálculo ou quaisquer problemas práticos.
O '''sentido real''' da corrente elétrica depende da natureza do [[condutor elétrico|condutor]].
A corrente elétrica não é exclusividade dos meios [[sólidos]] - ela pode ocorrer também nos [[gases]] e nos [[líquidos]].
Nos sólidos, as cargas cujo fluxo constitui a [[sentido da corrente elétrica|corrente real]] são os [[elétron livre|elétrons livres]]. Nos líquidos, os portadores de corrente são [[íon]]s positivos e íons negativos. Nos gases, são íons positivos, íons negativos e [[elétron]]s livres. A corrente elétrica que se estabelece nos condutores eletrolíticos e nos condutores gasosos (como a que surge em uma [[lâmpada fluorescente]]) é denominada '''corrente iônica'''.<ref name=norm />
O sentido real é o sentido do [[movimento de deriva]] das cargas elétricas livres (portadores). Esse movimento se dá no sentido contrário ao do [[campo elétrico]] se os portadores forem negativos (caso dos condutores metálicos), e no mesmo sentido do campo, se os portadores forem positivos. Mas existem casos em que verificamos cargas se movimentando nos dois sentidos. Isso acontece quando o condutor apresenta os dois tipos de cargas livres (condutores iônicos, por exemplo).
Nesses casos, não são só os portadores de carga negativa que entram em movimento, mas também os portadores de carga positiva: os íons também entram em movimento.
Por exemplo: se, numa [[solução iônica]], são colocados dois [[eletrodo]]s ligados a uma [[Bateria (energia)|bateria]], um eletrodo adquire carga positiva, e outro, carga negativa. Com isso, o movimento dos íons negativos e dos elétrons se dará no sentido do eletrodo positivo, enquanto o movimento dos íons positivos ocorrerá no sentido do eletrodo negativo.
O mesmo ocorre em meio gasoso, no caso dos gases ionizados. A intensidade ''I'' da corrente elétrica também é determinada pela mesma equação apresentada acima. A diferença é que, nesse caso, a quantidade de [[carga elétrica]] será dada pela soma de cargas positivas e negativas.
== Transferência de Cargas ==
[[File:Transf de cargas.png|thumb|right|300px|Fio metálico a conduzir uma corrente '''I''' de '''B''' para '''A'''.]]
Por convenção, usa-se o sentido da transferência de cargas positivas para definir o sentido
da corrente elétrica. Assim, se as cargas de condução forem eletrões, como acontece num
metal, o sentido da corrente será oposto ao sentido do movimento dos eletrões. Por exemplo,
o fio metálico na figura transporta corrente elétrica de B para A. Num determinado
intervalo de tempo, a carga dos eletrões transportados de A para B é <math>-\Delta Q</math> ; isso implica que a carga dos protões que se combinaram com os eletrões em B foi <math>\Delta Q</math> , e essa é também a carga dos protões que ficaram em A após a partida dos eletrões.<ref name=Villate>[http://www.villate.org/doc/fisica2/fisica2_20110509.pdf ''Eletricidade e Magnetismo'']. Porto: Jaime E. Villate, 25 de outubro de 2015. 221 pp [[Creative Commons]] Atribuição-Partilha (versão 3.0) [[ISBN]] 978-972-99396-2-4. Acesso em 11 jun. 2013.</ref>
Consequentemente, é equivalente considerar que houve transporte de carga <math>-\Delta Q</math> de A para B, ou transporte de carga <math>\Delta Q</math> de B para A. A corrente I é definida no sentido do transporte da carga positiva.
A carga total transferida durante um intervalo de tempo é o integral da corrente I , nesse
intervalo:
<math>Q = \int\limits_{t_1}^{t_2} \mathit{I}\;dt</math>
No sistema internacional de unidades a unidade usada para medir a corrente elétrica é o
ampere, designado pela letra A, que equivale à transferência de uma carga de um coulomb
cada segundo:
== A velocidade de deriva ==
Ao estabelecermos um campo elétrico em um condutor verificamos, superposto ao movimento aleatório das cargas livres, um [[movimento de deriva]] dessas cargas. Em metais, condutores mais conhecidos, temos elétrons como portadores de carga livres. Essas partículas oscilam aleatoriamente a velocidades médias da ordem de 10<sup>5</sup> a 10<sup>6</sup> m/s. No entanto o [[movimento de deriva]] se dá a uma taxa da ordem de 10<sup>-3</sup>m/s (na situação de máxima densidade de corrente). Ou seja, quando temos a máxima densidade de corrente permitida pelas normas técnicas a velocidade de deriva dos elétrons livres é cerca de 2 mm/s.<ref name="OAB">{{citar web|url=http://www.feiradeciencias.com.br/sala12/12_T06.asp|título=Velocidade Média dos Elétrons|publicado=Feira de Ciências — O Imperdível Mundo da Física Clássica|acessodata=14 de janeiro de 2012}}</ref>
== Densidade de corrente ==
A corrente elétrica ''φ'' se relaciona com a [[densidade de corrente elétrica]] ''j'' através da fórmula
:<
\phi = j \cdot A
</math>
onde, no [[Sistema Internacional de Unidades|SI]],
:''φ'' é a corrente medida em [[ampère]]s
:''j'' é a "densidade de corrente" medida em [[ampère]]s por [[metro quadrado]]
:''A'' é a área pela qual a corrente circula, medida em [[metro quadrado|metros quadrados]]
A densidade de corrente é definida como:
:<math>
j=\int_i n_i \cdot x_i \cdot \mathbf{u_i}
</math>
onde
:''n'' é a densidade de partículas (número de partículas por unidade de volume)
:''x'' é a massa, carga, ou outra característica na qual o fluxo poderia ser medido
:''u'' é a velocidade média da partícula em cada volume
Densidade de corrente é de importante consideração em projetos de sistemas elétricos. A maioria dos condutores elétricos possuem uma resistência positiva finita, fazendo-os então dissipar potência na forma de calor. A densidade de corrente deve permanecer suficientemente baixa para prevenir que o condutor funda ou queime, ou que a isolação do material caia. Em [[supercondutividade|superconductores]], corrente excessiva pode gerar um campo magnético forte o suficiente para causar perda espontânea da propriedade de supercondução.
== Métodos de medição ==
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{{AP|Lei de Ohm}}
Para [[componente eletrônico|componentes eletrônicos]] que obedecem à [[lei de Ohm]], a relação entre a [[tensão elétrica|tensão]] (''V'') dada em volts aplicada ao componente e a corrente elétrica que passa por ele é constante. Esta razão é chamada de [[resistência elétrica]] e vale a equação:<ref name="FISUSP">{{citar web|url=http://efisica.if.usp.br/eletricidade/basico/corrente/|título=Eletrodinâmica — Lei de Ohm|publicado=Instituto de Física da Universidade de São Paulo|acessodata=14 de janeiro de 2012}}</ref>
:<math>
I = \frac{V}{R}
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