O Preço da Ilusão: diferenças entre revisões
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|país = {{BRA}}
|direção = Nilton Nascimento
|roteiro = [[Salim Miguel]], [[Eglê Malheiros]] e Emanoel Santos
|música = Sílvio Pereira
|elenco = Lilian Bassanesi<br /> Emanuel Miranda<br />Ilmar Carvalho<br />Adélcio da Costa<br />Celso Borges<br />Mário Morais<br />[[Dina Lisboa]]
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|código-IMDB = 0444364
|tipo =
|cor-pb =
|nome = O Preço da Ilusão
|produção = Armando Carreirão
}}
'''''O Preço da Ilusão''''' é um [[filme]] [[Brasil|brasileiro]] de [[1958]] do gênero [[drama]], dirigido por Nilton Nascimento e protagonizado por Lilian Bassanesi e Emanuel Miranda. Rodado em [[Florianópolis]] em 1957, é considerado o primeiro [[Cinema de ficção|filme de ficção]] do estado de [[Santa Catarina]]. Sua idealização foi feita pelo [[Revista Sul|Grupo Sul]], o Círculo de [[Arte moderna|Arte Moderna]] sediado na capital catarinense. A produção local movimentou a cidade e levou o filme a estrear com grande expectativa. Entretanto, os diversos problemas técnicos devido a inexperiência da equipe o tornaram uma decepção entre os espectadores.
Além do vanguardismo e da péssima recepção, ''O Preço da Ilusão'' também entrou pela história pelo seu desaparecimento: dos setenta e cinco minutos de filme, apenas sete minutos ainda podem ser vistos. A única parte restante do primeiro longa-metragem ficcional catarinense está guardada na [[Cinemateca Brasileira]], em [[São Paulo]].
== Trama ==
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Em Florianópolis, duas histórias paralelas acontecem e se bifurcam em um final trágico.
Maria da Graça, uma funcionária pública entediada, desiste do noivado com seu namorado Paulo para participar de um concurso de Rainha do Verão, incentivada por Edmundo Souza, o organizador
Maninho da Silva é um menino que trabalha como engraxate para sustentar a família, cuja mãe é rendeira e o pai, um apostador de brigas de canário. Seu sonho é montar um conjunto de [[boi de mamão]], [[Boi (grupo folclórico)|brincadeira de boi]] típica da cidade. Para tal, começa a arrecadar fundos com um livro ouro. Ao conseguir, porém, sua mãe fica doente, e seu pai se recusa a dar o dinheiro que usa para apostar para comprar os remédios.
Temendo ser mal falada pela cidade conservadora, Maria tenta fugir da cidade
== Produção ==
O filme foi idealizado como uma espécie de resposta catarinense a ''[[Rio, 40 Graus]]'', longa feito em 1955 por [[Nelson Pereira dos Santos]] e considerada a obra de abertura do [[Cinema novo|Cinema Novo]]
Armando Carreirão, que liderava o clube de cinema, se torna o produtor através da Sul Cine Produções e busca financiamento - o nome original do projeto, ''Caminhos do Desejo'', foi alterado para ''O Preço da Ilusão'' por ele. Usando um modelo inspirado por uma experiência similar feita com ''Rio, 40 Graus'', o filme usou um sistema de venda de cotas, as oferecendo para políticos e moradores da cidade em lugares como a [[Praça XV de Novembro (Florianópolis)|Praça XV de Novembro]].<ref name=":1" /> Empresas locais chegam a fazer concursos, divulgando o filme dentro e fora de Santa Catarina: a Transportes Aéreos Catarinenses e o Lux Hotel chegam a oferecer como prêmios
A maioria dos atores foram escolhidos na própria Florianópolis com concursos e testes, tentando seguir a linha do [[neorrealismo italiano]]. A possibilidade de se tornar uma estrela de cinema movimentou os moradores da cidade. Além dos dois papeis principais, haveriam mais oitenta pessoas com alguma importância e centenas de figurantes. A então estudante do terceiro ano de direito Lilina Bassanesi e o garoto Emanuel Miranda foram os escolhidos nos testes para interpretar os protagonistas. A [[Lages|lageana]] Lilina, que passou a assinar Lilian, acabaria se casando com o diretor Nilton Nascimento mais tarde. Entre os experientes estavam José Vedovato e Celso Borges - este tinha participado de ''Rio, 40 Graus''.<ref name=":1" />
As filmagens começam em maio de 1957, com muitas
== Lançamento e recepção ==
A estreia do filme aconteceu com pompa no Cine São José, sala de cinema que existia nas proximidades da [[Catedral Metropolitana de Florianópolis|Catedral Metropolitana]] de Florianópolis, no dia 7 de dezembro de 1958. A data foi adiada diversas vezes. A data inicial era 7 de julho, mais tarde passando para
Os atores chegaram para a estreia em um desfile em carro aberto, e o evento teve e a presença de autoridades como o [[Lista de prefeitos de Florianópolis|prefeito de Florianópolis]], [[Osmar Cunha]], e o [[Lista de governadores de Santa Catarina|governador catarinense]] [[Heriberto Hülse]]. O [[Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina|Corpo de Bombeiros]] cedeu holofotes, e uma passarela recebia as estrelas do filme.<ref name=":1" />
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A falta de experiência da equipe levou o filme a ter diversos erros de [[Continuidade (ficção)|continuidade]], [[Corte (cinema)|cortes]] fora de lugar, problemas de sincronização do som e até mesmo o desaparecimento de elementos de cena e de uma personagem. Isso só foi descoberto na estreia, visto que o filme não foi sequer projetado antes do evento. O relato da sessão é que público não chegou a reagir negativamente diante dos evidentes problemas técnicos do filme e ficou até o fim. ''O Preço da Ilusão'' permaneceu ao menos uma semana em cartaz.<ref name=":0" />
Devido a essas questões, o filme não
=== Segundo corte ===
Apesar de tudo, a repercussão do filme levou Salim e Eglê a organizar em 1962 a 1º Semana do Cinema Novo Brasileiro em Florianópolis. Nessa ocasião, a pedido de Antônio Thomé, amigo do diretor de fotografia Eliseu Fernandes Nodi, Máximo Barro fez uma cópia
== Elenco ==
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|Celeste
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|José Mauro de Vasconcelos
|
|-
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Após o fracasso de recepção do filme, o filme teria excursionado pelo estado de Santa Catarina - não se sabe se isso ocorreu de fato - através de um dos atores do longa, Mário Morais. Em uma ocasião, ele voltou sem as latas de filme: segundo ele, elas teriam pegado fogo. Como a outra cópia tinha sido usada por Antônio Thomé e Máximo Barro para o segundo corte, o filme aparentemente tinha desaparecido de vez.<ref name=":0" /><ref name=":1" />
Na década de 1970, para a surpresa dos envolvidos com o filme, a [[TV Gazeta]] transmitiu ''O Preço da Ilusão'' com a apresentação de Pierre Lagousdis, o que sugere que a emissora teria uma cópia do filme. A Gazeta negou que as tinha - aparentemente a versão transmitida era a cópia em
Nos anos 1980, Salim Miguel descobriu por acaso que a [[Cinemateca Brasileira]] tinha os sete minutos finais do filme em uma lata. Não se sabe a origem desta lata única, mas a instituição havia sofrido um incêndio recente - as outras latas contendo o restante do filme, se é que chegaram a estar lá, podem ter sido perdidas na ocasião. Também lá estavam a [[Banda sonora|trilha sonora]] original completa criada para o filme.<ref name=":0" /><ref name=":1" />
Uma cópia dos sete minutos foi feita para ser preservada no Museu da Imagem e do Som (MIS) de Santa Catarina, e na atualidade pode ser vista na internet. O MIS, que faz parte do [[Centro Integrado de Cultura]], em Florianópolis, também mantém o roteiro original, a trilha sonora e ''O Filme que Ninguém Viu'', documentário sobre o filme.<ref name=":0" /><ref name=":1" />
== Posteridade ==
Apesar de ser considerado um fracasso de crítica, o filme, cheio de tomadas externas, é considerado um dos poucos registros de Florianópolis em sua época, mesmo em seus apenas sete minutos restantes.
A produção de ''O Preço da Ilusão'' foi o estopim para a criação, cinco anos depois da estreia, da 1º Semana do Cinema Novo Brasileiro em Florianópolis, por Salim Miguel e Eglê Medeiros. Um dos primeiros festivais fora do eixo Rio-São Paulo, ele incentivaria a criação e popularização dos [[Festival de cinema|festivais de cinema]] pelo Brasil.<ref name=":1" /> A Sul Cine Produções levou sete anos para saldar as dívidas contraídas para a produção do filme, tempo em que se dedicou a fazer [[Documentário|cine-jornais]] para arrecadar o dinheiro.<ref name=":3" />
A história do desaparecimento acabou ofuscando e se tornando tão interessante quanto o filme em si. Em 2001, o jornalista e diretor de cinema Marco Stroisch iniciou uma pesquisa sobre o paradeiro do filme, resultando em seu trabalho de conclusão de curso em Jornalismo e, posteriormente, no documentário e no livro ''O Filme que Ninguém Viu.'' ▼
▲A história do desaparecimento acabou ofuscando e se tornando tão interessante quanto o filme em si. Em 2001, o jornalista e diretor de cinema Marco Stroisch iniciou uma pesquisa sobre o paradeiro do filme, resultando em seu [[trabalho de conclusão de curso]] em Jornalismo e, posteriormente, no documentário e no livro ''O Filme que Ninguém Viu.<ref name=":1" />''
Em 2007, Marco Stroisch e Bob Barbosa produziram e dirigiram um curta em 35mm baseado em ''O Preço da Ilusão'' chamado ''Desilusão''. Entre as adaptações, mais personagens ganham destaque além dos dois protagonistas, o concurso de beleza vira um concurso de rainha de bateria da [[Consulado (escola de samba)|GRES Consulado]], o bairro central da trama é transferido do Centro para a [[Saco dos Limões|Caiera do Saco dos Limões]] e o acidente no clímax do filme passa da Ponte Hercílio Luz para o [[Túnel Antonieta de Barros]]. O curta ganhou o prêmio de Melhor Filme de Curta-Metragem em 35mm no Florianópolis Audiovisual Mercosul (FAM).<ref>{{citar web |ultimo=Alão |primeiro=Alícia |url=http://hemeroteca.ciasc.sc.gov.br/Salim/O%20pre%C3%A7o%20da%20ilusao%20fogo%20morto.pdf |titulo=Curta resgata O Preço da Ilusão |data=23/08/2007 |acessodata=23/05/2021 |website=Hemeroteca Catarinense |publicado=Diário Catarinense |formato=PDF}}</ref><ref>{{citar web |url=http://www.punctum.ufsc.br/desilusao-2008-de-bob-barbosa-e-marco-stroisch/ |titulo=FAM 2008: Desilusão (2008), de Bob Barbosa e Marco Stroisch |data=15/06/2008 |acessodata=23/05/2021 |website=punctum.ufsc.br}}</ref>▼
▲Em 2007, Marco Stroisch e Bob Barbosa produziram e dirigiram um curta em
Em 2016, a escola de samba [[Dascuia|GRCES Dascuia]] trouxe a história de ''O Preço da Ilusão'' como tema de seu samba-enredo para a disputa do [[Carnaval de Florianópolis]].<ref>{{citar web |ultimo=Alves |primeiro=Felipe |url=https://ndmais.com.br/carnaval/carnaval-2017/historia-curiosa-do-filme-o-preco-da-ilusao-sera-contada-pela-dascuia-na-avenida/ |titulo=História curiosa do filme “O Preço da Ilusão” será contada pela Dascuia na avenida |data=24/02/2017 |acessodata=23/05/2021 |publicado=ND+}}</ref><ref>{{citar web |ultimo=Mendes |primeiro=Taiani |url=https://www.adorocinema.com/noticias/filmes/noticia-137570/?page=2 |titulo=Seis vezes que o cinema deu samba |data=10/02/2018 |acessodata=23/05/2021 |publicado=AdoroCinema}}</ref>{{Referências}}▼
▲Em 2016, a escola de samba [[Dascuia|GRCES Dascuia]] trouxe a história de ''O Preço da Ilusão'' como tema de seu [[samba-enredo]] para a disputa do [[Carnaval de Florianópolis]].<ref>{{citar web |ultimo=Alves |primeiro=Felipe |url=https://ndmais.com.br/carnaval/carnaval-2017/historia-curiosa-do-filme-o-preco-da-ilusao-sera-contada-pela-dascuia-na-avenida/ |titulo=História curiosa do filme “O Preço da Ilusão” será contada pela Dascuia na avenida |data=24/02/2017 |acessodata=23/05/2021 |publicado=ND+}}</ref><ref>{{citar web |ultimo=Mendes |primeiro=Taiani |url=https://www.adorocinema.com/noticias/filmes/noticia-137570/?page=2 |titulo=Seis vezes que o cinema deu samba |data=10/02/2018 |acessodata=23/05/2021 |publicado=AdoroCinema}}</ref>{{Referências}}
== Ver também ==
* [[Revista Sul|Grupo Sul]]
== Ligações externas ==
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