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|condecorações = 'Order of The Bust of Bolivar' (Venezuela) - 1909, Pré-Guerra: 'Order of The Crown' e 'Iron Cross 2nd class', WWI: 'Iron Cross 1st class', 'Military Merit Cross' e 'Ottoman War Medal' (também conhecida como 'Iron Crescent', 'Iron Half Moon' ou 'Gallipoli Star') - WWII: 'German Cross in Silver'.
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'''Wilhelm Franz Canaris''' ([[Aplerbeck]], [[1 de janeiro]] de [[1887]] – [[Flossenbürg]], [[9 de abril]] de [[1945]]) foi um almirante [[Alemanha|alemão]], líder dos serviços de [[espionagem]] militar (a [[Abwehr]]) de [[1935]] a [[1944]]. Foi também uma das figuras da [[resistência alemã]] (''Widerstand'') ao [[nazismo|regime nazi]] de [[Adolf Hitler]] e um dos (indiretamente) envolvidos no [[atentado de 20 de julho]] de [[1944]]. Canaris nasceu em 1o de janeiro de 1887 em Aplerbeck (agora parte de Dortmund) na Vestfália, filho de Carl Canaris, um rico industrial, e sua esposa, Auguste (née Popp).[ 1] Canaris acreditava que sua família estava relacionada ao almirante e político grego do século XIX Constantino Kanaris, uma crença que influenciou sua decisão de se juntar à Marinha Imperial Alemã.[ 1]
 
Durante uma visita a Corfu, ele recebeu um retrato do herói grego que ele sempre manteve em seu escritório. No entanto, de acordo com Richard Bassett, uma investigação genealógica em 1938 revelou que sua família era realmente descendente do norte da Itália, originalmente chamada Canarisi, e vivia na Alemanha desde o século XVII. Seu avô havia se convertido do catolicismo ao luteranismo.[ 2]
 
Em 1905, aos dezoito anos de idade, Canaris ingressou na Marinha Imperial e, com a eclosão da Primeira Guerra Mundial em 1914, estava servindo como oficial de inteligência a bordo do SMS Dresden, um cruzador rápido ao qual havia sido designado em dezembro de 1911.[ 3] Este foi o único navio de guerra que conseguiu fugir da Marinha Real por um período prolongado durante a Batalha das Ilhas Malvinas de dezembro de 1914, em grande parte devido às táticas de evasão habilidosas de Canaris.
 
Após a Batalha de Más a Tierra, o imobilizadoDresden ancorou na Baía de Cumberland, Ilha Robinson Crusoé e entrou em contato com o Chile em relação ao internamento. Enquanto estavam na baía, navios da Marinha Real se aproximaram e bombardearam o Dresden. A tripulação afundou o navio. A maioria da tripulação foi internada no Chile em março de 1915, mas em agosto de 1915, Canaris escapou usando sua fluência em espanhol.[ 4] Com a ajuda de alguns comerciantes alemães, ele pôde retornar à Alemanha em outubro de 1915.[ 5] No caminho, ele ligou para vários portos, incluindo Plymouth, na Grã-Bretanha.[ 6]
 
Canaris recebeu então trabalho de inteligência como resultado de ter chegado ao conhecimento da inteligência naval alemã (provavelmente devido à sua fuga inteligente do Chile). Planos alemães para estabelecer operações de inteligência no Mediterrâneo estavam em andamento e Canaris parecia uma boa opção para esse papel[.[ 7][8] Eventualmente, ele foi enviado para a Espanha, onde em Madri sua tarefa era fornecer reconhecimento clandestino sobre os movimentos de navegação inimiga e estabelecer um serviço de fornecimento para os U-boats na guerra naval no Mediterrâneo durante a Primeira Guerra Mundial.[ 9] Depois de ser designado para a Inspetoria de Submarinos pelo Estado-Maior Naval em 24 de outubro de 1916, ele começou a treinar para o serviço como comandante de U-boat e se formou na Escola de Submarinos em 11 de setembro de 1917.[ 10]
 
Ele terminou a guerra como comandante de U-boats do final de 1917 no Mediterrâneo e foi creditado com vários naufrágios, chegando até mesmo ao conhecimento do Kaiser. Como resultado de suas façanhas na Espanha, ele foi premiado com a Cruz de Ferro de Primeira Classe.[ 11] Canaris falava seis idiomas, incluindo inglês, fluentemente.[ 12] Como oficial naval da velha escola, ele tinha grande respeito pela Marinha Real da Grã-Bretanha, apesar da rivalidade entre as duas nações.[ 13]
 
Anos entre guerras Editar
 
Durante a Revolução Alemã de 1918-19, Canaris ajudou a organizar a formação de unidades paramilitares Freikorps, a fim de suprimir os movimentos revolucionários comunistas que estavam tentando espalhar os ideais da Revolução Russa para as nações da Europa Central. Ele também foi membro do tribunal militar que julgou (e absolveu principalmente) os envolvidos no assassinato dos revolucionários de esquerda Karl Liebknecht e Rosa Luxemburgo.[ 14] Também durante esse período, ele foi nomeado para a ajuda do ministro da Defesa Gustavv Noske.[ 15] Em 1919, ele se casou com Erika Waag, também filha de um industrial, com quem teve dois filhos.[ 16]
 
Na primavera de 1924, Canaris foi enviada para Osaka, Japão, para supervisionar um programa secreto de construção de submarinos em violação direta do Tratado de Versalhes.[ 17] Quando esse projeto foi arquivado pelo Vice-Almirante Adolf Zenker em favor de uma relação mais cooperativa com os britânicos, Canaris começou a fazer acordos. Ajudados pelo filho de um poderoso magnata da navegação alemã, o Capitão Walter Lohmann, eles negociaram com comerciantes espanhóis, industriais alemães, alguns capitalistas de risco argentinos e a marinha espanhola para que os alemães pudessem continuar suas atividades navais clandestinas.[ 18] Infelizmente para Canaris, ele fez alguns inimigos dentro da Alemanha durante o curso de suas negociações secretas de negócios e inteligência, em parte como consequência da falência incorrida pelo cineasta Phoebus Film em suas relações com Lohmann. De repente, o antigo envolvimento com o "caso Liebknecht" ressurgiu e colocou Canaris sob uma luz desfavorável, o que acabou custando-lhe sua posição na Espanha. Em vez disso, ele foi enviado para o Woilhelmshaven. De seu novo cargo, Canaris descobriu haplessly que os "investimentos" de Lohmann custaram mais de vinte e seis bilhões de marcos em perdas totais.[ 19] Em algum momento em 1928, Canaris foi removido de seu posto de inteligência e começou dois anos de serviço naval convencional a bordo do couraçado pré-Dreadnought Schlesien,[16] tornando-se capitão do navio em 1o de dezembro de 1932.[ 19] Apenas dois meses depois, Adolf Hitler se tornou o novo chanceler da Alemanha.[ 20] Entusiasmado com esse desenvolvimento, Canaris era conhecido por dar palestras sobre as virtudes do nazismo para sua tripulação a bordo do Schlesien.[ 21]
 
Destacado do governo anterior de Weimar, cujos princípios republicanos nunca apelaram para Canaris, ele olhou para o Partido Nazista para moldar o futuro. Duas coisas se destacaram para Canaris sobre os nazistas; uma, eles representavam um retorno ao governo autoritário centrado no estado liderado por um líder carismático (que ele favorecia) e duas, os nacional-socialistas estavam determinados a descartar as algemas do Tratado de Versalhes. Hitler fez proselitismo com um retorno ao status de potência mundial (o que, para ele, implicava a construção de uma superfrota) através da preservação de uma sociedade virtuosa baseada em soldados, uma "comunidade sob armas".[ 22] Vale lembrar que durante o tumulto pós-Primeira Guerra Mundial na Alemanha, quando o governo de Weimar era incipiente, Canaris ajudou a estabelecer unidades de guarda doméstica em violação a Versalhes, simpatizou com o movimento Freikorps e participou do Kapp Putsch.[ 23]
 
Outro aspecto dos nazistas que atraiu Canaris foram suas opiniões sobre o comunismo. Muitos de seus amigos se juntaram à cruzada nazista e Canaris "também passou a ser considerado um nacional-socialista entusiasta".[ 24] O ex-general da SS Werner Best descreveu Canaris como um "nacionalista inveterado", afirmando correspondentemente que ele (Canaris) sentia que os nazistas eram muito melhores "do que qualquer coisa que tivesse acontecido antes". Mesmo após a Noite das Facas Longas, Canaris "pregou uma cooperação sincera com o novo regime".[ 25] Canaris disse uma vez: "nós, oficiais... devemos sempre reconhecer que sem o Führer e seu NSDAP, a restauração da grandeza militar alemã e da força militar não teria sido possível... o dever do oficial é ser um exemplo vivo do Nacional-Socialismo e fazer com que a Wehrmacht alemã (forças armadas) reflita o cumprimento da ideologia nacional-socialista. Esse deve ser o nosso grande projeto."[ 26]
 
 
Canaris, enquanto um Korvettenkapitän
Assumindo uma posição como comandante da fortaleza em Swinemünde em 29 de setembro de 1934, Canaris parecia estar perto do final de sua carreira quando se estabeleceu em uma espécie de "exílio provincial" com sua família.[ 27] Então, em pouco tempo, Canaris soube da disputa no Ministério da Reichswehr sobre o sucessor iminente do capitão-chefe da Abwehr Conrad Patzig, que foi forçado a renunciar. Patzig recomendou Canaris como seu substituto devido ao seu excelente histórico de serviço e porque o considerava mais adequado para o cargo devido à sua experiência anterior em operações de inteligência.[ 28] Suas aspirações estavam sendo rapidamente realizadas e, em seu zelo por seu novo emprego, Canaris prestou "pouca atenção" aos avisos de Patzig sobre as maquinações "demônios" do partido e dos órgãos policiais do NSDAP.[ 29] Essas advertências diziam respeito principalmente a Reinhard Heydrich, chefe do serviço de inteligência da SS conhecido como Sicherheitsdienst (SD), já que ele não estava bem disposto em relação à Abehr, acreditando que a derrota da Alemanha durante a Primeira Guerra Mundial foi atribuída a falhas de inteligência militar da organização; além disso, Heydrich tinha aspirações de supervisionar todos os aspectos da coleta de inteligência política para a Alemanha.[ 30]
 
Em 1o de janeiro de 1935, pouco menos de dois anos depois que Hitler assumiu o controle total do governo alemão, Canaris foi nomeado chefe da Abwehr, a agência oficial de inteligência militar da Alemanha.[ 31] Registros sugerem que Canaris foi aprovado em seu papel como chefe da Abehr como candidato a compromisso, já que o comandante-em-chefe da marinha alemã, Almirante Eric Raeder (um homem firme da marinha) inicialmente se opôs à sua nomeação, mas cedeu quando Patzig manipulou a situação sugerindo um oficial do exército para o cargo se Canaris fosse rejeitado.[ 32] Dada a relação aparentemente amigável entre o chefe da SD Heydrich e Canaris que existia na época, de acordo com a ex-secretária da Abwehr, Inge Haag, é possível que Heydrich tenha apoiado a parcela de Canaris como chefe da Abwehr, pelo menos com base em seu comportamento um com o outro.[ 33] Os dois permaneceram rivais "amigáveis", embora Canaris considerasse Heydrich um "fanático brutal" e também estivesse ciente de que o SD de Heydrich monitorava constantemente o tráfego telefônico da Abwehr. Heydrich suspeitava de Canaris e se referiu a ele como uma "raposa velha e astuta", advertindo seus colegas a nunca subestimar o homem.[ 34] Apenas algumas semanas após seu papel como chefe da Abwehr, ele se reuniu com Heydrich e alguns de seus funcionários para dividir as operações de inteligência entre a Abwehr, Gestapo e SD.[ 35] É claro pelas fontes que, neste momento, Canaris era um verdadeiro devoto de Hitler, de acordo com o ex-oficial da Gestapo, Gerhard Fischer, que afirmou que a relação cavalheiresca do Führer com Canaris converteu o Almirante em "um expoente extremo do hitlerismo".[ 36]
 
A partir de maio de 1935, Canaris vestiu pela primeira vez o uniforme de um contra-almirante, uma promoção que coincidiu com sua responsabilidade de proteger o crescente programa de rearmamento da Alemanha de agentes de contra-inteligência inimigos. Isso significou uma expansão significativa da Abwehr.[ 37] O alargamento da missão Abwehr colocou Canaris em contato com o Major "virtuoso de contraespionagem", que o ajudou a estabelecer uma extensa rede de vigilância sobre fábricas de munições, portos marítimos, forças armadas e mídia.[ 38] Durante o período entre 1935 e 1937, Canaris expandiu a equipe da Abwehr de apenas 150 pessoas para quase mil.[ 39] Reunindo-se com Heydrich novamente em 21 de dezembro de 1936, os dois homens assinaram um documento que veio a ser conhecido em sua órbita como os "Dez Mandamentos"; o acordo esclareceu as respectivas áreas de responsabilidades de contra-espionagem entre a Gestapo e a Abehr.[ 40]
 
De acordo com o biógrafo Heinz Höhne, Canaris subscreveu a maioria dos pontos de vista de Hitler.[ 41] O nacionalismo de Hitler, suas crenças social-darwinistas, sua oposição ao Tratado de Versalhes, sua crença na reconstrução de um Grande Reich Alemão e sua ideologia antissemita apelaram ao chefe da Abwehr.[ 42] Impulsionado pelo antissemitismo, Canaris sugeriu pela primeira vez o uso da Estrela de Davi para identificar judeus durante 1935-1936, diferenciando-os dos cidadãos alemães dentro do Reich, anunciando seu isolamento, pressagindo seu reassentamento obrigatório e, finalmente, levando à sua aniquilação física.[ 43]
 
Durante a Guerra Civil Espanhola de 1936 a 1939, a Alemanha assinou um acordo internacional para embargo de armas às facções em guerra, aos nacionalistas de Francisco Franco e aos republicanos.[ 44] Na verdade, a Alemanha forneceu ajuda ao lado fascista de Franco, com Canaris usando seus contatos na empresa de fabricação de armamentos Vickers da Inglaterra para ajudar a fornecer armas aos nacionalistas.[ 45]
 
Um mês antes da anexação da Áustria por Hitler (conhecida como Anschluss), Canaris colocou a Abwehr em ação, supervisionando pessoalmente operações de engano destinadas a dar aos austríacos a impressão do que pareciam ser preparativos militares alemães substanciais para um ato iminente de agressão.[ 46] Apesar da ação simulada não ter movido o chanceler austríaco, Schuschnigg foi forçado a renunciar quando as tropas alemãs marcharam para a Áustria, que foi seguida por sua anexação oficial na Grande Alemanha (Grossdeutschland) em 13 de março de 1938.[ 47] Com esse desenvolvimento, no entanto, Canaris começou a passar cada vez mais tempo na companhia de Hans Oster e também começou a formular maneiras de evitar ou prevenir uma guerra europeia.[ 48] Entre os primeiros a chegar a Viena, Canaris teve uma equipe especial apreendendo registros dos arquivos austríacos, já que estava preocupado que pudesse haver referências às suas conexões de fornecedores de armas da Guerra Civil Espanhola em Londres. Ele também absorveu o máximo do serviço de inteligência austríaco que pôde na Abwehr, evitando aqueles que já eram convertidos nazistas.[ 45]
 
Canaris ficou perturbado com a intenção de Hitler de absorver a Tchecoslováquia como outros, todos temendo outra guerra europeia; isso resultou na formação de um grupo conspiratório composto por membros do Ministério das Relações Exteriores alemão e membros do exército. Esta assembleia incluía o General Ludwig Beck, o secretário de Estado do Ministério das Relações Exteriores Ernst von Weizsäcker, o General Erwin von Witzleben e o Almirante Canaris.[ 49]
 
Acordo de Munique e intriga Editar
 
Canaris e seus associados não estavam necessariamente comprometidos com a derrubada do regime de Hitler, mas estavam vagamente aliados a outro grupo mais radical, a facção "anti-nazista" liderada pelo Coronel Hans Oster e Hans Bernd Gisevius, que queriam usar a crise como desculpa para executar um golpe para derrubar o regime nazista.[ 50] O plano mais audacioso contemplado por Canaris, em colaboração com Ewald von Kleist-Schmenzin, era capturar e derrubar Hitler e todo o Partido Nazista antes da invasão da Tchecoslováquia. Neste momento em particular, Kleist visitou a Grã-Bretanha secretamente e discutiu a situação com o MI6 britânico e alguns políticos de alto escalão.[ 51] Lá, o nome de Canaris tornou-se amplamente conhecido como a mão executiva de Kleist no caso de um complô antinazista.
 
Os líderes militares alemães de alto escalão acreditavam que, se Hitler invadisse a Tchecoslováquia, ou qualquer outro país, a Grã-Bretanha declararia guerra à Alemanha.[ 52] O MI6 era da mesma opinião. A declaração de guerra britânica teria dado ao Estado-Maior Geral, em sua crença, tanto o pretexto quanto o apoio para uma derrubada de Hitler, que muitos deles estavam planejando, dado o "sentimento antiguerra predominante do povo alemão".[ 53]
 
A reação do governo britânico às demandas de Hitler sobre os Sudetos foi mais cautelosa. Em uma reunião com Hitler em Munique, o primeiro-ministro britânico Neville Chamberlain e o primeiro-ministro francês Édouard Daladier escolheram a diplomacia em vez da guerra.[ 54] O Acordo de Munique foi, portanto, uma grave decepção para Kleist e Canaris.[ 55] Isso deu um impulso importante à reputação de Hitler e sua popularidade disparou, pois ele parecia ter trazido a paz. No entanto, Hitler desprezava seus generais por resistirem aos seus planos, já que ele queria a guerra. Hermann Göring caiu em desgraça com ele por negociar a paz, mas o impulso de Hitler para a guerra permaneceu inabalável, apesar das potências ocidentais terem-lhe concedido concessões.[ 56] Canaris ficou aliviado de que a guerra fosse evitada e procurou restabelecer contato com Hitler, já que muitos dos relatórios da Abehr apresentados sobre a crise dos Sudetas haviam se mostrado grosseiramente imprecisos. Para Oster e seu círculo, Canaris de repente apareceu recomprometido com Hitler.[ 57]
 
Susto de Guerra Holandesa Editar
Em janeiro de 1939, a Canaris fabricou o "Susto de Guerra Holandês" que tomou conta do governo britânico. Em 23 de janeiro de 1939, o governo britânico recebeu informações de que a Alemanha pretendia invadir a Holanda em fevereiro de 1939 com o objetivo de usar aeródromos holandeses para lançar uma ofensiva estratégica de bombardeio destinada a alcançar um golpe "nocauteado" contra a Grã-Bretanha, arrasando cidades britânicas até o chão.[ 58] Todas essas informações eram falsas, e a Canaris pretendia alcançar uma mudança na política externa britânica.[ 59] Nisso, Canaris foi bem-sucedido, e o "Susto da Guerra Holandesa" desempenhou um papel importante em fazer com que Chamberlain assumisse o "compromisso continental" ao se comprometer em fevereiro de 1939 a enviar uma força terrestre britânica para a defesa da França em caso de guerra.[ 60]
 
Estados Unidos Editar
Artigo principal: Anel Espião Duquesne
 
Os 33 membros condenados da rede de espionagem Duquesne. Duquesne é retratado na parte superior, direita; Lang está na linha 3, 4a da esquerda.( Impressão do FBI)
Em 1937, Canaris criou um novo escritório de inteligência aérea na Abwehr e designou HauptmannNikolaus Ritter da Luftwaffe para ser o chefe da I. Luft (Chefe de Inteligência Aérea).[ 61] Ritter, que viveu nos Estados Unidos por 12 anos, recebeu autoridade primária sobre os agentes da Abwehr que operam nas Américas e na Grã-Bretanha.[ 62] Canaris instruiu Ritter a entrar em contato com um ex-mestre de espionagem que ele conhecia da Primeira Guerra Mundial que vivia em Nova York, Fritz Joubert Duquesne.[ 63] Em 1931, Ritter conheceu Duquesne em Nova York, e os dois espiões se reconectaram em Nova York em 3 de dezembro de 1937.[ 63] Ritter também se reuniu com Herman W. Lang, um espião que operou sob o codinome PAUL.[ 64]
 
Herman Lang trabalhou como mecânico, desenhista e inspetor de montagem para o Carl L. A Norden Company, em Nova York, que havia sido contratada para fabricar uma parte avançada de bombardeiro militar ultra-secreta, a Norden bomb-sight.[ 63] Ele forneceu à Abwehr um grande desenho da mira da bomba e depois foi para a Alemanha para trabalhar e terminar uma versão melhorada. Enquanto estava na Alemanha, Lang se encontrou com Canaris e Hermann Göring.[ 65] Ritter empregou vários outros agentes bem-sucedidos nos EUA, mas também cometeu o erro de recrutar um homem que mais tarde se tornaria um agente duplo do Federal Bureau of Investigation (FBI), William Sebold. Em 8 de fevereiro de 1940, Ritter enviou Sebold para Nova York sob o pseudônimo de Harry Sawyer e o instruiu a criar uma estação de transmissão de rádio de ondas curtas para estabelecer contato com a estação alemã de ondas curtas no exterior. Sebold também foi instruído a usar o codinome TRAMP e a entrar em contato com um colega de código de agente chamado DUNN, Fritz Duquesne.[ 63]
 
Em 28 de junho de 1941, após uma investigação de dois anos, o FBI prendeu o Coronel. Duquesne e 32 espiões nazistas acusados de transmitir informações secretas sobre armamento dos EUA e movimentos de transporte para a Alemanha. Em 2 de janeiro de 1942, menos de um mês após os EUA terem sido atacados pelo Japão em Pearl Harbor e a Alemanha declarar guerra aos Estados Unidos, os 33 membros do Anel de Espiões Duquesne foram condenados a cumprir um total de mais de 300 anos de prisão. Eles foram considerados culpados no que o historiador Peter Duffy disse em 2014 ser "ainda hoje o maior caso de espionagem da história dos Estados Unidos".[ 66] Um espião alemão comentou mais tarde que o ajuntamento do anel deu "o golpe mortal" aos seus esforços de espionagem nos Estados Unidos. J. Edgar Hoover chamou seu FBI de swoop no anel de Duquesne de o maior ajuntamento de espiões da história dos EUA. Em um memorando de 1942 para seus superiores, Canaris relatou a importância de vários de seus espiões capturados, observando suas valiosas contribuições, e ele escreve que Duquesne "entregou relatórios valiosos e material técnico importante no original, incluindo máscaras de gás dos EUA, aparelhos controlados por rádio, tanques de combustível à prova de vazamentos, instrumentos de televisão, pequenas bombas para aviões versus aviões, separador de ar e mecanismos de condução de hélice. Os itens entregues foram rotulados como 'valiáveis', e vários 'bons' e 'muito bons'".[ 67]
 
Segunda Guerra Mundial Editar
 
Após a eclosão da guerra entre a Alemanha e a Polônia em setembro de 1939, Canaris visitou a frente, onde viu a devastação causada pelos militares alemães—ver Varsóvia em chamas quase o levou às lágrimas e foi relatado que ele exclamou: "os filhos de nossos filhos terão que assumir a culpa por isso".[ 68] Ele também testemunhou exemplos dos crimes de guerra cometidos pelos Einsatzgruppen das SS, incluindo a queima da sinagoga em Będzin com 200 judeus poloneses dentro.[ 69] Além disso, ele recebeu relatórios de agentes da Abwehr sobre vários incidentes de assassinato em massa em toda a Polônia.[ 70] Canaris visitou o quartel-general de Hitler em 12 de setembro de 1939, na época na Província da Silésia, para registrar sua objeção às atrocidades.[ 71] Canaris disse ao chefe da Oberkommando der Wehrmacht (OKW, Comando Supremo das Forças Armadas)Wilhelm Keitel sobre os "extensos tiroteios ... e que a nobreza e o clero deveriam ser exterminados" ao que Keitel o informou que Hitler já havia "decidido" o assunto.[ 72] Keitel advertiu Canaris para não ir mais longe com seu protesto, já que o plano detalhado de atrocidades veio diretamente de Hitler.[ 73]
 
Canaris começou a trabalhar mais ativamente para derrubar o regime de Hitler, embora também cooperou com o SD para criar um chamariz. Isso tornou possível para ele se passar por um homem de confiança por algum tempo. Ele foi promovido ao posto de Almirante completo em janeiro de 1940. Com seu subordinado Erwin Lahousen, ele tentou, no outono de 1940, formar um círculo de oficiais da Wehrmacht que pensam da mesma forma. Na época, isso teve pouco sucesso.[ 74] Quando os decretos da OKW sobre o tratamento brutal dos prisioneiros de guerra soviéticos relacionados à Ordem dos Comissários chegaram ao conhecimento de Canaris em meados de setembro de 1941, ele registrou outra queixa. Keitel lembrou a Canaris que ele estava pensando em termos de "guerra cavalheireira", que não se aplicava, já que esta era "uma questão de destruir uma ideologia mundial".[ 75] Enquanto isso, as reclamações e a aparente esguição de Canaris foram observadas por Heydrich e adicionadas ao seu arquivo sobre a "não confiabilidade política" da Abwehr.[ 76] Canaris também trabalhou para frustrar a proposta de Operação Felix, o plano alemão de tomar Gibraltar.
 
Em uma conferência de oficiais superiores em Berlim, em dezembro de 1941, Canaris é citado dizendo que "a Abehr não tem nada a ver com a perseguição aos judeus. ... nenhuma preocupação nossa, nos afastamos disso".[ 77]
 
Canaris teve um relacionamento sexual com uma espiã polonesa baseada na Suíça chamada Halina Szymanska, que passou informações dele para o governo polonês no exílio com sede em Londres, o que também a colocou à disposição dos britânicos e americanos, incluindo Allen Dulles.[ 78] Uma peça-chave de inteligência que passou de Canaris via Szymanska para os Aliados foi um aviso prévio do lançamento da Operação Barbarossa.[ 78]
 
O chefe do MI6, Stewart Menzies, que compartilhou as opiniões de Canaris contra o comunismo, elogiou a coragem e a bravura de Canaris no final da guerra. Em dezembro de 1940, Hitler enviou Canaris à Espanha para concluir um acordo (através de forte coerção, se necessário) com Franco para apoio espanhol na guerra contra os Aliados, mas em vez de levar o espanhol a concordar com o desejo de Hitler, Canaris informou que Franco não cometeria forças espanholas até que a Grã-Bretanha fosse derrotada.[ 79] As conversas desse período entre Franco e o Almirante Canaris continuam sendo um mistério, já que nenhuma foi registrada, mas o governo espanhol mais tarde expressou gratidão à viúva de Canaris no final da Segunda Guerra Mundial, pagando-lhe uma pensão.[ 80]
 
Em junho de 1942, Canaris enviou oito agentes da Abwehr para a Costa Leste dos Estados Unidos como parte da Operação Pastorius. A missão era sabotar alvos econômicos americanos e desmoralizar a população civil dentro dos Estados Unidos. No entanto, duas semanas depois, todos foram presos pelo FBI graças a dois agentes da Abwehr que traíram a missão. Como os agentes da Abwehr foram presos em roupas civis, eles foram submetidos à corte marcial por um tribunal militar em Washington, D.C. Todos foram considerados culpados e condenados à morte. Dois outros que cooperaram com o FBI receberam sentenças de prisão perpétua.[ 81] Os outros foram executados pela cadeira elétrica na prisão do Distrito de Columbia.[ 82] Devido ao embaraçoso fracasso da Operação Pastorius, nenhuma outra tentativa de sabotagem foi feita nos Estados Unidos.[ 83]
 
Depois de 1942, Canaris visitou a Espanha com frequência e provavelmente esteve em contato com agentes britânicos de Gibraltar. Em 1943, enquanto estava na França ocupada, diz-se que Canaris fez contato com agentes britânicos. Em Paris, ele foi conduzido de olhos vendados ao Convento das Monjas da Paixão de Nosso Santíssimo Senhor, 127 Rue de la Santé, onde se encontrou com o chefe local dos Serviços de Inteligência Britânicos, codinome "Jade Amicol", na realidade Coronel Claude Olivier. Canaris queria saber os termos da paz se a Alemanha se livrasse de Hitler. A resposta de Churchill, enviada a ele duas semanas depois, foi simples: "Rendição incondicional".[ 84]
 
Durante o post de Heydrich em Praga, um incidente grave colocou ele e Canaris em conflito aberto. Heydrich solicitou que Canaris colocasse a Abwehr sob controle SD e SS.[ 85] Canaris parecia recuar e lidar com a situação diplomaticamente, mas não houve efeito imediato na Abwehr por enquanto. Na verdade, Canaris estabeleceu outras duas ligações com o MI6—uma via Zurique e a outra via Espanha e Gibraltar. Também é possível que os contatos do Vaticano tenham fornecido uma terceira rota para seus homólogos britânicos.[ 86]
 
Canaris também interveio para salvar várias vítimas da perseguição nazista, incluindo judeus, tirando-as do caminho do perigo; ele foi fundamental, por exemplo, para levar quinhentos judeus holandeses à segurança em maio de 1941.[ 87] Muitas dessas pessoas receberam treinamento simbólico como "agentes" da Abwehr e, em seguida, emitiram documentos que lhes permitiam deixar a Alemanha. Uma pessoa notável que ele teria ajudado foi o então Lubavitcher Rebbe em Varsóvia, o rabino Yosef Yitzchok Schneersohn.[ 88] Isso levou Chabad Lubavitch a fazer campanha por seu reconhecimento como um Gentio Justo pelo memorial do Holocausto Yad Vashem.[ 89]
 
Queda e execução Editar
 
 
Memorial no campo de concentração de Flossenbürg aos membros da resistência alemã executado em 9 de abril de 1945
A evidência de que Canaris estava jogando um jogo duplo cresceu e, por insistência de Heinrich Himmler, Hitler demitiu Canaris e aboliu a Abehr em fevereiro de 1944.[ 90] As funções da Abehr foram assumidas pelo Ausland-SD, parte do Escritório Principal de Segurança do Reich e liderado pelo SS-Brigadeführer Walter Schellenberg.[ 91] Áreas anteriores, uma vez que a responsabilidade da Abwehr, foram divididas entre o chefe da Gestapo, Heinrich Müller, e Schellenberg.[ 92] Algumas semanas depois, Canaris foi colocado em prisão domiciliar.[ 93] Ele foi libertado da prisão domiciliar em junho de 1944, para assumir um cargo em Berlim como chefe do Estado-Maior Especial para Guerra Mercantil e Medidas de Combate Econômico (HWK). O HWK coordenou a resistência ao bloqueio econômico aliado da Alemanha.[ 94]
 
Canaris foi preso em 23 de julho de 1944, com base no interrogatório de seu sucessor na Inteligência Militar, Georg Hansen.[ 95] Schellenberg respeitava Canaris e estava convencido de sua lealdade ao regime nazista, mesmo tendo sido preso.[ 96] Hansen admitiu seu papel na trama de 20 de julho, mas acusou Canaris de ser seu "instidor espiritual".[ 97] Nenhuma evidência direta de seu envolvimento na trama foi descoberta, mas sua estreita associação com muitos dos conspiradores e certos documentos escritos por ele que foram considerados subversivos levaram à assunção gradual de sua culpa. Dois dos homens sob suspeita como conspiradores conhecidos no círculo de Canaris atiraram em si mesmos, o que incitou a atividade da Gestapo para provar que ele estava, no mínimo, a par do plano contra Hitler.[ 97]
 
As investigações se arrastaram inconclusivamente até abril de 1945, quando foram recebidas ordens para descartar os vários prisioneiros restantes da trama de 20 de julho. O diário pessoal de Canaris foi descoberto e apresentado a Hitler no início de abril de 1945, implicando-o na conspiração.[ 98] Canaris foi julgado por um tribunal sumário da SS presidido por Otto Thorbeck com Walter Huppenkothen como promotor.[ 99] Ele foi acusado e considerado culpado de traição. Ele foi condenado à morte.[ 100] Juntamente com seu vice-general, Hans Oster, o jurista militar General Karl Sack, o teólogo Dietrich Bonhoeffer e Ludwig Gehre, Canaris foi humilhado diante de testemunhas. Canaris foi levado à forca nua e executado em 9 de abril de 1945 no campo de concentração de Flussenbürg, poucas semanas antes do fim da guerra.[ 23] Um prisioneiro alegou ter ouvido Canaris tocar uma mensagem codificada na parede de sua cela na noite anterior à sua execução, na qual negou que fosse um traidor e disse que agiu por dever para com seu país.[ 101]
 
Erwin von Lahousen e Hans Bernd Gisevius, dois dos principais subordinados de Canaris, sobreviveram à guerra e testemunharam durante os julgamentos de Nuremberg sobre a coragem de Canaris em se opor a Hitler. Lahousen lembrou de uma conversa entre Canaris e o General Wilhelm Keitel, na qual Canaris avisou Keitel de que os militares alemães seriam responsabilizados pelas atrocidades na Polônia. Keitel respondeu que eles haviam sido ordenados por Hitler.[ 73] Keitel, que sobreviveu à guerra, foi considerado culpado de crimes de guerra em Nuremberg e enforcado.Canaris tinha ódio do Nazismo,pois a ideologia odiava deficientes, sua filha era uma deficiente.Canaris, morava perto do chefe da SS, certa vez a esposa do chefe da SS,foi inconveniente falando mau sobre deficientes.[ 102]
 
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==Primeiros Anos==