Ernesto II, Duque de Saxe-Coburgo-Gota: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Linha 62:
 
=== Guerras de Schleswig-Holstein ===
Entre 1848 e 1964, a Dinamarca e a [[Confederação Alemã]] combaterem pelo controlo dos dois ducados de [[Schleswig]] e [[Holsácia|Holstein]]. Históricamente, os ducados tinham sido governados pela Dinamarca desde a Idade Média, mas eram habitados, na sua maioria, por uma população alemã. Essa maioria revoltou-se quando o rei [[Frederico VII da Dinamarca]] anunciou a 27 de Março de 1848 que os ducados passariam a ser integrados completamente na Dinamarca ao abrigo da sua nova constituição liberal. A Prússia envolveu-se na disputa pouco tempo depois, dando apoio à revolta, o que levou ao início da [[Primeira Guerra do Schleswig|Primeira Guerra de Schleswig]]. Inicialmente, Ernesto enviou 8.000 homens, aumentando o exército enviado pela Confederação Alemã. Além disso, queria um posto militar durante a guerra, mas o seu pedido foi recusado, uma vez que era "''extramemente difícil oferecer-me um posto no exército de Schleswig-Holstein que correspondesse ao meu estatuto'',", segundo as memórias do próprio.<ref>Saxe-Coburg and Gotha, Volume 1, p. 48. </ref> Ernesto aceitou um posto de comando mais pequeno, tendo liderado o contingente da [[Turíngia]]. Numa carta dirigida ao irmão, Ernesto comentou que "''devia ter recusado outro posto de comando deste género, mas não consegui recusar este uma vez, tendo em conta o estado actual dos nossos estados, é importante mantermos o poder executivo nas nossas mãos''."<ref>Saxe-Coburg and Gotha, Volume 1, p. 50.</ref> Como comandante das tropas alemãs, Ernesto foi essencial para vencer a batalha de [[Eckernförde]] contra as forças dinamarquesas a 5 de Abril de 1849, tendo capturada duas fragatas.<ref name=":14">Coit Gilman et al, p. 841 and Alden, Berry, Bogart et al, p. 481.</ref> Foi também nesta altura que Ernesto se interessou pelo Parlamento de Frankfurt e poderá ter acalentado a esperança de ser eleito Imperador da Alemanha, mas acabou por apoiar o rei [[Frederico Guilherme IV da Prússia|Frederico da Prússia]] a aceitar essa posição, apesar de não ter tido sucesso. Ernesto também propôs a realização de uma conferência de príncipes alemães em Berlim em 1850, uma vez que estas ocasiões lhe davam a influência política que ele desejava.<ref name=":0" />
 
=== Relação com a rainha Vitória e o príncipe Alberto ===
Linha 93:
Nos últimos anos do seu reinado, as acções de Ernesto conseguiram enfurecer sempre a sua cunhada. Apesar de Vitória adorar Ernesto por ser o irmão de Alberto, não gostou do facto de ele escrever as suas memórias, preocupando-se que o seu conteúdo pudesse incluir referências ao seu falecido marido.<ref name=":13">Zeepvat, p. 6.</ref> Apesar das suas disputas, Ernesto continuou a encontrar-se com Vitória e a sua família ocasionalmente. Em 1891, os dois encontraram-se em França. A dama-de-companhia e Vitória comentou: "''o velho duque de Saxe-Coburgo-Gota esteve cá hoje com a esposa. É o único irmão do príncipe-consorte e tem um aspecto horrível. A rainha não gosta nada dele. Está sempre a escrever panfletos anónimos contra a rainha e a imperatriz Frederico'' (a filha mais velha da rainha Vitória)'', o que, naturalmente, irrita profundamente a família''".<ref>citada em Zeepvat, p. 6.</ref>
 
Ao longo do seu reinado, Ernesto sempre foi conhecido como um homem extravagante e mulherengo. Á medida que foi envelhecendo, Ernesto passou a gostar dos rumores de que era alvo e tornou-se num "roué completamente desconceituado que gosta do escândalo provocado pelas suas acções", levando Vicky a declarar que o seu tio era "o seu própio inimigo".<ref name=":11" /> O seu comportamento e forma de se vestir passaram a ser cada vez mais motivo de chacota para as novas gerações.<ref name=":13" /> A sua sobrinha-neta, a princesa [[Maria de Saxe-Coburgo-Gota|Maria de Edimburgo]] descreveu mais tarde Ernesto como "''um velho'' beau, ''comprimido dentro de um fato demasiado apertado para a figura dele e desconfortável na cintura'', {{referências|col''de cartola, luvas amarelas e um botão de rosa na lapela''".<ref name=2}}":13" /> Ganhou peso e, apesar de teoricamente, ter uma grande fortuna, estava sempre endividado.<ref name=":11" />
 
Um músico excelente<ref name=":14" /> e compositor amador, Ernesto apoiava as artes e ciências de Coburgo,<ref>{{Citar periódico |url=https://www.jstor.org/stable/3363520 |titulo=Obituary: Duke Ernst II |data=1893 |acessodata=2021-05-13 |jornal=The Musical Times and Singing Class Circular |número=607 |paginas=539–540 |issn=0958-8434}}</ref>, atribuindo prémios e títulos com frequência a membros do mundo artístico e ciêntifico tais como Paul Kalisch, um cantor de ópera alemão e ao químico inglês William Ernest Bush. Ernesto compôs canções, inos e cantatas bem como peças de ópera que foram encenadas, nomeadamente Die Gräberinsel (1842), Tony, oder die Vergeltung (1849), Casilda (1851), Santa Chiara (1854), e Zaïre que teve bastante sucesso na Alemanha.<ref name=":13" /> Também sabia desenhar e tocava piano.<ref>Weintraub, p. 50 and The Musical Times and Singing Class Circular, pp. 539-540.</ref> Uma das suas óperas, Diana von Solange (1858), levou Franz Liszt a escrever uma peça orquestral chamada Festmarsch nach Motiven von E. H. z. S.-C.-G., S.116 (E. H. z. S.-C.-G. eram as iniciais de Ernst Herzog zu Sachsen-Coburg-Gotha).<ref>Grove's Dictionary of Music, 5th ed, 1954, Liszt: Works, p. 275</ref> No entanto, a sua produção na Metropolitan Opera em Nova Iorque em 1890 teve uma fraca recepção e levou mesmo um espectador a comentar que "a música simplesmente não prestava".<ref>"Amusements", The New York Times, The Metropolitan Opera House, 10 de Janeiro de 1891</ref> Ernesto era um caçador e desportista ávido. Um contemporâneo comentou que ele era "um dos principais e melhores desportistas deste século".<ref>Baillie-Grohman, p. 60.</ref> {{referências|col=2}}
{{commons|Ernst II, Duke of Saxe-Coburg and Gotha}}
{{Príncipes de Saxe-Coburgo-Gota}}