Geraldo Ribeiro de Sousa Resende: diferenças entre revisões

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{{Info/Biografia
| nome = Barão Geraldo de RezendeResende
| nome_completo = Geraldo Ribeiro de SouzaSousa RezendeResende
| outros_nomes =
| conhecido_por =
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| influências =
| influenciados =
}}'''Geraldo Ribeiro de SouzaSousa RezendeResende'''<ref>Pela grafia arcaica, ''Geraldo Maria Ribeiro de Souza Rezende''.</ref>, primeiro e único '''barão Geraldo de RezendeResende'''<ref>Pela grafia arcaica, ''Barão Geraldo de Rezende''.</ref> e de '''Iporanga''', ([[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], [[19 de abril]] de [[1846]] — [[Campinas]], [[1 de outubro]] de [[1907]]) foi um nobre [[Brasil|brasileiro]] e [[Propriedade rural|proprietário rural]].
 
== Introdução ==
Geraldo Ribeiro de SouzaSousa de RezendeResende nasceu dia 19 de abril de 1846 na cidade do Rio de Janeiro. Era filho de Estevão Ribeiro de Resende, o [[Marquês de Valença]] e de Ilídia Mafalda de Sousa Queirós; neto paterno do Coronel Severino Ribeiro (de família lisboeta) e de Josefa Maria de Resende; por esta, bisneto de João de Resende Costa e de Helena Maria de Jesus, a “Terceira Ilhoa”. Casou-se, em 1876, com sua prima materna Maria Amélia Barbosa de Oliveira, filha do [[Albino José Barbosa de Oliveira|Conselheiro Albino José Barbosa de Oliveira]] - presidente do [[Supremo Tribunal Federal|Supremo Tribunal de Justiça]]. Ele teve seis filhos, dos quais apenas três filhas conseguiram crescer, sendo elas: Amélia, Elisa e MariettaMarieta de RezendeResende, sendo [[Amélia de Rezende Martins|Amélia de Resende Martins]] a mais notável dentre as três, autora de “Um Idealizador Realizador”, uma espécie de biografia de Geraldo.<ref name=":0">{{citar livro|título=Um Idealista Realizador: Barão Geraldo de RezendeResende|ultimo=MARTINS|primeiro=Amélia de RezendeResende|editora=Editora Laemmert|ano=1939|local=Campinas|páginas=762|acessodata=}}</ref>
 
== Primeiros anos e formação ==
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== Fazenda Santa Genebra ==
[[Ficheiro:Fazenda sta genebra.jpg|direita|miniaturadaimagem|Geraldo RezendeResende e sua família em frente à casa da Fazenda de Santa Genebra]]
A [[Fazenda Santa Genebra]] possuía 1.250 alqueires de terra e fora herdada por Geraldo RezendeResende como herança de sua avó materna em 1870, onde se tornaria a maior fazenda produtora de café do estado de São Paulo.<ref name=":1">{{citar livro|título=Barão Geraldo: A Luta pela Autonomia|ultimo=SMITH|primeiro=Warney|editora=s.ed.|ano=1996|local=Unicamp Campinas|páginas=360|acessodata=}}</ref>
 
As terras da fazenda estão entre a depressão periférica e o Planalto Atlântico paulista.<ref>{{citar periódico|ultimo=AMOROSO|primeiro=Maria Rita Silveira de Paula|data=2012|titulo=ROTEIRO DO CAFÉ EM CAMPINAS (SP) A PARTIR DAS TERRAS QUE PERTENCERAM AO BRIGADEIRO LUIZ ANTONIO DE SOUZASOUSA QUEIROZ|url=http://www.catscataguases.com.br/dvd_2012/pdf/eixo2_008_Roteiro_do_cafe_em_campinas.pdf|jornal=CATS – Congresso de Arquitetura, Turismo e Sustentabilidade|volume=|via=|acessodata=2017-11-19|arquivourl=https://web.archive.org/web/20171201041329/http://www.catscataguases.com.br/dvd_2012/pdf/eixo2_008_Roteiro_do_cafe_em_campinas.pdf|arquivodata=2017-12-01|urlmorta=yes}}</ref> Zona de terra roxa, ideal para a cafeicultura, a região do distrito foi primeiramente com fazendas de cana de açúcar desenvolvidas nas antigas sesmarias e passou a ter uma intensificação agrícola com a chegada das plantações de café na 2ª metade do século XIX.<ref name=":4">{{citar periódico|ultimo=SIMSON|primeiro=Olga Rodrigues de Moraes von|data=2003|titulo=Retrospectiva sócio histórica da formação do distrito de Barão Geraldo de Campinas|url=http://www.centrodememoria.unicamp.br/sarao/revista14/serie/PDF/sarao_se_artigo01.pdf|jornal=Revista Saráo Memória e Vida Cultural de Campinas|volume=2|numero=1|via=}}</ref> A fazenda também possuía uma grande variedade de tipos de café, aliados à sua excelente qualidade.<ref name=":0" />
 
Santa Genebra destacou-se por seu pioneirismo em grandes e constantes inovações no campo da agricultura, participando de diversas exposições agrícolas.<ref name=":0" /> Associando-se aos agrônomos e técnicos do [[Instituto Agronômico de Campinas|IAC]] - Instituto Agronômico de Campinas, o Barão fez da fazenda uma espécie de propriedade modelo no campo da cafeicultura, possuindo os mais modernos processos agrícolas que existiam no século XIX. A fazenda era considerada como “internacional” devido à sua maquinaria avançada e a utilização de métodos agrícolas dos Estados Unidos, como por exemplo, as máquinas de tração animal, que apenas chegaram de fato ao Brasil no final da década de 40.<ref name=":1" />
 
Os escravos funcionaram como a mão-de-obra básica para tocar os cafezais. A relação de Geraldo e a família com os escravos se dava através do capataz "Toninho" que era um escravo que ja administrava a fazenda e os escravos em 1870 e com sua esposa a escrava "Felicidade". Ambos foram alforriados em 1884 e Toninho continuou como cocheiro do Barão até sua morte em 1904. Mas Amélia diz que a relação com os escravos era “amigável”, no âmbito que ele como senhor não tinha um hábito frequente de carregar punições severas, apadrinhando seus escravos, inclusive os caiamborás (escravos fugidos), para que não fosse necessário “usar da severidade”.<ref name=":0" /> Geraldo também era conhecido por financiar os banquetes das festas dos escravos na fazenda, que consistiam em danças e músicas típicas dos escravos<ref>{{citar periódico|ultimo=LEANDRO|primeiro=Anabela|data=2003|titulo=O Samba na fazenda do Barão Geraldo de Resende|url=http://www.centrodememoria.unicamp.br/sarao/revista06/PDF/sarao_texto_02.pdf|jornal=Saráo Memória e Vida Cultural de Campinas|volume=1|numero=6|via=}}</ref> após o jantar.<ref name=":0" /> Muito antes da lei de abolição, na fazenda já havia sido implementada a libertação gradual, tendo permanecido em Santa Genebra apenas os escravos antigos, agora homens livres, que tinham sua casa própria dentro da fazenda, possuindo os mesmos direitos dos trabalhadores imigrantes.<ref name=":0" /> Entretanto, certos relatos orais de outras partes da cidade - e desconhecidas na região da Fazenda - faladas por frequentadores do Cemitério de Campinas ,falam que Geraldo tinha fama de carrasco<ref>{{citar periódico|ultimo=SILVA|primeiro=Lucia Helena Oliveira|data=2011|titulo=Diásporas de afrodescendentes: um estudo dentro e fora do Brasil|url=http://www.escravidaoeliberdade.com.br/site/images/Textos5/silva%20lucia%20helena%20oliveira.pdf|jornal=5º Encontro Escravidão e Liberdade Brasil Meridional|volume=|via=}}</ref>, mas até o momento não existiu qualquer comprovação disso . Pelo contrario, as únicas comprovações que se tem são do livro de Amélia RezendeResende Martins que narra o apoio e carinho de seu pai com os escravos . Ao contrario de uma relação tensa e com brigas com familias de italianos.
 
Com o movimento abolicionista, foram instalados nas antigas senzalas os imigrantes italianos, portugueses e espanhóis que cuidavam dos cafezais com o trabalho familiar. Em Santa Genebra, os primeiros trabalhadores europeus provinham de uma colônia alemã.<ref name=":0" /> Com a substituição da mão-de-obra escrava para os europeus, as festividades da fazenda tomam outro caráter, e já não são mais organizadas ou financiadas por Geraldo, que deixa com que os trabalhadores celebrem suas festividades e crenças entre eles.<ref name=":0" /> Com a chegada dos europeus, sendo muitos deles analfabetos, Geraldo abre uma pequena escola na fazenda, tendo aulas no período da manhã para crianças e no período noturno para adultos, sendo sua esposa Maria Amélia a professora.<ref name=":0" />
 
A casa da família na fazenda era "de pau a pique, tinha muitos quartos e salas, porém simples”<ref name=":0" />. Ainda que a casa fosse julgada pela autora como simples, ela confirma a existência de móveis e objetos de decoração requintados em seu interior<ref>{{citar periódico|ultimo=ABRAHÃO|primeiro=Eliane Morelli|data=2011|titulo=A casa da fazenda Santa Genebra: morar e viver em Campinas (1850-1900)|url=http://www.iict.pt/pequenanobreza/arquivo/Doc/t7s2-01.pdf|jornal=Congresso Internacional Pequena Nobreza nos Impérios Ibéricos de Antigo Regime|volume=|via=}}</ref>, passados de geração à geração ou adquiridos em viagens realizadas ao exterior por seus familiares.<ref name=":6">{{Citar periódico|ultimo=Amanda|primeiro=Haydn,|ultimo2=32578314802|ultimo3=http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K8487181Z4|data=2017-02-20|titulo=Uma liderança feminina no laicato católico: a trajetória política e intelectual de Amélia RezendeResende Martins na Ação Social Brasileira (1918-1932)|url=https://tede2.pucsp.br/handle/handle/19774}}</ref> A sala de jantar era ligada a copa, que dava acesso ao quarto das criadas e ao jardim.<ref name=":0" /> Dentre outros cômodos, se destacam o escritório de Geraldo, a “sala de administração” e uma adega.<ref name=":0" /> A transformação inicial do sobrado sede de Santa Genebra se dá quando Geraldo fica noivo e, a fim de receber sua esposa, se inicia a construção de um lar confortável em substituição da casa antiga da fazenda.<ref name=":0" />
 
== Barão Geraldo RezendeResende e vida política ==
Geraldo ingressa na política em 1882, período de grande tensão da campanha republicana, com objetivo único do engrandecimento do município pelo desenvolvimento da lavoura.<ref name=":0" /> Em 1884, ele é eleito presidente do Diretório do Partido Conservador, posto que ele ocupou até o fim da monarquia.<ref name=":0" /> Em 1885, ele se candidata para representar o 7º Distrito de São Paulo no Parlamento, porém ele desiste da vaga por motivos incertos.<ref name=":0" /> Em 1886, ele entra para a Câmara dos Deputados, constando primeiramente como Comendador Geraldo Ribeiro de SouzaSousa RezendeResende.<ref name=":0" />
 
Em 19 de janeiro de 1889, Geraldo recebe o título de Barão de Iporanga, assinado por [[Pedro II do Brasil|D. Pedro II]], e depois, modificado para Barão Geraldo de RezendeResende a seu pedido. Geraldo tinha uma grande proximidade com D. Pedro II, sendo considerado “devotadíssimo” ao Imperador, tendo em sua residência um<ref name=":6" /> “grande retrato a óleo de D. Pedro II”<ref name=":0" />. No mesmo ano, Geraldo se desliga da União Conservadora e passa a agir como um “conservador independente”, tomando chefia da causa monárquica.<ref name=":0" /> Com a [[Proclamação da República do Brasil|Proclamação da República]] em novembro, Geraldo retoma aos cuidados da fazenda exclusivamente.<ref name=":0" /> Amélia Martins também retrata o dia da Proclamação da República como uma “tragédia” e a reação de Geraldo ao receber a notícia lhe causou “[...] exclamações de dor e de espanto lhe escaparam os lábios”<ref name=":0" /> e “[...] Acabando de ouvir as sensacionais notícias, deixou o telefone, cahiram-lhe os braços num gesto de desalento e voltando-se para minha mãe proferiu duas palavras apenas: ‘a Republica!’”<ref name=":0" />.
 
Em 1898, com a baixa do café, ele propõe ao Governo um projeto de valorização, cujos pontos consistiam principalmente na redução de impostos e na acessibilidade da exportação, que não foi aceito.<ref name=":0" /> Seu último ato político se dá em 1905, quando ele é nomeado membro de uma comissão de agricultura.<ref name=":0" />
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As primeiras obras se iniciam em 1891, porém, devido a diversos fatores externos como a epidemia de febre amarela em Campinas, a dificuldades financeiras devido ao alto custo do projeto e as primeiras variações do mercado cafeeiro, o projeto é interrompido.<ref name=":7" />
 
O empreendimento só começa a obter sucesso quando Campos Sales, grande amigo de RezendeResende e o mais alto representante da lavoura paulista<ref name=":0" />, assume a presidência da Província de São Paulo. O capital proveniente da consolidação do complexo cafeeiro permitiu que a elite pudesse reivindicar melhorias na vida urbana.<ref name=":8">{{citar periódico|ultimo=EVANGELISTA|primeiro=Ana Laura|ultimo2=SCHICCHI|primeiro2=Maria Cristina da Silva|data=2017|titulo=ESTRADA DE FERRO FUNILENSE (SP): TERRITÓRIO, HISTÓRIA E PATRIMÔNIO|url=http://www.snh2017.anpuh.org/resources/anais/54/1504725973_ARQUIVO_Artigo_AnaLauraEvangelista_MariaCristinadaSilvaSchicchi.pdf|jornal=XXIX de História Nacional Simpósio|volume=|via=}}</ref> Com o objetivo de criar burgos agrícolas, Sales dá continuidade ao projeto, criando também na região o primeiro núcleo colonial, sendo chamado de Núcleo Colonial Campos Sales.<ref name=":7" /> Com a fundação do Núcleo Colonial, a Companhia Carril recebe uma quantia de duzentos e cinquenta mil réis para investir na estrada ferroviária.<ref name=":1" />
 
A chamada Estrada de Ferro Funilense percorria 43 km, partindo da Fazenda Funil até o Centro de Campinas.<ref name=":0" /> Suas principais estações eram: Guanabara, Santa Genebra, Deserto, José Paulino, Engenho, João Aranha e Funil.<ref name=":0" /> A estação Funil também era conhecida como Barão Geraldo<ref name=":0" />, sendo um ponto terminal<ref name=":8" />.
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== Últimos anos ==
[[Ficheiro:Retrato do Barão de Rezende.jpg|miniaturadaimagem|229x229px|Retrato de Geraldo Ribeiro de SouzaSousa RezendeResende]]
Todas as realizações do Barão tiveram um alto custo. A manutenção de um alto padrão de vida aristocrático, o desenvolvimento excepcional de Santa Genebra até os investimentos na Companhia Carril, levaram Geraldo à falência.<ref name=":1" /> O café já não mais sustenta os custos da fazenda, e para regulamentar sua situação, Geraldo realiza um grande empréstimo.<ref name=":0" /> A fazenda passa a vender seus produtos de pequena lavoura, no entanto, a oscilação do mercado não permite uma rota segura de orientação.<ref name=":0" /> Em 1902, um dos seus últimos investimentos recaem no plantio da aramina, que seria de grande valor para a indústria têxtil.<ref name=":0" /> Porém, o cultivo da aramina fora um verdadeiro fracasso.<ref name=":0" /> Os anos de 1901 e 1902 foram terminais para a economia do café, e os anos seguintes foram agravando cada vez mais essa prática.<ref name=":0" /> A fim de quitar suas dívidas, ele se vê obrigado a vender sua fazenda à Lins de Vasconcelos.<ref name=":1" />
 
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A importância do Barão Geraldo se estende ao longo da história de Campinas, principalmente se tratando da Fazenda Santa Genebra. A história de Geraldo se entrelaça intimamente com a da fazenda, ao ponto em que sua filha descreve que “Santa Genebra e meu pae se confundem! Santa Genebra era meu pae, porque meu pae era a alma de Santa Genebra!”<ref name=":0" />.
 
Os êxitos de RezendeResende estão ligados ao desenvolvimento agrícola do café por ele comandado e   proporcionado durante o período colonial, tendo grande importância econômica e histórica em Campinas. Seu nome é homenageado com vários pontos da cidade, sendo o mais relevante o distrito Barão Geraldo, onde está localizada a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).<ref name=":1" />
 
Outro motivo de importância associado a figura do barão é em sua figura como senhor de escravos. Fora dentro de sua fazenda que se incentivaram e cultivavam festas que fazem parte da cultura negra, cuja importância histórica se intensifica ao ser um fato que Campinas passa por um processo de embranquecimento e europeização do povo, como no resto do pais
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===Títulos nobiliárquicos===
* Por decreto de [[19 de janeiro]] de [[1889|1899]], recebeu de [[Pedro II do Brasil|Dom Pedro II]] o título de barão de Iporanga, que a seu pedido foi modificado, em [[19 de junho]] de [[1899]], de para barão de Geraldo de Resende.<ref name=":0" />
[[Ficheiro:COA_Baron_of_Valença.svg|miniaturadaimagem|187x187px|Armas do Barão Geraldo de RezendeResende]]
 
===Brasão de Armas===
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== Referências bibliográficas ==
 
* {{Citar livro|título=Um Idealista Realizador: Barão Geraldo de RezendeResende|ultimo=MARTINS|primeiro=Amélia de RezendeResende|editora=Laemmert|ano=1939|local=Campinas|páginas=762|isbn=|acessodata=}}
*SMITH, Warney, (1996) Barão Geraldo, A luta pela autonomia , Campinas, Centro de Memória / IFCH - Unicamp Monografia I.C)