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'''Povos''' é uma localidade do concelho e freguesia de [[Vila Franca de Xira]], situada entre esta cidade e a vila de [[Castanheira do Ribatejo]]. Povos teve outrora estatuto de vila, sede de freguesia e de concelho, tendo [[foral]] de [[Sancho I de Portugal|Sancho I]] em [[1195]]. Conheceu grande vigor económico ao longo dos [[século XIII|séculos XIII]] e [[século XIV|XIV]], viria contudo a perder gradualmente essa importância em favor do concelho de Vila Franca. O município foi extinto e integrado no atual a 6 de novembro de 1836.<ref>{{citar livro |url=https://www.iseg.ulisboa.pt/aquila/getFile.do?method=getFile&fileId=1291668&_request_checksum_=3cfab2f929a47e78dbd06c65024198ccb9549da2 |título=Autarquias locais e divisões administrativas em Portugal 1836-2013 |ultimo=Tomás |primeiro=Ana |ultimo2=Valério |primeiro2=Nuno |editora=Instituto Superior de Economia e Gestão – GHES |ano=2019 |local= |página=378 |páginas=}}</ref>
 
É um dos principais núcleos patrimoniais do concelho<ref name=":1">{{citar web |ultimo= |primeiro= |url=http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/70849 |titulo=Monte do Senhor da Boa Morte, incluindo Ermida do Senhor da Boa Morte, uma estrutura habitacional da época islâmica, sepulturas antropomórficas escavadas na rocha, uma linha de muralhas e as ruínas de um solar que pertenceu aos condes da Castanheira |data= |acessodata= |publicado=Direção-Geral do Património Cultural}}</ref> e acolhe num dos seus extremos os terrenos do Hospital de Vila Franca de Xira.
 
== História ==
A ocupação da área remonta à [[Idade do Ferro]], tendo sido ocupada continuamente até aos dias de hoje. Os vestígios mais antigos da ocupação humana foram encontrados no Monte do Senhor da Boa Morte e nas suas encostas<ref name=":0">{{citar periódico |titulo=350. |acessodata= |jornal=Fichas da Carta Arqueológica do Concelho de Vila Franca de Xira |publicado=Câmara Municipal de Vila Franca de Xira |ultimo= |primeiro= |pagina= |url=https://sigvfx.cm-vfxira.pt/MuniSIG/documentos/FICHAS_WEB_CARTA_ARQUEOLOGICA/350.pdf}}</ref><ref>{{citar periódico |titulo=351. |acessodata= |jornal=Fichas da Carta Arqueológica do Concelho de Vila Franca de Xira |publicado=Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. |ultimo= |primeiro= |pagina= |url=https://sigvfx.cm-vfxira.pt/MuniSIG/documentos/FICHAS_WEB_CARTA_ARQUEOLOGICA/351.pdf}}</ref>, ocupação essa que se intensificou pelos séculos II e I a.C.. Nestas zonas foram achados fragmentos de cerâmica manual pré-romana, bem como outros artefactos e sepulturas datados do período do Alto Império e da [[Antiguidade Tardia]]. No seu sopé foi também identificado um conjunto de estruturas habitacionais atribuídos a uma ''villa'' romana, mas que poderiam ter integrado um núcleo de maior dimensão.<ref name=":2">{{citar periódico |titulo=341. |acessodata= |jornal=Fichas da Carta Arqueológica do Concelho de Vila Franca de Xira |publicado=Câmara Municipal de Vila Franca de Xira |ultimo= |primeiro= |pagina= |url=https://sigvfx.cm-vfxira.pt/MuniSIG/documentos/FICHAS_WEB_CARTA_ARQUEOLOGICA/341.pdf}}</ref><ref>{{citar periódico |titulo=342. |acessodata= |jornal=Fichas da Carta Arqueológica do Concelho de Vila Franca de Xira |publicado=Câmara Municipal de Vila Franca de Xira |ultimo= |primeiro= |pagina= |url=https://sigvfx.cm-vfxira.pt/MuniSIG/documentos/FICHAS_WEB_CARTA_ARQUEOLOGICA/342.pdf}}</ref> Esta ocupação terá sido potenciada por vários fatores, dado que Povos estava junto às principais vias de comunicação — o [[rio Tejo]] e a estrada romana entre [[Olisipo]] e [[Scallabis]] — e a sua implantação conferia-lhe excelentes condições naturais de defesa<ref name=":0" />, comandando amplas vistas sobre o rio.<ref name=":3">{{Citar web |url=http://www.cm-vfxira.pt/pages/136 |titulo=História |acessodata=2021-01-06 |website=www.cm-vfxira.pt |lingua=pt-PT}}</ref> Ainda durante o período romano, decorrente da instabilidade que caracterizou os últimos tempos do Império, o morro é reocupado e o espaço da ''villa'' é abandonado, e é construída uma fortificação, o Castelo de Povos.<ref name=":4">{{Citar web |ultimo= |primeiro= |url=http://patrimonioislamico.ulusofona.pt/detalhe.php?id=112 |titulo=Castelo de Povos {{!}} Ficha {{!}} Património Islâmico em Portugal |data= |acessodata=2021-01-06 |website=patrimonioislamico.ulusofona.pt |publicado=}}</ref>
 
Do período islâmico existem igualmente diversos vestígios, identificando-se construções dos períodos emiral e califal, bem como vários artefactos decorativos e um vasto espólio de cerâmicas a elas associadas.<ref name=":2" /> Durante este tempo o espaço assumiu as mesmas funções que se observaram no período romano, centradas na vigia da entrada no [[Estuário do Tejo]]<ref name=":4" />, mas a sua importância é tal que, administrativamente, Povos se equipara aos castelos de [[Alverca do Ribatejo|Alverca]] e de [[Alenquer (vila)|Alenquer]].<ref name=":1" />
Em [[1510]] recebeu [[foral]] novo de [[Manuel I de Portugal]], junto com as vizinhas Vila Franca e [[Castanheira do Ribatejo|Castanheira]].
 
O lugar de Povos insere-se no conjunto de lugares conquistados juntamente com as cidades de Santarém e de Lisboa, em 1147.<ref name=":2" /><ref name=":1" /> Sofre então uma intensa campanha de povoamento e reorganização, confirmado pelos vestígios do cemitério de ar livre escavado nas suas rochas, e dá-se início ao processo de cristianização de uma população largamente islamizada, o que explica a atribuição tardia da carta de foral por D. Sancho I, em 1195.<ref name=":1" /> Ainda assim, a passagem deste documento atesta a relevância que este castelo e o seu pequeno núcleo habitacional possuíam graças à sua localização estratégica no alto do Monte do Senhor da Boa Morte<ref name=":2" />, e o foral evidencia essas mesmas preocupações defensivas nos direitos e deveres que estabelece.<ref name=":3" />
Em [[1729]], estabeleceu-se em Povos a primeira fábrica de [[curtumes]] do país, a qual ocupou durante muito tempo um lugar cimeiro nessa produção.
 
Será [[Afonso III de Portugal|Afonso III]] que em 1218 confirmará o primeiro foral, e ser-lhe-à atribuído o foral novo de [[Manuel I de Portugal|D. Manuel]] em 1510, a par das vizinhas [[Vila Franca de Xira|Vila Franca]] e [[Castanheira do Ribatejo|Castanheira]].<ref name=":2" />
Tinha, em [[1801]], 324 habitantes.
 
A deslocalização definitiva para o sopé do monte dá-se com os Descobrimentos, altura em que a vila ganha novo ímpeto e se começam a edificar as zonas adjacentes à Rua Direita (atual Rua José Costa e Silva, correspondente à antiga Estrada Real). Este padrão de ocupação é apenas contrariado perpendicularmente pela [[ribeira de Povos]] e por duas ruas, a que sobe ao sítio do castelo (a nordeste) e a que conduz ao antigo cais (a sudeste).<ref name=":2" /> A área do Porto e Cais de Povos, uma zona portuária fluvial desde pelo menos finais do séc. XV até ao séc. XVIII, continha diversas casas nobres e formava um bairro que foi arruinado pelo terramoto de 1755 e do qual hoje apenas resta o imponente edifício do celeiro do Infantado.<ref>{{citar periódico |titulo=347. |acessodata= |jornal=Fichas da Carta Arqueológica do Concelho de Vila Franca de Xira |publicado=Câmara Municipal de Vila Franca de Xira |ultimo= |primeiro= |pagina= |url=https://sigvfx.cm-vfxira.pt/MuniSIG/documentos/FICHAS_WEB_CARTA_ARQUEOLOGICA/347.pdf}}</ref> Do século XVI datam a fonte e as duas igrejas: uma consagrada a [[Nossa Senhora da Assunção]], padroeira do lugar, e a Igreja da Misericórdia.<ref>{{citar periódico |titulo=343. |acessodata= |jornal=Fichas da Carta Arqueológica do Concelho de Vila Franca de Xira |publicado=Câmara Municipal de Vila Franca de Xira |ultimo= |primeiro= |pagina= |url=https://sigvfx.cm-vfxira.pt/MuniSIG/documentos/FICHAS_WEB_CARTA_ARQUEOLOGICA/343.pdf}}</ref><ref>{{citar periódico |titulo=348. |acessodata= |jornal=Fichas da Carta Arqueológica do Concelho de Vila Franca de Xira |publicado=Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. |ultimo= |primeiro= |pagina= |url=https://sigvfx.cm-vfxira.pt/MuniSIG/documentos/FICHAS_WEB_CARTA_ARQUEOLOGICA/348.pdf}}</ref>
No [[século XIX]], com as grandes reformas do [[liberalismo]], o concelho de Povos não escapou à onda reorganizadora do país, tendo sido extinto em [[1836]], tendo a própria freguesia sido reduzida a lugar de [[Vila Franca de Xira (freguesia)|Vila Franca]], no final do século XIX.
 
A atividade económica de então baseava-se na produção de trigo, vinho, azeite e frutas, que eram complementadas por [[Atafona|atafonas]], [[Moinho de vento|moinhos de vento]], [[Moinho de água|azenhas]] e [[Lagar|lagares de azeite]].
 
No final do Antigo Regime, em [[1729]], estabeleceu-se em Povos a primeira fábrica de [[curtumes]] do país, a qual ocupou durante muito tempo um lugar cimeiro nessa produção<ref name=":3" /> e esteve em atividade até meados do século XX.<ref>{{citar web |ultimo= |primeiro= |url=http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/71917 |titulo=Real Fábrica de Atanados da Vila de Povos |data= |acessodata= |publicado=Direção-Geral do Património Cultural}}</ref>
 
NoPouco mais tarde, em [[1801]], a vila contava com 324 habitantes. Nesse mesmo [[século XIX|século]], com as grandes reformas do [[liberalismo]], o concelho de Povos não escapou à onda reorganizadora do país, tendo sido extinto em [[1836]], tendoe a própria freguesia sido reduzida a lugar de [[Vila Franca de Xira (freguesia)|Vila Franca]], no final do século XIX.
 
== Património ==
* Alto e Encosta do Senhor da Boa Morte, incluindo o conjunto arquitetónico e arqueológico (Capela do Senhor da Boa Morte, Ruínas do Solar do Conde da Castanheira, Vestígios da Muralha do Castelo de Povos, uma estrutura habitacional da época islâmica e sepulturas antropomórficas escavadas na rocha)
* Alto e Encosta do Senhor da Boa Morte
*Núcleo urbano histórico de Povos, incluindo a Fonte e o [[Pelourinho de Povos|Pelourinho]]
*[[Pelourinho de Povos]]
*Fonte de Povos
*Fonte Mudéjar de Povos
*Porto e Cais de Povos
*[[Villa Romana de Povos]]
*Real Fábrica de Atanados ou de Curtumes e Quinta
*Quinta da Fábrica
*Quinta da Cascata
*Quinta do Cabo
{{Referências}}{{esboço-freguesiaspt}}{{Portal3|Portugal|Geografia}}
{{esboço-freguesiaspt}}
 
[[Categoria:Vila Franca de Xira]]
[[Categoria:Antigas freguesias de Portugal]]