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[[Ficheiro:The_Love_of_Zero,_35mm_film_Robert_Florey1928.jpg|direita|miniaturadaimagem|Uma imagem publicitária de ''The Love of Zero'',<ref>{{youtube|aPEBUJJUICc|title=''The Love of Zero''}}</ref> um curta-metragem de vanguarda de 1927 de Robert Florey]]
A '''vanguarda''' (do [[língua francesa|francês]] ''avant-garde'') significa, literalmente, a guarda avançada ou a parte frontal de um [[exército]]. Seu uso [[Metáfora|metafórico]] data de inícios do [[século XX]], referindo-se a setores de maior pioneirismo, consciência ou combatividade dentro de um determinado movimento social, político, científico ou artístico.<ref name="(eds.)">William Outhwaite, Tom Bottomore, E. Gellner, R. Nisbet, A. Touraine (eds.). ''[http://books.google.com/books?id=5anZ_pPuc8cC&pg=PA794 Dicionário do pensamento social do século XX]''. Zahar; ISBN 978-85-378-0584-8. p. 794.</ref><ref>FERREIRA, A. B. H. ''Novo Dicionário da Língua Portuguesa''. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 1 752.</ref> Nas [[Arte|artes]], a vanguarda produz a ruptura de modelos preestabelecidos, defendendo formas antitradicionais de arte e o novo nas fronteiras do [[experimentalismo]].<ref name="(orgs.)">André Carreira e Marisa Naspolini (orgs.). ''[http://books.google.com/books?id=bKLoSG0so5IC&pg=PA103 Meyerhold: Experimentalismo e Vanguarda]''. Editora E-papers; ISBN 978-85-7650-133-6. p. 103.</ref>
 
== TeorizaçãoHistória ==
O termo foi originalmente usado pelos militares franceses para se referir a um pequeno grupo de reconhecimento que explorava à frente da força principal. Também se tornou associado a radicais franceses de esquerda no [[século XIX]], que agitavam por reformas políticas. Em algum momento de meados daquele século, o termo foi vinculado à arte pela ideia de que a arte é um instrumento de mudança social. Somente no final do século XIX a ''l'art d'avant-garde'' começou a romper com sua identificação com as causas sociais de esquerda para se alinhar mais às questões culturais e artísticas. Essa tendência de maior ênfase nas questões estéticas continua até o presente. Atualmente, a ''vanguarda'' geralmente se refere a grupos de intelectuais, escritores e artistas, incluindo arquitetos, que expressam ideias e experimentam abordagens artísticas que desafiam os valores culturais atuais. Ideias de ''vanguarda'', especialmente se abrangem questões sociais, muitas vezes são gradualmente assimiladas pelas sociedades que enfrentam. Os radicais de ontem se tornaram mainstream, criando o ambiente para o surgimento de uma nova geração de radicais.<ref>Porter, Tom (2004). ''Archispeak : an illustrated guide to architectural terms''. London: Taylor & Francis. ISBN <bdi>0415300118</bdi>. OCLC 53144738.</ref>
 
== Teorias ==
[[Imagem:Duchamp Fountaine.jpg|thumb|esquerda|[[Marcel Duchamp]], ''Fonte'', 1917. Foto de [[Alfred Stieglitz]]]]
Vários escritores têm tentado, com sucesso limitado, mapear os parâmetros da atividade ''avant-garde''. O ensaísta italiano [[Renato Poggioli]] proporciona uma das mais conhecidas análises de vanguardismo como um fenômeno cultural em seu livro de 1962, ''Teoria dell'arte d'Avanguardia'' (''Teoria da arte de vanguarda''). Levantando aspectos históricos, sociais, psicológicos e filosóficos do [[vanguardismo]], Poggioli ultrapassa instâncias individuais da arte, [[poesia]] e [[música]] para mostrar que os vanguardistas podem compartilhar certos ideais e [[Valor (ética)|valores]] que se manifestam na adoção de um estilo de vida não conformista. Ele vê a [[cultura]] de vanguarda como uma variedade ou subcategoria de [[Boémia (estilo de vida)|boêmia]].<ref>{{citar livro|autor =Poggioli, Renato|título=The Theory of the Avant-Garde |publicado=Belknap Press of Harvard University Press|ano= 1981 | isbn = 0-674-88216-4}}, translated from the Italian by Gerald Fitzgerald, 2nd ed.</ref>
 
Outros autores têm procurado tanto esclarecer quanto ampliar o estudo de Poggioli. O crítico literário [[Peter Bürger]] escreveu ''Teoria do Avant-Garde'' (1974) olhando para a adesão do ''[[Establishment]]'' às obras de arte socialmente críticas e sugere que, em cumplicidade com o [[capitalismo]], "a arte como instituição neutraliza o conteúdo [[Política|político]] do trabalho individual".<ref>{{citar livro|autor =Bürger, Peter|título=Theorie der Avantgarde|publicado=Suhrkamp Verlag|ano=1974}} English translation (University of Minnesota Press) 1984: 90.</ref>
 
O ensaio de Bürger também influenciou o trabalho de historiadores da arte contemporânea americana como o alemão [[Benjamin H.D. Buchloh]] (nascido em 1941), enquanto os críticos mais antigos, como Bürger, continuam a ver o ''neo-avant-garde'' do pós-guerra como uma reciclagem vazia de formas e as estratégias das duas primeiras décadas do século XX. Outros, como [[Clement Greenberg]] (1909-1994), viram de forma mais positiva, como uma nova articulação das condições específicas da produção cultural no período do pós-guerra. Buchloh, na coletânea de ensaios ''O neo-avantgarde e a Indústria Cultural'', (2000) argumenta criticamente uma abordagem [[dialética]] para essas posições.<ref>{{citar livro|autor =Buchloh, Benjamin|título=Neo-avantgarde and Culture Industry: Essays on European and American Art from 1955 to 1975|publicado=MIT Press|ano=2001|isbn=0-262-02454-3}}</ref> A crítica posterior teorizou as limitações dessas abordagens, observando suas áreas circunscritas de análise, incluindo o [[eurocentrismo]], [[machismo]] e definições específicas de [[Género (sociedade)|gênero]].<ref>Harding, James M. Cutting Performances: Collage Events, Feminist Artists, and the American Avant-Garde. University of Michigan, 2010.</ref>
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Em ''Por que a vanguarda brasileira é carioca'', de 1966, Frederico Morais já defende a ideia de uma vocação construtiva para a arte brasileira e também coloca a arquitetura e o movimento concreto como exemplo desta. O movimento concreto colaborou para uma caracterização da cultura brasileira, porém, era mais ligado à industrialização, já que as obras deste período eram extremamente racionais e matemáticas.<ref>Jhanainna Silva Pereira Jezzini, ''[http://www.embap.pr.gov.br/arquivos/File/Forum/anais-vi/14JhanainaJezzini.pdf A teoria estética de Hélio Oiticica na formulação de uma nova objetividade brasileira]'', p. 140, ISSN 1809-2616</ref>
 
== Exemplos ==
 
=== Música ===
''Avant-garde'' na música pode se referir a qualquer forma de música trabalhando dentro de estruturas tradicionais, enquanto busca quebrar limites de alguma maneira.<ref>David Nicholls (ed.), ''The Cambridge History of American Music'' (Cambridge e Nova York: Cambridge University Press , 1998), 122-24. <nowiki>ISBN 0-521-45429-8</nowiki> <nowiki>ISBN 978-0-521-54554-9</nowiki>   </ref> O termo é usado vagamente para descrever o trabalho de qualquer músico que se afaste radicalmente da tradição.<ref>Larry Sitsky, ''Music of the Twentieth-Century Avant-Garde: A Biocritical Sourcebook'' (Westport, Conn: Greenwood Press, 2002), xiv. <nowiki>ISBN 0-313-29689-8</nowiki>.</ref> Por esta definição, alguns compositores de vanguarda do século 20 incluem [[Arnold Schönberg|Arnold Schoenberg]],<ref>Larry Sitsky, ''Music of the Twentieth-Century Avant-Garde: A Biocritical Sourcebook'' (Westport, Conn: Greenwood Press, 2002), xiii–xiv. ISBN 0-313-29689-8</ref> [[Richard Strauss]] (em seus primeiros trabalhos),<ref name="Sitsky_xiii">Larry Sitsky, ''Music of the Twentieth-Century Avant-Garde: A Biocritical Sourcebook'' (Westport, Conn: Greenwood Press, 2002), xiii–xiv. {{ISBN|0-313-29689-8}}.</ref> [[Charles Ives]],<ref>Larry Sitsky, ''Music of the Twentieth-Century Avant-Garde: A Biocritical Sourcebook'' (Westport, Conn: Greenwood Press, 2002), 222. {{ISBN|0-313-29689-8}}.</ref> [[Igor Stravinsky]],<ref name="Sitsky_xiv">Larry Sitsky, ''Music of the Twentieth-Century Avant-Garde: A Biocritical Sourcebook'' (Westport, Conn: Greenwood Press, 2002), xiv. {{ISBN|0-313-29689-8}}.</ref> [[Anton Webern]],<ref name="Sitsky_50">Larry Sitsky, ''Music of the Twentieth-Century Avant-Garde: A Biocritical Sourcebook'' (Westport, Conn: Greenwood Press, 2002), 50. {{ISBN|0-313-29689-8}}.</ref> [[Edgard Varèse]], [[Alban Berg]],<ref name="Sitsky_50" /> [[George Antheil]] (apenas nas primeiras obras),[[Henry Cowell]] ((nas primeiras obras), [[Harry Partch]], [[John Cage]], [[Iannis Xenakis]],<ref name="Sitsky_xiv" /> Morton Feldman, [[Karlheinz Stockhausen]],<ref>Elliot Schwartz, Barney Childs, and James Fox (eds.), ''Contemporary Composers on Contemporary Music'' (New York: Da Capo Press, 1998), 379. {{ISBN|0-306-80819-6}}</ref> [[Pauline Oliveros]],<ref name="Sitsky_xvii">Larry Sitsky, ''Music of the Twentieth-Century Avant-Garde: A Biocritical Sourcebook'' (Westport, Conn: Greenwood Press, 2002), xvii. {{ISBN|0-313-29689-8}}.</ref> [[Philip Glass]], [[Meredith Monk]],<ref name="Sitsky_xvii" /> [[Laurie Anderson]],<ref name="Sitsky_xvii" /> e [[Diamanda Galás]].<ref name="Sitsky_xvii" />
 
Há uma outra definição de "vanguarda" que o distingue do "modernismo": Peter Bürger, por exemplo, diz que o vanguardismo rejeita a "instituição da arte" e desafia os valores sociais e artísticos e, portanto, envolve necessariamente políticos, sociais, e fatores culturais.<ref name="Samson">Jim Samson, "Avant garde", ''The New Grove Dictionary of Music and Musicians'', second edition, edited by [[Stanley Sadie]] and John Tyrrell (London: Macmillan Publishers, 2001).</ref> De acordo com o compositor e musicólogo Larry Sitsky, compositores modernistas do início do [[século XX]] que não se qualificam como vanguardistas incluem [[Arnold Schönberg|Arnold Schoenberg]], [[Anton Webern]] e Igor Stravinsky; compositores modernistas posteriores que não se enquadram na categoria de vanguardistas incluem [[Elliott Carter]], [[Milton Babbitt]], [[György Ligeti]], [[Witold Lutosławski]] e [[Luciano Berio]], uma vez que "seu modernismo não foi concebido com o propósito de incitar uma audiência".<ref name="Sitsky_xv">Larry Sitsky, ''Music of the Twentieth-Century Avant-Garde: A Biocritical Sourcebook'' (Westport, Conn: Greenwood Press, 2002), xv. {{ISBN|0-313-29689-8}}.</ref>
 
A década de 1960 viu uma onda de música livre e de vanguarda no gênero jazz, representada por artistas como [[Ornette Coleman]], [[Sun Ra]], [[Albert Ayler]], [[Archie Shepp]], [[John Coltrane]] e [[Miles Davis]].<ref>Anon. [http://www.allmusic.com/subgenre/avant-garde-jazz-ma0000002438 Avant-Garde Jazz]. AllMusic.com, n.d.</ref><ref>{{cite news |ultimo= |primeiro= |url=https://www.washingtonpost.com/entertainment/music/in-the-year-jazz-went-avant-garde-ramsey-lewis-went-pop-with-a-bang/2015/04/02/2484628c-cdb9-11e4-8a46-b1dc9be5a8ff_story.html |title=In the year jazz went avant-garde, Ramsey Lewis went pop with a bang |data= |acessodata= |work=[[The Washington Post]] |publicado= |author=Michael West}}</ref> Na música rock dos anos 1970, o descritor de "arte" era geralmente entendido como "agressivamente vanguardista" ou "pretensiosamente progressivo".<ref name="ArtPunkMurray">{{cite web |ultimo= |primeiro= |url=http://www.avclub.com/article/60-minutes-music-sum-art-punk-pioneers-wire-219113 |title=60 minutes of music that sum up art-punk pioneers Wire |data= |acessodata= |website=[[The A.V. Club]] |publicado= |last1=Murray |first1=Noel}}</ref> Artistas pós-punk do final dos anos 1970 rejeitaram as sensibilidades do rock tradicional em favor de uma estética de vanguarda.
 
=== Teatro ===
Enquanto a vanguarda tem uma história significativa na música do século 20, ela é mais pronunciada no teatro e na arte performática, e frequentemente em conjunto com a música e inovações de design de som, bem como desenvolvimentos em design de mídia visual. Existem movimentos na história do teatro que se caracterizam por suas contribuições às tradições de vanguarda nos Estados Unidos e na Europa. Entre eles estão [[Fluxus]], [[Happening|Happenings]] e Neo-Dada.
 
== Movimentos artísticos ==
{{Div col|colwidth=15em}}
* [[Expressionismo abstrato]]
* [[COBRA]]
* [[Arte Conceitual|Arte conceitual]]
* [[Construtivismo]]
* [[Cubismo]]
* [[Dadaísmo]]
* De Stijl
* [[Expressionismo]]
* Fauvismo
* [[Fluxus]]
* [[Futurismo]]
* Imaginismo
* [[Imagismo]]
* [[Impressionismo]]
* Incoerentes
* [[Land Art|Land art]]
* [[Les Nabis]]
* Abstração Lírica
* [[Arte minimalista]]
* [[Orfismo (movimento artístico)|Orfismo]]
* [[Arte Pop|Arte pop]]
* [[Preciosismo (pintura)|Precisionismo]]
* Primitivismo
* [[Raionismo|Rayonismo]]
* Situacionismo
* [[Suprematismo]]
* [[Surrealismo]]
* [[Simbolismo]]
* [[Taquismo]]
* Construtivismo Universal
* Actionism vienense
* [[Vorticismo]]
* [[Criacionismo]]
* [[Nadaism]]
* [[Estridentismo]]
* [[Ultraist]]{{div col end}}
 
== Ver também ==
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* [[Modernismo]]
* [[Semana de Arte Moderna de 1922]]
 
{{Referências|col=3}}