Pós-estruturalismo: diferenças entre revisões

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{{Wikificação|data=julho de 2014}}
'''Pós-estruturalismo''' é um termo para formas filosóficas, teóricas e literárias de teoria que tanto constroem quanto rejeitam idéiasideias estabelecidas pelo [[estruturalismo]], o projeto intelectual que o precedeu.<ref>{{Citar periódico |titulo=The Post-Structuralist Condition |ultimo=Lewis |primeiro=Philip |ultimo2=Descombes |primeiro2=Vincent |ano=1982 |paginas=2–24 |doi=10.2307/464788 |jstor=464788 |ultimo3=Harari |primeiro3=Josue V. |volume=12 |periódico=Diacritics}}</ref> Embora todos os pós-estruturalistas apresentem críticas diferentes ao estruturalismo, os temas comuns entre eles incluem a rejeição da autossuficiência do estruturalismo, bem como uma interrogação das [[oposição binária|oposições binárias]] que constituem suas estruturas. Consequentemente, o pós-estruturalismo descarta a ideia de interpretar a mídia (ou o mundo) dentro de estruturas pré-estabelecidas e socialmente construídas.<ref name="Bensmaia05">Bensmaïa, Réda. 2005. "Poststructuralism." Pp. 92–93 in ''[https://books.google.com/books?id=bREQibN9i-sC The Columbia History of Twentieth-Century French Thought]'', edited by [[Lawrence D. Kritzman|L. Kritzman]]. Columbia University Press.</ref><ref name="Poster88">[[Mark Poster|Poster, Mark]]. 1988. "Introduction: Theory and the problem of Context." pp. 5–6 in [https://books.google.com/books?id=-OnWAAAAMAAJ ''Critical theory and poststructuralism: in search of a context''].</ref><ref name="Merquior1987">[[José Guilherme Merquior|Merquior, José G.]] 1987. ''Foucault'', ([[Fontana Modern Masters]] series). University of California Press. {{ISBN|0-520-06062-8}}.</ref><ref>[[Edward Craig (filósofo)|Craig, Edward]], ed. 1998. ''[[Routledge Encyclopedia of Philosophy|Routledge Encyclopaedia of Philosophy]],'' vol. 7 (''Nihilism to Quantum mechanics''). London: Routledge. {{ISBN|0-415-18712-5}}. p. 597.</ref>
 
Enquanto o ''estruturalismo'' propõe que se pode entender a [[cultura]] humana por meio de uma [[Linguística estrutural|estrutura modelada na linguagem]], e que essa compreensão difere da [[realidade]] concreta e das [[ideia]]s abstratas ao propor, em vez disso, uma "terceira ordem" que faz a mediação entre as duas,<ref>[[Gilles Deleuze|Deleuze, Gilles]]. [2002] 2004. "How Do We Recognize Structuralism?" Pp. 170–92 in ''Desert Islands and Other Texts 1953–1974,'' translated by D. Lapoujade, edited by M. Taormina, Semiotext(e) Foreign Agents series. Los Angeles: [[Semiotexto (e)|Semiotext(e)]]. {{ISBN|1-58435-018-0}}. pp. 171–73.</ref> a crítica pós-estruturalista pode sugerir que para construir significado a partir de tal interpretação, deve-se (falsamente) assumir que as definições desses signos são válidas e fixas, e que o autor que emprega a teoria estruturalista está de alguma forma acima e à parte dessas estruturas que eles estão descrevendo de forma a poder apreciá-los totalmente. A rigidez, tendência para categorizar e insinuação de verdades universais encontradas no pensamento estruturalista é, então, um alvo comum do pensamento pós-estruturalista, ao mesmo tempo que se baseia em concepções estruturalistas da realidade mediadas pela inter-relação entre os signos.<ref>{{Citar periódico |url=https://chicagounbound.uchicago.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1029&context=public_law_and_legal_theory |titulo=An Answer to the Question: "What Is Poststructuralism?" |data=12 de março de 2007 |ultimo=Harcourt |primeiro=Bernard E. |paginas=17–19 |volume=156 |periódico=Chicago Unbound - Public Law and Legal Theory}}</ref>
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Como corrente filosófica, embora não constituindo propriamente uma "escola", o pós-estruturalismo carateriza-se pela recusa em atribuir ao [[cogito ergo sum|''cogito'']] [[Descartes|cartesiano]], ao sujeito ou ao homem, qualquer privilégio [[gnoseologia|gnoseológico]] ou [[axiologia|axiológico]], privilegiando, em vez disso, uma análise das formas simbólicas, da [[linguagem]], mais como constituintes da [[subjetividade]] do que como constituídas por esta.
 
São típicas da abordagem pós-estruturalista a retomada dos temas [[Friedrich Nietzsche|nietzschianos]], como a crítica da consciência e do negativo (por Deleuze) ou o projeto [[Genealogia da Moral|genealógico]] (por Foucault), a radicalização e a superação da valorização ontológica da linguagem [[Martin Heidegger|heideggeriana]] e uma perspectiva anti-[[dogma|dogmática]] e anti-[[positivismo|positivista]]. De modo geral, os pós-estruturalistas rejeitam definições que encerrem verdades absolutas sobre o mundo,<ref>Derrida, Jacques; 1983; "Letter to a Japanese Friend"; pp271-276 in Derrida, Jacques; Kamuf, Peggy (ed.); 1991; A Derrida Reader: Between the Blinds; Harverster Wheatsheaf; Hemel Hempstead; ISBN 0-7450-0991-3</ref> pois a verdade dependeria do [[contexto]] [[História|histórico]] de cada indivíduo.
 
O pós-estruturalismo instaura uma teoria da [[desconstrução]] na [[análise literária]], liberando o texto para uma pluralidade de sentidos. A realidade é considerada como uma construção social e subjetiva, em perpétuo devir. A abordagem é mais aberta no que diz respeito à diversidade de métodos, neste sentido, "o Pós-estruturalismo não pode ser simplesmente reduzido a um conjunto de pressupostos compartilhados, a um método, a uma teoria ou até mesmo a uma escola. É melhor referir-se a ele como um movimento de pensamento - uma complexa rede de pensamento - que corporifica diferentes de prática crítica"<ref name=":0" /> (PETERS, 2000, p.&nbsp;29). Em contraste com o estruturalismo, que não afirma a independência e superioridade do significante em relação ao significado (para eles os dois são inseparáveis), os pós-estruturalistas veem o [[significante]] e o significado como separáveis.